É interessante como nós temos acumulado pesos. Os
brasileiros, independentemente de região pobre ou rica estão numa média de 40%
acima do peso. Isso significa que estamos andando por aí com quase meia pessoa
a mais sobre esqueletos e músculos que não foram fabricados para isso. A
obesidade aumenta os índices de doenças cardiovasculares, diabetes, problemas
de coluna, de sono e por aí vai.
Mas, a obesidade não é o único peso que carregamos. Esse, a
balança mostra facilmente, por mais que você fuja dela, do espelho e das fotos,
um dia eles lhe encontrarão e lhe confrontarão. Os pesos que tornamos estilos
de vida são piores do que os pesos visíveis e até podem causar o peso visível.
Acredito que um dos maiores causadores de “obesidade vivencial” é o peso da
complicação e da autopiedade, que levam à apatia.
Precisamos saber simplificar a nossa vida. Fazer um cavalo
de batalha de coisas que poderiam ser resolvidas objetivamente, ou de coisas
que são impossíveis de resolver, ou mesmo de coisas que podem ser resolvidas,
mas não aceitamos resolver, é gerar esse tipo de “obesidade vivencial”.
Engordamos cem quilos quando decidimos carregar um fardo que não é nosso ou sequer
necessário.
Observe na ressurreição de Lázaro (João 11). Jesus disse
algo antes da ressurreição e depois da ressurreição:
Jesus, agitando-se novamente em si mesmo, encaminhou-se
para o túmulo; era este uma gruta a cuja entrada tinham posto uma pedra. (39)
Então, ordenou Jesus:
- Tirai a pedra.
Disse-lhe Marta, irmã do morto: Senhor, já cheira mal,
porque já é de quatro dias. (40) Respondeu-lhe Jesus:
- Não te disse eu que, se creres, verás a glória de
Deus?
(41) Tiraram, então,
a pedra. E Jesus, levantando os olhos para o céu, disse:
- Pai, graças te dou porque me ouviste. (42)
Aliás, eu sabia que sempre me ouves, mas assim falei por causa da
multidão presente, para que creiam que tu me enviaste. (43)
E, tendo dito isto, clamou em alta voz:
- Lázaro, vem para fora!
(44)
Saiu aquele que estivera morto, tendo os pés e as mãos
ligados com ataduras e o rosto envolto num lenço. Então, lhes ordenou Jesus:
- Desatai-o e deixai-o ir. (João 11:38-44)
A pedra era o primeiro peso a
ser arrancado. Essas pedras pesavam em torno de uma e meia a duas toneladas. Eram
colocadas numa vala, descendo a montanha, para bloquear a entrada. Necessitaria
de quinze a vinte homens, que levantassem 50 quilos para empurrá-la. Era um
esforço de ajuntamento e um esforço físico bastante razoáveis. Além disso,
essas pessoas deveriam estar dispostas para enfrentar o que estivesse dentro do
túmulo.
Se fossem judeus e tocassem num
morto, ficariam impuros. Poderia haver mal cheiro, enfrentar a visão de um
amigo em estado de putrefação (creiam é terrível só de pensar). Um esforço conjunto de amor e
fé foi necessário e possível. Jesus poderia ter mandado os anjos retirarem a
pedra como ocorreu no seu túmulo, mais tarde, onde a pedra foi lançada distante
da entrada de sua cova, acima (Mateus 28:2). Mas, Ele quis que Maria providenciasse
a retirada da pedra, porque isso os homens podiam fazer.
A fé nos levará ao limite das
nossas possibilidades. Não existe fé sem tentativas e sem esforço. Não existe
fé de braços cruzados e boca reclamando e choramingando. A autopiedade, sim, esta
tal cruza os braços e desiste diante do impossível, a fé põe as mãos à obra e
faz o possível em direção ao seu
milagre.
Remova a sua pedra: a
concorrência está alta, estude o mais que possa, ainda que pareça um peso
enorme; a dor está alta, repita, nem que seja num gemido tudo o que você crê da
palavra, tome seus remédios, faça tratamento, procure especialistas; as dívidas
estão terríveis, trabalhe o melhor que puder, procure novas formas de
economizar e de ganhar dinheiro e sustente-se na fidelidade do Senhor; o
relacionamento está desgastado, trate com amor, como se o Senhor já p tivesse
restaurado. Porque foi com essa expectativa que aquelas pessoas conseguiram
levantar as centenas de quilos, que as separavam do seu milagre. Somente quando nos dispusermos a nos livrar realmente desses pesos é que resolveremos essa "obesidade espiritual", que tem nos causado tantos males, inclusive físicos, além de mentais e emocionais.
Destruindo os falsos pesos
Sempre que você estiver diante de um desafio, pense: Isso
realmente importa? Existem pessoas que, por medo ou incredulidade, criam
dificuldades que não são realmente dificuldades. Por exemplo, se você está
passando necessidades, peça ajuda, está escrito “pedi e dar-se-vos-á” (Mateus 7:7)
e não “o pastor ou a igreja adivinhará sua necessidade”; se está doente, peça
oração, é o que está diz Tiago 5:14: “está alguém
entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e estes façam oração sobre
ele, ungindo-o com óleo, em nome do Senhor.” (Tiago 5:14).
