Interessante como apenas algumas pessoas podem
transformar suas dificuldades em vantagens. Nós temos uma tendência a dar poder
demais as dificuldades, mesmo quando as vencemos. Mas a história a seguir dá um
exemplo de como saber perceber pontos fortes em si e usá-los nas situações como
vantagens, ainda que venham de limitações suas:
Charlie Boswell perdeu a visão na Segunda Guerra Mundial
ao salvar seu amigo de um tanque em chamas. Era um grande atleta antes do
acidente e, em testemunho do seu talento e determinação, resolveu tentar um
novo esporte, que ele nunca havia praticado enquanto enxergava... golfe!
Com muita persistência e um profundo amor pelo esporte,
veio a ser Campeão Nacional de Golfe para Cegos! Recebeu o título 13 vezes. Um
dos seus ídolos era o grande golfista Ben Hogan, portanto, foi uma verdadeira
honra para Charlie vencer o Prêmio Ben Hogan em 1958.
Quando foi apresentado a Ben Hogan, Charlie ficou
deslumbrado e confessou seu desejo de jogar uma partida com o grande campeão.
Hogan, por sua vez, sabendo das conquistas de Charlie,
considerou o convite uma honra.
– Quer jogar a dinheiro? – perguntou Charlie.
– Não posso jogar a dinheiro com você, não seria justo! –
disse Hogan.
– Ah, que é isso, Hogan. Mil dólares por buraco!
– Não posso. O que as pessoas diriam, tirando vantagem da
sua condição? – insistiu o campeão.
– Está com medo, Hogan?
– Tudo bem! – Hogan aceitou com relutância. – Mas vou
jogar o melhor que sei!
– Muito bem, Charlie, escolha a hora e o lugar.
Confiante, Charlie respondeu:
– Hoje, às dez horas... da noite!
Toda vez que passamos algum tipo de problema ou parece que
estamos em desvantagem, por princípio, se amarmos a Deus, vamos ganhar algo com
aquilo: “Sabemos
que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que
são chamados segundo o seu propósito.” (Romanos 8:28).
Moisés passou 40 anos no deserto cuidando de ovelhas. Ele
desenvolveu a habilidade da paciência de modo que pode suportar a dureza de
coração do povo na caminhada pelo deserto. Observe a diferença de um homem que
vai resolver sua primeira discussão e mata um dos oponentes e outro que consegue
lidar com três milhões de rebeldes durante quarenta anos no deserto. Se uma
característica o ajudou foi a paciência. Ele enfrentou rebeldia em todos os
níveis de relações, mas continuou como pastor do rebanho, cuidando das ovelhas
que se desviavam, não conseguiam enxergar o caminho, não conseguiam
alimentar-se sozinhas, totalmente dependentes, mas rebeldes.
Tiago usa a linguagem da semente para compreender a
paciência ensinada por Deus: “Sede, pois, irmãos, pacientes, até à vinda do Senhor. Eis
que o lavrador aguarda com paciência o precioso fruto da terra, até receber as
primeiras e as últimas chuvas.” (Tiago 5:7). A lição está mais clara em
Gálatas 6:9: “E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não
desfalecermos. ” Moisés continuou seguindo como pastor durante 40 anos,
até que seu ministério iniciou aos 80 anos. E ele continuou a ser pastor por
mais 40 anos.
Tiago segue com o exemplo de Jó, que perdeu tudo o que
tinha, inclusive seus filhos, e passou a viver ao lado de uma esposa que o
incitava contra Deus, amigos que o acusavam, mas que permanecia firme,
esperando uma solução de Deus e sua boca não o traiu em nenhum momento:
10
Irmãos, tomai por modelo no sofrimento e na paciência os profetas, os
quais falaram em nome do Senhor. 11 Eis
que temos por felizes os que perseveraram firmes. Tendes ouvido da paciência de
Jó e vistes que fim o Senhor lhe deu; porque o Senhor é cheio de terna
misericórdia e compassivo. (Tiago 5:10-11)
Deus deu tudo em dobro a Jó. Paciência não é apenas
esperar. Esperar é inevitável, não é uma escolha. Mas ter paciência é ter
esperança na fidelidade e na bondade de Deus. Colossenses 3:13, na Bíblia
Amplificada, mostra uma pessoa já trabalhada para a paciência:
13 Sejam gentis e pacientes uns com os outros e, se um tem uma
diferença (um agravo ou queixa) contra outro, prontamente perdoem-se cada um;
da mesma forma assim como o Senhor tem [gratuitamente] perdoado a vocês, vocês
também devem perdoar.
