Há uma noção de amor que está destruindo essa geração. A noção de amor
que não nega nada. A noção de amor que não tem sim e nem não. O amor que é tudo
e termina sendo nada. O amor sem força de amar. Mas se eu quero lhe falar sobre
o amor de Deus, automaticamente tenho que falar que se alguém ama, também
precisa odiar. Odiar significa ter repugnância, aversão a alguma coisa. É
impossível amar sem odiar e é impossível amar e odiar o mesmo objeto de amor.
O ódio a alguém ou alguma coisa só existe quando o amor àquilo muda de residência.
Quando você ama, protege tudo e todos aqueles que ama e também odeia.
Odeia tudo que possa fazer-lhes mal e feri-los. Quem ama crianças tem horror a
crimes cometidos contra elas, tem compaixão das que estão sem uma família e
pelas ruas, adota-as, cria ONGs, assina petições, faz protestos, ajuda de
alguma forma, mas também quer punição para pedofilia, leis mais rígidas, ação
policial em defesa das crianças e faz denúncias. O amor pelas crianças inspira
cuidados com elas e esses cuidados nos colocam contra tudo e todos que possam
fazer-lhes qualquer mal.
O amor é forte, mais forte do que a morte, porque foi o amor quem
ressuscitou Jesus. Deus é amor. Imagine a força que faz nascer uma estrela...
Ali está a força do amor. Observe a foto abaixo... É o nascimento de uma série
de estrelas:
Figura do nascimento de estrelas, chamada botão de Rosas, fotografia d NASA |
Deus ama tanto os homens que enviou seu Filho para tirar o pecado que
mata o homem e os escraviza:
Agora, porém, libertados do
pecado, transformados em servos de Deus, tendes o vosso fruto para a santificação
e, por fim, a vida eterna; porque o salário do pecado é a morte, mas o dom
gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor. (Romanos
6:22-23)
E aí está o binômio amor e ódio: o Deus Santo, que ama tanto o homem,
precisou odiar o pecado em nós, que era nossa morte, e destrui-lo, ainda que
isso custasse a vida do seu Filho porque “aquele
que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos
feitos justiça de Deus.” (2 Coríntios 5:21). E tudo o que
Deus sente pelo pecado caiu sobre Jesus, para que nós fôssemos livres da morte
que o pecado causa.
Essa á grande chance que Jesus nos dá de sermos como Deus, livres de
pecado, santos e cheios da vida de Deus, sua natureza e poder. Foi por essa
identificação com a natureza santa de Deus e seu poder e não apenas por
discursos teológicos ou filosóficos que os discípulos foram chamados de
cristãos: “tendo-o encontrado, levou-o para
Antioquia. E, por todo um ano, se reuniram naquela igreja e ensinaram numerosa
multidão. Em Antioquia, foram os discípulos, pela primeira vez, chamados
cristãos.” (Atos 11:26).
Não é um nome ou a certeza de que Jesus existiu que faz Jesus nos
reconhecer como seus, mas a nossa vida semelhante a dEle, agradável a Deus:
Muitos, naquele dia, hão de
dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e
em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então,
lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que
praticais a iniqüidade. (Mateus 7:22-23)
A palavra iniqüidade no original grego é “anomia” significa “violação da
lei”, ou seja, estar fora das regras. Jesus veio para nos fazer retos diante
dos princípios do Pai, se alguém realmente é cristão é como Cristo, submisso
aos princípios de Deus e da sua Palavra. Isso quebra o poder de identidade das placas
de Igreja e nos dá uma responsabilidade ainda maior. Nós podemos até estar
satisfeitos com nosso nível de cristianismo, mas Deus tem princípios
estabelecidos do que deve ser reconhecido num cristão e são esses que Ele vai
usar para nos reconhecer, não importa o que pensarmos.
O crivo das evidências de fé
É esse o crivo que nós precisamos colocar nas
nossas vidas e não o jargão de que todos são cristãos automaticamente ou por
osmose. Você é cristão? Então, é (ou procura ser) como Cristo. Não é como
Cristo (ou não procura ser)?... Está fora da definição bíblica. Aquele que é
como Cristo, vai amar o que Cristo ama e odiar o que Ele odeia porque Deus só
reconhece os princípios da fé que atua com evidências:
Crês, tu, que Deus é um só?
Fazes bem. Até os demônios crêem e tremem. Queres, pois, ficar certo, ó homem
insensato, de que a fé sem as obras é inoperante? Não foi por obras que Abraão,
o nosso pai, foi justificado, quando ofereceu sobre o altar o próprio filho,
Isaque? Vês como a fé operava juntamente com as suas obras; com efeito, foi
pelas obras que a fé se consumou, (Tiago 2:19-22).