Alguém o feriu? É sua obrigação perdoar e
não ficar num canto choramingando até que a pessoa se arrependa e lhe peça
perdão “E,
quando estiverdes orando, se tendes alguma coisa contra alguém, perdoai, para
que vosso Pai celestial vos perdoe as vossas ofensas.” (Marcos 11:25). Faça
o que tem que fazer, pois sem sua parte possível, o milagre estará em suspenso
até que você a cumpra. Não deixe a autocomiseração, o sentimento de ser vítima
dominá-lo, porque ele é a pá que cava a sua cova e depois lhe enterra em vida.
Nenhuma pessoa com pena de si mesma conseguiu mais do que esmolas e por certo
tempo porque depois de um tempo, as pessoas começam a enxergar que o motivo dos
seus problemas é a sua falta de compromisso em resolvê-los e a sua habilidade
de ampliá-los além da solução.
Se você não consegue lidar com os
pedregulhos do dia-a-dia, como será quando tiver que remover a pedra da
ressurreição? Para você que se vê como um gafanhoto, tenho uma novidade: Nenhum
plano de Deus será possível na sua vida se você não fizer a sua parte. Deus
tinha um plano na vida de Josué, mas ele tinha uma parte fundamental nele:
Sê forte e
corajoso, porque tu farás este povo herdar a terra que, sob juramento, prometi
dar a seus pais. Tão-somente sê forte e mui corajoso para teres o cuidado de
fazer segundo toda a lei que meu servo Moisés te ordenou; dela não te desvies,
nem para a direita nem para a esquerda, para que sejas bem-sucedido por onde
quer que andares. Não cesses de falar deste Livro da Lei; antes, medita nele
dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer segundo tudo quanto nele está
escrito; então, farás prosperar o teu caminho e serás bem-sucedido. Não to
mandei eu? Sê forte e corajoso; não temas, nem te espantes, porque o SENHOR,
teu Deus, é contigo por onde quer que andares. (Josué 1:6-9)
Faça o que deve fazer, para que Deus faça o
que pode fazer na sua vida. Deus não fará a sua parte, fará o impossível, e não
o possível. O possível é a sua área. Os pesos imaginários são os maiores pesos, mas são pesos que podemos optar ou não por carregar. A obediência e a fé nos livram automaticamente deles.
Se creres, verás a glória de Deus
O momento da decisão chegou para Maria. Ela pediu o
milagre da ressurreição de Lázaro a Jesus. Jesus se dispôs a fazê-lo. Mas, era
necessária uma ação fora do normal para que houvesse uma reação fora do normal.
Jesus pediu a pedra. Era preciso enfrentar todo o peso de frente para obter o
seu milagre: “porque, assim como o
corpo sem espírito é morto, assim também a fé sem obras é morta.” (Tiago 2:26). Se você quer o
seu milagre, sua fé precisa ganhar corpo e não língua ou lágrimas.
Foi a fé de Maria que a levou a dar a ordem e convocar os homens
necessários para retirar a pedra, que era a condição de Deus para o seu
milagre. É preciso que pensemos: Eu retirei minha pedra nesse milagre? Eu estou
fazendo todo o esforço possível para chegar aonde devo? O que o Senhor quer que
eu faça? Qual é a minha parte? Às vezes, a sua parte é não fazer, mas louvar ao
Senhor no meio da tribulação. Decida fazer seu maior esforço para retirar os pesos que estão entre você e seu milagre. Venha até Jesus, e Ele alivará esse fardo, porque Ele prometeu: "Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. " (Mateus 11:28)
O louvor retira a pedra
É retirando a pedra que a
ressurreição de qualquer área da nossa vida surgirá. Ainda que você não possa
fazer nada, poderá levantar o mais alto testemunho de fé, que é o louvor: “(14) Oferece a Deus sacrifício de ações de graças
e cumpre os teus votos para com o Altíssimo;
(15) invoca-me no dia da
angústia; eu te livrarei, e tu me glorificarás.” (Salmos 50:14-15). Louvar o
Senhor pela sua bondade e sua provisão em meio à angústia, não há nada mais
poderoso, corresponde ao esforço de empurrar a enorme pedra que enterra a nossa
bênção e o suprimento do Senhor às nossas necessidades. Lembre-se, Sadraque,
Mesaque e Abedenego, três servos de Deus, louvaram a Deus no meio da fornalha,
antes de saírem. Observe como esses homens entram no fogo e como o fogo age
neles:
Estes três homens, Sadraque, Mesaque
e Abede-Nego, caíram atados dentro da fornalha sobremaneira acesa. Então, o rei
Nabucodonosor se espantou, e se levantou depressa, e disse aos seus
conselheiros: Não lançamos nós três homens atados dentro do fogo? Responderam
ao rei: É verdade, ó rei. Tornou ele e disse: Eu, porém, vejo quatro homens
soltos, que andam passeando dentro do fogo, sem nenhum dano; e o aspecto do
quarto é semelhante a um filho dos deuses. (Daniel 3:23-25)
Esses homens tinham no seu
coração um propósito único: adorariam ao Senhor em qualquer situação. Eles já
haviam declarado: “Se o nosso Deus, a quem servimos, quer livrar-nos, ele nos
livrará da fornalha de fogo ardente e das tuas mãos, ó rei. Se não, fica
sabendo, ó rei, que não serviremos a teus deuses, nem adoraremos a imagem de
ouro que levantaste.” (Daniel 3:17-18). E o fogo sobre a vida deles só
teve um efeito: queimar as cordas com que o inimigo os tinham prendido e
manifestar a glória do Deus, que pode mais do que todos os poderes do céu, da
terra e de baixo da terra. Aleluia!
