sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

A provisão abundante e a astúcia





A astúcia sempre procurará um tolo até encontrá-lo e, nele, a oportunidade de conseguir algo que lhe sairá caro. Convivemos diariamente num mundo, que estimula a astúcia e disfarça os astuciosos. A fábula de Esopo abaixo mostra uma situação mais comum do que possa imaginar.

Dona Raposa ia toda faceira em companhia do seu amigo Bode, aquele dos chifres compridos e que não via nada além do próprio nariz. Ela era mestra em contar mentiras. Quando a sede os obrigou a descer em um poço. Lá, cada um satisfez sua vontade. Depois de tudo o que beberam, a raposa disse para o Bode: 
-O que vamos fazer, compadre? Beber não é tudo, precisamos sair daqui. Fique sobre as patas e deixe seus chifres assim, contra o muro. Por suas costas, Poderei sair primeiro, pois com a força de seu chifres e a ajuda das minhas pernas deste lugar eu sairei. E depois a você ajudarei." 
- Pela minhas barbas - diz o outro - que bondade! Eu felicito pessoas bondosas como você. Eu nunca teria descoberto esse segredo, pode apostar. 
A raposa saiu do poço deixando seu companheiro, e ainda fez o maior discurso do mundo para exortar a paciência enquanto subia. Ao sair, disse:
- Se o céu tivesse dado a você - começou dizendo - mais bom senso do que barba no queixo, você não teria nunca na vida descido a esse poço. Portanto, adeus, estou fora: Trate de sair daí por conta própria, porque eu, sem dúvida nenhuma, tenho mais o que fazer do que ficar aqui parada. E o bode aprendeu a duras penas que em cada situação é preciso considerar como ela vai acabar.

Uma necessidade em comum, alguns elogios, uma ideia, uma promessa e todo o passado de intenções da raposa, suas mentiras e enganos foram esquecidos. Mas, no momento em que suas necessidades individuais foram satisfeitas, ela deixou o tolo útil no caminho, em maus lençóis.

Muitos confundem cristianismo com tolice e simplicidade com ingenuidade. Jesus nos alertou: “Eis que eu vos envio como ovelhas para o meio de lobos; sede, portanto, prudentes como as serpentes e símplices como as pombas.” (Mateus 10:16). Aqui há três lições:

1.    Nós estamos num lugar hostil e não numa colônia de férias. Ovelhas no meio de lobos estão em RISCO de morte. Elas só permanecerão vivas num lugar cheio de lobos ao lado do seu pastor. O mais perto possível;

2.    É necessário ter-se prudência. Veja como o dicionário define prudência: “virtude que faz prever e procura evitar as inconveniências e os perigos; cautela, precaução [...] calma, ponderação, sensatez, paciência ao tratar de assunto delicado ou difícil.” (HOUAISS, 2009, p. 2). O bode da fábula não previu a consequência de ficar dependente de uma pessoa mentirosa e falsa, que só cuidava dos seus interesses. Ele não pensou que a raposa nunca tinha se interessado em sua amizade até que ele fosse necessário. Depois, ao entrar no poço, não pensou que teria que sair e não providenciou uma solução independente da raposa ou uma solução para o problema. Quantos bodes não conhecemos? Ou pior, quantos bodes não temos sido? Uma serpente não entra numa toca sem antes rastrear se está segura, não sai de dia para na ose expor, anda escondida, para não espantar a presa. Ela é prudente;

3.    Não precisamos ficar paranoicos, apenas vigilantes. É necessário ter-se a simplicidade das pombas. Essa palavra no original é inocente. O oposto da astúcia. Não é porque os outros são astuciosos que vamos nos defender com astúcia. A nossa defesa é a prudência, que não nos deixa desconfiados das más intenções, mas atentos às consequências dos atos e fatos. A prudência é superior à desconfiança porque ela vai além da intenção de quem age. Muitas vezes, as pessoas que tomam decisões e caminhos errados não têm más intenções, somente não foram prudentes, ou não tem todo o conhecimento necessário. O prudente estará atento e evitará o prejuízo tomando um caminho diferente. Considere bem quando as possibilidades incluírem dependência total de outra pessoa, pois a bíblia alerta: “assim diz o SENHOR: Maldito o homem que confia no homem, faz da carne mortal o seu braço e aparta o seu coração do SENHOR!” (Jeremias 17:5).


Se o bode da estória fosse prudente...



Na ilustração, o bode segue com a raposa, uma mentirosa conhecida, até que ela o usa e deixa em maus lençóis. Somente uma pessoa tola anda com uma pessoa  mentirosa ou que vive desagradando a Deus. E somente uma mais tola ainda não prova o espírito daqueles com quem se acompanha, pois está escrito: “amados, não deis crédito a qualquer espírito; antes, provai os espíritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo fora.” (1 João 4:1). É preciso haver uma nobreza tal na nossa alma que não nos deixemos encantar com a conversa sonora dos que nos elogiam, inflam o nosso ego e se fazem parecer amigos. Temos a Palavra como régua para medir isso: “ora, estes de Beréia eram mais nobres que os de Tessalônica; pois receberam a palavra com toda a avidez, examinando as Escrituras todos os dias para ver se as coisas eram, de fato, assim.” (Atos 17:11).