Nossa responsabilidade de cuidar
Quando Deus criou o homem o estabeleceu para cuidar do planeta:
Criou Deus, pois, o homem à sua
imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. E Deus os abençoou e
lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a;
dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que
rasteja pela terra. E disse Deus ainda: Eis que vos tenho dado todas as ervas
que dão semente e se acham na superfície de toda a terra e todas as árvores em
que há fruto que dê semente; isso vos será para mantimento. E a todos os
animais da terra, e a todas as aves dos céus, e a todos os répteis da terra, em
que há fôlego de vida, toda erva verde lhes será para mantimento. E assim se
fez. Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom. Houve tarde e manhã,
o sexto dia. (Gênesis 1:28-31)
Tomou, pois, o SENHOR Deus ao
homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e o guardar. (Gênesis 2:15)
Observe a posição do homem em relação a Deus, era semelhante a Ele, e em
relação à terra e aos animais: deveria dominar, que se traduzia em cuidar para
que frutificasse e proteger. Da mesma forma como Deus cuidava do homem, o homem
deveria cuidar da terra e dos seres vivos, fazer desenvolver-se e cuidar de
tudo o mais que recebera.
Observe como Deus utilizava o cuidado da natureza como forma de
aprendizado sobre o próprio homem:
Porque na lei de Moisés está
escrito: Não atarás a boca ao boi, quando pisa o trigo [referência a
Deuteronômio 25:4]. Acaso, é com bois que Deus se preocupa? Ou é, seguramente,
por nós que ele o diz? Certo que é por nós que está escrito; pois o que lavra
cumpre fazê-lo com esperança; o que pisa o trigo faça-o na esperança de receber
a parte que lhe é devida. Se nós vos semeamos as coisas espirituais, será muito
recolhermos de vós bens materiais? (1 Coríntios 9:9-11).
No lidar com os animais, devemos aprender princípios de Deus, pois a
Palavra os utiliza sempre. O mulo por sua natureza nos fala sobre resistir à
voz de Deus (a mula de Balaão – Números 22); a arca onde Noé reuniu os pares de
animais e aqueles que retornaram lhe dando o sinal da terra seca onde aportar
(Genesis 9), a ovelha que foi usada na metáfora de Natã para repreender Davi...
O cuidado e o respeito com os animais são indicadores de que um coração é
justo: “O justo atenta
para a vida dos seus animais, mas o coração dos perversos é cruel.” (Provérbios
12:10). E outros.
Duas incoerências esclarecidas
Em especial, quero colocar o amor que se pode ter
por animal de estimação e dois tipos de incoerência que podemos encontrar:
O SENHOR enviou Natã a Davi. Chegando Natã a Davi,
disse-lhe: Havia numa cidade dois homens, um rico e outro pobre. Tinha o rico
ovelhas e gado em grande número; mas o pobre não tinha coisa nenhuma, senão uma
cordeirinha que comprara e criara, e que em sua casa crescera, junto com seus
filhos; comia do seu bocado e do seu copo bebia; dormia nos seus braços, e a
tinha como filha. Vindo um viajante ao homem rico, não quis este tomar das suas
ovelhas e do gado para dar de comer ao viajante que viera a ele; mas tomou a
cordeirinha do homem pobre e a preparou para o homem que lhe havia chegado. Então,
o furor de Davi se acendeu sobremaneira contra aquele homem, e disse a Natã:
Tão certo como vive o SENHOR, o homem que fez isso deve ser morto. E pela
cordeirinha restituirá quatro vezes, porque fez tal coisa e porque não se
compadeceu. Então, disse Natã a Davi: Tu és o homem. [...] (2 Samuel 12:1)
Os dois tipos de incoerência que essa história pode elucidar: Davi foi
capaz de indignar-se por um animal e matar sem piedade um homem fiel e digno, abusando
do poder. Deus condenou o pecado do assassinato pelo seu próprio apego aos
animais. Entretanto, também pecam os que se consideram piedosos e maltratam os
animais: “O justo atenta para a vida dos seus animais, mas o coração dos perversos
é cruel.” (Provérbios 12:10). O homem foi posto na terra para ser um guardião da
vida e todas as vidas que são postas sob sua alçada vão ser requeridas das suas
mãos, seja a vida das pessoas ou a vida dos animais e plantas (Gênesis 1:28-30;
2:15).
