Em 200 a. C., um grande general chamado Aníbal lutou contra
Roma, o grande império daqueles tempos, na África, em um lugar chamado Zama.
Aníbal tinha uma convicção de que a arma definitiva contra Roma eram os
elefantes. Seu pai havia tentado usá-los em guerra e não havia conseguido. Mas,
Aníbal estava convencido de que eles eram invencíveis, a arma definitiva. Levou
seu exército pelos Alpes e, na viagem,...
perdeu metade dos homens e a maioria dos
elefantes, mas mesmo assim estava convicto de que essa arma seria a sua
vitória. Aníbal então, enfrentou um general romano chamado Cipião. Como esse general tinha um número quase igual
de soldados, Aníbal firmou-se ainda mais na ideia de que os elefantes eram “A Arma”. Mas Cipião
era muito conhecido por resolver problemas criativamente. E foi o que
aconteceu com o problema dos elefantes.
Cipião deu ordem para que, ao virem as fileiras de
elefantes, o exército abrisse um espaço no meio das fileiras, por onde eles
passassem. Ao invés de atacá-los, os liderados de Cipião atacavam os “cavaleiros”
que os dirigiam. Os elefantes se descontrolavam e, então, os homens de Cipião
faziam muito barulho, batendo as espadas nas armaduras, o que faziam os
elefantes virarem e correrem contra o exército de Aníbal na fuga, pisoteando
centenas de soldados.
A derrota foi terrível e os inimigos de Cipião se renderam,
terminando a 2ª. Guerra Púnica. Mas, Aníbal, até em seu leito de morte, dizia: “Se
pelo menos eu tivesse mais elefantes, eu teria vencido.”
Certamente, Aníbal tinha dificuldade em lidar, atuar efetivamente
em uma ambiente de algum tipo – enfrentar seus desafios e capitalizar suas
possibilidades a fim de ter o que queria, precisava e merecia. Essa é uma das
definições de inteligência que a ciência usa. Por um tempo, se focou a visão de
inteligência na medida do Quociente de Inteligência (QI), como algo estático e
inalterável, além de ser a única possibilidade de ver e exercer inteligência.
Hoje, depois da teoria das múltiplas inteligências, podem ser percebidas outras
áreas como inteligência emocional (habilidade resolver dificuldades no nível
emocional), inteligência social (resolve problemas no nível relacional),
inteligência prática (resolve problemas para organizar-se mentalmente para
resolver questões) e outras. A questão é
que nosso mundo muda tão rapidamente que se tornou uma questão de sobrevivência
adaptar-se rapidamente à resolução de problemas que vêm ao nosso encontro todos
os dias.
Entretanto, considero que a questão não é só de
inteligência. Os dilemas que encontramos diariamente não envolvem questões de
guerra física, onde a violência é o caminho para resolver problemas, mas envolvem,
também e especialmente questões morais e intelectuais onde a ética precisa ser considerada.
Resolver um problema não é só conseguir a solução mais vantajosa, é conseguir a
solução mais justa e amorosa. Creio, sinceramente, que estamos padecendo muito
exatamente porque temos esquecido disso. Temos dificuldade de exercer uma
justiça que considere os vários aspectos do caso e traga a paz. Não estou
falando de autoridades constituídas. Estou falando de nós mesmos, na nossa vida
diária e pessoal. As autoridades que constituímos são conseqüências desses
padrões que nossa cultura adota.
Observe que a inteligência de Aníbal estava limitada pela
sua teimosia e arrogância. Não era o poder dos elefantes que ele queria
afirmar, mas o seu, a sua idéia de trazê-los. Por causa da sua teimosia ele
provocou a morte de homens, animais e a derrota de cidades inteiras. Mas sua
visão estava tão limitada pelos seus princípios egocêntricos que não se deu
conta disso até na hora da morte. A sua inteligência foi bloqueada pelos seus
conceitos, os quais baseavam a sua visão e atitude para com o que precisava
ser resolvido. Em outras palavras, os conceitos e valores que baseavam a sua forma de ver a
situação e as prioridades o levaram a uma solução limitada e derrotada.
Uma pessoa inteligente pode resolver questões, mas antes da
inteligência agir é preciso escolher sob que enfoque vai se aplicar a
inteligência, que questões resolver, então, há algo que precede a inteligência. A
Bíblia conta uma história em que um rei precisava descobrir entre duas mulheres
qual delas era a mãe verdadeira de uma criança (1 Rs 3:16-28). Todas duas reclamavam a
maternidade da criança. Uma havia dormido por cima da criança e
a sufocado. Então, trocou o filho morto com o filho da companheira de quarto,
pois a criança era da mesma idade. A solução do rei Salomão foi criativa:
ordenou que um guarda cortasse a criança ao meio e desse metade para cada uma.
A solução que parecia a mais cruel, na realidade era um teste moral. A mãe
verdadeira iria ser provocada pelo amor e entregar o filho. E foi isso que
aconteceu. Então, ela pôde receber seu filho de volta e a outra foi punida por
falso testemunho.
Essa solução só foi possível porque a criatividade aliou-se
ao princípio de que o que define uma mãe é o amor pelo filho. Para gerar a
solução, ele partiu de uma compreensão que via a justiça a partir do amor. Era justo
que a mãe ficasse com o filho, o vínculo que gerou esse direito era o amor. Quando
se considera sobre que princípios resolvemos nossos problemas, encontramos mais
do que inteligência, encontramos a sabedoria.
