Você já deve ter ouvido o termo “mudança de paradigma”
milhares de vezes, principalmente no ambiente da academia. Tornou-se uma frase
comum, mas na realidade, é muito difícil que estejamos dispostos realmente a
mudar nossos paradigmas, a menos que sejamos impactados pela dura realidade de que
seguíamos em caminhos errados com nossa forma de ver o mundo.
A palavra paradigma vem do grego “paradeigma”, do verbo “paradeíknumi”, que significa ‘pôr em relação, em paralelo, mostrar', algo que se põe do lado para comparar e mensurar
como um padrão (HOUAISS, 2009). Todos nós temos padrões pelos quais vemos o
mundo, mas como pessoas cegas, que tateiam tentando (re)conhecer o mundo, só
vemos a parte que nos é dada a tocar e, muitas vezes, isso é problemático e
insuficiente. O relato a seguir é muito rico para ilustrar esse sentido:
Eu me recordo de uma mudança de paradigma que me aconteceu
em uma manhã de domingo, no metrô de Nova York. As pessoas estavam calmamente
sentadas, lendo jornais, divagando, descansando com os olhos semicerrados. Era
uma cena calma, tranqüila.
Subitamente um homem
entrou no vagão do metrô com os filhos. As crianças faziam algazarra e se
comportavam mal, de modo que o clima mudou instantaneamente.
O homem sentou-se a
meu lado e fechou os olhos, aparentemente ignorando a situação. As crianças
corriam de um lado para o outro, atiravam coisas e chegavam até a puxar os
jornais dos passageiros, incomodando a todos. Mesmo assim o homem a meu lado
não fazia nada.
Ficou impossível
evitar a irritação. Eu não conseguia acreditar que ele pudesse ser tão
insensível a ponto de deixar que seus filhos incomodassem os outros daquele
jeito sem tomar uma atitude. Dava para perceber facilmente que as demais
pessoas estavam irritadas também. A certa altura, enquanto ainda conseguia
manter a calma e o controle, virei para ele e disse:
– Senhor, seus filhos
estão perturbando muitas pessoas. Será que não poderia dar um jeito neles?
O homem olhou para
mim, como se estivesse tomando consciência da situação naquele exato momento, e
disse calmamente:
– Sim, creio que o
senhor tem razão. Acho que deveria fazer alguma coisa. Acabamos de sair do
hospital, onde a mãe deles morreu há uma hora. Eu não sei o que pensar, e
parece que eles também não conseguem lidar com isso.
Podem imaginar o que
senti naquele momento? Meu paradigma mudou. De repente, eu vi as coisas de um
modo diferente, e como eu estava vendo as coisas de outro modo, eu pensava, sentia e agia de um jeito diferente. Minha irritação
desapareceu. Não precisava mais controlar minha atitude ou meu comportamento,
meu coração ficou inundado com o sofrimento daquele homem. Os sentimentos de
compaixão e solidariedade fluíram livremente.
– Sua esposa acabou de
morrer? Sinto Muito. Gostaria de falar sobre isso? Posso ajudar em alguma
coisa? – Tudo mudou naquele momento.
Muita gente passa por
uma experiência fundamental similar de mudança no pensamento quando enfrenta
uma crise séria, encarando suas prioridades sob nova luz. Isso também acontece
quando as pessoas assumem repentinamente novos papéis, como marido, esposa,
pai, avô, gerente ou líder. (COVEY, 2005, p. 17)
Muitas pessoas se assustam diante das mudanças. De
repente, você pode ser flagrado sendo absolutamente injusto no seu julgamento;
incapaz de reagir quando deveria; limitado para aplicar um conhecimento que não
funciona mais; a vida veio, bateu sua onda de mudança, então, você levou um
tombo. E, enquanto outras ondas se seguem, você leva um tempo até poder se
localizar e se levantar. Mas está escrito:
Não vos sobreveio tentação que não
fosse humana; mas Deus é fiel e não permitirá que sejais tentados além das
vossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação, vos proverá
livramento, de sorte que a possais suportar. (1 Coríntios 10:13)
Para alguns, a tentação é ter, essa pessoa pode se
engrandecer pelo muito que recebeu; para outros, a tentação é não ter, essa
pessoa é tentada a murmurar e lamentar o que não tem; para outros, o desafio é
uma oportunidade de fazer algo grande, a pessoa pode temer e querer fugir da
responsabilidade; para outros, a tentação é fazer algo simples e sem grande
publicidade, a pessoa pode não ter humildade suficiente. Sendo assim, a
tentação pode assumir várias formas, mas a promessa permanece: “[...] juntamente
com a tentação, vos proverá livramento, de sorte que a possais suportar.” (1
Coríntios 10:13).
