Sei que
existem muitas pessoas que não acreditam na existência de Deus. Eu as respeito.
Respeito mais as que, mesmo não acreditando na sua existência, são inteligentes
o suficiente para permitir-se duvidar de sua certeza e ouvir algo a respeito.
Se você não aceita se questionar sobre algo, você já tem uma religião, ainda
que essa religião seja a ciência ou o próprio ateísmo. Posso assombrar-lhe com
essa ideia, mas aquilo que você coloca como acima de todas as coisas e torna
inquestionável, a ideia final e irrevogável, que domina sobre sua vida é seu
deus. Sendo assim, o ateísmo pode ser considerado uma religião em que o deus é
a pessoa que determina que não existe Deus. Seu corpo doutrinário determinou
sobre a sua vida o afastamento de Deus e entrega a vida a essa ideia. A esses
devotos da negação, este texto não interessa. Só aos primeiros, aos que querem
saber.
Podemos
pensar em argumentos interessantes sobre a existência de um ser que possui os
atributos que somente Deus pode ter, tanto do lado de fora do que somos
na vida e na existência de todos os seres, quanto em argumentos que se baseiam
naquilo que pensamos, sentimos e desejamos.
Iniciamos
pensando na mudança como argumento. Imagine a semente de uma planta que
pode chegar a dois metros de altura e produzir laranjas. Há algo interessante aqui.
A planta pode chegar a tudo isso, mas não pode fazê-lo por si mesma. Nada
pode mudar a si mesmo. As coisas vivas conseguem se mover por um tempo e
depois, quando a vida as deixa, elas param de viver. A essência material
sem a vida, que as move, permanece inerte. Cada coisa que se move precisa da
atuação de alguma força sobre ela para fazê-la mover-se, porque de si mesma não
consegue fazê-lo. O corpo pára, quando perde a ação da força que chamamos vida,
os corpos físicos também, se não recebem força, eles não se movem. Tudo o que
se move necessita da atuação de forças externas a si para se moverem. Não
importa até onde você tenha acompanhado os anteriores na cadeia de força sobre
corpos, a certeza é de que há a primeira força emanada. Esse é o argumento da
primeira força. Quem deu o primeiro passo na cadeia de movimento tinha que ter
força autogerada.
O universo é
uma cadeia de movimentos que necessitaram de um primeiro impulso para mover-se
e animar-se. Ele está em constante processo de mudança. A ciência mostra que, a
cada vez que um corpo cede energia a outro (impulsionando-o), parte da energia
se perde. Mas tudo continua em movimento e o movimento do universo se amplia, o
que indica uma fonte de força inicial que precisa ser imanente, ou seja, capaz
de gerar em si mesmo a própria força. Este é o segundo argumento: existe uma fonte
de força autossuficiente.
O contrário
seria inaceitável, pois se não houvesse uma força que tornasse possível as
coisas, chegarem à mudança, uma vez que não podem ser o que podem alcançar sem
ação externa, nada mudaria, porque nada pode ser mudado por si mesmo. Assim,
tem que haver algo fora do universo material que causa mudança no universo
material, que age e ativa a matéria, o espaço e o tempo, gerando o movimento e
a vida e esse poder precisa ser autossuficiente. .
A causa como argumento
Da mesma
forma como nada muda sem um movimento que o anime, cada animação tem seu
responsável. Todos os movimentos de vida possuem uma origem ou uma causa. Se
percorrermos os antecedentes da cadeia de causas (o que causou o que), teremos
que encontrar uma causa original. Sem causa, não teríamos o efeito da vida.
Logo, não haveria existência ou vida. Essa afirmação não pode ser falsa, (a
menos que o filme Matrix seja verdade), pois nós estamos em um mundo que
existe. Isso nos coloca na posição de necessitarmos de um ser Não-causado para
podermos explicar a nossa própria existência que, por sua vez, não
poderia ser nada menos que o ser Doador de Existência causasse a própria
existência.
Você pode
pensar que o grupo de existências pode sustentar-se a si mesmo. Até as crianças
fazem a conclusão lógica quando chegam ao fim da análise:
- Quem me
‘teve’?
- Mamãe.
- E quem
‘teve’ mamãe? Vovó...
Depois de
você esgotar seus conhecimentos da árvore genealógica, você desiste ou
finalmente, diz: “Foi Deus quem criou o primeiro homem...”. E vem a
pergunta fatal?
- Quem criou
Deus?
E você
precisa responder:
- Deus não
se criou, Ele sempre existiu. Ele não é como nós. Não tem começo.
Se tudo o
que veio, veio de uma causa, mas não tem força suficiente para se criar sozinho,
quem ou o quê foi a primeira causa, que tinha o poder de causar a existência de
outra coisa?
As forças de
agregação, que produzimos, não são suficientes para manter o crescimento à
nossa volta de forma planetariamente equilibrada. O ecossistema experimenta isso.
