Dia 25 de dezembro anuncia o final de um ano e, ao mesmo
tempo, a proximidade do início de outro. Nós costumamos ser marcados pelos
acontecimentos mais importantes. Então, que a comemoração da vinda de Jesus à
terra seja realmente o momento mais importante. Podemos associar Natal às
consequências: festa, troca de presentes, mas o efeito não pode ser mais
importante do que a causa. O Natal é a chegada de Jesus para nós. Hoje, vejo
Natais sem Cristo, como se pudesse haver Natal, nascimento, sem Vida. Então, o
ciclo anual, que deveria ser de renovação, se torna apenas mais uma repetição
de velhas tradições vazias. Sem o aniversariante, a festa e os presentes não fazem
sentido. Há, entretanto, nesse ciclo de início e fim, algo que se repete. Eu
quero ressaltar três coincidências no nascimento e no cumprimento da missão de
Cristo: o exílio, a madeira e o Amor.
O exílio é estar afastado de seu lugar de origem, é não
pertencer, é não fazer parte, é não ter lugar. Jesus nasceu sem lugar em sua
própria cidade de origem. Seus pais precisaram voltar para a sua cidade Natal
para fazer o recenseamento romano obrigatório. Mas não havia lugar para Ele.
Belém era uma cidade pequena, faltavam hospedarias apesar de Maria estar
grávida. E, talvez até por isso, ela ainda tenha conseguido um estábulo para
pousar naquela noite estrelada. Mas o exílio de Jesus foi muito mais profundo
do que você imagina. A falta de lugar na estalagem foi apenas o início da sua
rejeição: “o Verbo estava no mundo, o mundo foi feito por
intermédio dele, mas o mundo não o conheceu. Veio para o que era seu, e os seus
não o receberam.” (João 1:10-11).
Qualquer pessoa que lhe rejeite é uma dor difícil de suportar, mas, quando os
seus lhe rejeitam, a dor é maior. Jesus conheceu essa dor. Ele a conheceu no
grau máximo, pois a bíblia diz que Jesus foi “[...] desprezado
e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que é padecer;
e, como um de quem os homens escondem o rosto, era desprezado, e dele não
fizemos caso.” (Isaías 53:3).
Você se sente sem
lugar nesse período? Parece que não cabe em lugar nenhum, não pertence a lugar
nenhum? Foi exatamente assim que Jesus nasceu, mas havia um propósito nesse
isolamento. A conclusão do propósito de Deus foi também diante do máximo exílio
possível. No seus últimos momentos, Jesus bradou:
À hora nona, clamou Jesus em alta
voz: Eloí, Eloí, lamá sabactâni? Que quer dizer: Deus meu, Deus meu, por que me
desamparaste? Alguns dos que ali estavam, ouvindo isto, diziam: Vede, chama por
Elias! E um deles correu a embeber uma esponja em vinagre e, pondo-a na ponta
de um caniço, deu-lhe de beber, dizendo: Deixai, vejamos se Elias vem tirá-lo!
Mas Jesus, dando um grande brado, expirou. E o véu do santuário rasgou-se em
duas partes, de alto a baixo. O centurião que estava em frente dele, vendo que
assim expirara, disse: Verdadeiramente, este homem era o Filho de Deus. (Marcos
15:34-39)
O exílio final
tornou-se o mais doloroso e cruel. Jesus separou-se dAquele que mais amava, mas
por um propósito que fez valer a pena. O véu do templo se rasgou. O véu do
templo simbolizava a separação entre
Deus e os homens pelo pecado. O pecado rasgado nas mãos, nos pés e no lado de
Cristo nos abriu o céu e a presença diante do Pai. Jesus finalizou sua jornada
de rejeição e exílio para nos livrar daquilo nos impedia de estar na presença
de Deus. Tudo o que nos fazia não pertencer à Vida de Deus foi destruído no
abandono, no exílio de Jesus na cruz. Quando Deus virou as costas para Cristo,
abriu os braços para nós. O exílio de Cristo foi a nossa chegada aos braços do
Pai. Jesus veio como um exilado para resgatar os exilados. Jesus veio como alguém
que não tinha lugar para estar, para aconchegar aqueles que queriam pertencer
ao lugar da presença de Deus.
A madeira e a missão
Jesus veio à terra com uma missão. Ele foi entregue aos
homens no madeiro, desde o início. Um cocho para um príncipe era uma ideia
grosseira, mas anunciava a madeira que coroaria o Príncipe da Paz, Pai da
Eternidade. Imagine como os reis sábios do oriente devem ter se chocado com
Jesus: ao invés de encontrarem um rei na riqueza de seu palácio, cercado por
súditos desvelados correndo de um lado para o outro para servir o herdeiro,
encontraram um casal simples, trabalhadores, numa estrebaria, sobre um cocho de
madeira comum, cercado por animais de serviço e sob a luz de uma estrela e não
dos candelabros riquíssimos. O rei servo não estava envolvido em colchas de
cetim e púrpura. Eram panos comuns, uma manjedoura bruta, um casal do povo, mas
no céu era uma explosão incomum. Anjos cantavam e anunciavam, estrelas
especiais reluziam, sinais maravilhosos, reis e pessoas do povo, fiéis
seguidores, eram atraídos à grandeza daquele presente que chegava á terra. O
céu estava em festa!