Tem muito bode virando churrasco porque não presta atenção com quem anda e para onde está indo. Prove os espíritos, verifique para ver se as coisas são de fato assim, veja o fim do seu caminho e as implicações das propostas que lhe fazem. Veja os frutos dessas pessoas que parecem lhe apoiar e decida conscientemente se é esse fim que você deseja para a sua vida.

Se a raposa fosse fiel e verdadeira...


Na ilustração, a raposa entra com o bode no poço e os dois não têm como sair de lá. Então, a raposa utiliza-se do corpo do bode como escada, sobe elogiando-o fartamente e, ao sair, deixa-o para morrer no poço.

Se a raposa fosse fiel e verdadeira teria considerado os perigos de entrar no poço antes de os dois se colocarem naquela situação. Se a raposa fosse fiel e verdadeira, a despeito de seu proveito pessoal e vantagens com a entrada do bode teria alertado e evitado que ele se prejudicasse na empreitada no poço. Se a raposa fosse fiel e verdadeira não teria deixado o bode lá a não ser que fosse para buscar-lhe ajuda. Se a raposa fosse fiel e verdadeira não seria conhecida por todos como mentirosa. Se ela fosse fiel e verdadeira não teria lubrificado o ego do bode durante todo o processo enquanto ele lhe servia.

Pessoas que só elogiam não podem estar corretas o tempo todo porque nós somos humanos, nós falhamos. Lembre-se: “leais são as feridas feitas pelo que ama, porém os beijos de quem odeia são enganosos.” (Provérbios 27:6). É interessante que a bíblia diz da nossa dificuldade atual de ouvir aquilo que não nos agrada e que discorda de nós:

Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas. (2 Timóteo 4:3-4). Mas, se seus ouvidos coçam quando alguém lhe diz umas verdades, você está mal espiritualmente. E pior atrairá mais raposas do que poderá dar conta. Você se encontra à beira de um abismo chamado soberba. Porque a soberba cega e atrai o mal maior, a desobediência, Davia temia imensamente:

Também da soberba guarda o teu servo, que ela não me domine; então, serei irrepreensível e ficarei livre de grande transgressão. As palavras dos meus lábios e o meditar do meu coração sejam agradáveis na tua presença, SENHOR, rocha minha e redentor meu! (Salmos 19:13-14)

O motivo do temor de Davi é que ele sabia que “a soberba precede a ruína, e a altivez do espírito, a queda.” (Provérbios 16:18).

Observe os resultados


Assim, nem tolo e nem astucioso, precisamos ser prudentes e cuidadosos para não nos envolvermos no pecado. Precisamos valorizar os que nos alertam e estão realmente preocupados com o nosso bem estar e não com a utilidade que possamos ter para eles. Não se deixe ser usado por ninguém e nem procure se relacionar de forma a tirar proveito dos relacionamentos, pois Deus julgará a todos. Observe a influência das companhias:

As boas companhias nos guiam para Deus: “o justo serve de guia para o seu companheiro, mas o caminho dos perversos os faz errar.” (Provérbios 12:26); nos trazem sabedoria e não maldade “quem anda com os sábios será sábio, mas o companheiro dos insensatos se tornará mau.” (Provérbios 13:20) e “o homem violento alicia o seu companheiro e guia-o por um caminho que não é bom.” (Provérbios 16:29). Isso é visto dentro da sua própria família “o que guarda a lei é filho prudente, mas o companheiro de libertinos envergonha a seu pai.” (Provérbios 28:7) e naquilo que é precioso para a pessoa: “o homem que ama a sabedoria alegra a seu pai, mas o companheiro de prostitutas desperdiça os bens.” (Provérbios 29:3).

Procure andar e dar ouvidos a alguém que lhe levante em Cristo e não quem lhe jogue no poço da morte: “melhor é serem dois do que um, porque têm melhor paga do seu trabalho. Porque se caírem, um levanta o companheiro; ai, porém, do que estiver só; pois, caindo, não haverá quem o levante.” (Eclesiastes 4:9-10).

Deus sempre tem a provisão abundante onde Ele estabeleceu na sua palavra, não deixe ninguém lhe convencer de que é possível ou necessário arriscar-se para consegui-la em outro lugar. A palavra garante: 

Disse-me ainda: Tudo está feito. Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim. Eu, a quem tem sede, darei de graça da fonte da água da vida. O vencedor herdará estas coisas, e eu lhe serei Deus, e ele me será filho. Quanto, porém, aos covardes, aos incrédulos, aos abomináveis, aos assassinos, aos impuros, aos feiticeiros, aos idólatras e a todos os mentirosos, a parte que lhes cabe será no lago que arde com fogo e enxofre, a saber, a segunda morte. (Apocalipse 21:6-8)
 

Você pode orar assim:

Querido Deus, faz-me estar disposto e atento para ser influenciado somente por aqueles que têm compromisso de fidelidade contigo. Ajuda-me a dar ouvidos somente a ti e às pessoas que enviaste para a minha vida, mesmo que não me agrade, que a minha vida seja sempre para te agradar e que eu viva para manifestar a tua glória, em nome de Jesus.





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