sexta-feira, 15 de março de 2013

Construindo Paz na família



Um dos maiores desafios de um cristão é abençoar sua família. Por conhecermos cada pessoa há muito tempo, a familiaridade nos torna mais incrédulos sobre as mudanças, mais exigentes quanto aos defeitos e resistentes ao perdão. Conhecemos as fraquezas uns dos outros e, por muitas vezes, as atingimos e somos atingidos porque estamos muito próximos. Além disso, cada palavra falada por uma pessoa da família tem um peso mil vezes maior do que vinda de uma pessoa fora dela. Principalmente se é de um pai para um filho ou uma filha ou de uma mãe para um dos filhos ou filhas.

Nós não temos como mudar as pessoas. Quem dera pudéssemos abrir certas mentes e colocar algumas idéias na cabeça. Mas ninguém garante que isso ia realmente ser bom... Mas, na realidade, para nós, seres humanos, só há uma forma de mudar as pessoas: mudando a nós mesmos. E a grande revolução que o Pai nos chamou a fazer foi a revolução do amor. Quanto à família, um versículo em especial saltou ao meu coração: “Ora, se alguém não tem cuidado dos seus e especialmente dos da própria casa, tem negado a fé e é pior do que o descrente.” (1Timóteo 5:8).

Vivemos em um mundo de muita hipocrisia e rebeldia e essas reações estão conectadas, principalmente nos jovens. Ao entrar na fase de adolescência, começamos a nos perguntar conscientemente a respeito de uma palavra que irá direcionar muita coisa em nossa vida. A Palavra é coerência. Comparamos discurso e ação através da lógica e atribuímos valor à pessoa que os emite. O filho jovem que vê os seus pais se dividirem entre várias personalidades, uma em casa, outra na igreja, outra com os amigos, perderá a confiança neles porque a noção de coerência vem com a noção de valor agregada a ela. Se o seu discurso de divide da prática, também dividirá a sua família.

Uma criança percebe a incoerência (falta de integridade) nos pais, mas não a discerne, somente a aprende. Uma criança aprende a ser dissimulada sem saber o que é dissimulação. Um jovem pode aprender dissimulação por sobrevivência, mas ele necessita de um referencial seguro no seu lar, por isso rejeita a hipocrisia e a condena, muitas vezes se revoltando contra quem a pratica. A criança também se sentirá menos segura num ambiente em que a verdade é só a versão dos fatos que mais agrada seus pais num determinado momento.  Um dos problemas básicos é que a incoerência impossibilita  a confiança, que é a base da segurança no ambiente familiar. A incoerência com o discurso que é consciente é chamada de hipocrisia. A hipocrisia destrói a confiança e, portanto, a segurança. Não se pode confiar numa pessoa hipócrita. Se ela finge ser o que não é para alguém, fatalmente fingirá para você também. Essa pessoa é desleal e receberá em troca deslealdade e revolta.

Justiça e Coerência




Mas, rejeitar a incoerência com o discurso não é privilégio dos jovens. Os adultos sofrem profundamente com discursos incoerentes, os quais eles já chamam de mentira. Esse tipo de mentira move um sentimento de traição que vai em conjunto. É a mentira de proclamar um princípio e não vivê-lo, tão em voga, hoje, entre os cristãos infelizmente.  Nós proclamamos que buscamos a justiça de Deus para as nossas vidas, mas sobrecarregamos as pessoas que vivem conosco com todo o tipo de serviço doméstico. Como o caso de dois professores universitários que chegaram em casa do trabalho, ambos cansados, a esposa foi fazer o jantar e o marido assistir TV, depois do jantar, ela foi lavar os pratos e ele voltou a assistir TV... Ela, então, indignada, perguntou: “Porque eu tenho que fazer o jantar e ainda lavar os pratos?”. O marido, respondeu: “Você fez o jantar porque eu não sei cozinhar e lavou os pratos porque decidiu lavar.” – e voltou a assistir TV... Essa era a atitude daquele homem com relação a tudo dentro de casa: problemas, contas, manutenção, todas as providências. Ele sentava a se divertia enquanto ela lidava com as responsabilidades. Como era essa a atitude dele em relação a tudo o que ocorria na casa, o casamento naufragou por falta de amor suficiente para torná-los companheiros. Porque o companheiro leva as cargas com o outro e não o sobrecarrega.  

Dentro de uma estrutura familiar precisamos de justiça e coerência entre pais, mães, filhos e filhas. A bíblia diz: “Porque, quando ainda convosco, vos ordenamos isto: se alguém não quer trabalhar, também não coma.” (2 Tessalonicenses 3:10).  Não podemos fazer a parte do coração dos outros, mas podemos fazer a nossa parte. Até mesmo na igreja, o crescimento só acontece quando cada um contribui com a “[...] a justa cooperação de cada parte, efetua o seu próprio aumento para a edificação de si mesmo em amor.” (Efésios 4:16).  E quando fazemos a nossa parte, ganhamos crédito para requerer mudanças dos outros pelo simples fato de estarmos fazendo-a e os deixando sem justificativas para continuarem sem mudar. Conheci um rapaz que tinha a vida familiar destruída porque se recusava a contribuir em sua casa, apesar de ser cristão. Quando ele mudou nesse aspecto tudo mudou inclusive seus pais.

