A minha cidade está inchando o número de carros. Realmente, acho difícil
de todos caberem nessa nossa estrutura. Há momentos em que uma viagem de 15
minutos pode se transformar em uma jornada de uma hora e meia. Mas, o ruim,
afinal, não é não sair do lugar, mas aqueles que tentam abrir espaço
quebrando as leis da física ou do trânsito. E é de onde vêm os problemas, às
vezes bastante graves.
Na nossa vida espiritual também temos desses encontrões e
quase-acidentes, fechadas e engarrafamentos cheios de pessoas estressadas, que
não querem abrir mão de um segundo ou deixarem os outros passarem. A estória (história?)
a seguir nos ajudará a pensar nas vezes em que os engarrafamentos deixam as ruas
e rodovias e nos encontram dentro de nós.
Um dia peguei um taxi e fomos direto para o
aeroporto. Estávamos rodando na faixa certa quando, de repente, um carro preto
saiu do estacionamento na nossa frente. O motorista do taxi pisou no freio,
deslizou e escapou do outro carro por um triz! O motorista do outro carro
sacudiu a cabeça e começou a gritar para nós. O motorista do táxi apenas sorriu
e acenou para o cara. E eu quero dizer que ele o fez bastante amigavelmente.
Assim eu perguntei:
- Porque você fez isto? Este cara quase arruína o
seu carro e nos manda para o hospital!.
Foi quando o motorista do táxi me ensinou o que eu
agora chamo "A Lei do Caminhão de Lixo". Ele explicou que muitas
pessoas são como caminhões de lixo. Andam por ai, carregadas de lixo, cheias de
frustrações, cheias de raiva, e de desapontamento. À medida que suas pilhas de
lixo crescem, elas precisam de um lugar para descarregar, e às vezes
descarregam sobre a gente. Não
tome isso como algo pessoal.
Apenas sorria, acene, deseje-lhes o bem e vá em
frente. Não pegue o lixo delas e espalhe sobre outras pessoas no trabalho, em
casa, ou nas ruas. O princípio disso é que pessoas bem sucedidas não deixam os caminhões
de lixo estragarem o seu dia. A vida é muito curta para levantar cedo de manhã
com remorso, assim... Ame as pessoas que te tratam bem. Ore pelas que não o
fazem. A vida é dez por cento o que você faz dela e noventa por cento a maneira
como você a recebe!
A boca fala do
que o coração está cheio (Lucas 6:45). Se nós enchermos o coração de paz,
alegria e justiça estaremos derramando esse conteúdo precioso para os que estão
à nossa volta. Se nos enchermos de
amargura, raiva, ódio, etc. assim será o nosso dia. A raiva é destrutiva, tanto
para quem a possui, quanto para quem é objeto dela. Portanto, saber lidar com o
que nos frustra e agride é fundamental, exatamente porque nós não podemos
controlar ou impedir a grosseria dos outros ou suas falhas de caráter, apenas
podemos evitar que isso no provoque dano permanente e contínuo.
Um cristão precisa ter auto-controle e visão do todo, para saber que a
violência ou a raiva como reação desencadeia uma série de repercussões, que não
vão levar a nada construtivo: "Portanto, meus amados irmãos, todo o homem seja
pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar. Porque a ira do
homem não opera a justiça de Deus." (Tiago 1:19-20).
Não há como decidir corretamente em um momento de raiva; ou como manter
a atenção e a prudência num nível aceitável quando nos irritamos; ou
proteger quem amamos; e nem fazer nada de bom baseado em raiva ou ódio. Nós
podemos decidir o que carregar e o que despejar. Já vi carros de luxo
carregados de lixo porque o dono não era asseado. Já vi carros muito simples
levarem o mesmo lixo. Já vi ambos os tipos de carros limpos. Não é o tipo de
carro, é o tipo de dono, que define o que ele conterá. Não é o tipo de
sentimento que surge que determina o que você é. É o que você se permite
carregar que lhe define.
