quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Liberando o fardo





É interessante como nós temos acumulado pesos. Os brasileiros, independentemente de região pobre ou rica estão numa média de 40% acima do peso. Isso significa que estamos andando por aí com quase meia pessoa a mais sobre esqueletos e músculos que não foram fabricados para isso. A obesidade aumenta os índices de doenças cardiovasculares, diabetes, problemas de coluna, de sono e por aí vai.

Mas, a obesidade não é o único peso que carregamos. Esse, a balança mostra facilmente, por mais que você fuja dela, do espelho e das fotos, um dia eles lhe encontrarão e lhe confrontarão. Os pesos que tornamos estilos de vida são piores do que os pesos visíveis e até podem causar o peso visível. Acredito que um dos maiores causadores de “obesidade vivencial” é o peso da complicação e da autopiedade, que levam à apatia.

Precisamos saber simplificar a nossa vida. Fazer um cavalo de batalha de coisas que poderiam ser resolvidas objetivamente, ou de coisas que são impossíveis de resolver, ou mesmo de coisas que podem ser resolvidas, mas não aceitamos resolver, é gerar esse tipo de “obesidade vivencial”. Engordamos cem quilos quando decidimos carregar um fardo que não é nosso ou sequer necessário.

Observe na ressurreição de Lázaro (João 11). Jesus disse algo antes da ressurreição e depois da ressurreição:

Jesus, agitando-se novamente em si mesmo, encaminhou-se para o túmulo; era este uma gruta a cuja entrada tinham posto uma pedra.  (39)  Então, ordenou Jesus:
- Tirai a pedra.
Disse-lhe Marta, irmã do morto: Senhor, já cheira mal, porque já é de quatro dias.  (40)  Respondeu-lhe Jesus:
- Não te disse eu que, se creres, verás a glória de Deus? 
(41)  Tiraram, então, a pedra. E Jesus, levantando os olhos para o céu, disse:
- Pai, graças te dou porque me ouviste.  (42)  Aliás, eu sabia que sempre me ouves, mas assim falei por causa da multidão presente, para que creiam que tu me enviaste.  (43) 
E, tendo dito isto, clamou em alta voz:
- Lázaro, vem para fora!  (44) 
Saiu aquele que estivera morto, tendo os pés e as mãos ligados com ataduras e o rosto envolto num lenço. Então, lhes ordenou Jesus:
- Desatai-o e deixai-o ir. (João 11:38-44) 

A pedra era o primeiro peso a ser arrancado. Essas pedras pesavam em torno de uma e meia a duas toneladas. Eram colocadas numa vala, descendo a montanha, para bloquear a entrada. Necessitaria de quinze a vinte homens, que levantassem 50 quilos para empurrá-la. Era um esforço de ajuntamento e um esforço físico bastante razoáveis. Além disso, essas pessoas deveriam estar dispostas para enfrentar o que estivesse dentro do túmulo.

Se fossem judeus e tocassem num morto, ficariam impuros. Poderia haver mal cheiro, enfrentar a visão de um amigo em estado de putrefação (creiam é terrível  só de pensar). Um esforço conjunto de amor e fé foi necessário e possível. Jesus poderia ter mandado os anjos retirarem a pedra como ocorreu no seu túmulo, mais tarde, onde a pedra foi lançada distante da entrada de sua cova, acima (Mateus 28:2). Mas, Ele quis que Maria providenciasse a retirada da pedra, porque isso os homens podiam fazer.

A fé nos levará ao limite das nossas possibilidades. Não existe fé sem tentativas e sem esforço. Não existe fé de braços cruzados e boca reclamando e choramingando. A autopiedade, sim, esta tal cruza os braços e desiste diante do impossível, a fé põe as mãos à obra e faz o  possível em direção ao seu milagre.

Remova a sua pedra: a concorrência está alta, estude o mais que possa, ainda que pareça um peso enorme; a dor está alta, repita, nem que seja num gemido tudo o que você crê da palavra, tome seus remédios, faça tratamento, procure especialistas; as dívidas estão terríveis, trabalhe o melhor que puder, procure novas formas de economizar e de ganhar dinheiro e sustente-se na fidelidade do Senhor; o relacionamento está desgastado, trate com amor, como se o Senhor já p tivesse restaurado. Porque foi com essa expectativa que aquelas pessoas conseguiram levantar as centenas de quilos, que as separavam do seu milagre. Somente quando nos dispusermos a nos livrar realmente desses pesos é que resolveremos essa "obesidade espiritual", que tem nos causado tantos males, inclusive físicos, além de mentais e emocionais.

Destruindo os falsos pesos 





Sempre que você estiver diante de um desafio, pense: Isso realmente importa? Existem pessoas que, por medo ou incredulidade, criam dificuldades que não são realmente dificuldades. Por exemplo, se você está passando necessidades, peça ajuda, está escrito “pedi e dar-se-vos-á” (Mateus 7:7) e não “o pastor ou a igreja adivinhará sua necessidade”; se está doente, peça oração, é o que está diz Tiago 5:14: “está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e estes façam oração sobre ele, ungindo-o com óleo, em nome do Senhor.” (Tiago 5:14).

