segunda-feira, 4 de março de 2013

A oportunidade de amar é agora!



Nascer como indivíduo, sair do útero que a mãe estendeu durante a infância com seu cuidado, para a idade adulta, é um processo de desafios longo e duro que a vida impõe. Mas, uma pergunta se apresenta como fundamental: quanto precisamos separar-nos deles para sermos nós? E o que deve permanecer deles para nos mantermos filhos e semelhantes?

A narrativa a seguir, merece reflexão...

Eu tinha 7 anos quando matei minha mãe pela primeira vez. Eu não a queria junto a mim quando chegasse à escola em meu 1º dia de aula. Eu me achava forte o suficiente para enfrentar os desafios que a nova vida iria me trazer.

Poucas semanas depois, descobri aliviado que ela ainda estava lá, pronta para me defender não somente daqueles garotos brutamontes que me ameaçavam, como das dificuldades intransponíveis da tabuada.

Quando fiz 14 anos eu a matei novamente. Não a queria me impondo regras ou limites,  nem que me impedisse de viver a plenitude dos vôos juvenis. Mas logo no primeiro porre eu felizmente a redescobri viva. Foi quando ela não só me curou da ressaca, como impediu que eu levasse uma vergonhosa surra de meu pai.

Aos 18 anos achei que mataria minha mãe definitivamente. Entrara na faculdade, iria morar em república, faria política estudantil, atividades em que a presença materna  não cabia em nenhuma hipótese. Ledo engano: Quando me descobri confuso sobre qual rumo seguir, voltei à casa materna. Único espaço possível de guarida e compreensão.

Aos 23 anos me dei conta de que a morte materna era possível, porém requereria muita lentidão... Foi quando me casei, finquei bandeira de independência e segui viagem. Mas bastou nascer a primeira filha para descobrir que o bicho mãe se transformara num espécime ainda mais vigoroso chamado avó.

Apesar de tudo, continuei acreditando na tese de que a morte seria bem demorada, e aos poucos fui me sentindo mais distante e autônomo, mesmo que a intervalos regulares, ela reaparecesse em minha vida desempenhando papéis importantes e únicos. Papéis que somente ela poderia protagonizar...

Mas o final dessa história, ao contrário do que eu sempre imaginei,  foi ela quem definiu: Quando menos esperava, ela decidiu morrer. Assim, sem mais, nem menos, sem pedir licença ou permissão, sem data marcada ou ocasião para despedida, minha tese da morte bem demorada ruiu. Ela simplesmente se foi, deixando a lição que mães não são para sempre. Ao contrário do que sempre imaginei, são elas que decidem o quanto esta eternidade pode durar em vida e o quanto fica relegado para o etéreo terreno da saudade.

Todo amor humano, por mais maravilhoso que seja, cessará. O que fica é o que foi recebido e vivido. A valorização desse amor precisa acontecer enquanto dura, portanto, em um período imprevisível. Torna-se, assim, um assunto urgente. Nossos pais são a raiz de onde partimos. Jesus ensinou sobre a valorização desse amor:

3  Ele, porém, respondendo, disse-lhes: Por que transgredis vós, também, o mandamento de Deus pela vossa tradição? 4  Porque Deus ordenou, dizendo: Honra a teu pai e a tua mãe; e: Quem maldisser ao pai ou à mãe, certamente morrerá. 5  Mas vós dizeis: Qualquer que disser ao pai ou à mãe: É oferta ao Senhor o que poderias aproveitar de mim; esse não precisa honrar nem a seu pai nem a sua mãe, 6  e assim, invalidastes, pela vossa tradição, o mandamento de Deus. 7 
Hipócritas, bem profetizou Isaías a vosso respeito, dizendo: 8  Este povo se aproxima de mim com a sua boca e me honra com os seus lábios, mas o seu coração está longe de mim. 9  Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.
10  E, chamando a si a multidão, disse-lhes: Ouvi, e entendei: 11  O que contamina o homem não é o que entra na boca, mas o que sai da boca, isso é o que contamina o homem. (Mateus 15: 3-11)

É muito triste quando nos prendemos à religiosidade e deixamos o cuidado das pessoas. Tanto pior quando essas pessoas são nossas raízes e se usamos a religião como um disfarce do materialismo. Assim, o que se pensa que é crescimento, na realidade é morte. Ao cortar as raízes, os galhos se enfraquecem e o fruto não vinga. Não há como ir em frente, enquanto não aceitamos e amamos os nossos pais, seja pela admiração de suas qualidades e/ou pelo perdão de nossos defeitos. Nutre-se a raiz para que a árvore frutifique. Corta-se a raiz e ela morre.

O primeiro mandamento com promessa é: Honra teu pai e tua mãe. Honrar é dar valor. Cuidar é dar valor. Ouvir com respeito, ainda que não concorde, é o mínimo de honra a dar. Ainda mais, se a fé entre filhos e pais é diferente. Seus pais nunca vão se aproximar de um Cristo que lhe atira os pregos como armas, para ferir, ao invés de usá-los para abnegar-se e entregar-se por amor. Jesus não disse: discuta com seu pai e sua mãe, disse: honre, respeite e valorize.

O Cristo que você carrega é o que você consegue levar no seu coração e sai pela sua boca; toca com as suas mãos; é sustentado pelos seus braços; e caminha com suas pernas. É esse o Cristo que a sua mãe e seu pai estão precisando e só Ele eles aceitarão. Esse Cristo não é religião, nem disputa de times ou de intelectos. Ele é vivo e real, não precisa ser defendido, precisa ser servido. Pense nisso, antes que seja tarde e você perca a oportunidade.

A morte traz o sentimento inconsciente do abandono. 


O luto é doloroso. Tendo a incumbência difícil de ministrar em tantos enterros, sei que a primeira coisa que todos sofrem é a cobrança: - E se eu tivesse feito X ou dito Y... É como se pudesse ter evitado o ocorrido ou a perda da pessoa com algum tipo de ação ou palavra. Esse pensamento pode ter ou não fundamento. Já o vi em filhos devotados e em filhos ausentes. O perdão de Deus precisa ser aplicado sobre os corações culpados e a consolação de Deus sobre os corações feridos pela perda.

Talvez você já tenha perdido sua mãe ou seu pai e/ou o amor deles não o(a) satisfez de alguma forma, mas quero lhe dizer que você não perdeu o acesso à Fonte de Amor. Deus diz para você: “Acaso, pode uma mulher esquecer-se do filho que ainda mama, de sorte que não se compadeça do filho do seu ventre? Mas ainda que esta viesse a se esquecer dele, eu, todavia, não me esquecerei de ti.” (Isaías 49:15).

Quero dizer que o Consolador está à sua disposição para abraçá-lo(a) e perdoá-lo(a) quando for preciso. Desde que você aceite perdoar e ser perdoado(a). Aceite o consolo dos braços de onde provem todo amor e você será restaurada(o). Vá ao Senhor e peça ajuda, amparo, consolo. Ele vai atendê-la(o) porque essa era a missão de Jesus: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei.  Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma.” (Mateus 11:28-29).   

Você pode orar assim:

Querido Deus, mostra-me como amar meus pais, como perdoar as faltas deles e perdoa as minhas em relação a eles. Consola-me as ausências emocionais e físicas. Dá-me saúde, desde a minha raiz e ajuda-me a honrá-los, amando-os, em nome de Jesus eu Te peço. Amém.

Desconheço o autor da narrativa.

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