Toda a angústia presente se
transformará em testemunho do poder do nosso Deus. Resista ao diabo e ele
fugirá:
(13) Entrarei na
tua casa com holocaustos; pagar-te-ei os meus votos, (14)
que proferiram os meus lábios, e que, no dia da angústia, prometeu a
minha boca. (15) Oferecer-te-ei holocaustos de vítimas
cevadas, com aroma de carneiros; imolarei novilhos com cabritos. (16)
Vinde, ouvi, todos vós que temeis a Deus, e vos contarei o que tem ele
feito por minha alma. (17) A ele clamei com a boca, com a língua o
exaltei. (Salmos 66:13-17)
Desatai-o e deixai-o ir
Nós que não estamos acostumados
com a funerária judaica, pensamos em lençóis enrolados apenas, mas esses
lençóis eram enrolados dos pés à cintura e cobertos com um tipo de bálsamo que,
ao secar, iria endurecer e apegar-se à pele do morto, sendo impossível
separá-los. Por isso, esse argumento é utilizado a respeito da ressurreição de
Cristo, os lençóis separados do corpo já seriam um milagre. Lázaro está
ressuscitado, mas Jesus não retirou os lençóis. Ainda há um trabalho a fazer
após receber o milagre. Liberá-lo para a vida. Reconhecer a vida nele. Ele não
era mais um morto, um doente, ou um endividado e envergonhado. Ele estava
restaurado e todos precisavam reconhecer isso.
Os mesmos amigos que tiraram a
pedra deveriam ter coragem de descobri-lo, fortalecê-lo e liberá-lo de todo o
sofrimento passado até a morte e todas as marcas dela. Eles teriam que
redescobrir o amigo vivo. A identidade de uma pessoa que sofre é alterada. Nem
ela e nem as pessoas que passam tal agonia será mais a mesma. Nós precisamos
resgatar dentro de nós a identidade dela e temos um papel em fazê-la novamente
sentir-se parte da vida.
Eu passei sete meses
convalescendo de três cirurgias. Quando terminou o período, a minha pele não
suportavam mais o sol, nem o de seis da manhã. Tinha que usar protetor solar 70
no rosto e 50 no corpo. Não tinha forças para caminhar mais do que uns metros e
minha memória não me permitia chegar ao fim de versículos, que antes eram
capítulos inteiros da bíblia. Levou cerca de um ano para me recuperar. Precisei
de meus amigos para me lembrar quem eu era e de sua paciência até voltar a
sê-lo totalmente. O peso do passado requer um esforço diário para ser vencido. Vencer esse peso é estabelecer e estabilizar uma vida de vitória. As amarras da morte, do problema, das dores, são o segundo peso a ser liberado.
Ajude a tirar a mortalha
Aqueles que estiveram escravos
no pecado; os que estiveram sob o peso da enfermidade; os que estiveram humilhados
sob as dívidas, precisam ser restaurados, após o vendaval. Eles estarão
cansados, precisando de apoio, como quem se restabelece de uma doença grave
precisa de um tempo, mesmo sarados, para se recuperarem.
Você ganhou uma vida para Jesus,
você é chamado para fortalecê-la até que ela esteja pronta para ganhar e
fortalecer outras pessoas. O pastor é um cuidador do todo, mas ninguém
substituirá a relação de confiança que fez a pessoa aproximar-se de Jesus e
essa foi através de você. O ide não é privilégio de pastores, presbíteros, diáconos
e diaconisas, é comando para toda a igreja para resgatar e integrar almas ao
corpo de Cristo:
Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a
autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, portanto, fazei discípulos de
todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;
ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou
convosco todos os dias até à consumação do século. (Mateus 28:18-20)
É aqui que a palavra diz: levai os fardos uns dos outros.
Se você passou por uma luta,
precisa entender que as forças e a disposição, a compreensão de tudo se
estabelece aos poucos. Assim, precisamos crer o suficiente para nos esforçar ao
máximo no possível, como que para retirar uma pedra de centenas de quilos, ainda
que isso implique em enfrentar nossos maiores medos, dores e esforços. Una-se a
pessoas de mesma fé que lhe ajudem com sua pedra. Maria não tirou a pedra do
túmulo sozinha. Depois de alcançar o impossível, é preciso absorvê-lo,
integrá-lo e associá-lo ao cotidiano. É preciso desatar e restaurar aquele ou
aquilo que foi recuperado da morte e da perda. A cada dia, conquistamos o
impossível com o esforço possível direcionado pela fé.
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