Alguém o feriu? É sua obrigação perdoar e não ficar num canto choramingando até que a pessoa se arrependa e lhe peça perdão “E, quando estiverdes orando, se tendes alguma coisa contra alguém, perdoai, para que vosso Pai celestial vos perdoe as vossas ofensas.” (Marcos 11:25). Faça o que tem que fazer, pois sem sua parte possível, o milagre estará em suspenso até que você a cumpra. Não deixe a autocomiseração, o sentimento de ser vítima dominá-lo, porque ele é a pá que cava a sua cova e depois lhe enterra em vida. Nenhuma pessoa com pena de si mesma conseguiu mais do que esmolas e por certo tempo porque depois de um tempo, as pessoas começam a enxergar que o motivo dos seus problemas é a sua falta de compromisso em resolvê-los e a sua habilidade de ampliá-los além da solução.

Se você não consegue lidar com os pedregulhos do dia-a-dia, como será quando tiver que remover a pedra da ressurreição? Para você que se vê como um gafanhoto, tenho uma novidade: Nenhum plano de Deus será possível na sua vida se você não fizer a sua parte. Deus tinha um plano na vida de Josué, mas ele tinha uma parte fundamental nele:

Sê forte e corajoso, porque tu farás este povo herdar a terra que, sob juramento, prometi dar a seus pais. Tão-somente sê forte e mui corajoso para teres o cuidado de fazer segundo toda a lei que meu servo Moisés te ordenou; dela não te desvies, nem para a direita nem para a esquerda, para que sejas bem-sucedido por onde quer que andares. Não cesses de falar deste Livro da Lei; antes, medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer segundo tudo quanto nele está escrito; então, farás prosperar o teu caminho e serás bem-sucedido. Não to mandei eu? Sê forte e corajoso; não temas, nem te espantes, porque o SENHOR, teu Deus, é contigo por onde quer que andares. (Josué 1:6-9)

Faça o que deve fazer, para que Deus faça o que pode fazer na sua vida. Deus não fará a sua parte, fará o impossível, e não o possível. O possível é a sua área. Os pesos imaginários são os maiores pesos, mas são pesos que podemos optar ou não por carregar. A obediência e a fé nos livram automaticamente deles.

Se creres, verás a glória de Deus


O momento da decisão chegou para Maria. Ela pediu o milagre da ressurreição de Lázaro a Jesus. Jesus se dispôs a fazê-lo. Mas, era necessária uma ação fora do normal para que houvesse uma reação fora do normal. Jesus pediu a pedra. Era preciso enfrentar todo o peso de frente para obter o seu milagre: “porque, assim como o corpo sem espírito é morto, assim também a fé sem obras é morta.” (Tiago 2:26). Se você quer o seu milagre, sua fé precisa ganhar corpo e não língua ou lágrimas.

Foi a fé de Maria que a levou a dar a ordem e convocar os homens necessários para retirar a pedra, que era a condição de Deus para o seu milagre. É preciso que pensemos: Eu retirei minha pedra nesse milagre? Eu estou fazendo todo o esforço possível para chegar aonde devo? O que o Senhor quer que eu faça? Qual é a minha parte? Às vezes, a sua parte é não fazer, mas louvar ao Senhor no meio da tribulação. Decida fazer seu maior esforço para retirar os pesos que estão entre você e seu milagre. Venha até Jesus, e Ele alivará esse fardo, porque Ele prometeu:  "Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. " (Mateus 11:28)



O louvor retira a pedra


É retirando a pedra que a ressurreição de qualquer área da nossa vida surgirá. Ainda que você não possa fazer nada, poderá levantar o mais alto testemunho de fé, que é o louvor: “(14) Oferece a Deus sacrifício de ações de graças e cumpre os teus votos para com o Altíssimo;  (15)  invoca-me no dia da angústia; eu te livrarei, e tu me glorificarás.” (Salmos 50:14-15). Louvar o Senhor pela sua bondade e sua provisão em meio à angústia, não há nada mais poderoso, corresponde ao esforço de empurrar a enorme pedra que enterra a nossa bênção e o suprimento do Senhor às nossas necessidades. Lembre-se, Sadraque, Mesaque e Abedenego, três servos de Deus, louvaram a Deus no meio da fornalha, antes de saírem. Observe como esses homens entram no fogo e como o fogo age neles:

Estes três homens, Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, caíram atados dentro da fornalha sobremaneira acesa. Então, o rei Nabucodonosor se espantou, e se levantou depressa, e disse aos seus conselheiros: Não lançamos nós três homens atados dentro do fogo? Responderam ao rei: É verdade, ó rei. Tornou ele e disse: Eu, porém, vejo quatro homens soltos, que andam passeando dentro do fogo, sem nenhum dano; e o aspecto do quarto é semelhante a um filho dos deuses. (Daniel 3:23-25)

Esses homens tinham no seu coração um propósito único: adorariam ao Senhor em qualquer situação. Eles já haviam declarado: “Se o nosso Deus, a quem servimos, quer livrar-nos, ele nos livrará da fornalha de fogo ardente e das tuas mãos, ó rei. Se não, fica sabendo, ó rei, que não serviremos a teus deuses, nem adoraremos a imagem de ouro que levantaste.” (Daniel 3:17-18). E o fogo sobre a vida deles só teve um efeito: queimar as cordas com que o inimigo os tinham prendido e manifestar a glória do Deus, que pode mais do que todos os poderes do céu, da terra e de baixo da terra. Aleluia!

