domingo, 3 de março de 2013

Rejeição e depressão: combinação fatal



A rejeição nos afeta em níveis diferentes. Pode ser apenas frustrante, em um momento, ou nos atingir por todas as áreas da vida. Poucos têm compreendido sua natureza ou efeitos. Há uma grande diferença entre as frustrações e os "nãos" comuns  que recebemos e a ferida crônica da rejeição. As frustrações comuns do dia-a-dia podem ser superadas quando há uma base emocional e um suporte adequado, que lhe garantam que você tem para onde voltar e ser abraçado. 

O problema da rejeição crônica e suas metástases é grave porque vem da destruição dos laços do amor incondicional na família, é nesse momento que os alicerces das relações afetivas cedem e a casa vai às ruínas. Pode acontecer quando o amor do pai e/ou da mãe não nos dá essa garantia desde a infância e/ou quando um laço afetivo importante é quebrado na idade adulta e a outra pessoa toma a decisão de partir, como no casamento destruído. Geralmente são feridas que se repetem através da história de vida de uma pessoa, marcando-a profundamente.

A rejeição como problema recorrente pode ser definida como o sentimento permanente de ser indesejado, a despeito de quaisquer situação ou reação das outras pessoas. Esse contraponto com o nosso desejo e necessidade natural de ser amado, garante interiormente que você será excluído até do grupo que você nem tentou participar. Você está sempre do lado de fora e por mais que faça não consegue ser parte do grupo. 

Sobre a ferida da rejeição, podem se somar outras, como a ferida da traição e da vergonha, o que piora o quadro e age como uma comprovação da expectativa de ser rejeitado. A dor pode chegar a ser tão profunda que a mente se recuse a focar nela. 

O seu rosto vai carregar a marca do seu estado emocional: “O coração alegre aformoseia o rosto, mas com a tristeza do coração o espírito se abate.” (Provérbios 15:13). Esse é um problema sério para o qual Jesus e a sua Palavra têm solução.


Muitas dificuldades provêm da rejeição. É difícil para uma pessoa que já carrega esse tipo de marca resistir às dificuldades e até à enfermidade: “O espírito firme sustém o homem na sua doença, mas o espírito abatido, quem o pode suportar? “ (Provérbios 18:14).  

Além disso, nós temos um inimigo, que não é de carne (Efésios 6:12), que sabe dos nossos potenciais e tenta obstruí-los. Alguém que tem sentimento de rejeição profundo sofre de uma paralisia emocional grave. Essa pessoa não vai ao encontro de ninguém porque não acredita que poderá ser aceita. Então, sofre de uma solidão terrível. E, pelo fato de a pessoa se isolar, as outras respeitam seu isolamento e também não a procuram, confirmando para a pessoa a sensação de que os outros não a desejam por perto. O ciclo é assim alimentado.

Este é um estilo de vida que faz a alma se exaurir, derramando esforços por todos os lados, sem conseguir resultado. Mas, Jesus veio até você, agora, através dessa Palavra para lhe encontrar. Era esse o olhar cuidadoso de Jesus para cada pessoa quando via as multidões: “Vendo ele as multidões, compadeceu-se delas, porque estavam aflitas e exaustas como ovelhas que não têm pastor.” (Mateus 9:36). 

A rejeição nos deixa indefesos e estáticos, mas Jesus se move em compaixão até nós para nos ajudar. E compaixão, no sentido bíblico original, não é apenas uma expressão de fala: "Ai, coitadinho..." ou "Ai, coitadinha...". É sentir o próprio corpo compelido a aproximar-se e agir para acudir a quem precisa, como se você sentisse em você mesmo a necessidade ou o perigo. Quando Deus tem compaixão, Ele se move em sua direção para lhe sarar. Ele está se movendo agora em seu socorro. Acredite.


Construindo a saída: enfrentado o inimigo da rejeição




É preciso começar compreendendo como a rejeição faz a sua ferida para poder tratá-la. Tenho visto no ministério que muitas das coisas que vemos como comportamentos negativos e auto-destrutivos são, na realidade, a manifestação externa de uma dor que dá seus frutos, após brotar da árvore da amargura, semeada pela semente da rejeição. 

