sábado, 10 de novembro de 2012

Vencendo a falta de incentivo e o desprezo




Há uma história real que transformou-se em filme pela Walt Disney Pictures, “O melhor jogo da história”, que serve bem como exemplo do que está no meu coração para hoje. Ela conta a história do sonho de um menino pobre no início do século XX, que trabalha para ajudar a família em um campo de golfe. A primeira frase do seu pai no filme, ao receber a contribuição do menino com as despesas da casa é a seguinte: “É assim que nós fazemos, Francis, trabalhamos duro e trazemos dinheiro para casa.” Dizia isso enquanto colocava algumas cédulas no pote, que servia como cofre da família. E é o que o menino repete enquanto derrama suas moedinhas no mesmo pote sob os olhares orgulhosos de sua família. A ideia é “pertencer é trabalhar para dar sustento”.

Mas, a dinâmica da vida havia colocado em seu caminho uma bola de golfe. Sua curiosidade o levou a um artesão, que deixou-lhe um caro taco de golfe de presente. O menino seguiu treinando madrugadas a dentro, apesar do ralho da mãe. Quando pediu ao pai para ver uma apresentação de Vardon, não a conseguiu dele, mas a mãe o levou. Recebeu sua primeira lição de golfe do Vardon, em pessoa. Apesar do interesse de Francis, o golfe era um espaço elitizado, a ponto de o próprio Vardon, mesmo ganhado o quarto campeonato seguido não ser sócio de um clube por ser originário da classe baixa.

Apareceu para Francis a chance de tornar-se um jogador num campeonato amador. Para poder jogar seu primeiro campeonato, precisava de 50 dólares. Quando os pediu emprestado ao Pai, esta foi a conversa:
- Um jogo não dá a um homem o que é preciso para ganhar a vida. Alimentar a família. – retrucou o pai incrédulo.
- Se eu vencer, grandes coisas podem acontecer.
- Nada vai acontecer. E se você ganhar? O que vai receber em troca dos 50 dólares. Eu também tinha sonhos, mas não importa o que você faça, nunca conseguirá atravessar essa rua – decidiu o pai, apontando com a cabeça para o campo de golfe do outro lado da rua. O garoto insistiu e o pai então colocou uma condição:
- Se você perder, desiste do golfe, termina a escola, aprende um ofício e traz para casa um salário honesto.

O rapaz concordou. Creio que concordaria com qualquer coisa. Então, Francis seguiu em frente e entrou no campeonato. Mas, no momento final, o pai dele apareceu no campo com a face dura e incrédula, fitando-o. Ele se desconcentrou e não se classificou. Agora estaria fadado a cumprir a sua promessa ao pai e desistir do seu talento? Por um tempo, sim. Ele foi trabalhar numa loja de artigos esportivos. Estava lá há três anos, quando surgiu a  oportunidade de entrar em outro campeonato. Ele tinha apenas duas semanas para se preparar, mas esse não seria o principal obstáculo. Ele não aceitou a oferta a princípio, mas terminou não resistindo. Desta vez foi classificado no torneio, mas seu pai descobriu, e tiveram a seguinte conversa:

- Você vai parar isso agora! Um homem sabe onde é o seu lugar e se resigna a ele. Ouça: Isso é para o seu bem. Estou tentando protegê-lo. Francis, aqueles homens não têm que ganhar a vida. Tudo é dado a eles. Não somos desse tipo de gente. Agora, vá lá dizer a eles que você não pode fazer isso... Que foi um erro.
Francis recusou-se respeitosamente. Então, o pai o expulsou de casa, dando prazo até o fim do campeonato.

Francis Ouimet
Francis disputou o campeonato, chegou às finais contra Vardon e ganhou, diante do pai e dos seus olhos fixos e reprovadores. Mas, quando a vitória veio, o pai orgulhoso venceu o homem sofrido, incrédulo e resignado e ele foi cumprimentar o filho. Francis Ouimet tornou-se um empresário bem sucedido, venceu mais dois campeonatos amadores e tornou-se o golfista americano mais admirado.