O que você decide carregar define que tipo de “carro” você é: de luxo ou
de lixo. Espero que decida ter um bom dia livre de lixo. Para isso, ore e
peça para que o Senhor Jesus, que perdoou a quem o crucificou, lhe faça
compartilhar de seu poder sobrenatural de perdoar, para que você fique livre
desse mal que distorce a visão e estraga o dia, a noite e a vida.
O que decidimos derramar
Uma coisa é o
que recebemos, outra é o que damos. O ensino de Cristo é que devolvemos o que
somos: “ouvistes que foi dito: Olho por olho, dente por dente. Eu, porém, vos
digo: não resistais ao perverso; mas, a qualquer que te ferir na face direita,
volta-lhe também a outra;” (Mateus 5:38-39). É uma questão de identidade
e natureza. Se você não é violento, não tem violência para devolver. Se sua
raiz não é da árvore da amargura, não dará os seus frutos. Pelo contrário, ao
se ver um fruto como violência, raiva, agressividade, amargura, você não o
guardará, mas o rejeitará. Se você ainda cultiva a raiva e a amargura é porque
precisa conhecer-se em Jesus.
Nós nascemos de novo para o amor. E o amor:
[...] é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não
se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os
seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a
injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera,
tudo suporta. (1 Coríntios 13:4-7)
Mas, se você prestar atenção, o amor é mais atitude e
prática, mais decisão do que sentimento. Paciência, benignidade (compromisso em
fazer o bem), humildade (não se vangloriar), generosidade, tranquilidade,
compromisso com a justiça e a verdade, abnegação, confiança, esperança são
ATITUDES QUE SE MOSTRAM EM AÇÕES. Os sentimentos são movidos pelas atitudes,
pela nossa disposição em relação às pessoas e às coisas. Os sentimentos seguem
a atitude. Então, se temos o foco no
amor, o lixo não se acumulará na nossa vida e não se acumulará nas nossas
portas, impedindo a alegria de entrar. Mas, se o amor for nosso alvo principal,
ainda que alguém nos despeje lixo, o amor o limpará e ainda transbordará de si,
porque a fonte é de amor. Quem despeja
lixo precisa conhecer a fonte do amor e transbordar dela:
Quem crer em
mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva. Isto ele
disse com respeito ao Espírito que haviam de receber os que nele cressem; pois
o Espírito até aquele momento não fora dado, porque Jesus não havia sido ainda
glorificado. (João 7:38-39)
Nisto
conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros. (João
13:35)
Não há como ter nada de novo com uma atitude antiga ou com
o mesmo pensamento, que gera essa atitude. Se você quer carregar luz, precisará
livrar-se da escuridão; se quer transmitir calor, é necessário derreter o gelo do
ressentimento, porque ele esfria o seu coração e bloqueia o amor. Muitas vezes,
perguntamos porque as pessoas não se aproximam de nós, mas na realidade somos
nós, que através da amargura nos tornamos críticos, superiores, ferinos e
desconfiados. Quando guardamos mágoa, nos sentimos melhores do que os outros e
os punimos dentro de nosso coração. Ali, pensando que somos os carcereiros,
somos os encarcerados. Sujeitos até à pena de morte: “Todo aquele que odeia a seu irmão é
assassino; ora, vós sabeis que todo assassino não tem a vida eterna permanente
em si.” (1 João 3:15). Se você quer ser instrumento de algo novo e bom
para a sua vida e a vida de quem lhe cerca, precisa abrir mão de carregar o
ressentimento e a raiva.
Você pode orar assim:
Querido Deus, por favor me ajude a não levar nenhum
sentimento de ressentimento no meu coração que suje a minha vida por dentro ou
por fora. Ajuda-me a controlar minhas emoções e direcioná-las para o que
saudável e construtivo em qualquer situação, em nome de Jesus.
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