Deus sempre responde. Mas, às vezes, Ele responde: não.
Nosso pedido pode nos ser caro, mas há mistérios na Onipotente sabedoria de
Deus que não vamos compreender até que Ele decida nos explicar. Essa semana eu
tive que experimentar um não de Deus.
Todos sabem que diariamente o Senhor tem me sustentado
postando essas mensagens no blog. No primeiro ano, não falhei nenhum dia.
Glória a Deus. Mas, esse ano, por dois dias deixei de postar em dois dias. Dia
17 de novembro e dia 29 de dezembro. No dia 17, passei o dia no hospital com
minha sobrinha. Em seus seis meses e meio de gravidez, durante uma luta contra
o câncer, após um mês de uma cirurgia de retirada de tumor de 32 centímetros, a
bolsa rompeu-se. Seguramos na oração por dois dias, até que o corticóide
maturasse o bebê e Levi tivesse seu nascimento prematuro, mas saudável.
O menino dos milagres, um milagre para ser gerado, um
milagre para sobreviver ao parto, um sopro no coração ia ser operado, mas sumiu
milagrosamente após a intercessão da igreja, a cura de uma primeira infecção. Ele
era tão ativo que chamava a atenção dos médicos. As enfermeiras tinham tanto
carinho por ele nós sentíamos, os médicos dedicadíssimos, a família apaixonada.
Era uma atmosfera de amor e cuidado. Até que uma bactéria hospitalar o atingiu.
Lutamos com toda a fé, pedimos ajuda a todos os irmãos, até em outros Estados, os
médicos fizeram o que podiam, clamamos a Deus pela vida. Chegou a notícia de
que só restava um batimento por causa de medicação, mas fomos ao hospital e
oramos durante uma hora e meia ao lado da incubadora, clamando e declarando o poder
de ressurreição de Cristo.
Havia pessoas reunidas nas casas, que se alinhavam
conosco. A mãe não pôde ir ao hospital por causa da quimio, mas estava orando
em casa com um grupo. Estávamos eu, meu pai e o pai de Levi no Hospital orando
desde 18h35min. Eram 19h 45min Quando o Senhor disse: Ore até às 20h. Faltando três minutos para as 20h, meu pai disse que não aguentava mais a coluna, e foi orar na
saleta. Às 20h, exatamente e sem saber de nada, uma médica pediu para auscultar
o bebê e já não havia batimento. Outra médica veio e confirmou o momento de
chorarmos.
Eu não entendi nada. Deus atendera todas as nossas
orações até ali. Mas, os milagres nos deram apenas quarenta dias de vida
daquele pequeno. O que fazer? Como lidar com aquele não tão terrivelmente
doloroso? Então, o Senhor me levantou no coração a história de quando Davi orou
pelo seu bebê recém-nascido:
Buscou Davi a Deus pela criança;
jejuou Davi e, vindo, passou a noite prostrado em terra. Então, os anciãos da
sua casa se achegaram a ele, para o levantar da terra; porém ele não quis e não
comeu com eles. Ao sétimo dia, morreu a criança; e temiam os servos de Davi
informá-lo de que a criança era morta, porque diziam:
- Eis que, estando a criança ainda
viva, lhe falávamos, porém não dava ouvidos à nossa voz; como, pois, lhe
diremos que a criança é morta? Porque mais se afligirá. Viu, porém, Davi que
seus servos cochichavam uns com os outros e entendeu que a criança era morta,
pelo que disse aos seus servos:
- É morta a criança?
Eles responderam:
- Morreu.
Então, Davi se levantou da terra;
lavou-se, ungiu-se, mudou de vestes, entrou na Casa do SENHOR e adorou; depois,
veio para sua casa e pediu pão; puseram-no diante dele, e ele comeu.
Disseram-lhe seus servos:
- Que é isto que fizeste? Pela
criança viva jejuaste e choraste; porém, depois que ela morreu, te levantaste e
comeste pão.
Respondeu ele:
- Vivendo ainda a criança, jejuei e
chorei, porque dizia: Quem sabe se o SENHOR se compadecerá de mim, e continuará
viva a criança? Porém, agora que é morta, por que jejuaria eu? Poderei eu
fazê-la voltar? Eu irei a ela, porém ela não voltará para mim.
Então, Davi veio a Bate-Seba,
consolou-a e se deitou com ela; teve ela um filho a quem Davi deu o nome de
Salomão; e o SENHOR o amou. (2 Samuel 12:16-24)
Após tentarmos todos os nossos recursos, precisamos
seguir em frente e buscarmos consolação. A nossa consolação e a dos outros.
Deus (e só Ele) pode fazer isso de forma maravilhosa. Foi a uma hora e meia em
que orei com mais fervor nas minha vida. Nunca conheci um pai mais amoroso e
dedicado, nunca vi uma mãe arriscar a própria vida para ser mãe e suportar
tanta dor e mal estar para ter um filho nos braços. Mas nosso pedido foi negado
e Deus tem as razões dEle para isso. Não sou tão grande que possa julgar a
Soberania de Deus. Um discípulo segue seu mestre, Jesus soube receber um não de
Deus quando lhe pediu para não ir para a cruz. Eu, o pai e a mãe de Levi tomamos
a nossa e o entregamos a Ele e pedimos que nos sare da saudade desse
guerreirozinho do qual só tivemos o privilégio de desfrutar da convivência por
quarenta dias exatos. Num tempo em que os irreconciliáveis foram reconciliados,
os dispersos foram unidos, a fé foi restaurada em muitos e que o Amor se fez tão
concreto e visível quanto Cristo na cruz e na ressurreição. Agradecemos ao
Senhor e louvamos pelo privilégio que nos foi dado por aqueles olhinhos lindos,
que eu só pude ver abertos em fotos, mas que revolucionaram para sempre a vida
de tantos. Quando Deus responde não, Ele continua Deus e nós precisamos continuar sendo seus humildes servos e filhos.