Uma sabedoria superior
A inteligência de Aníbal pensou em atravessar países para
uma guerra com um exército e elefantes, a sabedoria pensaria no motivo porque
ele estava tentando fazer isso e se valeria à pena. Mas, além da sabedoria
comum, filosófica, humana, existe uma sabedoria que deve ser considerada mais
profundamente, a sabedoria dada por Deus. Ela está acessível a nós, pois Tiago
1:5 nos garante: “Se, porém, algum de
vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e não o
lança em rosto; e ser-lhe-á concedida.” Vinda de Deus, essa sabedoria é
especial. Sua base é sólida e dá soluções justas e não apenas adequadas ou
passageiras.
A base da sabedoria de Deus nos conecta a Ele mesmo: “O
temor do SENHOR é o princípio da sabedoria; bom entendimento têm todos os que
cumprem os seus mandamentos; o seu louvor permanece para sempre.” (Salmo
110:10). O respeito pelos princípios de Deus e sua pessoa é o princípio da
sabedoria, que é maior do que a inteligência. Se a inteligência é importante e
todos precisam desenvolver, a sabedoria que baseia e norteia a inteligência é
ainda mais. E a sabedoria vem não apenas de um conhecimento teórico dos
preceitos de Deus, mas da prática, como diz o versículo acima. E quando essa
sabedoria entra em ação a sua solução não é passageira, ela tem caráter eterno
porque é baseada em princípios eternos.
Estamos acostumados a reagir rápido, a nossa correria
pede isso. Mas, a rapidez pode nos levar a tomar decisões erradas, práticas
demais para serem amorosas ou justas. É preciso segurar por um pouco o óbvio
para ouvir de Deus se as questões que estamos resolvendo são realmente as mais
importantes e se aquele problema é o principal realmente. Os americanos usam
uma expressão interessante: “Think out of the box”. Seria “pense fora da caixa”.
Muitas vezes, pensamos que estamos mudando alguma coisa, mas estamos apenas
repetindo o comportamento que a mídia induziu. O amor de Deus é revolucionário, sempre. Deus é amor, e se Ele vai mudar alguma coisa, Ele não vai
mudar com ódio. Não adianta querer semear justiça com ódio.
Por exemplo, quando houve o triste caso da mulher que
espancou o cãozinho até à morte na frente da filha pequena, as pessoas se
comoveram. O ódio daquela mulher matou o cãozinho. Eram o ódio e a crueldade os
problemas. Mas, na realidade, muitas pessoas que achavam que eram justas,
simplesmente ficaram com ódio daquela mulher. Ela recebeu ameaças de morte, o
que torna os seus críticos seus iguais. Que diferença pode fazer o ódio dela
ser trocado pelo ódio das pessoas por ela? A sociedade tem obrigação de
corrigir pessoas, para proteger os cidadãos de pessoas violentas (essa
violência não foi só ao cãozinho, a sua filha assistiu horrorizada a cena e
poderia ter sido contra ela), mas proteção é amor e não vingança. Para isso a justiça devia servir, porque o que ela fez também é contra a
Lei Federal dos Crimes Ambientais 9.605/98,
artigo 32. Mas, pessoas tomam a solução dessas questões esquecendo os
princípios de sabedoria, que são o temor do Senhor que é antes de tudo amor e
justiça. A sociedade não vai melhorar com mais ódio, principalmente se nós o
disfarçarmos como justiça. A justiça não precisa do ódio, como nós também não. O
ódio traz uma carga mortal com ele, que só gera mais desgraça.
Observe o que diz a
fonte de sabedoria: “Aquele que diz que está na luz, e odeia a seu irmão, até agora está em trevas. Aquele que ama a
seu irmão está na luz, e nele não há escândalo. Mas aquele
que odeia a seu irmão está em trevas, e anda em trevas, e não sabe para
onde deva ir; porque as trevas lhe
cegaram os olhos.” (1 João 2:9-11). E também “qualquer que odeia a seu irmão é homicida. E vós sabeis que nenhum
homicida tem a vida eterna permanecendo nele.” (1 João 3:15).
Quantas vezes vemos cristãos indignados com determinados
assuntos e por desejarem coisas certas usam o método errado de dizerem palavras
de baixo calão contra o que protestam. Entretanto, ao tentarem ser “justos” nas
suas causas, entristecem o Espírito Santo que é muito mais precioso: “Não saia
da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só a que for boa para promover a edificação, para que dê graça aos que a ouvem. E não entristeçais o Espírito
Santo de Deus, no qual estais selados para o dia da redenção.” (Efésios
4:29-30).
Podemos encampar lutas
justas, mas quando usamos princípios sem sabedoria, vamos perder as batalhas ou ganhar batalhas e perder a guerra.
Aníbal perdeu por causa da teimosia e da vaidade, há cristãos perdendo por
causa do ódio, das palavras sujas, de usar o método do agressor contra ele,
devolvendo mal por mal e não vencendo com o bem e por aí continua. Se um
cristão quiser mudar o mundo pode entrar no templo, derrubar as mesas, dizer
umas verdades aos cambistas, mas não poderá tocá-los, pois nem Jesus fez isso. O chicote de Jesus derrubou as mesas e não os cambistas. E
essas verdades deverão ser o que está na palavra e não PALAVRÕES do mundo, gritarias, ódio e ameaças que nos torna iguais aos que Ele quer corrigir. E seremos julgados por isso, assim como aqueles contra os quais protestamos. Enfim, se quer mudanças e soluções, baseie-se em princípios de solução efetivos, os Princípios de Deus.
Querido Deus, preciso que tire o ódio de meu coração, a raiva e o rancor. Não quero que eles façam parte da minha estratégia para resolver qualquer situação ou problema. Espírito Santo, dá-me a tua sabedoria, dá-me o foco correto para que eu possa trazer o amor, a Paz e justiça e o Teu reino sobre a terra, em nome de Jesus.
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