sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

A vida e a força do amor




Há uma noção de amor que está destruindo essa geração. A noção de amor que não nega nada. A noção de amor que não tem sim e nem não. O amor que é tudo e termina sendo nada. O amor sem força de amar. Mas se eu quero lhe falar sobre o amor de Deus, automaticamente tenho que falar que se alguém ama, também precisa odiar. Odiar significa ter repugnância, aversão a alguma coisa. É impossível amar sem odiar e é impossível amar e odiar o mesmo objeto de amor.  O ódio a alguém ou alguma coisa só existe quando o amor àquilo muda de residência.

Quando você ama, protege tudo e todos aqueles que ama e também odeia. Odeia tudo que possa fazer-lhes mal e feri-los. Quem ama crianças tem horror a crimes cometidos contra elas, tem compaixão das que estão sem uma família e pelas ruas, adota-as, cria ONGs, assina petições, faz protestos, ajuda de alguma forma, mas também quer punição para pedofilia, leis mais rígidas, ação policial em defesa das crianças e faz denúncias. O amor pelas crianças inspira cuidados com elas e esses cuidados nos colocam contra tudo e todos que possam fazer-lhes qualquer mal.

O amor é forte, mais forte do que a morte, porque foi o amor quem ressuscitou Jesus. Deus é amor. Imagine a força que faz nascer uma estrela... Ali está a força do amor. Observe a foto abaixo... É o nascimento de uma série de estrelas:


Figura do nascimento de estrelas, chamada botão de Rosas, fotografia d NASA
Deus ama tanto os homens que enviou seu Filho para tirar o pecado que mata o homem e os escraviza:

Agora, porém, libertados do pecado, transformados em servos de Deus, tendes o vosso fruto para a santificação e, por fim, a vida eterna; porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor. (Romanos 6:22-23)

E aí está o binômio amor e ódio: o Deus Santo, que ama tanto o homem, precisou odiar o pecado em nós, que era nossa morte, e destrui-lo, ainda que isso custasse a vida do seu Filho porque “aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus.”  (2 Coríntios 5:21). E tudo o que Deus sente pelo pecado caiu sobre Jesus, para que nós fôssemos livres da morte que o pecado causa.

Essa á grande chance que Jesus nos dá de sermos como Deus, livres de pecado, santos e cheios da vida de Deus, sua natureza e poder. Foi por essa identificação com a natureza santa de Deus e seu poder e não apenas por discursos teológicos ou filosóficos que os discípulos foram chamados de cristãos: “tendo-o encontrado, levou-o para Antioquia. E, por todo um ano, se reuniram naquela igreja e ensinaram numerosa multidão. Em Antioquia, foram os discípulos, pela primeira vez, chamados cristãos.” (Atos 11:26).

Não é um nome ou a certeza de que Jesus existiu que faz Jesus nos reconhecer como seus, mas a nossa vida semelhante a dEle, agradável a Deus:

Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade. (Mateus 7:22-23)

A palavra iniqüidade no original grego é “anomia” significa “violação da lei”, ou seja, estar fora das regras. Jesus veio para nos fazer retos diante dos princípios do Pai, se alguém realmente é cristão é como Cristo, submisso aos princípios de Deus e da sua Palavra. Isso quebra o poder de identidade das placas de Igreja e nos dá uma responsabilidade ainda maior. Nós podemos até estar satisfeitos com nosso nível de cristianismo, mas Deus tem princípios estabelecidos do que deve ser reconhecido num cristão e são esses que Ele vai usar para nos reconhecer, não importa o que pensarmos.

O crivo das evidências de fé







É esse o crivo que nós precisamos colocar nas nossas vidas e não o jargão de que todos são cristãos automaticamente ou por osmose. Você é cristão? Então, é (ou procura ser) como Cristo. Não é como Cristo (ou não procura ser)?... Está fora da definição bíblica. Aquele que é como Cristo, vai amar o que Cristo ama e odiar o que Ele odeia porque Deus só reconhece os princípios da fé que atua com evidências:

Crês, tu, que Deus é um só? Fazes bem. Até os demônios crêem e tremem. Queres, pois, ficar certo, ó homem insensato, de que a fé sem as obras é inoperante? Não foi por obras que Abraão, o nosso pai, foi justificado, quando ofereceu sobre o altar o próprio filho, Isaque? Vês como a fé operava juntamente com as suas obras; com efeito, foi pelas obras que a fé se consumou, (Tiago 2:19-22).