Toda a angústia presente se transformará em testemunho do poder do nosso Deus. Resista ao diabo e ele fugirá:

(13) Entrarei na tua casa com holocaustos; pagar-te-ei os meus votos,  (14)  que proferiram os meus lábios, e que, no dia da angústia, prometeu a minha boca.  (15)  Oferecer-te-ei holocaustos de vítimas cevadas, com aroma de carneiros; imolarei novilhos com cabritos.  (16)  Vinde, ouvi, todos vós que temeis a Deus, e vos contarei o que tem ele feito por minha alma.  (17)  A ele clamei com a boca, com a língua o exaltei. (Salmos 66:13-17)
 O louvor nos deixa leves como o céu que ele atrai. Suba ao trono e deixe o peso aos pés do Senhor, ganhando força para vencer qualquer pedra.

Desatai-o e deixai-o ir


Nós que não estamos acostumados com a funerária judaica, pensamos em lençóis enrolados apenas, mas esses lençóis eram enrolados dos pés à cintura e cobertos com um tipo de bálsamo que, ao secar, iria endurecer e apegar-se à pele do morto, sendo impossível separá-los. Por isso, esse argumento é utilizado a respeito da ressurreição de Cristo, os lençóis separados do corpo já seriam um milagre. Lázaro está ressuscitado, mas Jesus não retirou os lençóis. Ainda há um trabalho a fazer após receber o milagre. Liberá-lo para a vida. Reconhecer a vida nele. Ele não era mais um morto, um doente, ou um endividado e envergonhado. Ele estava restaurado e todos precisavam reconhecer isso.

Os mesmos amigos que tiraram a pedra deveriam ter coragem de descobri-lo, fortalecê-lo e liberá-lo de todo o sofrimento passado até a morte e todas as marcas dela. Eles teriam que redescobrir o amigo vivo. A identidade de uma pessoa que sofre é alterada. Nem ela e nem as pessoas que passam tal agonia será mais a mesma. Nós precisamos resgatar dentro de nós a identidade dela e temos um papel em fazê-la novamente sentir-se parte da vida.

Eu passei sete meses convalescendo de três cirurgias. Quando terminou o período, a minha pele não suportavam mais o sol, nem o de seis da manhã. Tinha que usar protetor solar 70 no rosto e 50 no corpo. Não tinha forças para caminhar mais do que uns metros e minha memória não me permitia chegar ao fim de versículos, que antes eram capítulos inteiros da bíblia. Levou cerca de um ano para me recuperar. Precisei de meus amigos para me lembrar quem eu era e de sua paciência até voltar a sê-lo totalmente. O peso do passado requer um esforço diário para ser vencido. Vencer esse peso é estabelecer e estabilizar uma vida de vitória. As amarras da morte, do problema, das dores, são o segundo peso a ser liberado.

Ajude a tirar a mortalha



Aqueles que estiveram escravos no pecado; os que estiveram sob o peso da enfermidade; os que estiveram humilhados sob as dívidas, precisam ser restaurados, após o vendaval. Eles estarão cansados, precisando de apoio, como quem se restabelece de uma doença grave precisa de um tempo, mesmo sarados, para se recuperarem. 

Você ganhou uma vida para Jesus, você é chamado para fortalecê-la até que ela esteja pronta para ganhar e fortalecer outras pessoas. O pastor é um cuidador do todo, mas ninguém substituirá a relação de confiança que fez a pessoa aproximar-se de Jesus e essa foi através de você. O ide não é privilégio de pastores, presbíteros, diáconos e diaconisas, é comando para toda a igreja para resgatar e integrar almas ao corpo de Cristo:

Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século. (Mateus 28:18-20)

É aqui que a palavra diz: levai os fardos uns dos outros. 



Se você passou por uma luta, precisa entender que as forças e a disposição, a compreensão de tudo se estabelece aos poucos. Assim, precisamos crer o suficiente para nos esforçar ao máximo no possível, como que para retirar uma pedra de centenas de quilos, ainda que isso implique em enfrentar nossos maiores medos, dores e esforços. Una-se a pessoas de mesma fé que lhe ajudem com sua pedra. Maria não tirou a pedra do túmulo sozinha. Depois de alcançar o impossível, é preciso absorvê-lo, integrá-lo e associá-lo ao cotidiano. É preciso desatar e restaurar aquele ou aquilo que foi recuperado da morte e da perda. A cada dia, conquistamos o impossível com o esforço possível direcionado pela fé.






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