Tudo o que quebra a confiança, quebra a paz no vínculo familiar. Há muitos pais que não mantém a integridade da sua palavra. Prometem apenas para se verem livres das requisições dos filhos ou para convencê-los a fazer algo, mas a promessa nunca teve intenção de ser cumprida. Esses filhos de pais sem integridade terão dificuldades de confiar, inclusive em Deus e tenderão à revolta e rebeldia porque essa é a reação mais comum à desconfiança, o sentimento de traição. Serão pessoas adultas que viverão na expectativa da mentira das pessoas que o rodeiam. Quando uma promessa feita não é cumprida, por menor que seja, os filhos se sentem traídos pelos pais. A confiança entre pais e filhos é essencial, é ela quem sustenta a segurança de um lar e subsidia o princípio da confiança em Deus.

Mas, para a mentira ou o não cumprimento da palavra, existe o perdão. Porque Deus não nos desculpará de estarmos magoados porque outra pessoa pecou. Ela dará conta do pecado dela e nós do nosso:

Por que, pois, se queixa o homem vivente? Queixe-se cada um dos seus próprios pecados. Esquadrinhemos os nossos caminhos, provemo-los e voltemos para o SENHOR. Levantemos o coração, juntamente com as mãos, para Deus nos céus, dizendo: Nós prevaricamos e fomos rebeldes, e tu não nos perdoaste. (Lamentações 3:39-42)

 É preciso perdoar para ser ouvido por Deus: “Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta.” (Mateus 5:23-24). Se você tem dificuldade nessa área, lei um texto no blog que é intitulado “Como perdoar os outros”.

Compromissos que precisamos ter com a nossa família


Vou citar três compromisso fundamentais que subiram ao meu coração como os mais importantes. O Senhor lhe trará outros. O primeiro compromisso que precisamos ter é a oração por nossa família e todo o perdão que ela envolve:

Antes de tudo, pois, exorto que se use a prática de súplicas, orações, intercessões, ações de graças, em favor de todos os homens, em favor dos reis e de todos os que se acham investidos de autoridade, para que vivamos vida tranqüila e mansa, com toda piedade e respeito. Isto é bom e aceitável diante de Deus, nosso Salvador, (1 Timóteo 2:1-3)
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Interessante, geralmente não pensamos nos nossos pais como autoridades sobre nós. Mas esse versículo é bem claro dizendo que se queremos paz precisamos orar pelas autoridades. É o início de toda a honra e a honra tem a sua recompensa: “Honra a teu pai e a tua mãe (que é o primeiro mandamento com promessa, para que te vá bem, e sejas de longa vida sobre a terra.”(Efésios 6:2-3). Mesmo que você for casado(a), ao orar por eles, você os perdoa e deixa os seus modelos errados e/ou reaplica os seus modelos abençoados e assim você estará se renovando enquanto ora. Observe que esse versículo sobre oração se aplica ao período em que eles ainda forem autoridades, isto é, que estiverem sobre a terra, porque depois da morte, fica o exemplo de fé e o nosso respeito à sua memória, mas não a autoridade. Lembrando que não é aceita oração sem perdão, então, busque a Deus por condições de orar por eles. Temos um texto Como perdoar pessoas no blog que pode ajudar muito nisso. Se seus pais já se foram desse mundo, faça uma oração de perdão ou ação de graças, mas não peça mais nada por eles. Eles já se encontraram com Deus (Hebreus 9:27).

Em segundo lugar, o compromisso de cooperação justa, que se aplica à família de sangue e à família da fé: “Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, de quem todo o corpo, bem ajustado e consolidado pelo auxílio de toda junta, segundo a justa cooperação de cada parte, efetua o seu próprio aumento para a edificação de si mesmo em amor.” (Efésios 4:15-16).  Uma mudança nessa área terá mais impacto do que cem mil pregações ou aconselhamentos. Esse é o Jesus Cristo que é real para as pessoas que você ama e conhece a vida toda, aquele que te transforma. Ninguém pode lhe criticar por você melhorar e amar, e se o fizer não terá a menor importância porque você o estará fazendo por Jesus e Jesus já o recebeu.

Deus não é Deus de confusão e sim de paz (1 Co 14:33). Isso significa que ele não se agrade de desordem em nenhum lugar, nem no culto, nem na sua casa e nem no seu quarto, nem no seu guarda-roupa ou seu escritório. Ordem, na medida em torna a vida mais funcional e nos ajuda a ganhar tempo, é essencial, principalmente na vida de hoje. Há pessoas que têm problemas com ordem porque ela foi imposta com rudeza e a machucou, mas a ordem está em tudo o que Deus criou e faz a natureza bela. A ordem foi criada para dar espaço ao homem para produzir e ser frutífero e não para agredir. encontre uma forma de se organizar para frutificar e as pessoas vão parar de reclamar com você e vão elogiá-lo. 

