quarta-feira, 1 de maio de 2013

José: A formação do caráter de um vencedor





Você pode pensar que Deus dá vitória sobre o que pedimos ou fazemos, mas a principal vitória que sustenta todas as outras é aquilo que somos interiormente. A vitória é uma responsabilidade que precisamos estar aptos a assumir. Nenhu outro personagem da Bíblia no Velho Testamento ensinou-me mais sobre caráter do que José. 


Você pode começar com uma pergunta estranha: José era um “dedo-duro” ou um bom administrador aos dezessete anos?

Esta é a história de Jacó. Tendo José dezessete anos, apascentava os rebanhos com seus irmãos; sendo ainda jovem, acompanhava os filhos de Bila e os filhos de Zilpa, mulheres de seu pai; e trazia más notícias deles a seu pai. (Gênesis 37:2)

José era o filho preferido, que recebia autoridade de príncipe sobre os irmãos (uma túnica talar representava isso), mesmo sem ter esse direito por nascimento, pois era o antepenúltimo e esse direito era do primogênito, que seria Rúben. Mas, ele era o primeiro filho da mulher mais amada, pela qual Jacó trabalhara 14 anos, nascido depois de muito tempo de esterilidade (Gênesis 37:3).

Os outros filhos se ressentiam da preferência do pai. E José ainda teve dois sonhos em que se colocava como autoridade sobre os irmãos e até sobre o pai e a mãe. Ouvir isso aumentou o ódio dos irmãos contra ele. Até o pai achou que ele estava indo longe demais nos sonhos. Quanto mais ele compartilhava os sonhos grandiosos, mais os irmãos tinham ciúmes (Gênesis 37:5-9). Esse trecho é muito interessante:

10  Contando-o [o sonho] a seu pai e a seus irmãos, repreendeu-o o pai e lhe disse: Que sonho é esse que tiveste? Acaso, viremos, eu e tua mãe e teus irmãos, a inclinar-nos perante ti em terra? 11  Seus irmãos lhe tinham ciúmes; o pai, no entanto, considerava o caso consigo mesmo. (Gênesis 37:10-11).

Na realidade, era o pai colocava José na posição de fiscal dos irmãos e José sempre se dispunha a obedecer.

12  E, como foram os irmãos apascentar o rebanho do pai, em Siquém, 13  perguntou Israel a José: Não apascentam teus irmãos o rebanho em Siquém? Vem, enviar-te-ei a eles. Respondeu-lhe José: Eis-me aqui. 14  Disse-lhe Israel: Vai, agora, e vê se vão bem teus irmãos e o rebanho; e traze-me notícias. Assim, o enviou do vale de Hebrom, e ele foi a Siquém. (Gênesis 37:12-14).

O que acontece quando alguém de quem não se devia esperar nada tem grandes sonhos? José era o penúltimo filho de doze. A sua mãe havia morrido há muito tempo. Entre o nascimento de José e Benjamin, seu irmão mais novo, havia pelo menos um ano. A mãe de José morreu ao nascer Benjamin. Isso significa que eles ficaram órfãos muito cedo e o carinho do pai era tudo o que tinham. Por isso, o apego tão grande.

Os demais irmãos eram filhos de uma mulher que fora imposta ao pai, Lia, e mais duas escravas, com as quais Jacó não tinha ligação emocional nenhuma. Não era difícil entender porque ele tratava José como primogênito. Mas, para os outros irmãos, tudo estava sendo injusto. A família tinha relacionamentos desequilibrados e o desrespeito era fundamentado no rancor. Chegou ao ponto de o verdadeiro primogênito, Rúben, fornicar com uma das mães dos seus irmãos, a serva Bila, desonrando o pai (Gênesis 35:22).

Essa família era bem problemática e dividida. Um sonho do tamanho do sonho de José não encontraria realmente um espaço para florescer facilmente nela. Mas, nenhum problema de família poderá jamais impedir o florescimento dos sonhos de Deus para aqueles que crêem e nem determinará o caráter daqueles que temem a Deus. Veja o que podemos aprender com a história de José e sua peregrinação até a concretização de seus sonhos.


A primeira batalha: o príncipe escravizado




Querido e exaltado pelo pai, segue em uma missão de obediência e termina lançado em uma cisterna pelos próprios irmãos. José definitivamente saiu de sua zona de conforto. (Gênesis 37:17-22). Talvez a surpresa tivesse sido menor se ele estivesse andando e simplesmente caísse numa cisterna. Porque apesar do ódio dos irmãos, José não o percebia até esse momento. Se ele suspeitasse desse ódio não contaria seus sonhos repetidamente e não teria ido sozinho ao seu encontro. José desconhecia um princípio triste da mediocridade humana: todos os medíocres detestam os que brilham e sonham. O seu sonho e a sua excelência revelarão a acomodação e a limitação de muitos. Então, aprenda com José e seja prudente ao falar de seus sonhos e suas vitórias.

Outra opção que José fez foi manter seu princípio de excelência. Se ele tivesse cedido à tentação de ser como seus irmãos e fazer o trabalho de forma insuficiente para ser aceito por eles, ele não teria tido esse problema. Mas, ele fazia para o pai que amava e o amor faz da melhor maneira possível. Além disso, colocado em liderança, estendia seu padrão de qualidade para o que os irmãos faziam.

