Livre e feliz! Vem você também!

Tudo o que é vivido por nós é automaticamente arquivado em nossa memória. Não importa se queremos ou não, se é bom ou mau, será arquivado. Nossa riqueza emocional dependerá dessas memórias. Sobre essas memórias se constrói a nossa disposição e compreensão no presente. Um computador só guarda aquilo que mandarmos, mas a nossa mente registra independentemente de nós. Nós somos frutos de uma história.

Quanto mais forte emocionalmente o evento vivido, mais forte a impressão na memória e mais duradoura. Então, existem registros que são privilegiados. Esses registros privilegiados vão se tornar bases para comportamentos importantes na nossa vida. Daí, a importância da infância. Uma infância alegre produz uma pessoa que sabe o que é ter alegria e a tem por preciosa. Uma infância fechada, rígida e triste também pode fechar a pessoa em um mundo de regras, onde só se conhecem as obrigações e o prazer é desprezado. Daí, podemos questionar que tipo de adultos se tornarão as crianças criadas nos vídeos-game, com a agenda cheia de cursos.

As emoções e intelecto de um adulto têm as suas bases estabelecidas na infância. Mas isso não é determinante. Algumas crianças conseguem resistir à entrada do mal e transformam suas experiências, tornando-se adultos saudáveis. Mas, imagine que uma pessoa armazena muitas experiências emocionais dolorosas. São experiências fortes, portanto são privilegiadas. Se são privilegiadas, elas imprimem sua influência sobre a formação de outras emoções e pensamentos. Muitas vezes, há pessoa que acumulam experiências que outras pessoas com muito mais idade não viveram. Esse é um tipo de envelhecimento que ninguém quer ter. Entretanto, a memória, apesar de não poder ser apagada, ela pode ser reeditada. O script da sua vida pode ser reescrito. Isso é o que a Bíblia chama de renovação da mente.

Renovação da mente e reeducação da mente

Com todos esses processos involuntários de armazenar memórias, você pode se questionar se poderíamos mesmo reeducar a nossa mente. Bem, se partirmos do princípio de que Deus não nos diria para fazer algo que não nos capacitasse a fazer eu posso afirmar categoricamente que sim.

Paulo orienta aos filipenses que controlem a qualidade do que pensam: “Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento. ” (Filipenses 4:8). Então, por mais que nós tenhamos experiências fortes gravadas na nossa mente e que queiram determinar os fluxos do nosso pensamento, nós poderemos manter o nosso foco naquilo que agrada a Deus.

Vencendo a barreira do pensamento recorrente

Toda ação recorrente vem de um pensamento recorrente. Pessoas que estão escravizadas ao ciúme, por exemplo, possuem a mente treinada a pensar que estão sendo abandonadas, preteridas e traídas. Há pessoas que conhecem tão pouco a Palavra de Deus que acham que serem dominadas pelo ciúme é charme, mas desconhecem que existem cadeias com forças espirituais da maldade que escravizam ao ciúme. Observe a norma em Números 5:12-30. O texto fala que há um espírito de ciúmes. A mulher de quem o marido desconfiava era exposta ao máximo. Seus cabelos eram soltos, o que equivalia para aquela cultura em estar despida, era ameaçada na frente de toda a congregação e do sacerdote, portanto envergonhada. O ciúme é vexatório e causa grandes escândalos. Além disso, é obra da carne (Gálatas 5:19-21). É exatamente oposto ao fruto do Espírito. A carne pende para a morte, mas as pessoas que não possuem uma mente em linha com a verdade da Palavra continuam crendo que é prova de muito amor. Como poderia ser prova de amor, se a fé  opera pelo amor (Gálatas 5:6), o amor tudo crê (1 Coríntios 13:4,7) e o ciúme é uma desconfiança ou incredulidade desenfreada? Esse é só um exemplo de como podemos ter a mente aprisionada por costumes familiares ou grupais e não percebemos. Somos alertados a abandonar esses princípios pela Palavra:

