sábado, 6 de outubro de 2012

Quanto você vale?





Todo valor é relativo. Para um pescador uma rede é sobrevivência. Para um decorador é uma peça rústica de decoração. Para um artesão é matéria prima... E as pessoas?... Como lhes atribuímos valor?  Conheço muitas pessoas que passaram a vida tentando cumprir as expectativas dos pais, mães, patrões, amigos, esposos, esposas, amores, etc... Até que ponto isso é saudável ou possível? A estória abaixo serve para ilustrar um ponto a respeito disso...

Um açougueiro estava em sua loja e ficou surpreso quando um cachorro entrou. Ele espantou o cachorro, mas logo o cãozinho voltou. Quando tentou espantá-lo novamente, foi que viu que o animal trazia um bilhete na boca. Ele pegou o bilhete e leu:
- Pode me mandar doze salsichas e uma perna de carneiro, por favor. Assinado Zé.
Ele olhou e viu que dentro da boca do cachorro havia uma nota de 50 reais. Então, pegou o dinheiro, separou as salsichas e a perna de carneiro, colocou numa embalagem plástica junto com o troco e pôs na boca do cachorro.
O açougueiro ficou impressionado, e como já era mesmo hora de fechar o açougue, decidiu seguir o animal. O cachorro desceu a rua, quando chegou ao cruzamento deixou a bolsa no chão, pulou e apertou o botão para fechar o sinal. Esperou pacientemente com o saco na boca até que o sinal fechasse e ele pudesse atravessar. O açougueiro e o cão foram caminhando pela rua, até que o cão parou em uma casa e pôs as compras na calçada. Então, voltou um pouco, correu e se atirou contra a porta. Tornou a fazer isso. Ninguém respondeu na casa. Então, o cachorro circundou a casa, pulou um muro baixo, foi até a janela e começou a bater com a cabeça no vidro várias vezes. Depois disso, caminhou de volta para a porta. Foi quando alguém abriu a porta e começou a bater no cachorro. O açougueiro correu até esta pessoa e o impediu, dizendo:
- O que você está fazendo? O seu cão é um gênio!
A pessoa respondeu:
- Um gênio? Esta já é a segunda vez esta semana que este estúpido esquece a chave!!!

Dá vontade de rir ou de chorar? Não sei, depende se você é o dono do cão, o cão ou o açougueiro. O que você sente com essa história depende do seu papel na vida: se é o cão, quer chorar; se é o dono do cão é de se envergonhar; se é o padeiro, está indignado ou confuso. A realidade é que pessoas que se esforçam fazendo o máximo nem sempre são reconhecidas. Algumas pessoas acham que se reconhecerem qualidades nas outras diminuem as suas próprias qualidades ou vão fazer as elogiadas sentirem-se poderosas. Essas são as pessoas que aprenderam a ser mesquinhas para levarem vantagem sobre as outras. Essa necessidade de agradar ou ter reconhecimento impede você de dizer como Paulo: “Porventura, procuro eu, agora, o favor dos homens ou o de Deus? Ou procuro agradar a homens? Se agradasse ainda a homens, não seria servo de Cristo.” (Gálatas 1:10).  Pois uma pessoa de convicções próprias vive servindo a Deus mesmo distante de supervisão “não servindo à vista, como para agradar a homens, mas como servos de Cristo, fazendo, de coração, a vontade de Deus;” (Efésios 6:6).   

Aqui, temos dois exemplos péssimos: o do dono do cão, que não se permite ser agradado e o do cão, que permanece submisso aos caprichos e à incompreensão do dono. Esse não reconhecimento terminará quebrando a relação de lealdade e dedicação com qualquer pessoa saudável.

Eu não sou cachorro, não... 




Entretanto, o problema real não está nas pessoas, que não lhe dão valor, mas naquelas que continuam se submetendo a quem, sistematicamente, as humilham e degradam, mesmo quando o seu desempenho é excelente e merecia elogios. Não é possível entender-se como humildade obrigar-se a permanecer em um relacionamento onde, mesmo se dando ao máximo, se continua a ser humilhado(a) e agredido(a) por causa de uma necessidade de receber aprovação, que é claramente doentia. No campo profissional, isso é chamado abuso moral e é crime, inscrito no código penal. No campo relacional, pode ir do abuso verbal à violência e também está inscrito no código penal. Davi submeteu-se a Saul porque era rei ungido por Deus, mas não permitiu que este o matasse. Quando Davi percebeu que corria perigo de vida, saiu de perto de Saul (1 Samuel 20). Ele não o desrespeitou ou se voltou contra ele, mas não se submeteu à sua injustiça. Apesar de ter suportado muitas coisas, sabendo que Saul não tinha o juízo perfeito. Davi gostava de Saul e tinha misericórdia dele, mas quando entendeu que não podia convencê-lo de seu amor e fidelidade, deixou-o.