Sem forças para voltar atrás

Rúben tinha a consciência pesada, já tinha desonrado o pai, não era que tivesse amor a José, mas sua cota já estava cheia. Além disso, ele era o primogênito, tinha ou deveria ter autoridade sobre os demais. Era o responsável. Então, Rúben tentou evitar a tragédia.

21  Mas Rúben, ouvindo isso, livrou-o das mãos deles e disse: Não lhe tiremos a vida. 22  Também lhes disse Rúben: Não derrameis sangue; lançai-o nesta cisterna que está no deserto, e não ponhais mão sobre ele; isto disse para o livrar deles, a fim de o restituir ao pai. (Gênesis 37:21-22).

Mas, o ódio já tinha estabelecido seu alvo. Entretanto, a consciência de Judá se moveu e ele redirecionou a ação de ódio, da morte para o sofrimento e humilhação do irmão (Gênesis 37:26-27).  José foi parar na cisterna sem água e depois foi vendido como escravo. O príncipe passou a valer o preço de um escravo, vendido por seus irmãos.

A intervenção de Rúben não foi suficiente. Foi fraca diante do grupo sedento de vingança e movido pelo ciúme e inveja. Se você tiver que impedir um grupo que age motivado pelo ódio, seja imediato e não vire as costas, porque senão poderá ser tarde demais. Mais um fracasso entrou na conta de Rúben. Perdera o irmão menor. Ele estava esperando ser definitivamente expulso de casa. Mas, ainda assim, Rúben era tão fraco que não foi atrás da caravana procurar comprar José e livrá-lo. Imagine o relatório de José para o pai... Sua consciência pesada lhe fazia uma companhia cada dia mais presente.

29  Tendo Rúben voltado à cisterna, eis que José não estava nela; então, rasgou as suas vestes. 30  E, voltando a seus irmãos, disse: Não está lá o menino; e, eu, para onde irei? (Gênesis 37: 29-30)

Encobrindo o mau com o péssimo

Como sempre, um abismo leva a outro abismo, e o ódio e seus crimes de violência, traição e avareza levaram à mentira. O pacto vergonhoso da mentira, que se selou no meio dos irmãos culpados de sangue inocente. Eles disseram que não haviam sequer encontrado com José. Levaram a túnica que fora arrancada dele, manchada com sangue de bode para o pai reconhecer. (Gênesis 37:31-32). José realmente havia sido morto pelo ódio deles há muito tempo. Aquela oportunidade somente tinha dado ocasião à materialização do ódio. Muitas pessoas acham mais fácil ocultar o mal feito do que procurar enfrentá-lo e resolvê-lo. Imagine como esses homens viveram os anos seguintes, a cada dia que olhavam para o pai ou para Benjamin...

33  Ele [Jacó] a reconheceu e disse: É a túnica de meu filho; um animal selvagem o terá comido, certamente José foi despedaçado. 34  Então, Jacó rasgou as suas vestes, e se cingiu de pano de saco, e lamentou o filho por muitos dias. 35  Levantaram-se todos os seus filhos e todas as suas filhas, para o consolarem; ele, porém, recusou ser consolado e disse: Chorando, descerei a meu filho até à sepultura. E de fato o chorou seu pai. (Gênesis 37:33-35).

O coração do pai foi despedaçado pelo ódio dos filhos. Sua falta de sabedoria ao mostrar preferências entre os filhos resultou num desastre emocional, de consequências que ele não poderia imaginar. Mas, Deus transforma tudo em bênção e estaria forjando um caráter no filho de Jacó para que ele se assemelhasse ao Filho do Altíssimo e pudesse realizar todos os sonhos de Deus para ele.

O príncipe escravizado

Sem perceber, José foi matriculado na universidade dos oficiais de faraó. Na casa de Potifar, como mordomo de sua casa, ele pôde aprender como funcionavam os negócios e a política no palácio de faraó de maneira indireta. José passou das mãos dos irmãos para as mãos dos midianitas e das mãos destes, para as mãos de Potifar. Mas, a frase mais forte da história de José começa a aparecer: O Senhor era com José (Gênesis 39:2).

O nosso caráter é aquilo que somos independente da situação ou pessoa com quem estamos ou de quem nos observa. Deus está interessado em formar o nosso caráter. Não apenas o que aparentamos ser, mas o que realmente somos. José mostrava o que os irmãos faziam de errado ao pai. Mas, ele fazia isso para que o pai o valorizasse ou porque José tinha apego à excelência? O verdadeiro caráter nos move quando ninguém está olhando. José tinha no coração o princípio de servir ao Senhor, por isso o Senhor era com Ele, onde quer que ele andasse.