17  Ora, se invocais como Pai aquele que, sem acepção de pessoas, julga segundo as obras de cada um, portai-vos com temor durante o tempo da vossa peregrinação, 18  sabendo que não foi mediante coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados do vosso fútil procedimento que vossos pais vos legaram, 19  mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo, (1 Pedro 1:17-19)

Jesus foi o pagamento pela nossa libertação de tudo o que nossos pais usavam e que não era adequado diante dos princípios de Deus. Então, não podemos invalidar esse pagamento deixando permanecer alguma forma de lidar com vida que valide o pecado como algo positivo. Você pode ter aprendido que alguma coisa era certo a vida toda, mas se você quer provar a boa perfeita e agradável vontade de Deus, você terá que abrir mão de conceitos que estiverem contra a Palavra de Deus. “E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” (Romanos 12:2).

Entenda bem, não estou dizendo que você tem que se tornar inimigo de seus pais. Isso seria contra os mandamentos de Deus. Pais devem ser honrados, ou seja, respeitados. Mas, respeito não é imitação de erros, é tolerância, respeito, amor e cuidado. Os filhos de Noé souberam que o pai estava embriagado e nu, caído  fora da tenda. Dois filhos o respeitaram e o cobriram sem ver sua nudez e o trouxeram ara dentro e o acomodaram na cama, apesar de ele mesmo ter se exposto. Eles foram abençoados por isso (Gênesis 9). Mas não quer dizer que eles estivessem nus, embriagados e caídos no dia seguinte imitando o pai. Ezequiel fala de não imitar o mal que os pais praticam:

4  Eis que todas as almas são minhas; como a alma do pai, também a alma do filho é minha; a alma que pecar, essa morrerá. 5  Sendo, pois, o homem justo e fazendo juízo e justiça, 6  não comendo carne sacrificada nos altos, nem levantando os olhos para os ídolos da casa de Israel, nem contaminando a mulher do seu próximo, [...] 9  andando nos meus estatutos, guardando os meus juízos e procedendo retamente, o tal justo, certamente, viverá, diz o SENHOR Deus. 10  Se ele gerar um filho ladrão, derramador de sangue, que fizer a seu irmão qualquer destas coisas 11  e não cumprir todos aqueles deveres, mas, antes, comer carne sacrificada nos altos, contaminar a mulher de seu próximo, 12  oprimir ao pobre e necessitado, praticar roubos, não tornar o penhor, levantar os olhos para os ídolos, cometer abominação, [...] 14  Eis que, se ele gerar um filho que veja todos os pecados que seu pai fez, e, vendo-os, não cometer coisas semelhantes, 17 [...] fizer os meus juízos e andar nos meus estatutos, o tal não morrerá pela iniqüidade de seu pai; certamente, viverá. 18  Quanto a seu pai, porque praticou extorsão, roubou os bens do próximo e fez o que não era bom no meio de seu povo, eis que ele morrerá por causa de sua iniqüidade. 19  Mas dizeis: Por que não leva o filho a iniqüidade do pai? Porque o filho fez o que era reto e justo, e guardou todos os meus estatutos, e os praticou, por isso, certamente, viverá. 

Observe que um pai desonesto não vai ensinar que roubar é errado, vai ensinar que isso é certo. Um pai mentiroso, da mesma forma. Um pai que pratica tipos de culto que não agradam a Deus também. Uma pessoa que está convencida que está certa nem por isso está. Podem ser erros menos graves para nós, como murmurar, ser pessimista, lamentar-se, ou falar palavrão. Cada mudança sua em direção a esses costumes terá de partir da comparação de seus costumes, herdados ou não, com a Palavra.

Glória a Deus pelo que você puder imitar seu pai e sua mãe, mas você precisa passar essa imitação pelo crivo da Palavra de Deus. Só imite o que agrada a Deus e você estará bem. Renove sua mente com a Palavra.

