Eu estava ministrando a uma amiga que finalmente compreendeu que a minha ocupação não era com religiões, mas com Jesus, através da Bíblia. Nós tivemos momentos maravilhosos de oração em que ela pôde experimentar o poder de Deus para perdoar e a libertação que vinha disso. No dia seguinte, ela pediu para que orássemos mais e veio ao meu coração a necessidade de mostrar a ela um ponto fundamental, que perturba a relação de qualquer pessoa com Deus e com qualquer outra pessoa. Há uma contradição muito grande, quando falamos da graça de Deus e, ao mesmo tempo, de merecimento. Mas, nós vivemos nessa contradição, há tanto tempo, que nem percebemos o quanto ela é impeditiva na nossa aproximação de Deus.
Observe alguns
exemplos comuns. Alguém vai a uma prova de concurso, o vestibular, por exemplo.
Mas, como é sua atitude ao ir. É tensa. É de uma expectativa terrível de saber
se aquilo que estudou cairá ou não na prova. Ou se, fatalmente, o que vai cair
é exatamente o que não estudou. Por que essa insegurança? Porque não vamos para
encontrar a aprovação garantida. Ela é uma possibilidade, mas só após a
avaliação de nossa habilidade. Ou a situação pior, por exemplo, de um
julgamento. Juiz, advogados, provas e testemunhas para um veredito final, que
significará que tipo de vida você poderá seguir. Nos dois casos, você tem que
cumprir condições para ser aprovado. Sua vida e seu futuro dependem disso. Essa
é uma situação de tensão porque inclui o merecimento.
Mas, será dessa
forma que Deus nos recebe? Como quem vai nos passar em revista ou para um
julgamento? Veja o que a Palavra diz sobre isso: “acheguemo-nos,
portanto, confiadamente, junto ao TRONO DA GRAÇA, a fim de recebermos
misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna.” (Hebreus
4:16). Observe o ambiente que Deus cria para nós chegarmos à sua
presença nesse versículo. Há poder no trono, sim, mas a intenção não é condenar
e sim dar graça.
Ele não diz
apenas, venha, diz se achegue... Essa palavra no original grego tem um sentido
de intimidade muito grande, significa vir para perto, aproximar-se, visitar ou
figurativamente, adorar, vir, dirigir-se para perto. É a aproximação de alguém
que ama e não de quem teme. É a aproximação de alguém que deseja proximidade e
não duvida ou está inseguro da sua aceitação. Porque é o trono do favor
imerecido de Deus. É isso o que significa graça.
Observe que
atitude de buscar intimidade com Deus é marcada pela confiança e não pela
insegurança. A Bíblia amplificada diz no mesmo texto acima: “Vamos sem medo, confiantemente e ousadamente para perto
do trono da graça (o trono do favor imerecido de Deus para nós pecadores), para
que possamos receber misericórdia [por nossas falhas] e encontrar graça para
socorro em bom tempo para cada necessidade [ajuda apropriada e a bom tempo,
vindo a nós quando nós a necessitamos].”(Hebreus 4:16). Assim, você
pode jogar fora o medo de ser reprovado, ter confiança e se aproximar de Deus a
qualquer momento. É o trono, o poder máximo da graça.
A natureza do
lugar onde se está indo é o motivo de toda essa confiança na aproximação. Não é
o trono do juízo, é a sala real do reino da graça, é o trono da graça. A graça
é receber sem pagamento. A graça exclui a avaliação e reprovação. A graça não
impõe preço aos que desejam aproximar-se do seu trono. A graça tira o pecado na
cruz e lhe coloca na presença de Deus. O impedimento não é o trono, é o pecado,
mas Jesus resolveu o problema do pecado.
Pense em todos
os relacionamentos em que você se sente inseguro(a). Todos eles lhe deixam
desconfortáveis porque você está em dúvida se vai corresponder às expectativas
ou não, se será aceito ou não. Não há graça na base desses relacionamentos e
sim o terrível temor trazido pela base do merecimento.
Jesus disse “vinde a mim, todos os
que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei.” (Mateus 11:28). Como é que uma pessoa
cansada e sobrecarregada pode suportar o peso de arranjar uma perfeição no
padrão de Deus para poder encontrá-lo. Aproxime-se do trono da graça, lá, a
entrada é pelo arrependimento e não pelo merecimento. Lá é Deus quem dá forças
e não que exige forças. É Ele quem cura e não que exige saúde. É Ele quem
consola e provê e não que exige oferendas.
