Alguns devem ter notado o meu sumiço das postagens esses
dias. Estive bem ocupada. Deus estava me ensinando e testando alguns itens
obrigatórios na minha formação cristã. A lição mais forte esteve em Provérbios:
“Portanto, aquele que sabe que deve fazer o bem e não o faz
nisso está pecando.” (Tiago 4:17).
Sabe, há momentos em que diminuímos a nossa capacidade de fazer o bem à nossa
mera comodidade, mas a cruz não foi cômoda ou estava no caminho de Jesus. A
cruz foi o bem que Ele quis ensinar a todos nós e nem todos queremos realmente
aprender.
Tudo começou há três semanas atrás... Nesse tempo, acabava de comprar sete quilos
de ração para o meu único gatinho (ficava mais em conta). Um gato adulto come
em média 60 a 70 gramas de ração por dia. E apareceu esse gatinho de rua, preto, miando
por comida à minha porta. Deu um pouco de ração e ele e ele começou a aparecer.
Um dia, estava com ele, quando veio ao meu coração: “Faça ele ficar na sua casa,
hoje.” Eu pensei: É da minha mente. Isso porque meu gato é portador de uma
doença que nele é inativa, mas se passar a outro gato será fatal. Teria que
isolá-lo no terraço, fazer um festival de adaptações... E pensei: Certamente é
da minha mente...
Na mesma noite,
ouvi gritos de dor terríveis de um gato nas redondezas. Ainda sai para tentar socorrer,
mas não achei nada. De alguma forma, sabia que era ele. Orei... Dois dias
depois, encontrei com uma vizinha que disse ter visto de seu apartamento um
gato preto preso no portão do condomínio vizinho. Ela tinha gritado e alguém
havia aberto o portão. O gato havia corrido e escapado. Fiquei um pouco aliviada
com a notícia.
Então, uma semana
depois, estava tomando café, quando ouço o miado do meu amiguinho felino. Muito
feliz, fui cumprimentá-lo. Ele se jogou no chão miando e fui buscar ração,
quando cheguei e me deparei com o ferimento que tinha arrancado todo o pelo da
orelha até a espádua do animal e aberto uma fissura de mais ou menos três
centímetros abaixo da orelha. Eu nem pensei. Só lembrei de que “[...] aquele
que sabe que deve fazer o bem e não o faz nisso está pecando.” (Tiago 4:17). Coloquei-o
na caixa de transporte e levei-o ao veterinário. Sinceramente, não sei como um
ferimento desses estancou sem socorro ou pontos... Deus é maravilhoso! Chegando
ao veterinário, ele precisava de, pelo menos, uma semana de tratamento. Para
fazer isso, precisei de inventar uma parafernália no terraço para separar os
dois gatos e cuidei dele de Segunda a Sexta (lembra que não dava? Quando eu
tentei, eu vi que dava sim, mas também dava trabalho).
Não foi fácil.
Ele chorava de madrugada sem entender porque estava preso. Queria entrar em
casa. Eu ia lá acudir... Todos os dias tinha que fazer faxina na enfermaria
improvisada. Ele não sabia usar caixa de areia no primeiro dia... Limpei o
chão... Fazia curativos duas vezes por dia... Cada dia me apegava mais e sabia
que não poderia ficar com ele. E, finalmente, na sexta ele passou mal. Levei ao
veterinário e, imaginem, ele teve uma torção no estômago de tanto comer. Ficou
internado da sexta para o Sábado. Levei-o para casa no Sábado de tarde,
coloquei um pouco de comida como o médico disse. E deixei tudo aparentemente ok.
Precisava ir à reunião dos jovens. Saí.
Ao voltar à minha
casa absolutamente telada e que pensava inexpugnável para felinos, meu hóspede de
quatro patas havia passado da varanda para dentro de casa e de dentro de casa
para a rua. Só Deus sabe como. O tratamento ficou pela metade, a ferida ainda
está aberta, e ele comeu da comida de meu gato, o que é um risco enorme para
ele... E agora, Jesus? – pensei. Então, outro versículo veio ao meu coração: “e não nos
cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não desfalecermos.” (Gálatas
6:9).
Jesus disse que eu cuidasse dele e não que tudo ia ser
como eu queria. Mas, se fizermos para Jesus não terá sido em vão. O Senhor
disse em sua palavra que há pessoas que reagem exatamente como animais,
limitados aos sentidos, como esse gatinho. A lógica dele foi a baseada na
percepção: Estou com fome, não quero ficar aqui sem acesso à rua, levei furadas
(do soro e da medicação). Esse povo coloca esse líquido dentro da minha ferida
duas vezes por dia (irrigação de soro), depois tem esse creme (pomada
cicatrizante). Não, aqui estou sofrendo, quero a minha liberdade. A liberdade que
ele busca na sua falta de entendimento pode significar bicheiras, fome, sede,
frio... envenenamento, maus tratos, mais acidentes... Mas quantas pessoas não
reagem assim quando nós e o Senhor queremos cuidar delas?
Talvez você já tenha se dedicado grandemente a alguém que
não recebeu o que você deu. Não foi em vão. O Senhor recebeu sua oferta. Também
não fique magoado ou magoada. Entregue no altar de Deus e Ele receberá e se
alegrará. Não deixe que a dureza de alguém mude a compaixão no seu coração,
senão o mal terá lhe vencido e transformado. A graça dá o que não merecemos e
a compaixão é o mover-se para aplicar a graça, que ajuda. Somos chamados a
sermos instrumentos da graça. Vença o mal com o bem, porque Deus vê e espera o
bem de nós, assim como ele enviou Jesus para fazer o bem. Ande “como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e
com poder, o qual andou por toda parte, fazendo o bem e curando a todos os
oprimidos do diabo, porque Deus era com ele;” (Atos 10:38). Já lembra Pedro que fomos
chamados a viver um evangelho nos braços e nas pernas e não só na língua ou na
teoria do coração: “[...] se o teu inimigo tiver fome,
dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto,
amontoarás brasas vivas sobre a sua cabeça. Não te deixes vencer do mal, mas
vence o mal com o bem.” (Romanos 12:20-21). Fazer o bem cansa, demora, ocupa tempo, espaço, recursos mentais,
emocionais, financeiros, mas, no Senhor Jesus, vale a pena. Um cristianismo que
não estende a mão ao necessitado, à vida que clama por ajuda, não é um
cristianismo digno de Cristo. É hipocrisia e religiosidade. O padrão de Deus não tem coisa pequena ou sem importância onde esse princípio deva ser aplicado: " Quem é fiel no pouco também é fiel no muito; e quem é injusto no pouco também é injusto no muito." (Lucas 16:10).
Você pode orar assim:
Senhor, ajuda-me a
vencer o mal com o bem. Ajuda-me a não desistir de ser uma bênção, mesmo quando
as pessoas não quiserem ser abençoadas. Fortalece-me diante da crueldade do
mundo para que não fique insensível às necessidades alheias e egoísta,
focando-me apenas nas minhas comodidades e necessidades. Que eu seja para o
outro o que eu sei que tu és para mim, em nome de Jesus.
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