Observe o que a bíblia diz do alcoolismo: “deixai bebida forte aos que perecem e vinho, aos amargurados de espírito; para que bebam, e se esqueçam da sua pobreza, e de suas fadigas não se lembrem mais.” (Provérbios 31: 6-7).  A mágoa que consume os amargurados será obscurecida pelo torpor da bebida (e aqui podemos colocar todo o tipo de vício que cause torpor). O rei não podia ficar entorpecido, pois isso distorceria seu julgamento. Isso significa que se você desejar uma vida de rei, você precisa estar livre da amargura e todos os subterfúgios que possam camuflá-la. A dor se abastece do torpor,  e distorce o que se vê e se ouve. Ela é um perigo e tende a nos levar à injustiça.

A árvore da amargura tem a capacidade de contaminar a muitos: “[...] atentando, diligentemente, por que ninguém seja faltoso, separando-se da graça de Deus; nem haja alguma raiz de amargura que, brotando, vos perturbe, e, por meio dela, muitos sejam contaminados;” (Hebreus 12:15).  Observe que, se existe uma árvore é porque há uma semente da qual ela brota e a dor amargurada da rejeição é a semente que gera esse tipo de árvore de maus frutos

Nada mais danoso do que uma pessoa amargurada. Ela espalha a desconfiança e a amargura aonde vai. Essa contaminação pode nos afastar da própria graça de Deus, o que explica a falta de alegria nos feridos pela rejeição. E, por fim, devemos vigiar contra a presença da amargura, por todo o mal que carrega. 

Quando João pregava, procurava derrubar árvores como a da amargura: “Já está posto o machado à raiz das árvores; toda árvore, pois, que não produz bom fruto é cortada e lançada ao fogo.” (Mateus 3:10). Ele dizia para atacar a árvore pela raiz.

Não fomos criados para sermos escravos da amargura

A humanidade foi criada para estar nos braços do Pai. O Éden era um lugar cercado pela presença de Deus, ali o ser humano estava tão guardado e acolhido quanto uma criança pequena nos braços do seu pai ou de sua mãe. Mas, se a pessoa não consegue experimentar esse abraço no momento certo da sua infância, a rejeição causará uma ferida dolorosa. 

Temos uma geração de filhos de pais separados ou divorciados aumentando a cada dia, segundo o IBGE (2003) “de 1993 a 2003, o volume de separações subiu de 87.885 para 103.529 e o de divórcios de 94.896 para 138.676 (ou 17,8% e 44%, respectivamente).” Isso é o retrato de um estado de dor nacional. O pai ou a mãe que se afasta faz sentir um tipo de rejeição inconscientemente. 

Quem deixa a família seja o homem ou a mulher, deixa os filhos. Psicológicamente, a quebra do vínculo da relação com seu pai e sua mãe entre si abala também o próprio papel da criança na família. Ela precisa reorganizar o seu papel numa nova estrutura familiar. Ficar afastado é, emocionalmente, ser rejeitado. Seja lá como se apresente a situação racionalmente aos filhos, emocionalmente só significa perda. Tanto mais difícil quanto menor for a criança, porque ela é menos racional e mais afetiva. Somente sente a dor da ausência de quem se afastou. 

Mas, Deus prometeu que iria aproximar o coração dos pais e dos filhos: “5 Eis que eu vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível Dia do SENHOR; 6 ele converterá o coração dos pais aos filhos e o coração dos filhos a seus pais, para que eu não venha e fira a terra com maldição. ” (Malaquias 4:5-6). Esse versículo esconde uma verdade terrível: quando pais e filhos estão apartados no seu coração, uma maldição se estabelece.

Dando o primeiro passo

O primeiro passo para vencer a rejeição é reconhecer o problema. E saiba, se você a admite, você não será deixado para lidar com ela sozinho. Jesus está com você para ajudá-lo(a). Você não conseguirá amar, se alegrar, estar em paz com os amigos ou ser um cristão , naturalmente, se não resolver o problema da rejeição. É como querer suturar um ferimento com um estilhaço de mina dentro. Pode doer retirá-lo, mas não há outra forma... Se ele permanecer lá, a ferida infeccionará e o doente fatalmente morrerá.  Muitos cristãos sucumbem porque não resistem às feridas da rejeição. Não tema tratar delas porque Jesus não o deixará só para fazer isso e nem você dependerá apenas de suas próprias condições humanas para fazê-lo.