Era exatamente
assim que Moisés agia com seu povo e por essa paciência pôde tirá-lo do Egito.
A oportunidade de aprender a coragem, a adoração e a liderança
Davi teve grandes experiências como pastor que o fizeram crescer na fé o suficiente para enfrentar Golias. Ele justificou-se assim para o rei Saul que podia vencer o gigante:
36
O teu servo matou tanto o leão como o urso; este incircunciso filisteu
será como um deles, porquanto afrontou os exércitos do Deus vivo. 37 Disse mais Davi: O SENHOR me livrou das
garras do leão e das do urso; ele me livrará das mãos deste filisteu. Então,
disse Saul a Davi: Vai-te, e o SENHOR seja contigo. (1 Samuel 17:36-37).
Sabe, é difícil nós agradecermos a Deus pelos leões e
ursos, muito menos pelos Golias. Mas não há grandes vitórias ou promoções sem
grandes lutas e enfrentamentos.
A caminhada de Davi também passou pela solidão do
pastoreio. Onde Davi desenvolveu sua habilidade de adorador dependendo da
proteção de Deus e contando com sua preciosa companhia, louvando com sua harpa,
de guardião com seu rebanho, de valente com os lobos, leões e ursos. Na casa de
seu pai aprendeu o que significava ser o último para os homens e o primeiro
para Deus. Quando Samuel veio para ungir o rei, ele foi preterido pelo pai, mas
foi chamado pelo profeta e escolhido por Deus para ser o rei de Israel. Davi
também foi hostilizado pelos irmãos. Quando ele chegou ao campo de batalha onde
Golias afrontava diariamente os exércitos de Israel, o seu irmão o insultou,
dizendo que ele era um curioso irresponsável. Mas Davi não olhava para nada
disso, só via o Deus que o fortalecia nas batalhas, só desejava o prazer da sua
presença com a qual se deleitava em seus extensos momentos de solidão no
pastoreio.
A oportunidade de desenvolver o caráter e a competência
O tempo de treinamento é um tempo de esforço e luta. E
estamos sempre retornando ao treinamento para o próximo degrau de glória. José trabalhou
duro com o Pai e os irmãos não o reconheceram, pelo contrário. Os seus irmãos o
venderam como escravo. Mas não era dos irmãos o reconhecimento que Deus queria
para ele.
José, aos 17 anos, um adolescente, foi levado como
escravo para a casa de Potifar. Trabalhou durante anos na casa dele, depois,
foi injustamente levado à prisão por causa dos caprichos de uma mulher infiel.
Mas continuou mantendo a sua conduta impecável no meio de situações onde seria
fácil desistir de ser correto.
José poderia ter aproveitado a oportunidade para ficar
com tudo o que era de Potifar, até a sua esposa, mas manteve a integridade.
Muitas pessoas consideram que a doença é uma grande tentação. Mas, considere
bem, qual saída temos quando estamos muito doentes? Buscar a Deus quando
estamos doentes é como ir ao médico ou ao dentista, vamos porque precisamos e
não por decisão. Mas, quando tudo está bem, aí a coisa é diferente. José foi
tentado o suficiente para sair correndo da presença da mulher de Potifar. E
perto o suficiente para ela conseguir tirar sua túnica. A coisa ficou difícil
exatamente porque ele estava bem saudável. Ainda bem que ele usou a sua saúde
para correr do pecado senão teria recebido o salário dele, a morte.
Na casa de Potifar, José teve a oportunidade de fazer com
Potifar o que os irmãos fizeram com ele. Você sempre vai ser tentado a fazer o
mal que as pessoas lhe fizeram e tornar-se igual aos que lhe fizeram mal.
Tornar-se melhor e não ser vencido pelo mal é um desafio digno de vencer. José
havia sido roubado de sua oportunidade de filho, de seus bens e herança. Pessoas
que justificam seus maus atos pelos maus atos dos outros perdem seu caráter
quando recebem uma injustiça. José enfrentou uma tentação muito grande ao
cuidar honestamente de tudo o que pertencia a Potifar, até da sua esposa.
Quando somos mais tentados
Uma oportunidade de estar bem pode ser uma tentação mais
forte do que qualquer doença. Pense bem, quantas pessoas deixam de ir à igreja
porque estão trabalhando muito e vão à igreja quando perdem seus empregos?