Por outro lado, se a ordem é algo que lhe consome e escraviza a ponto de você não pode deixar de fazer algo que poderia ser deixado de lado. Se isso perturba os seus relacionamentos e as pessoas lhe acham estranho e insuportável. Provavelmente você está com problemas mais sérios e precisa de ajuda. Procure um profissional, porque existe um problema chamado Transtorno Obsessivo Compulsivo, que o torna escravo da ordem. Mas o que estamos falando aqui é de uma ordem que ajuda e facilita a vida. A sua vida e a dos outros à sua volta. 

Além da ordem, também a higiene é um dos princípios importantes que Deus se preocupa também. Quando os hebreus estavam no deserto tinham que levar um porrete junto com suas armas para enterrarem os dejetos fora do acampamento. Esse é um princípio de saúde pública que é a base de toda a educação sanitária nos municípios, no sistema de esgotos e tratamento de águas. Observe o texto:

Também haverá um lugar fora do acampamento, para onde irás. Dentre as tuas armas terás um porrete; e, quando te abaixares fora, cavarás com ele e, volvendo-te, cobrirás o que defecaste. Porquanto o SENHOR, teu Deus, anda no meio do teu acampamento para te livrar e para entregar-te os teus inimigos; portanto, o teu acampamento será santo, para que ele não veja em ti coisa indecente e se aparte de ti. (Deuteronômio 23:12-14)

Observe que Deus não anda no meio da imundície. E isso certamente mantinha a saúde do povo e bom estado. Porque esse princípio se perdeu e tivemos enormes pestes durante o período da Idade Média por causa do hábito de jogarem-se as fezes das pessoas no meio da rua. Portanto, pense bem antes de misturar roupa suja com roupa limpa ou deixar de tomar banho porque está com preguiça, usar roupa suja, ou qualquer dessas coisas que pensamos que Deus não se importa e que Ele está vendo claramente e reprovando. Assim como os pais, as mães, as esposas e maridos e seus irmãos, colegas de trabalho, etc. Lembre-se: "Porque nós somos para com Deus o bom perfume de Cristo, tanto nos que são salvos como nos que se perdem. " (2 Coríntios 2:5). Lembre-se da regra áurea: " Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles; porque esta é a Lei e os Profetas. " (Mateus 7:12). E você vai mudar no modo de falar, ver e agir.  


Em terceiro lugar, o compromisso de dar suporte e perseverar com relação a mudanças suas e dos outros. Já vi muitos pais, mães e esposos abortarem mudanças benéficas com críticas, zombarias e descrenças a respeito das intenções e esforços de mudança dos seus filhos ou filhas ou mesmo entre esposos. Nós deveríamos glorificar a Deus por qualquer tentativa de fazer o bem, porque nem o diabo e nem a carne as desejam. Tentar mudar para melhor já é ação de Deus. Toda ação de Deus deve mover elogios e ação de graças e não zombaria. Os pais devem passar confiança aos filhos, principalmente num processo de mudança que lhes custa algo.

Por outro lado, essas mudanças não são automáticas, são um processo. Começamos em algum ponto e vamos seguindo, aumentando o número de vezes que conseguimos vencer aqueles velhos hábitos que enlouquecem quem mora conosco: Levar o prato para pia, colocar a roupa suja no cesto, pegar a toalha em cima da cama, baixar a tampa do vaso sanitário após usar, etc... Talvez até você precise de mudar algo na casa para facilitar: comprar uma segunda pasta de dentes, mais um cesto de roupa, um armário maior, caixas de arquivo para separa a papelada do escritório, não sei... Mas, a disposição de construir a paz só vai se concretizar em ações e movimentos que irão promovê-la. É uma caminhada, não é um milagre imediato, é uma construção de caráter a partir da consciência, mas anuncia uma nova vida: “E como pregarão, se não forem enviados? Como está escrito: Quão formosos são os pés dos que anunciam coisas boas!” (Romanos 10:15). E se alguém lhe criticar ou duvidar de você, não se deixe esmorecer porque a Palavra diz: “E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não desfalecermos.” (Gálatas 6:9). Nem se ampare nas críticas ou falta de apoio para parar de tentar porque o sentido da mudança é para agradar a Deus e não às pessoas. Não pare por causa das pessoas. Siga para como Paulo: “Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado; mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.” (Filipenses 3:13-14)


Você pode orar assim:

Querido Deus, ajuda-me a vencer qualquer incoerência consciente ou inconsciente que haja na minha vida com relação à minha fé. Perdoa-me por [faça a sua lista de pequenos tormentos aos seus próximos]. Ajuda-me a te servir na minha casa, junto à minha família. Ajuda-me a orar por meus pais e familiares para que tua paz venha sobre eles, a perdoá-los, a servi-los e a ajudá-los a mudar confiando neles e estimulando a sua mudança, em nome de Jesus.




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