Você foi surpreendido nas suas certezas como o narrador
da história apresentada? Dê glória a Deus! É melhor descobrir que estava errado
e ter que voltar, do que ir até o fim no erro. “Há caminho que parece direito ao
homem, mas afinal são caminhos de morte.” (Provérbios 16:25).
O que parece força e não é
Vivemos num mundo em que precisamos nos mostrar fortes.
Um mundo competitivo, onde as fragilidades são escondidas de ataques todo o
tempo. A força, que mostramos, não existe nem em metade das vezes é só
aparência e também há a fraqueza disfarçada de força.
Muitas pessoas estão tão fracas que não se permitem
escutar os outros. Este é um sinal das maiores fragilidades. As pessoas que não
se sentem amadas e protegidas se tornam arredias e se escondem numa falsa
onipotência e onisciência e não aceitam opiniões, esquecendo quantos já caíram
por não ouvirem pessoas, que poderiam colaborar nos seus empreendimentos: “não havendo
sábia direção, cai o povo, mas na multidão de conselheiros há segurança.” (Provérbios
11:14) e “com medidas de prudência farás a guerra; na multidão de conselheiros está
a vitória.” (Provérbios 24:6).
O conhecimento está em todos os meios, pessoas que
construíram resultados respeitáveis. São conselheiros: os seus livros são
conselheiros, mas principalmente a Palavra e o Espírito são os principais
conselheiros em qualquer situação. Você não quer ser aparentemente forte, você
quer uma força real para não ter que desfazer e recomeçar tudo de novo do marco
zero. Observe na sua vida o que tem sempre desmoronado, certamente, este “paradigma”,
este padrão que fundamentou esta área não é o melhor. Tenha coragem e
reconstrua sua visão sobre esse assunto num fundamento firme e eterno. Mude seu
modelo de visão de mundo e vença.
A força aplicada a circunstâncias
As situações de emergência pedem flexibilidade. Muitas
pessoas acham que porque planejaram da melhor forma ou porque um modelo de
ação, pensamento ou relacionamento deu certo durante anos vai continuar funcionando
indefinidamente. Mas, não é bem assim. A essência permanece, os valores
cristãos, o que é abençoado ou não por Deus, mas o tempo e o espaço exigem
inovação, cada circunstância nova exige uma solução e estratégias adequadas. O gigante ainda
existe, só mudou de forma; a funda não é mais adequada, mas a fé necessária para
vencê-lo ainda é a mesma de Davi. Mas, o versículo de Coríntios que citei antes (1 Coríntios 10:13) nos garante
que, junto com as tentações virá o equipamento que nos for necessário para
vencê-las, por mais simples que pareça, assim como a funda era simples e até
inadequada a olhos humanos na época de Davi.
Encontro muito pela internet a estória de um cavalo que
caiu no poço e, sem ter como tirá-lo, o dono mandou enterrá-lo vivo.
Entretanto, a cada pá de terra, que era lançada dentro do buraco, o cavalo usava
todas as suas forças para pisoteá-la e, ao invés de ser enterrado, foi
levantado do poço pela mesma força que iria destruí-lo. Creia, dentro de cada
situação difícil, lá mesmo estará a saída ou a solução. Ele lhe dará estratégia, habilidades e equipamento
Todas as vezes que você estiver enfrentando uma situação
difícil, entenda que tudo está pronto desde a fundação dos tempos. Deus já
preordenou a saída para a sua vitória, Ele não vai correr para elaborar o plano
B, C, D,etc... Ele já tem tudo pronto, desde a fundação dos tempos: “Nós, porém,
que cremos, entramos no descanso, [...] Embora, certamente, as obras estivessem
concluídas desde a fundação do mundo.” (Hebreus 4:3). Pela fé, sabemos
que a solução existe em Deus e só precisamos encontrá-la. Pela fé, entramos no
descanso da paz de quem tem saída sempre.
Imitação nem sempre é um bom negócio
Na maioria das vezes, nós somos treinados a repetir e a
reproduzir soluções. Isso nem sempre é uma boa idéia, porque às vezes, temos
uma peça quadrada e um espaço oval para preencher. O velho hábito de encaixar
não será suficiente para resolver a questão. Será preciso criar uma solução. Meu pai me disse uma vez e nunca esqueci:
- As pessoas na nossa família são assim: a gente faz a primeira
vez como todo mundo, mas, depois que aprendemos, tentamos melhorar o jeito que
todo mundo faz. Fazer melhor e mais rápido com menos esforço, a cada vez
que fazemos.