Quantas pessoas organizam passeios nos dias de culto quando estão na fartura,
mas fazem vigílias quando estão na penúria? A abastança traz mais tentação à
fidelidade do que a dificuldade financeira. Deus alerta ao povo quando
recebesse a promessa:
10
Havendo-te, pois, o SENHOR, teu Deus, introduzido na terra que, sob
juramento, prometeu a teus pais, Abraão, Isaque e Jacó, te daria, grandes e
boas cidades, que tu não edificaste; 11
e casas cheias de tudo o que é bom, casas que não encheste; e poços
abertos, que não abriste; vinhais e olivais, que não plantaste; e, quando
comeres e te fartares, 12 guarda-te,
para que não esqueças o SENHOR, que te tirou da terra do Egito, da casa da
servidão. (Deuteronômio 6:10-12)
Há mais tentação na riqueza que na pobreza, na promoção
que no rebaixamento, na saúde que na doença.
As companhias como fonte de tentação
Outra tentação de José foi quando ele foi injustiçado e
preso e passou a sofrer com a convivência com os maus. Ele foi lançado na
convivência de pessoas que eram as piores encontradas no Egito na prisão de
Faraó. Parecia que a sua honestidade tinha sido em vão. Ele fora preso
injustamente, mesmo tendo sido o mais honesto e fiel possível. Agora estava sem
nada novamente. Imagine a tentação era ser como todos os que o rodeavam. Você imagina
os conselhos que ele recebeu na prisão? Como foi criticado por ter sido honesto
e acabar ali? Agora, a tentação era ser como os outros. Se ele se tornasse
igual aos outros, nós nunca teríamos ouvidos a sua história.
Mas, José nunca se valorizou pelo que possuía. Ele se
olhava no espelho de Deus. Mas, ele seguiu o caminho reto no meio dos espinhos
da pobreza e injustiça, tanto quando pisava na grama e comia na mesa da
provisão da casa de Potifar. A nossa fidelidade não pode depender daquilo que possuímos
ou de como nos sentimos ou de onde estamos. A sua fidelidade é o que você é
diante de Deus. No momento em que você permite que algo altere a sua fidelidade
e o seu caráter, você estará se perdendo de você mesmo e, principalmente, de
Deus.
A caminhada de José entre a saída da casa do Pai e a
posse dele como Governador do Egito foi dos dezessete aos trinta anos. Foram 13
anos da saída do ensino médio ao Doutorado na Faculdade do Espírito Santo. Mas
o desenvolvimento do caráter é um processo minucioso. Além disso, quando
terminou, ninguém conhecia mais a administração legal e a administração inescrupulosa
do que José. Na casa de Potifar aprendeu todos os trâmites de comércio e
administração, na prisão do faraó conheceu todos os ladrões e corruptos
possíveis e seus métodos. Preparação nem sempre é agradável, mas sempre é
necessária.
Em cada situação desfavorável, José soube aproveitar o
máximo da lição para construir o seu sonho. Ele se construiu como servo de Deus
em seu caráter e em suas habilidades. Todo desafio tem sua função de lhe
engrandecer e lhe desenvolver traços que jamais seriam desenvolvidos se você
não tivesse que enfrentá-los.
Quando você se compromete em servir, você será treinado.
A promoção só virá depois da aprovação no treinamento na Universidade do espírito Santo. Todo desafio é uma
oportunidade de ser promovido ou de exercitar novas habilidades. Pois “tudo” e
não somente as coisas agradáveis “coopera para o bem daqueles que amam a Deus”.
Porque quando você ama a Deus, você pode passar no caminho estreito ou largo,
mas você passa muito bem acompanhado e para um destino sempre glorioso. Então,
não é o caminho que define a viagem, mas o destino e a companhia. Fique firme e
seja o melhor que puder a cada momento, pois até as suas limitações serão
usadas em seu benefício.
Deus usou a limitação de diplomacia de Moisés para
torná-lo libertador do povo de Deus no Egito; usou a limitação de poder e
liberdade de José para torná-lo um administrador compassivo e competente e
salvar seu povo da fome; usou as perseguições de Davi para torná-lo um rei
justo; a limitação física de Abraão para torná-lo Pai de Nações; e vai usar a
sua também para torná-lo o sonho que Deus tem para você, somente siga até o fim
e Deus manifestará a sua glória em sua vida. Não desista de obedecer e o Pai te
exaltará:
“6 Humilhai-vos, portanto, sob a
poderosa mão de Deus, para que ele, em tempo oportuno, vos exalte, 7 lançando sobre ele toda a vossa ansiedade,
porque ele tem cuidado de vós.” (1 Pedro 5:6-7)
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