segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

O que fazer quando Deus responde: Não?




Deus sempre responde. Mas, às vezes, Ele responde: não. Nosso pedido pode nos ser caro, mas há mistérios na Onipotente sabedoria de Deus que não vamos compreender até que Ele decida nos explicar. Essa semana eu tive que experimentar um não de Deus.

Todos sabem que diariamente o Senhor tem me sustentado postando essas mensagens no blog. No primeiro ano, não falhei nenhum dia. Glória a Deus. Mas, esse ano, por dois dias deixei de postar em dois dias. Dia 17 de novembro e dia 29 de dezembro. No dia 17, passei o dia no hospital com minha sobrinha. Em seus seis meses e meio de gravidez, durante uma luta contra o câncer, após um mês de uma cirurgia de retirada de tumor de 32 centímetros, a bolsa rompeu-se. Seguramos na oração por dois dias, até que o corticóide maturasse o bebê e Levi tivesse seu nascimento prematuro, mas saudável.

O menino dos milagres, um milagre para ser gerado, um milagre para sobreviver ao parto, um sopro no coração ia ser operado, mas sumiu milagrosamente após a intercessão da igreja, a cura de uma primeira infecção. Ele era tão ativo que chamava a atenção dos médicos. As enfermeiras tinham tanto carinho por ele nós sentíamos, os médicos dedicadíssimos, a família apaixonada. Era uma atmosfera de amor e cuidado. Até que uma bactéria hospitalar o atingiu. Lutamos com toda a fé, pedimos ajuda a todos os irmãos, até em outros Estados, os médicos fizeram o que podiam, clamamos a Deus pela vida. Chegou a notícia de que só restava um batimento por causa de medicação, mas fomos ao hospital e oramos durante uma hora e meia ao lado da incubadora, clamando e declarando o poder de ressurreição de Cristo.

Havia pessoas reunidas nas casas, que se alinhavam conosco. A mãe não pôde ir ao hospital por causa da quimio, mas estava orando em casa com um grupo. Estávamos eu, meu pai e o pai de Levi no Hospital orando desde 18h35min. Eram 19h 45min Quando o Senhor disse: Ore até às 20h. Faltando três minutos para as 20h, meu pai disse que não aguentava mais a coluna, e foi orar na saleta. Às 20h, exatamente e sem saber de nada, uma médica pediu para auscultar o bebê e já não havia batimento. Outra médica veio e confirmou o momento de chorarmos.

Eu não entendi nada. Deus atendera todas as nossas orações até ali. Mas, os milagres nos deram apenas quarenta dias de vida daquele pequeno. O que fazer? Como lidar com aquele não tão terrivelmente doloroso? Então, o Senhor me levantou no coração a história de quando Davi orou pelo seu bebê recém-nascido:

Buscou Davi a Deus pela criança; jejuou Davi e, vindo, passou a noite prostrado em terra. Então, os anciãos da sua casa se achegaram a ele, para o levantar da terra; porém ele não quis e não comeu com eles. Ao sétimo dia, morreu a criança; e temiam os servos de Davi informá-lo de que a criança era morta, porque diziam:
- Eis que, estando a criança ainda viva, lhe falávamos, porém não dava ouvidos à nossa voz; como, pois, lhe diremos que a criança é morta? Porque mais se afligirá. Viu, porém, Davi que seus servos cochichavam uns com os outros e entendeu que a criança era morta, pelo que disse aos seus servos:
- É morta a criança?
Eles responderam:
- Morreu.
Então, Davi se levantou da terra; lavou-se, ungiu-se, mudou de vestes, entrou na Casa do SENHOR e adorou; depois, veio para sua casa e pediu pão; puseram-no diante dele, e ele comeu. Disseram-lhe seus servos:
- Que é isto que fizeste? Pela criança viva jejuaste e choraste; porém, depois que ela morreu, te levantaste e comeste pão.
Respondeu ele:
- Vivendo ainda a criança, jejuei e chorei, porque dizia: Quem sabe se o SENHOR se compadecerá de mim, e continuará viva a criança? Porém, agora que é morta, por que jejuaria eu? Poderei eu fazê-la voltar? Eu irei a ela, porém ela não voltará para mim.
Então, Davi veio a Bate-Seba, consolou-a e se deitou com ela; teve ela um filho a quem Davi deu o nome de Salomão; e o SENHOR o amou. (2 Samuel 12:16-24)

