sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Para sermos tudo o que podemos ser




Nós temos a tendência de atrairmos todos os nossos conceitos para o lado físico, palpável. Mas, uma laranja madura é diferente de uma pessoa madura. Porque uma laranja é só a sua dimensão física que importa, um ser humano possui uma dimensão que é semelhante a Deus, portanto, invisível. Paulo dizia que, por fora, ele envelhecia e se desgastava, mas por dentro, ele rejuvenescia a cada dia: “[...] mesmo que o nosso homem exterior se corrompa, contudo, o nosso homem interior se renova de dia em dia.” (2 Coríntios 4:16). O apóstolo seguia ficando mais animado a cada dia, enquanto seu corpo envelhecia e perdia algumas características. Paulo ganhava maturidade, enquanto conquistava a velhice. Muitos não alcançam a maturidade enquanto os anos correm. O tempo só dá a oportunidade a quem está disposto a aprender, mas nenhum aprendizado é automático.

A Palavra de Deus dá muita ênfase à maturidade. Ela a identifica como o objetivo maior de todos os ministérios na igreja:

11  E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, 12  com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo, 13  Até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo, 14  para que não mais sejamos como meninos, agitados de um lado para outro e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro. (Efésios 4:11-14)

Todos os recursos que Deus deu à igreja foi para nos aperfeiçoarmos para sermos pessoas adultas, varões e varoas, na mesma qualidade da maturidade, varonilidade, de Cristo. Pessoas maduras são firmes e não serão facilmente abaladas e dispersadas de um lado para o outro com qualquer coisa que escutam. Não assumirão como verdade qualquer cochicho ou suspeita. Não viverão assustados com as novidades más ou cobiçosos, tornando-se facilmente manipuláveis pelos seus desejos. Maturidade é um assunto que requer reflexão e esforço e sobre isso vamos escrever hoje.

Crianças fazem birra






Faz parte do desenvolvimento infantil a fase onde a criança começa a testar o seu controle sobre o meio. Geralmente entre três e quatro anos, a criança contrariada chora, esbraveja, se joga no chão e faz uma cena de arrepiar os cabelos. Isso é normal nesse momento da maturidade neuro-psicológica. É controlado com a firmeza de um não e uma intervenção do(s) seu(s) educador(es). O problema é fazer cenas por ter sido contrariado aos 30 anos ou mais...

Quando vejo pessoas brigando e esbravejando porque as coisas, as pessoas ou as situações não foram como ela queria fico pensando na cena da criança pequena. É difícil não repeti-la, realmente, mas com o passar do tempo vamos aprendendo que nem as coisas, nem as pessoas e nem as situações são controláveis para nós, mas nenhuma delas foge às mãos de Deus. Então, um dos aspectos amadurecimento, segundo Deus, é o processo de crescer em fé o suficiente para saber que Ele está no controle e nós permanecermos (ou nos esforçamos para permanecer) calmos enquanto Ele ordena as coisas do modo dELe.

Você queria algo, lutou, fez tudo o que pôde e não conseguiu, não se preocupe, ninguém lhe roubou, Deus tem coisa melhor para você. Não se jogue no chão e não esbraveje contra Deus. Não diga que não vai mais fazer o que é certo porque não recebeu a recompensa que esperava. Obter maturidade vai lhe exigir silêncio e submissão nos momentos de angústia, assim aprendeu Jeremias:

26  Bom é aguardar a salvação do SENHOR, e isso, em silêncio. 27  Bom é para o homem suportar o jugo na sua mocidade. 28  Assente-se solitário e fique em silêncio; porquanto esse jugo Deus pôs sobre ele; 29  ponha a boca no pó; talvez ainda haja esperança. (Lamentações 3: 26-29)

As crianças espirituais se rebelam, os adultos silenciam e servem, confiando na sabedoria e na bondade do Pai, a qualquer custo e em qualquer situação.

A infantilidade espiritual e a carne


Paulo tinha um problema com a carne na igreja de Corinto. Eles eram tão imaturos que Paulo não podia avançar com o ensino de princípios mais profundos da Palavra de Deus, por isso, dizia:

1 Eu, porém, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, e sim como a carnais, como a crianças em Cristo. 2 Leite vos dei a beber, não vos dei alimento sólido; porque ainda não podíeis suportá-lo. Nem ainda agora podeis, porque ainda sois carnais. (1 Coríntios 3:1-2).