No trono da graça encontramos também misericórdia
Isso é tremendo,
que no lugar supremo da autoridade de Deus, além de recebermos sem merecimento
(ou seja, de graça), nós encontraremos a misericórdia. Misericórdia significa
que não receberemos a punição que merecíamos receber.
A dor do
merecimento é muito terrível... Agora, imagine isso: Um Deus absolutamente
perfeito. Não há nada que você conheça que possa se comparar à perfeição de
Deus. Então, você quer estar com Ele, porque você sabe que é nEle que todas as
coisas boas estão: a paz, a saúde, o caráter perfeito... Mas, para você se
aproximar dEle você aprendeu que precisa merecer. Como? Explique-me como vamos
dar conta de um padrão que nem sequer podemos comparar? Nós sequer sabemos o
que é ser tão perfeito, tão bom, tão sublime.
O melhor que
conhecemos não se compara ao que Ele é pela eternidade. Nós queremos fazer o
bem para poder nos aproximarmos, mas Ele inventou o bem. E nem sequer sabemos
se tudo aquilo que consideramos bem está definido assim em seu dicionário
celestial... Nem o Tom Cruise dá conta dessa Missão Impossível. Mas, uma coisa
é certa, há um trono da graça onde podemos nos achegar e encontrar graça e
misericórdia para socorro, quando necessitarmos. É uma garantia. Está na
Palavra de Deus e Deus não mente. E se é de graça não precisamos levar nenhum
tipo de moeda conosco. Nem posses, nem perfeição moral (que não existe diante
de Deus), nem nada, somente a nós mesmos.
A proposta da graça anula o merecimento
Isso pode parecer
contraditório... Mas, não é: Deus não se associa com o mau. Ele não vai aceitar
o pecado na presença dEle. Observe este trecho:
Que ligação há entre o santuário de Deus e os
ídolos? Porque nós somos santuário do Deus vivente, como ele próprio disse:
Habitarei e andarei entre eles; serei o seu Deus, e eles serão o meu povo. Por
isso, retirai-vos do meio deles, separai-vos, diz o Senhor; não toqueis em
coisas impuras; e eu vos receberei, serei vosso Pai, e vós sereis para mim
filhos e filhas, diz o Senhor Todo-Poderoso. (2 Coríntios 6:16-18).
Agora, parece
que entornou o caldo... Como pode Deus nos convidar a tanta aproximação e ao mesmo
tempo rejeitar o pecado tão fortemente? É porque a graça é exatamente a nossa
chance de estarmos livres daquilo que nos maltrata. O pecado é aquilo que nos
mata (Romanos 3:23) e a graça traz a chance de sermos perdoados e liberados dos
pecados para podermos estar com Deus.
Quando, porém, se manifestou a benignidade de Deus,
nosso Salvador, e o seu amor para com todos, não por obras de justiça
praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, ele nos salvou mediante o
lavar regenerador e renovador do Espírito Santo, que ele derramou sobre nós
ricamente, por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador, a fim de que, justificados
por graça, nos tornemos seus herdeiros, segundo a esperança da vida eterna.
(Tito 3: 4-7)
A graça não
diminuiu a pena do pecado, porque ela não é ilegal. A dívida do pecado existe.
Só que Deus a pagou com a vida do seu próprio Filho. Quando Jesus tomou a ceia
de aliança na quinta feira, Ele disse que tudo o que era dEle era dos
discípulos e tudo o que era dos discípulos era dEle. Isso é o que significa
aliança. Por isso era o cálice do sangue [vida] dEle, que Ele derramaria por
muitos. A dívida foi paga por Jesus, mas nós recebemos a libertação da
dívida DE GRAÇA. O pagamento da dívida do pecado ficou de graça para nós,
mas custou caro para Deus.
A justiça da graça
A graça tem
seu preço pago por Jesus. É
um direito dEle nos entregar a sua vida. Não fizemos nada por isso há dois mil
anos atrás. Foi um favor que recebemos de Deus sem merecer. Tendo o pecado
pago, a justiça está cumprida, então, perante a lei de Deus não devemos
nada, somos justos. Não por nossa justiça, mas pela justiça que Jesus nos deu. “não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo
sua misericórdia, ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do
Espírito Santo, que ele derramou sobre nós ricamente, por meio de Jesus Cristo,
nosso Salvador”. E isso teve um propósito, o de nos tornar “seus herdeiros, segundo a esperança da vida eterna”.