A voz de Autoridade e a voz das pessoas

No meio do seu processo de conquista de sua mente renovada, você terá que escolher quem tem a voz de autoridade sobre o processo. Eu aponto que escolha a Palavra de Deus. Observe, nós vivemos em grupos de semelhantes. As pessoas se agrupam porque possuem algo em comum, concordam com os princípios de vida umas das outras. O ser humano precisa da identificação pelo outro mais de que qualquer outro ser da criação.

Por exemplo, se você gosta muito de esportes, seus amigos vão ser procurados entre os que gostam de esporte. Se alguém não suporta esportes não será uma companhia muito procurada. Se você gosta de boates e shows, da mesma forma... Aquilo que nós gostamos, acreditamos e apoiamos atrai pessoas que gostam, acreditam  e apóiam as mesmas práticas e ideias.  Se você torcer pelo Vasco da Gama não vai procurar assistir o jogo com os Flamenguistas (só em último caso rsrs), você procura os vascaínos.

O que eu quero dizer é que os grupos são importantes para nós. As suas opiniões e aprovações nos importam. E se nós decidimos mudar algo que nos identifica aos outros, isso vai pesar nos relacionamentos e na proximidade com pessoas com quem nós desenvolvemos relações de afeto talvez há muito tempo. Por isso Jesus disse: “Se alguém vem a mim e não aborrece a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs e ainda a sua própria vida, não pode ser meu discípulo.” (Lucas 14:26). A sua mudança para Deus pode lhe custar alguns amigos. Mas, se Deus é seu Deus, valerá á pena deixar alguns amigos em segundo plano.

As mudanças na sua mente baseadas na Palavra de Deus afetarão seu comportamento e sua imagem para melhor, mas nem sempre isso será reconhecido dessa forma.  Observe que quando Paulo mudou, nem os cristãos criam nele. Quando a igreja mudou e começou a se expor nas ruas os apóstolos foram agredidos pelos fariseus. Quando Estevão mostrou sinais em nome de Jesus e uma mudança na sua fé, ele foi apedrejado. Mas, pense bem, a mudança foi tão maravilhosa que valeu todos esses riscos e sofrimentos.

Tente fazer o retrato da sua mudança com esse versículo: “E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito. ” (2 Coríntios 3:18). Você já se imaginou coberto com uma película de glória, da presença e da bondade e do amor de Deus? Quantas mudanças maravilhosas o Senhor pode fazer na sua vida? Infinitas! Foi isso que Moisés mostrou ao descer do monte, seu rosto brilhava da glória do encontro. Imediatamente todos os cidadãos tiveram medo. Os que não estão na glória dos princípios de Deus terão medo. Mas você pode escolher entre ter medo como eles e ser feliz e glorioso com Deus.

  

Os seus amigos vão estranhar, alguns vão se afastar, mas o Senhor vai brilhar em você e aqueles que desejam esse brilho vão se juntar a você. Pergunto: vale à pena manter ao seu lado alguém que quer fugir da presença de Deus?   Na presença de Deus encontramos graça para socorro, na presença de Deus encontramos bondade manifesta em poder, cura, libertação, paz, prosperidade, direção. Você acha que alguém que vale à pena fugiria disso? O que Jesus disse sobre isso foi: “20  Pois todo aquele que pratica o mal aborrece a luz e não se chega para a luz, a fim de não serem argüidas as suas obras. 21  Quem pratica a verdade aproxima-se da luz, a fim de que as suas obras sejam manifestas, porque feitas em Deus. ” (João 3:20-21)

Jesus como líder absoluto

Todos os grupos possuem um líder. O líder é alguém que influencia mais do que os outros. Por exemplo, aquele que decide aonde o grupo vai para passear. Aquele que termina fazendo você ficar por mais tempo em um determinado lugar, querendo ou não. Ir quando você não quer ir, ficar quando não quer ficar. Você pode não ter percebido até agora que está sendo liderado ou até que está liderando, mas geralmente são pessoas mais determinadas que influenciam sobre outras que têm dificuldades de decidir ou de assumir a responsabilidade de fazê-lo.