Nem todos os Golias de Davi eram de carne e osso. Talvez esses sejam os mais fáceis de derrotar. Força, agilidade e destreza nos membros físicos são mais fáceis de desenvolver do que nas emoções e pensamentos. A família de Davi também o desprezava e subestimava. Quando o profeta chegou para ungir o rei, ele sequer foi chamado, mas o Senhor o colocou onde queria:

Perguntou Samuel a Jessé: Acabaram-se os teus filhos? Ele respondeu: Ainda falta o mais moço, que está apascentando as ovelhas. Disse, pois, Samuel a Jessé: Manda chamá-lo, pois não nos assentaremos à mesa sem que ele venha. [...] Disse o SENHOR: Levanta-te e unge-o, pois este é ele. Tomou Samuel o chifre do azeite e o ungiu no meio de seus irmãos; e, daquele dia em diante, o Espírito do SENHOR se apossou de Davi. (1 Samuel 16:11-13)

 Não é a origem social ou o reconhecimento da família que determina o nível de seu sucesso, nem o desprezo e nem os elogios, mas a sua fé no que Deus tem reservado para a sua vida.

Cuidado com as lutas internas



Observe como esse pai cria negativamente. Porque esse tipo de fé não só o impedirá de tentar, mas até de permitir, aceitar e apoiar que outros tentem. E creia, cada classe social tem seu treinamento mental e suas justificativas para não sair dela. Os preconceitos sofridos pelo “caddie” no jogo, eram a defesa da classe de elite. Se desejarmos ser livres, precisamos nos ver em todas as possibilidades de Jesus Cristo. Podemos ser tudo de bom, que está no nosso coração e superar o que for necessário para consegui-lo com a nossa perseverança.

Não estamos destinados a repetir a história, mas a mudá-la: “E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas.” (2 Coríntios 5:17). Toda vez que você olha para a terra para saber de onde é, a quem pertence, esquece que, ao nascer de novo, você recebeu o respeito que é devido a quem veio da semente divina, portanto, do céu.

O ambiente pode lhe criar uma impressão de limite, mas Deus criou o mundo e o universo do caos, do nada. Deus não precisa da sua herança terrena. Jesus, mais do que o filho de um carpinteiro, era filho de Deus e destinado à glória. Nós não podemos nos deixar crer que estamos aqui somente para repetir o que já está pronto. O Espírito nos dá novidade de vida, em todos os sentidos:
Ou, porventura, ignorais que todos nós que fomos batizados em Cristo Jesus fomos batizados na sua morte? Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em novidade de vida. (Romanos 6:3-4)

A libertação do pecado em Cristo nos libera para a bênção e todas as possibilidades de ser bênção e abençoados. Não somos escravos das nossas origens, nem das limitações de quaisquer espécies.

É preciso força para ir além dos limites


Muitas barreiras estão dentro de nós além do que nós podemos ter consciência. Precisamos nos dar ao trabalho de olharmos para toda e qualquer situação de nossas vidas de um ponto de vista que traga a vitória. Qualquer regra interna que nos faça desistir de algo bom, deve ser quebrada. Enquanto ela estiver dentro de nós ela nos tolherá no medo.

Quando avançamos para algo que ninguém do nosso grupo social tentou ou conseguiu, vamos encontrar a incompreensão e a resistência. Veja como o irmão de Davi o tratou, quando ele foi entregar a comida aos seus irmãos e quis saber sobre Golias:

Davi, deixando o que trouxera aos cuidados do guarda da bagagem, correu à batalha; e, chegando, perguntou a seus irmãos se estavam bem. Estando Davi ainda a falar com eles, eis que vinha subindo do exército dos filisteus o duelista, cujo nome era Golias, o filisteu de Gate; e falou as mesmas coisas que antes falara, e Davi o ouviu. [...] Então, falou Davi aos homens que estavam consigo, dizendo: Que farão àquele homem que ferir a este filisteu e tirar a afronta de sobre Israel? Quem é, pois, esse incircunciso filisteu, para afrontar os exércitos do Deus vivo? [...] Ouvindo-o Eliabe, seu irmão mais velho, falar àqueles homens, acendeu-se-lhe a ira contra Davi, e disse: Por que desceste aqui? E a quem deixaste aquelas poucas ovelhas no deserto? Bem conheço a tua presunção e a tua maldade; desceste apenas para ver a peleja. (1 Samuel 17:22-28)

Não é semelhante à raiva e à decepção do pai de Francis? Tem o mesmo fundamento: ninguém se atreve a isso, como você, que não tem capacidade, vai se atrever? Vá cuidar da sua vida e mantenha a sua posição. Coma, beba e sobreviva. Mas Davi, via mais em Deus.

A falta de compreensão da importância de determinados alvos é muito comum nesses casos. Eliabe não podia ir além de um soldado, não tinha o coração ousado como o de Davi. E como soldado, temia e esperava a solução de outra pessoa. Mas Davi tinha o coração de rei, líder, ele se via como solução de Deus. E ele foi o que viu.

Visão e desejo


Você sabe que todo professor que eu conheço já usou um “tafel”. E você, gostaria de um? Como você sabe se desejaria se não sabe o que é. Quem nunca viu, nunca desejou um “tafel”, quadro negro em alemão. Nós só desejamos o que conhecemos ou o que Deus nos revela que falta. Nós saímos pelo mundo em busca de suprimento para a nossa alma. Precisamos de subsistência para nosso mundo interior, tanto quanto para o nosso corpo físico. O sonho é a fome da alma. Quando andamos sem um sonho nós estamos morrendo à míngua. É a necessidade que nos atrai à luta. Davi tinha fome de levar Israel à vitória, ele tinha fome e sonho de rei. José tinha sonhos de ser líder e provedor, mas os irmãos de José o desprezavam, chamando-o de sonhador, mas o sonho dele se cumpriu.
Mas nem todo o desprezo que Davi, José, Francis e todos os outros sonhadores realizadores receberam os impediu de alcançarem seus sonhos porque eles se recusaram a desistir deles, não importando a dificuldade que tiveram de enfrentar para ser tudo o que eles podiam ser.

E o sofrimento da decepção?


Quem já desejou, tentou e não conseguiu, tentou ou sofreu? Quem nunca desejou nunca sofreu, mas valeu à pena? E os que tentaram, conseguiram e nem assim foram reconhecidos?

Primeiro, o sofrimento é inerente à vida. Quer você tente, quer não tente, sofrerá. Só por não tentar garantirá o sofrimento da certeza de não conseguir. Então, já que temos que atravessar o sofrimento, que seja por uma boa causa e uma tentativa de fazer algo melhor e maior do que o que já está pronto.

Receber desprezo ao invés de reconhecimento não significa derrota. Davi foi desprezado pela sua família ao receber o profeta para ungir o rei de Israel, mas não perdeu a promessa do trono por isso. Paulo fundou a maioria das igrejas da Europa, entretanto, muitas vezes, as pessoas que ele mesmo abençoara o desprezavam, mas isso não impediu seu ministério. Jesus foi o mais desprezado, homem de dores e que sabe o que é padecer, mas teve sua glória estabelecida sobre todo nome.

Em suma, precisamos de humildade para tentarmos dar um passo à frente na vida, senão, vamos ficar para trás, porque a vida continua passando e seremos deixados para trás. “Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de Deus, para que ele, em tempo oportuno, vos exalte,” (1 Pedro 5:6).

Então, podemos orar assim:

Senhor, dá-me a direção certa para seguir, a força para mudar o que for preciso e a humildade para tentar tantas vezes forem necessárias, sem considerar nenhum desprezo que me foi aplicado ou falta de apoio, em nome de Jesus. Amém.


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