Ainda que
tivesse havido uma força tal que desse o impulso inicial e que após dar o
impulso houvesse desaparecido, essa força não seria suficiente para continuar
movendo a minha vida até o fim porque eu preciso de força a cada mudança e não
sou só eu é o universo inteiro. No momento em que a força cessasse, cessaria a
mudança. Mas a mudança é única certeza que temos. Chega a ser irônico dizer
isso nesse contexto em que se questiona a existência da força que causa a
mudança.
O argumento do princípio de todas as coisas
Sabemos que
tudo o que existe começou a existir de alguma coisa. Mas há também as coisas
que nunca existiram. Existência e não existência são possibilidades. Se o
universo existe, ele também teve seu momento de não existência. Se ele passou a
existir e não existia antes, então, não havia nada para criá-lo, uma vez que
tudo o que existe está no universo. Mas, como algo surge de matéria-prima como
o “nada”? Com essa lógica, o universo fora do universo não existiria, mas ele
está aí, a mudança entre o não existir e o existir do universo aconteceu. Se o
próprio universo não mostrou ter até agora uma própria capacidade de mover-se e
alterar-se sozinho a não ser por alguma força que tenha seu início fora do que
se move, algo foi necessário para iniciar a criação do universo. Esse ser
necessário é Deus. Imanente (gera sua própria força e poder), Onipresente (está
em todos os lugares onde essa força opera), Onipotente (tem poder para tudo),
Onisciente (tem consciência absoluta, pois a operação dessa força é inteligente,
organizada e direcionada).
O argumento dos graus de perfeição
Como
reconhecemos que algo é de alta qualidade ou de baixa qualidade? Nós
estabelecemos a sua comparação com um padrão. Se nunca conhecermos o padrão,
não poderemos dar valores relativos a nada. Se não conhecermos o tema não
podemos avaliar um estudante; se não conhecemos a qualidade do produto, não
podemos avaliar a produção, etc. Considerando que todas as coisas possuem uma
fonte e uma causa original, que lhes dão a sua natureza,, temos que considerar,
que essa natureza também lhes estabelece sua referencia de qualidade.
Nós só
podemos comparar a qualidade de uma laranja, comparando-a as características da
demais laranjas. Não podemos dizer que uma laranja não é boa porque ela não tem
pés ou pelos. Não faz parte da natureza da laranja, então, esses itens não
entram na consideração das suas qualidades. Assim como também não entram
conceitos morais, tais como “Essa é uma boa laranja, mas essa é má, deveria ser
presa...” A moral não faz parte da natureza da laranja. A natureza da laranja
está na sua semente e não no seu fruto. O fruto é apenas conseqüência do
crescimento da semente. A semente precisa de receber força para crescer e
cresce apenas dentro das possibilidades de sua natureza. Mas, quando a
comparamos para acompanhar seu crescimento ou para avaliá-la, nós a comparamos
ao padrão ideal das laranjas.
E com
relação ao homem? Porque temos necessidade de encontrar coisas boas no homem?
Independente de como uma cultura considere o que é ser bom, você vai encontrar
padrões de bom e ruim, bem e mal, certo e errado. Toda cultura possui padrões
morais. Nós temos necessidade de avaliar segundo o padrão original ou ideal.
Porque a nossa natureza exige o retorno ao padrão, que nos dá sentido. A nossa
existência pressupõe a existência de alguém melhor que nós, além de nós mesmos
que nos atrai a sua própria essência. Por vezes, perdemos esses padrões tão
altos, mas eles estão dentro de nós, nos chamando. Nossa estrutura clama por
eles, por eles se acha vida, que vai nos mover e fazer crescer. Pensando que
esforcei bastante a sua lógica dedutiva por hoje, quero lhe dizer o que você
pode ter de Deus.
Há uma fonte de vida de qualidade disponível para você
Deus traz a vida:
“O Espírito de Deus me fez, e o sopro do
Todo-Poderoso me dá vida.” (Jó 33:4). Jesus traz vida: “O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir; eu vim para que
tenham vida e a tenham em abundância.” (João 10:10); o Espírito Santo traz vida: “Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de
água viva. Isto ele disse com respeito ao Espírito que haviam de receber os que
nele cressem; [...]” (João 7:38-3). Uma fonte de qualidade traz mudanças de
qualidade.
Você não foi
criado para viver aleatoriamente, sem saber se identificar. Uma vez que você
saiba a sua natureza, você saberá olhar no espelho e procurar com quem você
deve se tornar parecido. Nenhuma criatura na criação sente tanta necessidade
de se identificar ou se assemelhar, como o homem. Por isso, a necessidade tão
urgente de sabermos quem somos e de onde viemos. Assuma um padrão
que acolha aquilo que extrai o melhor conforme a sua natureza: “Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem
e mulher os criou.” (Gênesis 1:27). “Nunca me esquecerei dos teus preceitos,
visto que por eles me tens dado vida.” (Salmo 119:93)
Que haja paz
na sua vida, em nome de Jesus.
REFERÊNCIA:
KREEFT, Peter; TACELLI, Ronald D. Manual de Defesa da Fé:
Apologética cristã. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2008.
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