Os egocêntricos serão sempre maus chefes


Davi viveu isso com Saul. Quanto mais Davi o servia, mais sucesso tinha. Quanto mais sucesso tinha, mais Saul recebia os resultados, mas também mais se opunha a Davi. Chegou ao ponto de tentar matá-lo diversas vezes e persegui-lo sem nenhuma razão a não ser a inveja e o sentimento de perseguição, que o atormentava. Davi continuou com Saul por um tempo, mas quando viu que não havia como agradá-lo, que não era sua culpa o descontentamento de Saul, ele decidiu tomar seu próprio rumo. (1 Samuel 16-29).

Você pode continuar excedendo às expectativas, mas, para os olhos de alguns, você estará sempre recebendo o retorno como se fosse abaixo do esperado. Isso não acontecerá por sua causa, mas por causa daquele que não consegue atribuir valor a outra pessoa. 

E o dono do cão é assim 


Hoje em dia, se fala de gerência de competências. Para se fazer um trabalho, precisamos nos cercar de talentos com conhecimentos maiores que os nossos, especializados em determinadas áreas, que agreguem valor aos produtos. Esses talentos são tão importantes para a empresa, quanto o capital financeiro. É pelo talento dessas pessoas que se gera a inovação. É a inovação que mantém a empresa viva e pulsando. O gerente precisa saber coordenar talentos sem deixá-los se chocarem, alimentá-los para se manterem produtivos e aumentarem sua produtividade, financiando o seu potencial criativo. Então, é completamente diferente dessa postura crítica e restritiva, que se viu no exemplo.

O que o tipo de chefe como o dono do cão não sabe, é que emprego não é uma missão sagrada. Pode ser mudado, quando as condições não forem saudáveis ou quando houver uma situação melhor em vista. O faraó perdeu todos os funcionários hebreus de uma vez por causa da servidão injusta que lhes impôs. Eles foram libertos porque clamaram a Deus, mas eles clamaram a Deus por um motivo:

23 Decorridos muitos dias, morreu o rei do Egito; os filhos de Israel gemiam sob a servidão e por causa dela clamaram, e o seu clamor subiu a Deus. 24  Ouvindo Deus o seu gemido, lembrou-se da sua aliança com Abraão, com Isaque e com Jacó. 25  E viu Deus os filhos de Israel e atentou para a sua condição. (Êxodo 2: 23-25).

6  Disse mais [a Moisés]: Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó. Moisés escondeu o rosto, porque temeu olhar para Deus. 7  Disse ainda o SENHOR: Certamente, vi a aflição do meu povo, que está no Egito, e ouvi o seu clamor por causa dos seus exatores. Conheço-lhe o sofrimento; 8  por isso, desci a fim de livrá-lo da mão dos egípcios e para fazê-lo subir daquela terra a uma terra boa e ampla, terra que mana leite e mel; o lugar do cananeu, do heteu, do amorreu, do ferezeu, do heveu e do jebuseu. 9  Pois o clamor dos filhos de Israel chegou até mim, e também vejo a opressão com que os egípcios os estão oprimindo. (Êxodo 3:6-9)

Quando o povo de Deus clama pelo Deus de sua aliança, ele se move e o livra da opressão. Mas, enquanto o povo esteve numa situação suportável, não buscou a Deus. Um funcionário vende o seu potencial de produção e precisa receber não apenas salário justo por seu esforço, mas o respeito devido ao seu potencial de contribuição para a agregação de valor ao produto na empresa.  

Perdendo os talentos


A empresa que não percebe isso termina por perder os profissionais e seus talentos. E junto com eles, o valor que eles agregavam ao seu produto, que são o sentido de ser e o que mantém viva a empresa. Nenhuma máquina será capaz de substituir uma pessoa competente, fiel e dedicada. Máquinas não desenvolvem compromisso afetivo e moral. Mas, essas pessoas precisam ser respeitadas e se darem ao respeito, para uma relação justa e não opressiva de trabalho. Se isso não acontece, clame e virá a libertação e o juízo sobre o opressor.

4  Eis que o salário dos trabalhadores que ceifaram os vossos campos e que por vós foi retido com fraude está clamando; e os clamores dos ceifeiros penetraram até aos ouvidos do Senhor dos Exércitos. 5  Tendes vivido regaladamente sobre a terra; tendes vivido nos prazeres; tendes engordado o vosso coração, em dia de matança; 6  tendes condenado e matado o justo, sem que ele vos faça resistência. (Tiago 5:4-6).

Entenda como salário, a recompensa pelo serviço, tudo o que a pessoa que trabalha tem direito perante a lei de Deus e a dos homens. Se um emprego não lhe dá ambiente para crescer ou ser respeitado você precisa entender que Deus não só tem aquele posto na terra. Esteja pronto para buscar sempre o melhor e não se acomodar com a servidão. Por outro lado, não seja imprudente de abandonar tudo de uma vez e ficar sem sustento. Mas, esteja atento à oportunidades e clame a Deus por libertação para que Ele mude a situação. Enquanto o povo não clamou, não saiu do Egito. Enquanto você não se incomodar o suficiente para clamar, você não estará realmente incomodado com a situação. Clamor significa gritar um pedido em voz alta. Ainda que seja um grito sem som, mas demonstra toda a angústia daquele que clama.

