segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Tirando as máscaras para ver a Deus





Nessas mais de duas décadas de ministério tenho visto pessoas evitando ser cristãs autênticas por muitas razões, todas com algum ganho. Todo desvio dos princípios de vida que Deus propõe têm um ganho para o que o mantém: o cigarro vicia, traz câncer e “n” problemas, mas dá prazer; a bebida desenfreada, da mesma forma; sempre termina na morte, o problema é que o caminho é longo o suficiente para entorpecer os caminhantes até que chega ao final, em um precipício, e o viajante, nesse ponto, geralmente não tem mais forças para voltar ou vem numa velocidade tão alta que não consegue parar. Com a mágoa, a raiva a ira e o ódio é da mesma forma.

Muitas vezes, esquecemos que o cristianismo só existe por causa do princípio do perdão. A missão de Jesus focava esse ponto: trazer o perdão dos pecados para que pudéssemos nos chegar a Deus. Esse texto é uma tentativa de colocar um cartaz na estrada e ver se conseguimos frear os motoristas, antes de caírem no penhasco, com o seguinte letreiro: “ATENÇÃO: ESTA PONTE ESTÁ QUEBRADA!!!”

O diabo é como um bom jogador de dama: ele arma a estratégia para nos deixar comer uma pedra, enquanto ele ganha o jogo, comendo várias peças e ainda fazendo a dama. Aqui estão pelo menos dez razões, que utilizamos para não perdoar e seus ganhos e prejuízos (o segundo sempre é o maior, mas geralmente é a longo prazo). Enumeramos dez formas de não perdoar que encontramos nos encontros no gabinete:

1. A rádio vítima: “Você sabe o que “Fulano” fez comigo?”      

Aqui,  não se perdoa porque, se você contar a mais uma pessoa, vai receber dó e atenção. Quando se tem disposição real de perdoar, não se repete o caso mais dez vezes a cem pessoas. Retira-se a força da mágoa pelo silêncio e oração. É assim que queremos que Deus nos perdoe.

Está no Pai Nosso ensinado por Jesus “perdoa-nos assim como temos perdoado nossos inimigos”. Mas, você pode obter um enorme suprimento de “Coitadinho(a)...”, “Como é que pode...”, “Hoje em dia, é assim...” e etc., que massagearão seu ego e lhe darão atenção, mas não trarão cura, forças ou comunhão com Deus.  

Jesus foi tentando a ter dó de si mesmo. Quando o Senhor anunciou o sofrimento da cruz, Pedro foi usado por Satanás e disse? "[...] Tem compaixão de ti, Senhor; isso de modo algum te acontecerá. Mas Jesus, voltando-se, disse a Pedro: Arreda, Satanás! Tu és para mim pedra de tropeço, porque não cogitas das coisas de Deus, e sim das dos homens." (Mateus 16:32-33). Reaja da mesma forma e rejeite a auto-comiseração, em nome de Jesus ou ela o(a) destruirá.


2.   O(a) herói(heroína) da fé


São pessoas que dizem mais ou menos isso: :“Ele fez A, B, C... Mas eu estou superando tudo como boa(bom) cristão...” Você pode não perdoar porque pode contar para todo mundo e chamar atenção para o seu sofrimento e como você é bom ou boa e não merecia aquele feito, então, ganha valorização com a publicação do mau feito pelo outro.

É semelhante ao anterior, só que aqui não é bem “a vítima” que a pessoa se torna, mas o herói abnegado. Aquele que foi traído, que fez tudo o que pôde e recebeu o mal ao invés de bem, mas é melhor do que o outro, ou que os outros... No final do relato você quer ouvir: “Como você é bom!...” 

Bem, para um cristão isso está no plano básico: “não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem. ” (Romanos 12:21). Não perdoar e remoer o erro dos outros com essa capa de bondade pode lhe tornar um herói para as pessoas, mas não para Deus. Como disse Pedro: “Pois que glória há, se, pecando e sendo esbofeteados por isso, o suportais com paciência? Se, entretanto, quando praticais o bem, sois igualmente afligidos e o suportais com paciência, isto é grato a Deus.” (2 Pedro 2:20).

E ainda tem a versão que termina a narrativa dizendo: “mas, eu perdoei, eu perdoei... ” e na próxima esquina está contando tudo de novo... O perdão é deixar ir livre da dívida. Espalhar a má fama para a pessoa não é perdoar.