A integridade de José

José tinha sido traído, injustiçado e ferido emocionalmente pelos seus irmãos, pela sua família. Ele tinha uma oportunidade de ficar revoltado ou de mostrar a quem ele servia. Ele podia ter escolhido ser como seus agressores e abandonar os valores pelos quais parecia ter obtido desvantagem. Sempre teremos essa escolha. Quando o fogo vem sobre o ouro, as impurezas ficam na superfície, e o ouro refinado desce para o fundo porque é mais pesado. Escolha aquilo que tem mais peso diante de Deus no momento do sofrimento. Escolha manter o caráter e a excelência, e o mesmo Deus que abençoou José abençoará você também:

3  Vendo Potifar que o SENHOR era com ele e que tudo o que ele fazia o SENHOR prosperava em suas mãos, 4  logrou José mercê perante ele, a quem servia; e ele o pôs por mordomo de sua casa e lhe passou às mãos tudo o que tinha. 5  E, desde que o fizera mordomo de sua casa e sobre tudo o que tinha, o SENHOR abençoou a casa do egípcio por amor de José; a bênção do SENHOR estava sobre tudo o que tinha, tanto em casa como no campo. 6  Potifar tudo o que tinha confiou às mãos de José, de maneira que, tendo-o por mordomo, de nada sabia, além do pão com que se alimentava. José era formoso de porte e de aparência. (Gênesis 39:3-6)

Observe o que acontece quando os valores de Deus estão no seu caráter e não somente na sua aparência:

1)    É visível a bênção do Senhor naquilo que fazemos: “Vendo Potifar [...]”;
2)    A promoção é alcançada, independente da situação ou do status. José subiu de escravo para mordomo e tinha acesso a usufruir de todos os bens do patrão;
3)    Aquele que desenvolve o caráter de servo de Deus traz a bênção de Deus para onde estiver colocando as mãos, como José trouxe sobre a casa de Potifar;
4)    O servo de Deus obtém a confiança das autoridades, que estão sobre eles, como José tinha a total confiança de Potifar. Quem é leal, é digno de confiança. Quem é leal a Deus é leal ao seu empregador.

O segundo grande desafio

A palavra bem-aventurado significa ao mesmo tempo mais do que feliz e digno de ser invejado. Quando alguém manifesta a bênção de Deus, seja onde for, deve ser consciente que nem tudo serão flores. A competência de José na casa do pai trouxe os olhos orgulhosos do seu pai sobre ele, assim como os olhos invejosos dos seus irmãos. Na casa de Potifar, a mesma excelência trouxe os olhos generosos do patrão, como também os olhos cobiçosos da sua esposa.

Nenhum sucesso é tão sereno. Nenhuma conquista eterna. Tudo o que é bom impõe desafios a nosso espírito, alma e corpo. Porque temos um inimigo que veio para matar, roubar e destruir aquilo que é bom, perfeito e agradável. Apesar de que muitas vezes nós não percebemos que a raiz de tudo é o que somos para Deus, o inimigo sabe. Ele procura transformar as bênçãos em armadilhas, tornando-as em oportunidades para pecar. E José chegou ao ponto de aproximar-se da esposa de seu patrão o suficiente para perder a túnica. Não há como tirar uma túnica de ninguém sem uma aproximação física. E foi aí que José perdeu a segunda túnica. A primeira, ele perdeu para o ódio dos irmãos e a segunda, para a cobiça da mulher adúltera. Foi suficiente esse relance de fraqueza para terminar no calabouço do faraó (Gênesis 39:7-20).

No primeiro caso, José teve que resistir ao mal que os outros lhe ofereciam, no segundo, José teve que resistir aos seus próprios desejos maus. São duas lições importantes de crescimento. Não somente resistir ao mal que nos oferecem, mas também ao mal que desejamos, pelas fraquezas de nossa própria carne. Apesar de ter resistido ao mal. Ele não obteve sucesso em escapar da difamação e da falsa acusação. Mas observe o que a palavra diz a respeito:

20  E o senhor de José o tomou e o lançou no cárcere, no lugar onde os presos do rei estavam encarcerados; ali ficou ele na prisão. 21  O SENHOR, porém, era com José, e lhe foi benigno, e lhe deu mercê perante o carcereiro; (Gênesis 39:20)

Quando a aprovação de Deus não é tão óbvia

Mesmo que as coisas não saiam como deveriam sair, quando você faz o que deveria fazer, não quer dizer que o Senhor não está com você. Os pensamentos dEle não são como os nossos. Os meios dEle não são como os nossos. Muito menos pense que tudo vai ficar como está, porque está escrito: O cetro dos ímpios não permanecerá sobre a sorte dos justos, para que o justo não estenda a mão à iniqüidade.” (Salmo 125:3).

E, principalmente, os caminhos dEle, não têm que ser os mais fáceis e diretos. Fazer a vontade de Deus não significa que tudo vai acontecer sem atropelos, imediatamente, sem dificuldades. Significa que o Senhor estará com você e lhe fará chegar ao sonho que Ele tem a seu respeito. Mas, antes de tudo Ele vai forjar o seu coração para que você possa receber o seu sonho.

Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o Senhor: na sua mente imprimirei as minhas leis, também sobre o seu coração as inscreverei; e eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo. (Hebreus 8:10)

Amanhã seguirei com aquilo que o Senhor me falou sobre a formação do caráter de um vencedor na história de José.

Até mais, por hoje.


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