segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Deus e a lógica






Sei que existem muitas pessoas que não acreditam na existência de Deus. Eu as respeito. Respeito mais as que, mesmo não acreditando na sua existência, são inteligentes o suficiente para permitir-se duvidar de sua certeza e ouvir algo a respeito. Se você não aceita se questionar sobre algo, você já tem uma religião, ainda que essa religião seja a ciência ou o próprio ateísmo. Posso assombrar-lhe com essa ideia, mas aquilo que você coloca como acima de todas as coisas e torna inquestionável, a ideia final e irrevogável, que domina sobre sua vida é seu deus. Sendo assim, o ateísmo pode ser considerado uma religião em que o deus é a pessoa que determina que não existe Deus. Seu corpo doutrinário determinou sobre a sua vida o afastamento de Deus e entrega a vida a essa ideia. A esses devotos da negação, este texto não interessa. Só aos primeiros, aos que querem saber.

Podemos pensar em argumentos interessantes sobre a existência de um ser que possui os atributos que somente Deus pode ter, tanto do lado de fora do  que somos na vida e na existência de todos os seres, quanto em argumentos que se baseiam naquilo que pensamos, sentimos e desejamos.
Iniciamos pensando na mudança como argumento. Imagine a semente de uma planta que pode chegar a dois metros de altura e produzir laranjas. Há algo interessante aqui.  A planta pode chegar a tudo isso, mas não pode fazê-lo por si mesma. Nada pode mudar a si mesmo. As coisas vivas conseguem se mover por um tempo e depois, quando a vida as deixa, elas param de viver.  A essência material sem a vida, que as move, permanece inerte. Cada coisa que se move precisa da atuação de alguma força sobre ela para fazê-la mover-se, porque de si mesma não consegue fazê-lo. O corpo pára, quando perde a ação da força que chamamos vida, os corpos físicos também, se não recebem força, eles não se movem. Tudo o que se move necessita da atuação de forças externas a si para se moverem. Não importa até onde você tenha acompanhado os anteriores na cadeia de força sobre corpos, a certeza é de que há a primeira força emanada. Esse é o argumento da primeira força. Quem deu o primeiro passo na cadeia de movimento tinha que ter força autogerada.
O universo é uma cadeia de movimentos que necessitaram de um primeiro impulso para mover-se e animar-se. Ele está em constante processo de mudança. A ciência mostra que, a cada vez que um corpo cede energia a outro (impulsionando-o), parte da energia se perde. Mas tudo continua em movimento e o movimento do universo se amplia, o que indica uma fonte de força inicial que precisa ser imanente, ou seja, capaz de gerar em si mesmo a própria força. Este é o segundo argumento: existe uma fonte de força autossuficiente.

O contrário seria inaceitável, pois se não houvesse uma força que tornasse possível as coisas, chegarem à mudança, uma vez que não podem ser o que podem alcançar sem ação externa, nada mudaria, porque nada pode ser mudado por si mesmo. Assim, tem que haver algo fora do universo material que causa mudança no universo material, que age e ativa a matéria, o espaço e o tempo, gerando o movimento e a vida e esse poder precisa ser autossuficiente. .

A causa como argumento





Da mesma forma como nada muda sem um movimento que o anime, cada animação tem seu responsável. Todos os movimentos de vida possuem uma origem ou uma causa. Se percorrermos os antecedentes da cadeia de causas (o que causou o que), teremos que encontrar uma causa original. Sem causa, não teríamos o efeito da vida. Logo, não haveria existência ou vida. Essa afirmação não pode ser falsa, (a menos que o filme Matrix seja verdade), pois nós estamos em um mundo que existe. Isso nos coloca na posição de necessitarmos de um ser Não-causado para podermos explicar a  nossa própria existência que, por sua vez, não poderia ser nada menos que o ser Doador de Existência causasse a própria existência.

Você pode pensar que o grupo de existências pode sustentar-se a si mesmo. Até as crianças fazem a conclusão lógica quando chegam ao fim da análise:
- Quem me ‘teve’?
- Mamãe.
- E quem ‘teve’ mamãe? Vovó...
Depois de você esgotar seus conhecimentos da árvore genealógica, você desiste ou finalmente, diz: “Foi Deus quem criou o primeiro homem...”.  E vem a pergunta fatal?
- Quem criou Deus?
E você precisa responder:
- Deus não se criou, Ele sempre existiu. Ele não é como nós. Não tem começo.

Se tudo o que veio, veio de uma causa, mas não tem força suficiente para se criar sozinho, quem ou o quê foi a primeira causa, que tinha o poder de causar a existência de outra coisa?

As forças de agregação, que produzimos, não são suficientes para manter o crescimento à nossa volta de forma planetariamente equilibrada. O ecossistema experimenta isso.

Ainda que tivesse havido uma força tal que desse o impulso inicial e que após dar o impulso houvesse desaparecido, essa força não seria suficiente para continuar movendo a minha vida até o fim porque eu preciso de força a cada mudança e não sou só eu é o universo inteiro. No momento em que a força cessasse, cessaria a mudança. Mas a mudança é única certeza que temos. Chega a ser irônico dizer isso nesse contexto em que se questiona a existência da força que causa a mudança.