Os dez sintomas mais comuns da rejeição

Responda quais desses sintomas você apresenta com grande freqüência (todos nós temos um ou outro às vezes), a lista é só um indicativo de que possa estar precisando de ajuda. Verifique se você se sente assim a maioria do tempo, se tem sentido isso por mais de 15 dias e veja o nível em que a rejeição tem atingido a sua vida. A quantidade de questões vai dar uma ideia do quanto que rejeição lhe atingiu.  

Observe os sintomas e verifique se precisa de ajuda:

1.       Você se sente sempre só, mesmo em meio aos grupos;
2.       Qualquer gesto ou expressão negativo em alguém você desconfia que é por sua causa;
3.       Você faz tudo para agradar e ser mostrar perfeito, mas nunca parece dar certo; ou  Você sabe que não vai conseguir e já nem tenta agradar ou até afasta logo as pessoas antes que elas se aproximem;
4.      Você é muito seletivo nas amizades, sempre teve pouquíssimos amigos;
5.  Toda vez que alguém tenta ser amigo dos seus poucos amigos isso lhe incomoda e lhe deixa mais inseguro(a) ainda;
6.       Você é basicamente desconfiado da aproximação das pessoas;
7.       Do nada, lhe dá uma tristeza que não tem razão clara;
8.       Às vezes, perde o sono pensando em porque uma pessoa se afastou e, no final, imagina que já era esperado;
9.       Você acha que se as pessoas souberem quem você realmente é, não vão querer estar com você, por isso é altamente fechado(a) sobre si mesmo;
10.   Frequentemente, você se questiona sobre a importância do fato de estar vivo.

Se você respondeu que cinco ou mais destas ocorrem por mais de 15 dias é interessante procurar ajuda urgente.

A rejeição e a depressão

Há muitas das questões acima que mostram que a rejeição já lhe feriu ao nível mais perigoso emocionalmente, que é a depressão. A depressão não é só uma tristeza que todos nós temos por causa de uma situação difícil concreta vivida ou até uma sucessão delas. Mas, é uma disposição doentia para entristecer-se, para olhar o lado pior, que pode se alternar com fases de uma excitação quase descontrolada, de trabalhar, falar sem parar, então, a falta de sentido para a vida e a dor pesam novamente. 

O momento pior é o da sensação de falta de sentido na vida, que pode se transformar em tentativa de suicídio. É uma doença grave e precisa ser cuidada.  Ela é uma paralisia emocional em alto nível. O depressivo vive em uma tortura mental tão profunda que tem a tendência de desenvolver infartos do miocárdio e câncer.

Mas, para afirmarmos que alguém está deprimido: 

[...] temos que afirmar que ele sente-se triste a maior parte do dia, quase todos os dias, não tem tanto prazer ou interesse pelas atividades que apreciava, não consegue ficar parado e pelo contrário movimenta-se mais lentamente que o habitual. Passa a ter sentimentos inapropriados de desesperança desprezando-se como pessoa e até mesmo se culpando pela doença ou pelo problema dos outros, sentindo-se um peso morto na família. Com isso, apesar de ser uma doença potencialmente fatal, surgem pensamentos de suicídio. Esse quadro deve durar pelo menos duas semanas para que possamos dizer que o paciente está deprimido. (MAROT, 2004)

A raiz da depressão

Apesar da psicologia e a psiquiatria não apontarem as causas da depressão, pense no seguinte: nós fomos feitos para recebermos amor e segurança na infância e assim aprendermos que temos um lugar seguro, uma referência, para ser nosso abrigo emocional. É lá onde deveríamos aprender como é ser amado. Aprendemos a amar sendo amados pelas figuras que deveriam nos dar amor incondicional. Mas, e se essas figuras parentais (pais e mães) estão desprovidos da graça de Deus? E se elas não têm nem para si mesmos? A ferida da rejeição ensina, então, erradamente, que não é possível receber amor. Como se só houvesse essa fonte (nossa família) e ela está proibida ou fechada para nós. 