Essa imaturidade se mostrava na disputa por cargos e nas dissensões na igreja. Havia disputas entre grupos pelo prestígio e pelo poder de uns sobre os outros, ao invés de serviço em amor. A glória estava sendo dada e disputada entre os homens, a igreja tinha se transformado em uma entidade filantrópica, um clube ou algo semelhante. Veja o relato de Paulo:

3  Porquanto, havendo entre vós ciúmes e contendas, não é assim que sois carnais e andais segundo o homem? 4  Quando, pois, alguém diz: “Eu sou de Paulo”, e outro: “Eu, de Apolo”, não é evidente que andais segundo os homens? 5  Quem é Apolo? E quem é Paulo? Servos por meio de quem crestes, e isto conforme o Senhor concedeu a cada um. 6  Eu plantei, Apolo regou; mas o crescimento veio de Deus. 7  De modo que nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento. 8  Ora, o que planta e o que rega são um; e cada um receberá o seu galardão, segundo o seu próprio trabalho. 9  Porque de Deus somos cooperadores; lavoura de Deus, edifício de Deus sois vós. (1 Coríntios 3: 3-9)

Nada deixa uma criança mais feliz do que receber toda a atenção para si, mas assim se gera uma criança sem limites, sem noção de alteridade. O outro nada significa. Crianças têm muita dificuldade de abrir mão de qualquer coisa pelos outros, por mais que os amem. A criança quer a mãe e o pai em torno de si o máximo de tempo, choram quando eles se afastam ou dão atenção a outra pessoa e quando seu coleguinha pega seu brinquedo; desarrumam tudo e não colocam no lugar; não têm tempo nem hora para nada, até que tenham maturidade biológica e educadores para lhe colocar limites no seu egocentrismo.  É preciso aprender a abrir mão, obedecer e a servir enquanto se cresce.

Ser criança até os dez onze anos de idade é uma coisa, mas além dessa idade se torna problemático. Numa criança normal o egocentrismo deve desaparecer em função da socialização no período dos seis aos onze anos. Uma igreja cheia de crianças espirituais só esperando elogios, pessoas perfeitas que as sirvam, e que tudo gire em torno das suas expectativas, não é só impossível, é uma mentira que o diabo tem pregado a muitos para destruir as igrejas. Qualquer decepção, choque ou limitação você “fica de mal” e diz “também não quero mais!”. Isso é sinal de imaturidade espiritual.

Crianças agem assim, ou dizem: “Sou do grupo de louvor, eu sou o máximo, apareço lá na frente!”. Ou “eu sou do grupo de evangelismo e trago as pessoas para a igreja, meu grupo é que é o máximo!”. “Sou do grupo do Pastor X, ele prega melhor que todos aqui!”. Às vezes disfarçada, às vezes não, esta competição interna mata o maior poder da igreja que é a unidade. É isso que transforma uma igreja num clube ou pior vários times.
  

Meninos nas praças


As praças eram os lugares onde os meninos se reuniam para brincar no tempo de Jesus (Zacarias 8:5). Crianças brincando na praça era sinal de um tempo de paz. Pensar em crianças sentadas nas praças é até estranho. Aliás, pensar em crianças sentadas já é estranho. Quem já lidou com grupos de crianças sabe que, raramente, eles param quietos. Jesus usa um momento desses para exemplificar a imaturidade dessa geração:

16 Mas a quem hei de comparar esta geração? É semelhante a meninos que, sentados nas praças, gritam aos companheiros: 17  Nós vos tocamos flauta, e não dançastes; entoamos lamentações, e não pranteastes. 18  Pois veio João, que não comia nem bebia, e dizem: Tem demônio! 19  Veio o Filho do Homem, que come e bebe, e dizem: Eis aí um glutão e bebedor de vinho, amigo de publicanos e pecadores! Mas a sabedoria é justificada por suas obras. (Mateus 11:16-19).

É um grupo de crianças tentando controlar outro. Um grupo senta e reclama dos outros que brincam, mas não da forma como agradaria ao primeiro. Quem nunca recebeu uma crítica de quem não está fazendo absolutamente nada, principalmente depois que aquilo que eles não quiseram se mover para fazer está pronto? Sentar, cruzar os braços e criticar é coisa de criança mal orientada.