Após tentarmos todos os nossos recursos, precisamos seguir em frente e buscarmos consolação. A nossa consolação e a dos outros. Deus (e só Ele) pode fazer isso de forma maravilhosa. Foi a uma hora e meia em que orei com mais fervor nas minha vida. Nunca conheci um pai mais amoroso e dedicado, nunca vi uma mãe arriscar a própria vida para ser mãe e suportar tanta dor e mal estar para ter um filho nos braços. Mas nosso pedido foi negado e Deus tem as razões dEle para isso. Não sou tão grande que possa julgar a Soberania de Deus. Um discípulo segue seu mestre, Jesus soube receber um não de Deus quando lhe pediu para não ir para a cruz. Eu, o pai e a mãe de Levi tomamos a nossa e o entregamos a Ele e pedimos que nos sare da saudade desse guerreirozinho do qual só tivemos o privilégio de desfrutar da convivência por quarenta dias exatos. Num tempo em que os irreconciliáveis foram reconciliados, os dispersos foram unidos, a fé foi restaurada em muitos e que o Amor se fez tão concreto e visível quanto Cristo na cruz e na ressurreição. Agradecemos ao Senhor e louvamos pelo privilégio que nos foi dado por aqueles olhinhos lindos, que eu só pude ver abertos em fotos, mas que revolucionaram para sempre a vida de tantos. Quando Deus responde não, Ele continua Deus e nós precisamos continuar sendo seus humildes servos e filhos.

A consolação sobrenatural



Eu vinha voltando de uma ministração e ia para uma ceia de confraternização e comemoração na casa de minha sobrinha. Havíamos combinado de chegar cedo para orar por Levi juntos. Quando o carro parou e estávamos estacionando, meu sobrinho, irmão da mãe, estava ao telefone dizendo: “[...] porque Levizinho morreu.” Eu corri para o carro avisei minha amiga e corri para dentro de casa orando e repreendendo, clamando pelo poder de ressurreição sobrenatural. Ao saber que ainda havia um batimento fraco corremos para o hospital para orar. Mas, a resposta de Deus foi não.

Choramos e mandei o pai para casa e fui resolver as questões do funeral. Depois da funerária, passei em casa para tomar banho e trocar de roupa, pois a mãe não poderia ter contato nem com o hospital e nem com a funerária. Chegamos na casa dos pais por volta das 22 h. Para nosso espanto, a mãe estava sentada na mesa e comendo. Olhou para mim com os olhos ainda avermelhados e disse: Agora, tia, é ir em frente. Vou lutar pela minha vida. André, esposo dela, disse: Eu vou cuidar da minha mulher. Juliana, para coroar o momento, disse: Vejam, pessoal, eu sou o milagre! Eu estou em paz.

O poder sobrenatural de consolação


E eu sei que há momentos em que choramos. Em outros, sorrimos. Nunca senti uma dor dessas na vida e olhem que já passei por muitas cirurgias e riscos de vida. Mas dentro do meu coração existe uma centelha de alegria, mesmo sentindo dor, que é ABSOLUTAMENTE inexplicável. Eu quero compartilhar com você a declaração da mãe e do pai entregando o filho a alguém que é maior do que toda a dor e que merece toda a honra glória e louvor, mesmo quando não atende os nossos pedidos:

Declaração de Juliana, mãe

Que Deus nessa hora possa fazer por você meu filho, o que seus pais não conseguiram!
Fizemos o que pudemos, mas você está em um lugar muito melhor. Nos braços daquele que te deu a vida, que vai te ninar e dar todo o carinho que nós não pudemos.
Não te peguei no colo, não te dei de mamar, não te ninei, te vi apenas nos 15 primeiros dias de vida, não por querer, mas por impossibilidade. Você sabe bem que se sua mãe pudesse, estaria lá, segurando sua mão, te consolando a cada chorinho.
Não pude sequer me despedir de você, mas estou confiante de que Deus fará o impossível, pra que o testemunho de seu milagre toque a vida de tantas outras pessoas!
Te amo Levi, te amo demais! A saudade é enorme, saudade até do que não tivemos, mas vou guardar sempre na lembrança aqueles seu olhinhos brilhantes e vivos que Deus me deu pra iluminar a minha vida e a do seu pai!
Deus, receba meu filho em seus braços com tudo o de melhor que existir no céu! Vá em paz nosso ETERNO guerreiro!


Declaração do pai, André Márcio

DEUS levou o nosso guerreiro LEVI, mas com certeza sua passagem aqui conosco nos trouxe alegrias sem tamanho, mas agora ele esta num lugarzinho especial com DEUS.
Fica com DEUS meu filho.