A virada da graça
Deus olhou para
nós e com tanto amor não pôde resistir a ser bom conosco e deu tudo o que era
preciso em Jesus para que ficássemos livres para chegar à sua presença como
filhos e herdeiros. O trono se abriu para nós, quando o pecado foi
tirado por Jesus. Mas nós só poderemos usufruir disso quando pararmos
de querer pagar o que só pode ser recebido de presente. É quando recebemos a
proximidade de Deus que podemos ser como Ele. Só podemos amar se formos amados
primeiro. Amor é uma coisa que só se aprende quando recebemos. Veja o que diz o
versículo seguinte: “Fiel é esta palavra, e quero que, no tocante a estas
coisas, faças afirmação, confiadamente, para que os que têm crido em Deus sejam
solícitos na prática de boas obras. Estas coisas são excelentes e proveitosas
aos homens.” (Tito 3:8).
Depois que
recebemos o amor de Jesus, o Espírito Santo começa a operar mudanças na
nossa vida e por estarmos próximos a Deus, Ele começa a influenciar os nossos
atos e nos capacitar a ser como Ele é. Temos por muito tempo querido fazer ao
contrário: Primeiro as obras boas, depois um coração transformado em bom. Mas,
não funciona, obras realmente boas só fluem livremente de corações transformados,
semelhantes a Deus.
Nós temos
colocado as nossas vidas de cabeça para baixo com Deus, querendo ser como Ele
para poder estar com Ele. O processo é inverso: Ele nos perdoa, Ele nos
lava e, então, Ele começa a nos fazer parecer com Ele. Toda e
qualquer bondade que vier de um ser humano é porque ele o recebeu antes de
Deus. Deus é bom. Tentar ser bom independente de Deus é como tentar se
transformar numa laranjeira para conseguir laranjas. É uma questão de
natureza. Você não vai conseguir produzir laranjas porque você é de outra
natureza. Isso não será problema para a laranjeira, mas para você é impossível.
Mas, se você puder ter uma mudança na sua natureza, então, você poderá dar
outro fruto.
A misericórdia que encontramos
Sabendo das
nossas impossibilidades, Deus enviou Jesus para matar a natureza do pecado na
cruz e nos dar uma nova oportunidade na sua ressurreição. Assim, se você faz
uma aliança com Jesus, você aceita morrer com Ele na cruz para o pecado e
ressuscitar com Ele para viver para Deus. Então, você poderá achegar-se a Deus
e ser como Ele, baseado na força da natureza dEle em você pelo pacto da
aliança. De graça!
E como o pecado
está pago, você não precisa mais temer a punição, que Jesus já sofreu. A
misericórdia vem do trono da graça, que providenciou o pagamento dos pecados,
para que você não temesse ser punido como você e eu merecemos. Jesus “carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os
nossos pecados, para que nós, mortos para os pecados, vivamos para a justiça;
por suas chagas, fostes sarados.” (1 Pedro 2:24).
Então, eu
recebo o que não mereço de Deus, mas recebo porque Jesus merece, isso é legal e
justo. O objetivo de
Deus com o pagamento do pecado foi nos trazer de volta à sua presença, ao seu
trono da graça e Ele nos espera com graça e misericórdia para nos ajudar cada
vez que precisarmos. É isso que devemos esperar encontrar na presença de Deus e
quando vamos buscá-lo. Chega de cobranças, acusações, incerteza e desespero.
Jesus conquistou o trono da graça para você. Receba!
Você pode orar
assim:
Querido Deus, perdoa-me por querer me aproximar de
Ti baseado nas minhas qualidades e não nas de Jesus. Perdoa-me o medo, a
insegurança e a falta de compreensão da tua graça e da tua misericórdia. Agora,
quero apenas confessar onde preciso do Teu perdão e de Tua ajuda. Ajuda-me,
Senhor, eu recebo a Tua ajuda de presente, por causa do Teu amor por mim e nada
mais. Eu só tenho o meu coração para te dar, Senhor, aceita-o e transforma-o no
que te agrada, faz-me parecer contigo, em nome de Jesus.
Foi de suma importância para mim a leitura do texto.Ontem foi um dia difícil, mas hoje Jesus já começou a restabelecer a minha paz.
ResponderExcluirSinceros agradecimentos;
Soraya