O fazer com simplicidade e inteireza de coração é coisa de quem tem o coração de criança no bom sentido: alegre, flexível e obediente. Essas crianças no bom sentido, são os que servem ao Senhor com alegria e com o que possuem, nas suas limitações e na graça do Senhor. A criança fora do tempo, o imaturo espiritualmente, tem o coração crítico e ferino. Mas, a criança que o Senhor elogia é a que age nEle com simplicidade, o filho, que nunca deixará de ser uma criança aprendiz do Pai. Aqueles de quem Jesus falou: “3  E disse: Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus. 4  Portanto, aquele que se humilhar como esta criança, esse é o maior no reino dos céus.” (Mateus 18:3-4).

Adultos e crianças


A igreja é uma família. A família de Deus. Sempre haverá crianças e adultos. É preciso saber conviver com todos eles. Haverá aqueles que só querem receber e as coisas do seu jeito, para seu conforto e prazer e aqueles que cresceram e podem servir, e portanto, reinar. Por isso, o Senhor diz para ter paciência com as crianças espirituais:

1 Ora, nós que somos fortes devemos suportar as debilidades dos fracos e não agradar-nos a nós mesmos. 2  Portanto, cada um de nós agrade ao próximo no que é bom para edificação. 3  Porque também Cristo não se agradou a si mesmo; antes, como está escrito: As injúrias dos que te ultrajavam caíram sobre mim. 4  Pois tudo quanto, outrora, foi escrito para o nosso ensino foi escrito, a fim de que, pela paciência e pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança. 5 Ora, o Deus da paciência e da consolação vos conceda o mesmo sentir de uns para com os outros, segundo Cristo Jesus, 6  para que concordemente e a uma voz glorifiqueis ao Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. (Romanos 15:1-6).

Enquanto os imaturos estão sempre focados no que receber, os amadurecidos  precisam estar focados no que podem dar e como ajudar os primeiros a tornar-se servos. Vamos à Palavra para nos fortalecer, isso vai evitar estarmos sendo, ora atraídos por um desejo, ora expelidos por uma mágoa, nos desviando sempre dos caminhos do Senhor, que são retos. Observe a capacidade de Jesus ficar impermeável às injúrias. Ele demonstrava maturidade. Ele é nosso modelo de maturidade, o varão perfeito. Nada o abalou nem o deformou porque Ele não absorvia o que a situação queria lhe dar, mas estava cheio do compromisso com a vontade do Pai. A paciência e a consolação das Escrituras trarão a unidade e a glória de Cristo para a igreja.

É preciso desejar crescer


Pedro nos ensina isso:

1 Despojando-vos, portanto, de toda maldade e dolo, de hipocrisias e invejas e de toda sorte de maledicências, 2  desejai ardentemente, como crianças recém-nascidas, o genuíno leite espiritual, para que, por ele, vos seja dado crescimento para salvação, 3  se é que já tendes a experiência de que o Senhor é bondoso. 4 Chegando-vos para ele, a pedra que vive, rejeitada, sim, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa, 5 também vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo. (2 Pedro 2:1-5)

É fundamental uma atitude de buscar a mudança, o desejo de crescer. Não há nada que uma criança deseje mais do que ser “gente grande”. Como o crescimento dela é físico, ainda que, mais tarde, ela se arrependa do desejo, quando chegam os desafios da idade adulta, ela crescerá independentemente de sua vontade. Já o crescimento espiritual depende de esforço sobre o desejo de crescer e de tomar o leite espiritual genuíno, a Palavra de Deus para a sua vida, aproximando-nos de Cristo e abrindo mão do que for preciso por esta identidade com Ele.

Assim, buscar a maturidade nos deixará firmes na fé e compromissados no serviço de Deus. Nós poderemos abrir mão de nossos desejos pela vontade do Pai e poderemos lidar com aquilo que não conseguirmos sem fazer birra. As crianças espirituais se rebelam, os adultos silenciam e servem, confiando na sabedoria e na bondade do Pai, a qualquer custo e em qualquer situação. A imaturidade nos fará buscar os cargos, os elogios e as posições de destaque, a maturidade nos levará ao serviço em amor, independentemente de qualquer status atribuído. O compromisso é com Cristo e a recompensa vem de Deus. A maturidade faz servir, mas a imaturidade leva à acomodação, à inveja e à crítica. Além disso, o motor da maturação espiritual é o desejo de crescer, sem ele, estamos fadados a sermos eternas crianças e sofreremos as consequências dessa imaturidade.


Você pode orar assim:

Senhor, ajuda-me, constrói a tua maturidade em mim. Eu preciso que me desperte para essa necessidade de me dobrar à tua vontade, cuidar do meu irmão e aceitar o teu guiar em todas as áreas da minha vida, vivendo a tua Palavra em amor e em serviço,  em nome de Jesus.




  

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