quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

É possível ser livre!





A palavra perdão no original do novo testamento grego significa "deixar ir livre sem cobrar a dívida." Entretanto, precisamos notar que o perdão acontece em um relacionamento. Portanto, ele vai surtir efeito em ambas as pontas: naquele que feriu e naquele que foi ferido. 

Dissemos em textos anteriores do poder destrutivo da mágoa. Hoje, as pesquisas apontam que as pessoas com mágoas profundas e, principalmente, as que se recusam a perdoar, têm muito mais probabilidade de desenvolver câncer e não se recuperar dele. A mágoa é um poderoso fator corrosivo no organismo de quem a mantém. Só a determinação em não reter esse inimigo preso em sua vida pode iniciar o processo de cura. Assim, somente você pode decidir se ajudar nisso.

Temos dois pré-requisitos para iniciar o processo de perdão: 

1. Admitir que a mágoa existe. 
2. Lutar para livrar-se totalmente de suas garras. 

É preciso se comprometer com o processo de reconquista da Paz, senão ele não acontece. É como uma fisioterapia da alma. Precisa-se ter coragem de olhar para sentimentos sem nobreza, que nos aprisionam, mesmo sem os desejarmos ou buscarmos.

Há princípios no perdão. O primeiro deles podemos encontrar no versículo abaixo:

21  [No primeiro dia da ressurreição] Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Paz seja convosco; assim como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós. 22  E, havendo dito isto, assoprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo. 23  Àqueles a quem perdoardes os pecados lhes são perdoados; e àqueles a quem os retiverdes lhes são retidos. (João 20:21-23). 

Podemos compreender no texto  acima que o perdão vai impactar duas vidas: a de quem perdoa e a de quem é perdoado. Mas, há também a lei da retenção. Observe que o poder de perdoar vem do alto, vem do Espírito Santo e é concedido aos discípulos de Cristo. Ser discípulo de Cristo significa desejar e esforçar-se ser como Ele é.

Jesus perdoou, mesmo aqueles que o estavam crucificando, se somos discípulos de Jesus, o Espírito de Deus nos capacitará a perdoar como Ele perdoou. O Espírito Santo trará o poder de Deus para criar um coração como agrada a Ele: “Esta é a aliança que farei com eles, depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei no seu coração as minhas leis e sobre a sua mente as inscreverei,” (Hebreus 10:16).  E, então, vem a autoridade do Espírito: liberar ou não os outros. Deixá-los ir livres ou não. Valeu para os discípulos, vale para nós. Um discípulo de Cristo tem essas duas características: tem necessidade de perdoar e pode perdoar através do Espírito Santo.

Estou preso?



Talvez você não tenha pensado, onde seria a algema da mágoa, em que se prenderia a outra ponta? Ora, os que ofenderem alguém se tornam ligados, presos, àqueles a quem eles ofendem. E quem é essa pessoa? A pessoa ofendida. Logo, ofensores estão presas aos ofendidos. São fardos que carregamos pela vida. Quilos e quilos de peso extra, constrangendo e oprimindo o nosso coração enquanto a mágoa permanecer. O primeiro peso é mental e emocional, mas logo também se transformará em um fardo físico. Podemos não perdoar, mas estaremos sobrecarregados sob esse fardo.

O segundo problema a respeito da mágoa é que a nossa comunhão com Deus será quebrada.  Observe o que diz a palavra: “25  E, quando estiverdes orando, perdoai, se tendes alguma coisa contra alguém, para que vosso Pai, que está nos céus, vos perdoe as vossas ofensas. 26  Mas, se vós não perdoardes, também vosso Pai, que está nos céus, vos não perdoará as vossas ofensas.” (Marcos 11:25-26). O prejuízo está aumentando: primeiro é emocional, em seguida é mental, depois físico, mas já estamos no nível do relacionamento com Deus. Agora, o problema é espiritual.

O retrato da mágoa


O que vamos nos tornar se decidirmos manter a mágoa? A postura de manter a mágoa dá a impressão de controle, como se isso fosse punir quem nos ofendeu. Dentro de nós a condenamos às masmorras da nossa alma. Como se a castigássemos dentro de nós, já que ela não foi punida como deveria, ou pelo menos não como achamos que deveria.

Mas, a única pessoa ferida por essas cadeias imaginárias somos nós mesmos. Deus julgará cada um pelos seus pecados. Se essa pessoa se arrependeu, ela estará melhor do que você e em menos tempo. E talvez isso aumente a sua raiva e piore ainda mais a sua situação. Certa vez, escutei uma pessoa dizer que não adiantava nada ficar com raiva das pessoas que nos magoaram porque 50% não sabem que o fizeram e os outros 50% não ligam. Pode não ser verdade a estatística, mas há uma verdade nessas afirmações. O fato é que a mágoa, a raiva e o ódio destroem a quem os possui antes de fazer qualquer mal a outra pessoa.