O argumento do princípio de todas as coisas


Sabemos que tudo o que existe começou a existir de alguma coisa. Mas há também as coisas que nunca existiram. Existência e não existência são possibilidades. Se o universo existe, ele também teve seu momento de não existência. Se ele passou a existir e não existia antes, então, não havia nada para criá-lo, uma vez que tudo o que existe está no universo. Mas, como algo surge de matéria-prima como o “nada”? Com essa lógica, o universo fora do universo não existiria, mas ele está aí, a mudança entre o não existir e o existir do universo aconteceu. Se o próprio universo não mostrou ter até agora uma própria capacidade de mover-se e alterar-se sozinho a não ser por alguma força que tenha seu início fora do que se move, algo foi necessário para iniciar a criação do universo. Esse ser necessário é Deus. Imanente (gera sua própria força e poder), Onipresente (está em todos os lugares onde essa força opera), Onipotente (tem poder para tudo), Onisciente (tem consciência absoluta, pois a operação dessa força é inteligente, organizada e direcionada).

O argumento dos graus de perfeição


Como reconhecemos que algo é de alta qualidade ou de baixa qualidade? Nós estabelecemos a sua comparação com um padrão. Se nunca conhecermos o padrão, não poderemos dar valores relativos a nada. Se não conhecermos o tema não podemos avaliar um estudante; se não conhecemos a qualidade do produto, não podemos avaliar a produção, etc. Considerando que todas as coisas possuem uma fonte e uma causa original, que lhes dão a sua natureza,, temos que considerar, que essa natureza também lhes estabelece sua referencia de qualidade.
Nós só podemos comparar a qualidade de uma laranja, comparando-a as características da demais laranjas. Não podemos dizer que uma laranja não é boa porque ela não tem pés ou pelos. Não faz parte da natureza da laranja, então, esses itens não entram na consideração das suas qualidades. Assim como também não entram conceitos morais, tais como “Essa é uma boa laranja, mas essa é má, deveria ser presa...” A moral não faz parte da natureza da laranja. A natureza da laranja está na sua semente e não no seu fruto. O fruto é apenas conseqüência do crescimento da semente. A semente precisa de receber força para crescer e cresce apenas dentro das possibilidades de sua natureza. Mas, quando a comparamos para acompanhar seu crescimento ou para avaliá-la, nós a comparamos ao padrão ideal das laranjas.

E com relação ao homem? Porque temos necessidade de encontrar coisas boas no homem? Independente de como uma cultura considere o que é ser bom, você vai encontrar padrões de bom e ruim, bem e mal, certo e errado. Toda cultura possui padrões morais. Nós temos necessidade de avaliar segundo o padrão original ou ideal. Porque a nossa natureza exige o retorno ao padrão, que nos dá sentido. A nossa existência pressupõe a existência de alguém melhor que nós, além de nós mesmos que nos atrai a sua própria essência. Por vezes, perdemos esses padrões tão altos, mas eles estão dentro de nós, nos chamando. Nossa estrutura clama por eles, por eles se acha vida, que vai nos mover e fazer crescer. Pensando que esforcei bastante a sua lógica dedutiva por hoje, quero lhe dizer o que você pode ter de Deus.

Há uma fonte de vida de qualidade disponível para você


Deus traz a vida: “O Espírito de Deus me fez, e o sopro do Todo-Poderoso me dá vida.” (Jó 33:4). Jesus traz vida: “O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância.” (João 10:10); o Espírito Santo traz vida: “Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva. Isto ele disse com respeito ao Espírito que haviam de receber os que nele cressem; [...]” (João 7:38-3). Uma fonte de qualidade traz mudanças de qualidade.

Além disso, essa Pessoa Fonte de Vida chamada Deus possui propósitos de vida e movimento que vão te abençoar. Ele tem uma direção para guiar seus passos. “O Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe, sendo ele Senhor do céu e da terra, não habita em santuários feitos por mãos humanas. Nem é servido por mãos humanas, como se de alguma coisa precisasse; pois ele mesmo é quem a todos dá vida, respiração e tudo mais; de um só fez toda a raça humana para habitar sobre toda a face da terra, havendo fixado os tempos previamente estabelecidos e os limites da sua habitação; para buscarem a Deus se, porventura, tateando, o possam achar, bem que não está longe de cada um de nós; pois nele vivemos, e nos movemos, e existimos, como alguns dos vossos poetas têm dito: Porque dele também somos geração.” (Atos 17:24-28).

Tudo o que existe foi criado.  Pois “pela fé, entendemos que foi o universo formado pela palavra de Deus, de maneira que o visível veio a existir das coisas que não aparecem. ” (Hebreus 11:3) e isso é maravilhoso: “Tu és digno, Senhor e Deus nosso, de receber a glória, a honra e o poder, porque todas as coisas tu criaste, sim, por causa da tua vontade vieram a existir e foram criadas.” (Apocalipse 4:11). Principalmente porque quem estabeleceu os planos da criação estabeleceu planos preciosos para a sua vida: “Eu é que sei que pensamentos tenho a vosso respeito, diz o SENHOR; pensamentos de paz e não de mal, para vos dar o fim que desejais.” (Jeremias 29:11).

Você não foi criado para viver aleatoriamente, sem saber se identificar. Uma vez que você saiba a sua natureza, você saberá olhar no espelho e procurar com quem você deve se tornar parecido. Nenhuma criatura na criação sente tanta necessidade de se identificar ou se assemelhar, como o homem. Por isso, a necessidade tão urgente de sabermos quem somos e de onde viemos. Assuma um padrão que acolha aquilo que extrai o melhor conforme a sua natureza: “Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.” (Gênesis 1:27). “Nunca me esquecerei dos teus preceitos, visto que por eles me tens dado vida.” (Salmo 119:93)

Que haja paz na sua vida, em nome de Jesus.


REFERÊNCIA:

KREEFT, Peter; TACELLI, Ronald D. Manual de Defesa da Fé: Apologética cristã. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2008.











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