Entretanto, aquela madeira simples do início apontava o
final vitorioso escrito antes, onde Jesus “carregando ele mesmo em seu corpo,
sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos para os pecados,
vivamos para a justiça; por suas chagas, fostes sarados.” (1 Pedro 2:24). Na
cruz, Jesus se fez tudo o que nós éramos para que nós fôssemos tudo o que Ele
é. “Aquele
que não conheceu pecado, Ele [Deus] o fez pecado por nós; para que, nele,
fôssemos feitos justiça de Deus.” (2 Coríntios 5:21). Na manjedoura
repousava sereno o Soberano da criação. Jesus não precisava de um berço de
ouro, pois Ele é a glória do Pai, mais maravilhosa do que o mais precioso metal.
E a estrela no céu mostrou isso. E mais tarde, na cruz, foi entregue, coroado de
espinhos, o Príncipe, que nos traz a Paz com Deus, através perdão dos nossos
pecados. A madeira do início anunciava a madeira do cumprimento de todas as
promessas no final de sua carreira na terra.
O amor vence a rejeição
Jesus viveu sem ser aceito por muitos de seu tempo.
Apesar de ter uma casa (Marcos 2:1), não a desfrutava muito por causa do seu
ministério (Mateus 8:19-20). Ao chegar no mundo, não achou lugar também. O Amor
de Deus para nós, pequenino enrolado em faixas e colocado naquele cocho era guardado
por anjos, cuidado pelos pais, adorado por reis e rodeado por criaturas de
serviço. Havia uma atmosfera de amor à sua volta. Tudo recendia ao perfume do
amor. Reis vieram de lugares distantes para adorá-lo e presenteá-lo. Ele atraía
amor devotado, mesmo de estranhos e estrangeiros. Os reis e os pastores foram
atraídos a Ele para adoração. Adoração é o mais profundo ato de amor. Adorar é
amar acima de tudo e de todos. Adoração é entrega total. Assim era Jesus no seu
nascimento, sob a Luz do seu sinal no céu e na presença dos anjos, a
manifestação do Amor e a oportunidade de Amar.
Na cruz, no final, Ele amou manifestando da forma mais
profunda o amor de Deus. Amou mais do que a própria vida. Amou mais do que a si
mesmo. Amou entregando-se quando só tinha razão para odiar; entregou-se em ações
de amor, quando só tinha motivos para revidar; sarou e salvou, quando só tinha
motivos para ferir. O amor atraído do começo naquele estábulo mostrou sua
verdadeira dimensão, quando se derramou no fim no Calvário.
Aos que disputavam suas vestes e o crucificavam deixou o
perdão; ao rapaz sem o melhor amigo deixou o carinho de sua própria mãe; à sua
mãe, deixou o abrigo do seu filho mais carinhoso e achegado; ao arrependido, a
casa do pai; ao descrente, o silêncio da sua própria dúvida; ao Pai, a
obediência mais amorosa e confiante que jamais se verá; ao mundo, uma chance de
salvação se derramava até a última gota de sangue. Jesus derramou na cruz a prova
de amor mais concreta, visível, a chance palpável de começar de novo, como um
dia o filho de Deus começou naquele estábulo: “dificilmente, alguém morreria por
um justo; pois poderá ser que pelo bom alguém se anime a morrer. Mas Deus prova
o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo
nós ainda pecadores.” (Romanos 5:7-8).
Na simplicidade do começo está o mistério da glória
eterna concedida através dEle. Naquele estábulo,
Deus escondeu a glória; naquele cocho, o Pai escondeu a cruz, e naquela cruz,
que veio lá de um lugar obscuro do interior da Judéia estava exposto e
disponível para os quatro cantos da terra o mais sublime Amor. O amor que
ninguém poderá pagar ou reproduzir. O amor que é Deus. O mesmo Amor que Deus
enviou Jesus não só para proclamar, mas SER, pois:
“[...] Deus é
amor, e aquele que permanece no amor permanece em Deus, e Deus, nele.” (1 João
4:16)
“nestes últimos
dias, nos falou [na pessoa de um] Filho, a quem constituiu herdeiro {e}
proprietário legal de todas as coisas, pelo qual e através de quem criou os
mundos {e} alcançou do espaço {e} as era do tempo [Ele fez, produziu,
construiu, operou e os ordenou na sua ordem]. Ele é a expressão única da glória
de Deus [o Ser-luminescente, o resplendor ou a irradiação do divino], e Ele é a
perfeita impressão e a própria imagem da natureza de Deus, sustentando,
mantendo, guiando e impulsionando o universo por sua poderosa palavra de poder.
Quando ele cumpriu por oferecer a si mesmo a purificação dos nossos pecados e que
é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser, sustentando todas as
coisas pela palavra do seu poder, depois de ter feito a purificação dos pecados
e liberação de culpa, Ele assentou-se à direita da mão direita da divina
Majestade, nas alturas, [Assumindo uma posição pela qual] Ele próprio tornou-se
tão superior aos anjos como o glorioso Nome (título) que Ele herdou é diferente
e mais excelente do que os deles.” (Hebreus 1:2-4 – Bíblia amplificada)
Esse é o Natal. É a lembrança do começo de uma vitória
gloriosa, onde Deus vem do céu para abraçar a terra na pessoa do seu Filho
Amado, e ao nos tocar, nos transforma também em filhos amados, fazendo nascer
em nós tudo aquilo que Ele sempre sonhou para a nossa Vida. Feliz é aquele que
vive o Natal de Jesus Cristo.
Você pode orar assim:
Querido
Deus, eu quero experimentar o teu Natal. Quero sair desse exílio em que me
encontro, que me faz olhar para mim como alguém que não tem lugar. Quero provar
a simplicidade e a força do madeiro em que Jesus veio para me aproximar de Ti e
principalmente, Senhor, quero provar do teu amor sarando, aconchegando e
suprindo a minha vida.
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