3.   O inocente fruto das circunstâncias

O relato desse termina em: “É por isso que eu sou assim... ” Não perdoar porque isso poderá ser usado como justificativa por alguma coisa errada, que você faça ou sinta, então, acha que será tratado como se não tivesse feito a coisa errada. Um pecado nunca justificará outro. Cada um receberá seu salário, a morte. E se olhar em volta, um monte de pessoas passou pela mesma situação e optou por ter outra postura de vida.

A Bíblia é muito clara quando diz: “por que, pois, se queixa o homem vivente? Queixe-se cada um dos seus próprios pecados.” (Lamentações 3:39) e   “assim, pois, cada um de nós dará contas de si mesmo a Deus.” (Romanos 14:12). O pecado da pessoa que lhe fez mal é problema dela e o seu será sempre problema seu.  O irônico é que se ele ou ela se arrependerem e você continuar com mágoa ou for movido por ela para fazer o mal, a pessoa será liberada e você receberá juízo.

4.     O(a) manipulador(a):  

O discurso principal é: “Você precisa ver que eu fui muito ferida(o). Você precisa me convencer que mudou. Precisa me compensar...” Você pode não perdoar porque você lucra com o sentimento de culpa da pessoa, que lhe fez mal e se sente culpada, então, ganha poder com a chantagem emocional.

É muito comum pessoas manipuladoras levarem uma mágoa por anos não pela ofensa em si, mas pelas vantagens, que podem obter sobre o ofensor a partir dela. Pode ser a chantagem para guardar segredo, mas é bem mais comum a chantagem emocional sobre o ofensor. Se você criou um vínculo desse pela culpa ou pela mágoa, saiba que está num relacionamento muito doente e destrutivo, que não agrada a Deus. Pois isso é o inverso do amor e a Bíblia diz: “a ninguém fiqueis devendo coisa alguma, exceto o amor com que vos ameis uns aos outros; pois quem ama o próximo tem cumprido a lei.” (Romanos 13:8)

O perdão não é uma opção, é um pré-requisito da comunhão: “e, quando estiverdes orando, se tendes alguma coisa contra alguém, perdoai, para que vosso Pai celestial vos perdoe as vossas ofensas. ” (Marcos 11:25). Errado está quem não perdoa, quem não pede perdão e quem não se perdoa. No mais, fique quite com Deus da sua parte. O outro responde por si mesmo.   

5.  O(a) vingador(a) revoltado(a):

Você vai escutar: “Isso não vai ficar assim... Você vai ter que pagar!...”  Há pessoas que não perdoam  porque querem ver o(a) ofensor(a) punido(a) e sofrendo pelo mal que lhe fez de alguma forma, então, ganha com o sentimento de retaliação, como se estivesse através do seu pensamento, fazendo mal para o outro.

Muitas pessoas são carrascos em suas almas. Possuem masmorras dentro do coração, nas quais estão punindo e punindo, todos os dias, aqueles que os magoaram. Retornam centenas de vezes às situações de dor e as revivem e decretam a sentença merecida aos que os magoaram, sem perceber, que, na verdade estão reabrindo as feridas dentro de si mesmas e perdendo vida em sangramentos contínuos, que eles mesmos se auto-infligem. Mas, há uma satisfação interior com esse sentimento de vingança ou retaliação.

esse tipo de reação dá a sensação de poder dominar o que lhe fez sofrer, mas que, por fim, não é domínio, é fortalecimento do mal. E quanto mais forte ficar a retaliação, mais lhe fará mal. É alimentar o pecado do ódio, da raiz de amargura, que vai separá-lo da graça de Deus (Hebreus 12:15). O ódio precisa ser confessado e deixado (Provérbios 28:13) e ponto final.

6.    O(a) vingador(a) desmascarado(a):

É o estilo: “Agora você vai ver...” Não perdoar porque você pode se basear no mal sofrido e organizar uma vingança para que possa causar sofrimento pelo que ela lhe fez, ganha sentimento de satisfação pessoal com a vingança.

Essa atitude é a mesma anterior, só que não é apenas passiva, não fica apenas no desejo, mas trama a ação para a vingança. Não é apenas pensada, mas estrutura e se organiza para realmente fazer o mal para o outro, seja à sua imagem ou lhe causar algum tipo de prejuízo. As implicações são as mesmas. Tudo o que plantarmos, colheremos (Gálatas 6:8). A dissensão é obra da carne (Gálatas 5:19-21).