Nossa responsabilidade de cuidar


Quando Deus criou o homem o estabeleceu para cuidar do planeta:

Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra. E disse Deus ainda: Eis que vos tenho dado todas as ervas que dão semente e se acham na superfície de toda a terra e todas as árvores em que há fruto que dê semente; isso vos será para mantimento. E a todos os animais da terra, e a todas as aves dos céus, e a todos os répteis da terra, em que há fôlego de vida, toda erva verde lhes será para mantimento. E assim se fez. Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom. Houve tarde e manhã, o sexto dia. (Gênesis 1:28-31)

Tomou, pois, o SENHOR Deus ao homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e o guardar. (Gênesis 2:15)

Observe a posição do homem em relação a Deus, era semelhante a Ele, e em relação à terra e aos animais: deveria dominar, que se traduzia em cuidar para que frutificasse e proteger. Da mesma forma como Deus cuidava do homem, o homem deveria cuidar da terra e dos seres vivos, fazer desenvolver-se e cuidar de tudo o mais que recebera.

Observe como Deus utilizava o cuidado da natureza como forma de aprendizado sobre o próprio homem:

Porque na lei de Moisés está escrito: Não atarás a boca ao boi, quando pisa o trigo [referência a Deuteronômio 25:4]. Acaso, é com bois que Deus se preocupa? Ou é, seguramente, por nós que ele o diz? Certo que é por nós que está escrito; pois o que lavra cumpre fazê-lo com esperança; o que pisa o trigo faça-o na esperança de receber a parte que lhe é devida. Se nós vos semeamos as coisas espirituais, será muito recolhermos de vós bens materiais? (1 Coríntios 9:9-11).

No lidar com os animais, devemos aprender princípios de Deus, pois a Palavra os utiliza sempre. O mulo por sua natureza nos fala sobre resistir à voz de Deus (a mula de Balaão – Números 22); a arca onde Noé reuniu os pares de animais e aqueles que retornaram lhe dando o sinal da terra seca onde aportar (Genesis 9), a ovelha que foi usada na metáfora de Natã para repreender Davi... O cuidado e o respeito com os animais são indicadores de que um coração é justo:  “O justo atenta para a vida dos seus animais, mas o coração dos perversos é cruel.” (Provérbios 12:10). E outros.

Duas incoerências esclarecidas


Em especial, quero colocar o amor que se pode ter por animal de estimação e dois tipos de incoerência que podemos encontrar:

O SENHOR enviou Natã a Davi. Chegando Natã a Davi, disse-lhe: Havia numa cidade dois homens, um rico e outro pobre. Tinha o rico ovelhas e gado em grande número; mas o pobre não tinha coisa nenhuma, senão uma cordeirinha que comprara e criara, e que em sua casa crescera, junto com seus filhos; comia do seu bocado e do seu copo bebia; dormia nos seus braços, e a tinha como filha. Vindo um viajante ao homem rico, não quis este tomar das suas ovelhas e do gado para dar de comer ao viajante que viera a ele; mas tomou a cordeirinha do homem pobre e a preparou para o homem que lhe havia chegado. Então, o furor de Davi se acendeu sobremaneira contra aquele homem, e disse a Natã: Tão certo como vive o SENHOR, o homem que fez isso deve ser morto. E pela cordeirinha restituirá quatro vezes, porque fez tal coisa e porque não se compadeceu. Então, disse Natã a Davi: Tu és o homem. [...] (2 Samuel 12:1)
  
Os dois tipos de incoerência que essa história pode elucidar: Davi foi capaz de indignar-se por um animal e matar sem piedade um homem fiel e digno, abusando do poder. Deus condenou o pecado do assassinato pelo seu próprio apego aos animais. Entretanto, também pecam os que se consideram piedosos e maltratam os animais: “O justo atenta para a vida dos seus animais, mas o coração dos perversos é cruel.” (Provérbios 12:10). O homem foi posto na terra para ser um guardião da vida e todas as vidas que são postas sob sua alçada vão ser requeridas das suas mãos, seja a vida das pessoas ou a vida dos animais e plantas (Gênesis 1:28-30; 2:15). 