Acho que ele não sabe o quanto esse princípio de
identidade me ajudou. Imagine dois burros, um carregado com açúcar e outro com
esponjas. Os dois são treinados a andar um atrás do outro pelo mesmo caminho,
atravessando um riacho, que sempre está na altura de suas patas. Pelo
treinamento vem a repetição e, todos os dias, eles seguem nesse caminho. Um dia,
uma represa se rompe e o riacho se transforma em rio e correnteza. O que
acontecerá com os burros, se seguirem o seu treinamento diário? Ambos correm
riscos, mas um deles certamente morrerá se simplesmente repetir o seu paradigma
de trabalho.
Sua fé é sua vida.
Não imite os gestos e rituais de
ninguém, construa a sua relação com Deus individualmente. Utilize os exemplos
dos outros para aprender os princípios comparando-os com a Palavra e não por imitação
de pessoas. A bíblia diz que devemos imitar a fé das pessoas e não as pessoas
por si mesmas: “lembrai-vos dos vossos guias, os quais vos pregaram a palavra de Deus; e,
considerando atentamente o fim da sua vida, imitai a fé que tiveram.” (Hebreus
13:7).
A fé imita a Cristo, que é a Palavra Viva: “Sede meus
imitadores, como também eu sou de Cristo.” (1 Coríntios 11:1). O que nós
podemos imitar é o que há de Cristo nas pessoas. Não como aquela moça que ao
colocar o peru no forno sempre cortava as duas pontas. Um dia, ligou para a mãe
e perguntou: “Mãe, porque é que nós cortamos as pontas do peru quando o colocamos
no forno?”. A Mãe deu uma gargalhada e respondeu: “Minha filha, é porque o
forno daqui de casa era muito pequeno quando eu lhe ensinei a cozinhar!”.
Não repita atos, palavras e pensamentos, simplesmente por
repetir, principalmente em relação ao que é de Deus, observe se os resultados
valem à pena. Tradições podem ser danosas às nossas vidas e causar prejuízos maiores
do que as pontas do peru de natal. Tudo
tem conseqüências, a bíblia diz que as conseqüências nos apontam a qualidade
dos atos, palavras e pensamentos:
17
Assim, toda árvore boa produz bons frutos, porém a árvore má produz
frutos maus. 18 Não pode a árvore boa
produzir frutos maus, nem a árvore má produzir frutos bons. 19 Toda árvore que não produz bom fruto é
cortada e lançada ao fogo. 20 Assim,
pois, pelos seus frutos os conhecereis. (Mateus 7:17-19)
Não julgue pelo primeiro olhar
Desde a primeira ilustração venho tentando mostrar que há
múltiplas formas de ver uma mesma situação ou desafio e que a primeira forma
pode não ser a mais adequada para resolver o problema em questão. É certo que a
solução existe e está garantida por Deus,então, antes de tudo, acalme seu
coração com essa verdade.
Para você pode haver problemas insolúveis, mas para Deus isso não
existe. Às vezes, nem o problema existe realmente, é só uma aparência de
problema que o diabo colocou para nos perturbar. Verifique primeiro isso, se o
problema realmente existe e quanto de energia é necessário investir nele.
Depois, se existir o problema, assuma que a solução já existe e está disponível
para você (é o que a palavra diz, lembra?).
Dados esses dois passos, com o coração calmo, procure alguém que
possa ajudá-lo no Senhor (ore por isso). Junte conhecimento para resolver o
problema e aplique todo o conhecimento que você possui e mais os daqueles que
puderem ajuntar a você. Planeje e execute passo a passo a sua saída e o Senhor
fará a parte impossível, enquanto você faz a parte mínima chamada possível.
Você pode orar assim:
Querido Deus, agradeço
por já teres a saída dessas dificuldades em que estou. Perdoa-me por tudo o que
fiz para contribuir para isso e eu também quero me perdoar (se você fez alguma
coisa). Mas, eu creio que o Senhor tem a saída e vai me mostrar eu quero
capacidade para enxergá-la, Senhor, e forças para pô-la em prática, em nome de Jesus!
REFERÊNCIAS:
COVEY, Steven R. Os sete hábitos das pessoas muito eficazes.
25 Ed. Rio de Janeiro: Best Seller, 2005.
HOUAISS, Antônio (Ed). Dicionário Houaiss Eletrônico. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009.
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