Mas nós fomos feitos para receber amor, logo a vida só faz sentido se formos amados... Se o amor não é dado de graça no princípio, tentamos pagar por ele. Só que ninguém consegue ser tão bom ou ter tanta posse para conseguir isso: As muitas águas não poderiam apagar o amor, nem os rios, afogá-lo; ainda que alguém desse todos os bens da sua casa pelo amor, seria de todo desprezado.” (Cantares 8:7). 

Ainda que façamos toda e qualquer coisa para manter os relacionamentos, ainda assim, não estaremos seguros. A nossa energia se esvairá por mil furos no nosso coração causados pela rejeição. Viveremos com o ciúme, a anulação de nós mesmos, o sufocamento do outro, a impermeabilização do coração contra aproximações para não sofrer rejeições e tantos outros furos, que nos tornarão incapazes de viver relacionamentos saudáveis com amor e liberdade. 

Há amor disponível para você

Por estarmos presos àquelas fontes iniciais que estão secas,  nos tornamos incapacitados de amar e sermos amados, criamos um estilo de vida no qual destruímos nossos relacionamentos e repetimos os fracassos tantas vezes, que chega a um ponto que a vida perde o sentido e chegamos à depressão. A depressão é crivada pela desistência de crer que é e será amado. Mas, o Pai tem a fonte de água viva disponível para nós. O seu amor está disponível para nos restaurar e preencher. Basta que o busquemos: "Porque, se meu pai e minha mãe me desampararem, o SENHOR me acolherá." (Salmo 27:10).
Há promessas maravilhosas para você:
 15  Acaso, pode uma mulher esquecer-se do filho que ainda mama, de sorte que não se compadeça do filho do seu ventre? Mas ainda que esta viesse a se esquecer dele, eu, todavia, não me esquecerei de ti. 16  Eis que nas palmas das minhas mãos te gravei; os teus muros estão continuamente perante mim. [...] 18 Levanta os olhos ao redor e olha: todos estes que se ajuntam vêm a ti. Tão certo como eu vivo, diz o SENHOR, de todos estes te vestirás como de um ornamento e deles te cingirás como noiva. 19  Pois, quanto aos teus lugares desertos e desolados e à tua terra destruída, agora tu, ó Sião, certamente, serás estreita demais para os moradores; e os que te devoravam estarão longe de ti. [...] 21  E dirás contigo mesma: Quem me gerou estes, pois eu estava desfilhada e estéril, em exílio e repelida? Quem, pois, me criou estes? Fui deixada sozinha; estes, onde estavam? (Isaías 49:15-16, 18-19, 21)
"porque ele tem dito: De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei." (Hebreus 13:5)
Continuaremos a tratar sobre esse tema em outras postagens, mostrando como aplicar mais especificamente as soluções de Deus para a ferida da rejeição, que é a raiz da depressão. Não se assuste, já vi este milagre de restauração em todas as vidas que se entregaram a Jesus e assumiram seus sentimentos de rejeição e também a sua cura.

Você pode orar assim:

Querido Deus, preciso da tua ajuda para perceber o teu amor e a tua aceitação e que isso pode e é movido através das pessoas que andam no Teu amor. Tira todas as feridas escondidas que me prendem, liberta esses bloqueios, sara meus pensamentos e me ajuda a viver livre de todas essas cadeias em nome de Jesus.




Fontes consultadas:

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). IBGE divulga estatísticas do registro civil 2003. Brasília: IBGE, 2003. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=283>. Acesso em: 20 dez. 2011.

MAROT, Rodrigo. Depressão. Rio de Janeiro: Psicosite, 2004. Disponível em: <http://www.psicosite.com.br/tra/hum/depressao.htm>; Acesso em: 20 dez. 2011.

PRICE, Derek. God’s remedy for rejection. Charlote, NC, EUA: Whitaker House, 1995.

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