Assim, que podemos dizer? Somente o que disse Paulo aos Tessalonicenses: “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai de misericórdias e Deus de toda consolação! É ele que nos conforta em toda a nossa tribulação, para podermos consolar os que estiverem em qualquer angústia, com a consolação com que nós mesmos somos contemplados por Deus.” (2 Coríntios 1:3-4). É o milagre da consolação. Sempre precisaremos dele. Porque que seria de mim sem o Senhor da Vida? Porque eu me voltaria contra Ele por não ter me atendido dessa vez? Ele é meu Senhor e tem cuidado de mim há décadas, mesmo antes do meu nascimento, Ele sabe todas as coisas e seu amor tem caminhos que não conheço. Ele transformará essa situação em bênção. Só Ele é capaz. Meu coração está em paz e sendo curado e também da minha família e amigos.

Muitos aprenderam o valor de ter seus filhos perto de si, das coisas que realmente são importantes e valiosas, entre as quais o amor e a vida, além de qualquer posse, distinção ou bem. E aprendendo o que realmente é importante, puderam ficar próximos e tolerarem as diferenças tolas que, antes tinham se levantado e tinham permissão de perturbar os relacionamentos por mesquinharias.

O Senhor é o Deus de toda a consolação. E como Paulo, eu oro por você para que “Ora, nosso Senhor Jesus Cristo mesmo e Deus, o nosso Pai, que nos amou e nos deu eterna consolação e boa esperança, pela graça, consolem o vosso coração e vos confirmem em toda boa obra e boa palavra.” (2 Tessalonicenses 2:16-17)

Onde está a consolação?


Jesus é a consolação de Israel (Lucas 2:25).  Quem você acha que vai abraçar por Jesus? Como essa consolação se manifestará? A igreja em Jerusalém tinha duas bases no relacionamento que a faziam atrair as pessoas a Cristo: “A igreja, na verdade, tinha paz por toda a Judéia, Galiléia e Samaria, edificando-se e caminhando no temor do Senhor, e, na consolação do Espírito Santo, crescia em número.” (Atos 9:31). Observe que duas coisas alimentação o caminhar e o crescimento da igreja: o temor do Senhor e a consolação do Espírito Santo. O temor sem a consolação é ritualismo e legalismo; a consolação sem o temor é emocionalismo inútil. Mas, quando os dois se unem, há uma explosão de poder transformador.

Se a igreja não abraça os que sofrem está doente e seca, sem amor. Abrace e apóie os que sofrem. Não é o que você fala, é o quanto você se dispõe a amar. Não existe ninguém que sofra que não precise ser amparado. Se a pessoa é tola o suficiente para não aceitar apoio, é com ela. Mas  a nossa parte como cristãos é termos a coragem de amar. Se você não se aproxima de quem sofre por medo, sua fé está muito fraca. Seu amor está pior ainda e Deus não estará feliz com você porque Deus é amor. Muitos acham que a obra de Deus está em ir para a Índia ou África, mas não suprem a dor e o deserto de quem está a seu lado. Sinto muito, mas a Índia e a África estão na miséria e no deserto da pessoa ao seu lado. Se você não os acolhe, abraça e dá de beber, não use a Índia e a África como desculpas.

Aos que não sabem o que dizer ou fazer



Parece que não estamos treinados a lidar com a dor. Nem com a nossa, nem com a dos outros. As pessoas não sabiam o que fazer e nem dizer, ontem, Domingo, ministrei a palavra e acho que chorei durante pelo menos metade do tempo. Ao terminar, mesmo sabendo que estava triste, todas as pessoas na igreja se afastaram de mim, menos uma que veio me dar um abraço. O que se faz quando uma pessoa está triste? Pareciam não saber a resposta. Então, entendi que precisavam de uma lição prática. Fui a cada grupo e disse sorrindo: eu estou triste, preciso de um abraço, vocês vão me abraçar? Poderia ter passado sem os abraços e compreender isso como falta de entendimento, mas pensei, se um deles passar por isso e não receber um abraço ou qualquer gesto de apoio, vai ficar ferido de morte. Então, como era meu papel, transformei a dor numa lição de amor.

Não é uma questão de heroísmo ou orgulho, mas eu pensei que meu pai, minha mãe, minha sobrinha, o esposo da minha sobrinha e qualquer pessoa que perdesse um parente iam precisar desse apoio e que a cultura da igreja ainda não tinha absorvido a importância disso. Nós também nunca tínhamos perdido uma criança ou um membro. Eles realmente não deviam saber o que fazer. Eu não digo que não sentissem a dor, mas não sabiam como reagir a ela ou combatê-la. Parece que tudo devia ser resolvido através da oração, não sei. Mas ao terminar o culto, todos se afastaram, como que para me dar espaço. Precisávamos de um novo modelo para lidar com a dor. Aquele não iria liberar o amor que tanto precisávamos.