7.  O(a) violento(a):

A regra desse tipo de pessoa é: “Comigo é assim... Ninguém mexe comigo, não! Bateu, levou!”. A pessoa não perdoa porque se sente poderosa com a sensação e expressão da raiva. Assim, as pessoas vêem que você não é de brincadeira, mas é forte e você ganha “respeito”, para que ninguém tente mais fazer isso com você.

Esse pretenso respeito baseado em medo da possível violência com que você responderá, não será de nenhuma ajuda. Pois já diz o provérbio: “não tenhas inveja do homem violento, nem sigas nenhum de seus caminhos; porque o SENHOR abomina o perverso, mas aos retos trata com intimidade. “ (Provérbios 3: 31-32). Você acha que ganha respeito com explosões de raiva e violência e Deus tem nojo (abomina) de tais demonstrações... Isso não vai acabar bem...

8.  O(a) advogado(a):

Toma logo as providências cabíveis: “Isso não é justo, mas eu vou resolver. Se ninguém vai tomar uma providência mesmo, eu resolvo!”. Não perdoar porque você tem que tomar a justiça nas suas próprias mãos, e sentir-se mais justo do que todos os que não reagem, afinal você está querendo apenas os seus direitos e quem recebeu um mal desses tem o direito de ficar com mágoa, raiva ou ódio.

As leis estabelecem o Estado de direito. Quando Jesus nos recebeu, ele estabeleceu novas leis. E, no reino dos céus a constituição se deriva de dois artigos principais: amarás ao Senhor Teu Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo (Mateus 22:37-40). Logo, nesse conjunto de leis não se encaixa o direito ao ódio, mágoa, raiva, ódio ou vingança. Pelo contrário, diz: “então, disse Jesus a seus discípulos: se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me.” (Mateus 16:24).

9.   O(a) advogado(a) polido(a):

A justiça incorporada: “Eu só quero o que é justo... Ele(a) tem que ser punido(a). Isso é justo.” Não perdoar porque “toda pessoa justa tem que buscar a justiça”, é um disfarce quando, na verdade, não é pela justiça, é pela mágoa causada, porque você sente satisfação com a punição do outro e não alívio ou pesar pelo triste fim da situação.

Aqui, temos um disfarce de um sentimento de vingança por um “compromisso com a justiça”. Para diferenciar, pense que Deus não tem prazer na morte do ímpio (Ezequiel 18:23). Pense bem, se não ficaria satisfeito no íntimo com a punição recebida por aquela pessoa... Busque sinceridade diante de Deus e peça que Ele lhe ajude a separar os sentimentos. Há momentos em que você vai precisar entrar com processos e se defender ou buscar seus direitos ou até impedir que outras pessoas sejam prejudicadas (Lucas 22:36), mas se o correr disso traz alguma ponta de prazer, é porque a motivação está errada. Precisa ser corrigida.

10.   O(a) medroso(a): 

Não perdoa porque diz: “Mas, os outros vão pensar que eu sou besta...” Não perdoar por causa do que os outros vão achar, porque vão pensar que você é fraco, apesar de ter vontade de perdoar e esquecer o que passou e você ganha em imagem social ou aparência.

Não perdoar é também uma forma de negar Jesus e se negarmos Jesus diante dos homens, Ele nos negará diante do Pai (Mateus 10:33). O rei Saul quis manter a aparência diante dos homens e, depois, terminou muito mal (1 Samuel 15:24-30). É melhor parecer bem diante de Deus custe o que custar porque é a Ele a quem vamos prestar contas para o nosso destino eterno. Senão, o problema se tornará eterno, pois “se, porém, não perdoardes aos homens [as suas ofensas], tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas.”  (Mateus 6:15)

Você pode orar assim:

Querido Deus, eu peço perdão por ter resistido a perdoar. Peço perdão por ficar voltando às situações em que fui ofendido, por contar às pessoas, por me dobrar à chantagem ou usá-las como chantagem, por imaginar punições, por recorrer a demonstrações de violência ou por não querer assumir que desejo perdoar para não ser tido por fraco. Quero ser são diante de Ti, eu decido perdoar e quero a Ajuda do Teu espírito nisso. Sara-me Senhor, quero me ver livre dessas feridas e seguir em frente, em nome de Jesus.



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