Valorizando, sobretudo, a vida
A vida humana é bem mais preciosa do que a vida dos
animais, mas a vida dos animais também é importante e deve ser respeitada e
cuidada: “observai os corvos,
os quais não semeiam, nem ceifam, não têm despensa nem celeiros; todavia, Deus
os sustenta. Quanto mais valeis do que as aves!” (Lucas 12:24). Outro
exemplo está em:
Ao que lhes respondeu: Qual
dentre vós será o homem que, tendo uma ovelha, e, num sábado, esta cair numa
cova, não fará todo o esforço, tirando-a dali? Ora, quanto mais vale um homem
que uma ovelha? Logo, é lícito, nos sábados, fazer o bem. (Mateus 12:11-12).
Observe que nesses versículos Jesus considera correto fazer o bem tanto
às pessoas quanto aos animais. Porque “o justo
atenta para a vida dos seus animais, mas o coração dos perversos é cruel.”
(Provérbios 12:10). A crueldade contra os animais é prevista na lei
em vários momentos. Por exemplo, por três vezes é dito: “Não cozerás o cabrito no leite da sua própria
mãe.” (Êxodo 23:19; 34:26; Deuteronômio 14:21). Você imagina coisa
mais cruel do que usar aquilo que deveria alimentar e dar a vida a um ser para
a sua morte? Deus não proíbe fazer cabrito cozido, mas proíbe que as pessoas se
tornem insensíveis à essência daquilo que fazem, das origens e destinos de suas
ações.
Os nossos relacionamentos com os animais são um centro de treinamento de
Deus. Não pense que é possível ser cruel com um animal, desampará-lo,
abandoná-lo porque está velho e doente ou porque ficou grande, ou porque você
mudou de casa ou de cidade ou sei mais porque e não ter que prestar contas disso
a Deus. Deus se importa com crueldade para com sua criação, que Ele nos deu
para cuidar.
Tratando a vida como um assunto sério
Tome por exemplo a importância dessa relação de
cuidado com os animais, o ato de que os principais sinais de uma criança psicopata
é matar e praticar atos de crueldade, principalmente contra filhotes de
animais. Um psicopata é uma pessoa que possui:
[...] distúrbio mental
grave em que o enfermo apresenta comportamentos antissociais e amorais sem
demonstração de arrependimento ou remorso, incapacidade para amar e se
relacionar com outras pessoas com laços afetivos profundos, egocentrismo
extremo e incapacidade de aprender com a experiência. (HOUAISS, 2009).
O que quero frisar aqui é que a responsabilidade com a vida sob seus
cuidados é marca clara de alguém que se diz de Deus, mas nós podemos ser
profundamente incoerentes nisso, a exemplo de Davi. Jesus morreu para que nós
tivéssemos vida e nós não podemos nos eximir de nossas obrigações para com a
vida de toda a criação, principalmente com a do nosso semelhante. Se você tem
compromisso com Deus, tem compromisso com a vida de Deus e com aqueles e aquilo
que Deus ama. E a Vida segundo Deus exclui a iniqüidade, a violação da lei de
Deus, em todos os seus artigos e áreas.
É preciso odiar a morte para amar a vida
Portanto, não fique muito feliz com um cristianismo que lhe leva a
alguma reunião religiosa e depois faz a sua vida permanecer com todos os
costumes e ações que Deus não tolera, porque Deus não está feliz com isso. Foi
essa a mensagem de Jesus desde o começo: “Arrependei-vos
porque está próximo o reino dos céus” (Mateus 3:2). O reino dos
céus é “[...] paz, alegria e justiça no
Espírito Santo” (Romanos 14:17), mas é o reino de Deus regulado
pelas leis e princípios dEle e não pelo pecado, por isso a Palavra é clara:
Tribulação e angústia virão sobre a alma de
qualquer homem que faz o mal, ao judeu primeiro e também ao grego; glória,
porém, e honra, e paz a todo aquele que pratica o bem, ao judeu primeiro e
também ao grego. Porque para com Deus não há acepção de pessoas. (Romanos
2:9-11)
A escolha será sempre sua vida ou morte, porque tudo na vida tem suas
consequências.
Você pode orar assim:
Senhor, tem misericórdia de mim
e ajuda-me a me afastar do pecado e ser coerente com aquilo que eu proclamo
ser: cristão, à imagem e semelhança de Cristo.
HOUAISS, Antônio (Ed). Dicionário Houaiss Eletrônico. Rio
de Janeiro: Objetiva, 2009.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente a mensagem ou faça sua pergunta.