 Nem o cão, nem o dono 


Precisamos desenvolver um relacionamento saudável com nossas obrigações e falhas em como qualquer relacionamento é preciso que o valor de cada parte seja reconhecido. A esposa precisa reconhecer o valor do esposo e vice-versa; o pai reconhecer o valor do filho e vice-versa; poderia dar mil aplicações a essa palavra, pois a Palavra de Deus diz: “pagai a todos o que lhes é devido: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem respeito, respeito; a quem honra, honra.” (Romanos 13:7). A palavra original para respeito (phobos) é ligada à palavra temor, como a alguém que está acima na linha hierárquica e a palavra honra (timê) fala de pagamento em dinheiro, como o salário, mas também significa estima e dignidade, o que confirma o que tenho defendido até aqui. Seja salário, seja reconhecimento, cada um deve ter o que merece pelo que faz.

 A primeira liberdade que você precisa ter é dentro de você. Saber que você não tem que se submeter a um relacionamento onde não recebe o devido valor. Depois, precisa pedir instruções a Deus para resolver esse relacionamento. Certamente, será diferente a providência a tomar com relação ao emprego de que em relação ao namoro ou casamento. Mas, o primeiro inimigo, que temos que vencer é a cobrança de nós mesmos e a auto-punição por não atender as expectativas dos outros ou às nossas.

Deus nos recebeu como nós somos, para nos transformar no que Ele é:

 Porque Cristo, quando nós ainda éramos fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios. Dificilmente, alguém morreria por um justo; pois poderá ser que pelo bom alguém se anime a morrer. Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores. Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira. (Romanos 5:6-9)

Se Deus nos aceitou, nos comprando por preço tão alto, não devemos nos vender como coisas miseráveis e sem valor, mendigando atenção e carinho. Por outro lado, o nosso valor não vem de nós, mas do que nos foi dado por Deus, assim, não somos o que somos por nós mesmos e aquilo que temos é uma dívida de gratidão e não motivo para a insubmissão e arrogância. Toda a honra e a glória é do Senhor. Como Paulo sabia viver:

8  por honra e por desonra, por infâmia e por boa fama, como enganadores e sendo verdadeiros; 9  como desconhecidos e, entretanto, bem conhecidos; como se estivéssemos morrendo e, contudo, eis que vivemos; como castigados, porém não mortos; 10  entristecidos, mas sempre alegres; pobres, mas enriquecendo a muitos; nada tendo, mas possuindo tudo. (2 Coríntios 6:8-10)

Se tirarmos os olhos das mãos dos homens, poderemos ver as asas que o Pai nos deu. Não tínhamos nada, Ele nos deu tudo, para glorificarmos a Ele e o glorificando, nos tornamos parte da sua glória, que é independente da aprovação de qualquer ser humano.

Um novo princípio de relacionamento

Deus estabeleceu conosco um novo princípio de relacionamento. A base não é a nossa perfeição, mas a perfeição do Amor de Deus por nós, enviando Jesus para tirar o nosso pecado. Não é só um momento, mas é uma nova base de relacionamento com Deus. A graça, aquilo que Deus dá sem que mereçamos, o favor não merecido de Deus, se derrama para nós. Então,  precisamos aprender a nos relacionar em todos os níveis a partir dessa graça.

Que diremos, pois, à vista destas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós? Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por nós. (Romanos 8:31, 33-34).

Vença a barreira de se deixar receber as críticas como se fossem cortes de espada, os erros apontados como se fossem balas de alto calibre e os elogios como se fossem o bálsamo dos céus. Se você dá tanta importância assim ao que os outros dizem, você será facilmente manipulável. Para lhe submeter é só lhe elogiar ou lhe cobrar cada dia mais (ou as duas coisas). Assuma que o erro é parte da vida e que você só pode manter a consciência de ter tentado fazer o melhor possível. E que vai fazer o possível para consertar o que fez de errado. Se isso não for possível para você, passa a ser responsabilidade de Deus. Então, Deus transformará esses erros em bênção. 

Fez errado, peça perdão ao Pai e se perdoe. Procure consertar o que estragou na medida do possível e siga em frente com a consciência limpa. É o máximo que uma pessoa saudável pode fazer. Mas, não se torne escravo de pessoas, tentando fazer tudo o que elas querem e nem tente escravizar pessoas, manipulando-as para fazerem o que você quer, oprimindo-as e escravizando-as. Esses relacionamentos doentios só produzem frutos venenosos.

Você pode orar assim:
Senhor, dá-me ousadia de aceitar que erros são parte da minha vida, mas não a dominam ou a determinam. Perdoa-me por exigir de mim e dos outros a perfeição, que está além da natureza humana. Quero perdoar também os que não são perfeitos assim como eu e a mim mesmo(a). Ajuda-me a compreender e viver na tua graça, Senhor, fazendo o melhor POSSÍVEL. Somente o possível, mas todo o possível. Eu te peço em nome de Jesus. 





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