Valorizando, sobretudo, a vida


A vida humana é bem mais preciosa do que a vida dos animais, mas a vida dos animais também é importante e deve ser respeitada e cuidada: “observai os corvos, os quais não semeiam, nem ceifam, não têm despensa nem celeiros; todavia, Deus os sustenta. Quanto mais valeis do que as aves!” (Lucas 12:24). Outro exemplo está em:

Ao que lhes respondeu: Qual dentre vós será o homem que, tendo uma ovelha, e, num sábado, esta cair numa cova, não fará todo o esforço, tirando-a dali? Ora, quanto mais vale um homem que uma ovelha? Logo, é lícito, nos sábados, fazer o bem. (Mateus 12:11-12).

Observe que nesses versículos Jesus considera correto fazer o bem tanto às pessoas quanto aos animais. Porque “o justo atenta para a vida dos seus animais, mas o coração dos perversos é cruel.” (Provérbios 12:10). A crueldade contra os animais é prevista na lei em vários momentos. Por exemplo, por três vezes é dito: “Não cozerás o cabrito no leite da sua própria mãe.”  (Êxodo 23:19; 34:26; Deuteronômio 14:21). Você imagina coisa mais cruel do que usar aquilo que deveria alimentar e dar a vida a um ser para a sua morte? Deus não proíbe fazer cabrito cozido, mas proíbe que as pessoas se tornem insensíveis à essência daquilo que fazem, das origens e destinos de suas ações.

Os nossos relacionamentos com os animais são um centro de treinamento de Deus. Não pense que é possível ser cruel com um animal, desampará-lo, abandoná-lo porque está velho e doente ou porque ficou grande, ou porque você mudou de casa ou de cidade ou sei mais porque e não ter que prestar contas disso a Deus. Deus se importa com crueldade para com sua criação, que Ele nos deu para cuidar.  

Tratando a vida como um assunto sério


Tome por exemplo a importância dessa relação de cuidado com os animais, o ato de que os principais sinais de uma criança psicopata é matar e praticar atos de crueldade, principalmente contra filhotes de animais. Um psicopata é uma pessoa que possui:

[...] distúrbio mental grave em que o enfermo apresenta comportamentos antissociais e amorais sem demonstração de arrependimento ou remorso, incapacidade para amar e se relacionar com outras pessoas com laços afetivos profundos, egocentrismo extremo e incapacidade de aprender com a experiência. (HOUAISS, 2009).

O que quero frisar aqui é que a responsabilidade com a vida sob seus cuidados é marca clara de alguém que se diz de Deus, mas nós podemos ser profundamente incoerentes nisso, a exemplo de Davi. Jesus morreu para que nós tivéssemos vida e nós não podemos nos eximir de nossas obrigações para com a vida de toda a criação, principalmente com a do nosso semelhante. Se você tem compromisso com Deus, tem compromisso com a vida de Deus e com aqueles e aquilo que Deus ama. E a Vida segundo Deus exclui a iniqüidade, a violação da lei de Deus, em todos os seus artigos e áreas.

É preciso odiar a morte para amar a vida


Portanto, não fique muito feliz com um cristianismo que lhe leva a alguma reunião religiosa e depois faz a sua vida permanecer com todos os costumes e ações que Deus não tolera, porque Deus não está feliz com isso. Foi essa a mensagem de Jesus desde o começo: “Arrependei-vos porque está próximo o reino dos céus” (Mateus 3:2). O reino dos céus é “[...] paz, alegria e justiça no Espírito Santo” (Romanos 14:17), mas é o reino de Deus regulado pelas leis e princípios dEle e não pelo pecado, por isso a Palavra é clara:

Tribulação e angústia virão sobre a alma de qualquer homem que faz o mal, ao judeu primeiro e também ao grego; glória, porém, e honra, e paz a todo aquele que pratica o bem, ao judeu primeiro e também ao grego. Porque para com Deus não há acepção de pessoas. (Romanos 2:9-11)

A escolha será sempre sua vida ou morte, porque tudo na vida tem suas consequências.

Você pode orar assim:

Senhor, tem misericórdia de mim e ajuda-me a me afastar do pecado e ser coerente com aquilo que eu proclamo ser: cristão, à imagem e semelhança de Cristo.



HOUAISS, Antônio (Ed). Dicionário Houaiss Eletrônico. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009.

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