O pior é que o ressentimento, a mágoa, o ódio, a amargura nos tornam exatamente naquilo que detestamos em quem nos magoou. É a mágoa que diz: “vou fazer como me fizeram!”. A raiva diz: “vou dar o pagamento, e na mesma moeda ou mais!”. E o ódio diz: “esse mal deve ser pago com a vida de quem o fez. Para mim essa pessoa morreu!” ou “Vou matar!”. Você vai se desconhecer se a mágoa, a raiva e o ódio lhe dominarem e fizerem morada na sua vida. A frieza, a desconfiança, a solidão e seus aliados serão devastadores. Por isso, a bíblia alerta: “atentando, diligentemente, por que ninguém seja faltoso, separando-se da graça de Deus; nem haja alguma raiz de amargura que, brotando, vos perturbe, e, por meio dela, muitos sejam contaminados;” (Hebreus 12:15).

Fechando a porta para o mal


Não se deixe perder a paz pelo mal, que está nos outros. Não o deixe o mal alheio tornar-se o seu mal. Não se aproprie do que lhe fere. Não deixe que o amor esfrie em você, porque onde está o amor está a vida e onde ele não está, resta apenas a morte. Opte pela vida. Você foi escolhido por Deus para ser o lar do Amor de Deus pelo Espírito Santo: "e a esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado." (Romanos 5:5). 

Quando decidimos perdoar, podemos fazê-lo pelo poder do Espírito Santo e não pelo nosso. Ninguém tem poder na terra para perdoar pecados a não ser Jesus, mas Ele nos delegou poder para perdoar, através do Espírito Santo. Ele soprou sobre os discípulos o Espírito e disse que se eles perdoassem estaria perdoado. Não duvide de Jesus. Ele não disse que se sentissem o perdão estariam perdoando. Disse que se usassem do poder do Espírito para perdoar estariam perdoando. E o maravilhoso é que, quando a corrente da mágoa se quebra, a força se anula dos dois lados. O ofensor se libera para se consertar e você se libera para a Paz e a Comunhão do Espírito, então, o sentimento muda.

O sentimento de raiva, mágoa ou ódio se transforma em conseqüência do perdão. Eles se transformam como efeito do perdão e não como causa. Os sentimentos não podem ser anteriores ao perdão. É preciso haver alguns desses sentimentos negativos para que haja necessidade de perdão e o perdão, uma vez liberado, os desaloja de sua vida e permite a restauração pelo poder do Espírito de Deus, através da fé.

A igualdade da cruz


Todos nós somos frágeis e nossos sentimentos não seguem a lógica. Filhos podem sentir-se abandonados porque os pais trabalham muito para lhes sustentar e não estão presentes ou disponíveis para eles; podemos nos sentir menos amados porque um parente recebe mais atenção por estar doente ou é mais novo ou é problemático, etc. Não sentimos o que queremos. Sentimos o que sentimos e precisamos sempre estar contando com a graça e a misericórdia de Deus para perceber quando esses sentimentos precisam ser levados a Deus e realinhados. 

Sem problemas, Deus tem amor suficiente para suportar todas as nossas mesquinharias, implicâncias e os males que sofremos. Ele nos perdoará e acolherá: 

"Porque serei misericordioso para com suas iniqüidades, E de seus pecados e de suas prevaricações não me lembrarei mais." (Hebreus 8:12); 
"9  Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça. 10  Se dissermos que não pecamos, fazêmo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós." (1 Jo 1:9-10).  





Podemos simplificar até o nível da paz?


Podemos abrir mão desse falso poder que dá a raiva e o ódio?  A decisão sempre será nossa. Eu já vi centenas de vezes o poder milagroso do perdão. E gostaria de vê-lo na sua vida. Experimente e decida, ore e não alimente mais esse sentimento. Procure ser feliz e alimentar pensamentos felizes, de perdão e paz. Cultive sementes de alegria e não de rancor dentro de você e à sua volta e você colherá o melhor de Deus. Não perdoe o outro por causa dele ou do arrependimento dele, mas por sua causa, por causa de Deus e de Jesus, que morreu para que você fosse perdoado, quando você nem sequer sabia da existência dEle ainda. Mesmo sabendo de tudo o que faria que não seria perfeito.

Você não precisa da raiva para absolutamente nada, inclusive porque nada de bom vem dela. Jogue-a fora urgentemente. “Porque a ira do homem não produz a justiça de Deus.” (Tiago 1:20). Chega de guardar lixo, a lixeira do perdão está em promoção e tem o tamanho da sua dor. Você pode atirar tudo dentro dela e ver-se livre da angústia no seu peito. O caminhão da graça o levará de mudança para longe, para o condomínio da Paz de Deus e você poderá plantar um jardim em sua vida. Desejo de todo o coração que você possa florescer livre em Cristo, no Amor dEle, em toda a plenitude e liberdade.


Você pode orar assim:

Querido Deus, estou magoado(a) com ... ... [faça a sua lista de nomes] por ... ... [faça a sua lista de motivos], mas eu quero liberá-los em nome de Jesus, porque prefiro ser livre. Opera em mim o poder do Teu Espírito, libera as nossas vidas e me restaura a paz. Eu me nego a abrigar essa mágoa, raiva e o ódio dentro de mim. Perdoa por ter guardado esses sentimentos e me lava o coração, em nome de Jesus.







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