Precisamos aprender a ficar próximos, a abraçar, a apoiar a quem está sofrendo. Vi muitas pessoas com os olhos assustados, sem saber o que fazer. Não adianta dizer para si mesmo que não sabe o que dizer, diga à pessoa que está sofrendo que não sabe o que dizer, mas que você a ama e está ali, orando e torcendo. Se você se afastar por causa da dor dela, ela perderá um ente querido e um amigo. Expresse isso numa palavra, num toque ou num abraço, numa mensagem. Não fique calado. Amor que não se expressa não chega ao destino.

Se não tem intimidade, toque o ombro, diga que não tem palavras, mas está orando pelo seu milagre. E, creia-me, só um milagre consola essa dor. O meu milagre está em processo, às vezes, me pego chorando do nada. Uma lembrança faz um vôo rasante e dói tanto que espreme uma lágrima ou um punhado delas. Outras, estou sorrindo e feliz de ver a minha família sob tanta presença daquele que não nos abandona nunca. Mas, como qualquer mortal, preciso das palavras de carinho, do abraço e do conforto que todos têm para dar e pensam que, de alguma forma, o título ou o cargo no ministerial me fazem imune à dor. Sem saber que, desde o Velho testamento Deus respeitava a dor dos sacerdotes. Por sua família, eles podiam estar de luto (Levíticos 21:1-6). Ninguém é imune à dor. Davi chorou, Samuel se entristeceu, e principalmente, “Jesus chorou” (João 11: 35), mas “bem-aventurados os que choram, porque serão consolados” (Mateus 5: 4). 

Se você tem dificuldades de lidar com as emoções, escute bem essa frase: você pode cansar, precisar parar para se fortalecer, ISSO NÃO QUER DIZER QUE VOCÊ VÁ DESISTIR! Descansar e chorar, tratar dos sentimentos e condição para continuar em frente até à vitória. Isso não é desistir, é fazer uma parada estratégica. Chorar não é fraqueza é humildade, é reconhecer a nossa humanidade. Os vitoriosos param, choram, descansam, mas se levantam e prosseguem sempre rumo a Jesus, olhando para o alto, de cabeça erguida.

Alguém está chorando ao seu lado...


Se alguém estiver chorando, “[...] chorai com os que choram.” (Romanos 12:15). Não entendo que amor é esse que não abraça e acolhe, que teme a dor e a doença como se elas fossem maiores do que o Amor e o poder de Deus ou pior como se contaminassem. Não entendo um evangelho de pessoas que não lidam com as emoções dos outros ou as desprezam, ou não lidam com as próprias emoções e tentam desprezá-las, como se fazendo de conta que elas não existem elas se curassem a si mesmas. Não é assim. Jesus não esperou do céu que a nossa dor fosse curada. Ele se tornou cura para nós. E nos deixou o encargo de sermos cura uns para os outros: “Nisto é perfeito o amor para conosco, para que no dia do juízo tenhamos confiança; porque, qual ele é, somos nós também neste mundo.” (1 João 4:17). 

O amor é uma linguagem universal porque todos os homens foram feitos para serem amados. Ninguém que é saudável é imune ao amor. Todos aqueles que manifestam amor ou o recebem sentem imediatamente os seus efeitos de vida e paz. Minha sobrinha tem amigos abençoados que estão acampados na casa dela para apoiá-la. Seria muito mais difícil sem eles, tenho certeza. Fico pensando... Quando você sofre, o que você gostaria de receber? Mas, o que você está dando aos que sofrem? Ainda que você não queira ninguém ao seu lado quando sofre, não significa que é isso que os que sofrem desejam. Portanto, ofereça seu melhor presente e não sua ausência. Torne-se irmão durante a angústia:
“Em todo o tempo ama o amigo e para a hora da angústia nasce o irmão.” (Provérbios 17:17).

Você pode orar assim:

Querido Deus, entrego a ti as minhas dores, consola-me, Senhor. Faz-me um instrumento de consolação. Ajuda-me, Senhor a mostrar o teu amor e a fé em ti em quaisquer circunstâncias, a ser aquele que consola, que cuida, que não tem medo e nem reserva de chorar com os que choram e alegrar-se com os que se alegram, em nome de Jesus.


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