O líder será o que mais vai se opor à sua mudança. Porque no momento em que você decidir a agir por conta própria, ele perderá o domínio sobre você e ele precisa disso para continuar líder. Prepare-se para a resistência. E se o líder de seu grupo habitual perceber que outras pessoas poderão segui-lo, então a resistência pode passar à perseguição. Está escrito: “Ora, todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos.” (2 Timóteo 3:12). Se você está disposto a ser feliz e ter uma vida vitoriosa e cheia de paz terá que deixar de querer agradar aos outros. E pode ter que precisar mudar de grupo de convivência. Mas, não se preocupe, em todo o trajeto existe uma recompensa oferecida:

“10  Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus. 11  Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem, e vos perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vós. 12  Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vós.” (Mateus 5:1-12).

Meu inimigo eu

Então, você pode selecionar o que fica e compõe sua mente e forma de ver o mundo e lidar com ele. Deus propõe uma forma de fazer isso, mas você terá que superar as resistências das pessoas que gostam da situação como estava. Caberá a você a responsabilidade de construir sua fé e sua vida sobre princípios de felicidade. Porque não é apenas do lado de fora que encontrará resistência.

Cada vez que escolhemos um tipo de comportamento ou pensamento sobre algo é porque temos alguma gratificação com isso. O ciúme, exemplo que demos antes, dá a sensação de poder, posse sobre algo ou alguém. É só uma sensação mentirosa, mas é uma sensação. Sensação é uma das palavras preferidas da carne. A carne não é sensacional, mas é sensacionalista (desculpe, não resisti ao trocadilho infame). Ela dá trabalho.

No texto “Abrindo os caminhos para trazer o seu milagre”, eu falei sobre as fortalezas da mente para guardar mentiras que nos destroem por parecerem verdades, os sofismas (2 Coríntios 10:3-5). Essas fortalezas precisam ser atacadas pelas armas espirituais, ou seja, através da Palavra e da oração. Não são apenas nossos amigos que vão resistir, mas nós mesmos estivemos nessa posição há tanto tempo que reagimos com medo do desconhecido, resistimos a deixar o prazer obtido com o erro, nos apegamos à nossa imagem como donos daquele erro porque é valorizado em determinado grupo, e por apego aos amigos que praticam, gostam, acreditam e valorizam aquela forma de agir errado.

Observe que ou o amor ao erro nos afasta do grupo dos que buscam a Deus: “5  Por isso, os perversos não prevalecerão no juízo, nem os pecadores, na congregação dos justos.” (Salmo 1:5). Ou você se afasta dos que não buscam a Deus: “1  Bem-aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. 2  Antes, o seu prazer está na lei do SENHOR, e na sua lei medita de dia e de noite.” (Salmo 1:1-2). Esse afastamento não significa discussão, contenda ou irritação, mas se você não concorda com as pessoas e não tem prazer no que elas têm, você não está mais com elas no seu coração e nem terá mais prazer nas práticas que tinha antes e que  elas continuam tendo. Com o tempo, os lugares, práticas etc, não terão mais sentido para você. Quando você muda, não precisa discutir mas, por incrível que pareça a sua felicidade incomodará a muitos. Entretanto, não deixe de mudar por causa disso.

As pessoas que não experimentaram uma mudança significativa em sua vida não compreenderão como você não acha mais prazer em determinadas coisas. Elas poderão compreender isso como rejeição a elas e seus estilos de vida. Mas amá-las não é deixar o seu crescimento ou sua liberdade em Cristo para trás porque um dia elas poderão reconhecer que precisam do que você conseguiu e a porta estará aberta. Enquanto isso conquiste o que houver de melhor em Deus para você, pois Deus prometeu “se quiserdes e me ouvirdes, comereis o melhor desta terra.” (Isaías 1:19).

Fontes consultadas:

CURY, Augusto. Superando o cárcere da emoção. São Paulo: Ed. Planeta do Brasil, 2006.