Aquilo que somos sustenta o que podemos e temos. Investir no caráter é investir na semente da tudo. José, era um administrador competente. Gosto
muito dessa palavra “competência”, porque ela denota tanto uma capacidade,
quanto uma autoridade específicas. A capacidade dá autoridade e a autoridade
exige a capacidade. José não estava onde preferia, na casa do pai, mas onde
podia estar, na casa de Potifar. Mas, o importante é que ali era o lugar que a
bênção do Senhor o cercava e ele sabia usufruir disso. A lealdade de José, a
confiabilidade, a fidelidade e a sinceridade dele, o elevaram de apenas mais um
escravo para o gerente geral da casa e dos negócios do oficial de faraó.
Nessa
competência de José havia uma atitude fundamental. José tinha disponibilidade e
ousadia para aprender. Ele precisou aprender sobre tudo o que havia na casa de
Potifar e seus negócios. Tudo era novo para ele. Ele não tinha três
impedimentos comuns à aprendizagem: inferioridade, rancor e inveja.
Se
ele se sentisse pequeno demais para aquilo, fosse rancoroso ou invejoso do que
o egípcio tinha, ele nunca teria sido promovido. Ele não temia o tamanho da
tarefa porque sabia o tamanho do seu Deus. Ele não era dominado pelo rancor dos
que o colocaram naquela situação de escravidão porque sabia que somente o
Senhor dominava o destino da sua vida. E ele não invejava o egípcio, não tinha
raiva por sua riqueza em contraste com suas perdas e miséria, porque sabia o
tamanho da promessa que Deus lhe tinha feito.
Quando
a competência é baseada na lealdade, ela traz a promoção justa. Potifar
entregou mais autoridade a José porque percebeu que podia confiar nele
plenamente. Mesmo entre as pessoas leais, há diferença. Há um tipo de pessoa leal
em que você vê temor de errar e outro tipo de pessoa em que você vê compromisso
de acertar. O segundo tipo de pessoa é mais confiável porque tem o princípio
dentro de si e não se referencia aos outros.
As pessoas que temem errar estão sempre limitadas pelos
seus próprios medos. Ainda que tenham capacidade, não a usarão, por causa do
medo. Sempre temerão o novo, pois é um risco de erro. Ambos os tipos de pessoa
farão o melhor possível, mas aquele que ama o que é excelente tenderá a acertar
mais porque essa pessoa não faz as coisas por medo e sim por amor. O erro é
logo superado porque é só uma pedrinha no caminho. Quem teme o erro, erra mais
e tem dificuldade de consertá-lo porque lhe dói assumi-lo. Quem ama o acerto,
sabe que o erro é somente parte do processo. “Não havendo bois, o celeiro fica
limpo, mas pela força do boi há abundância de colheitas.” (Provérbios 14:4)
José corrigia os irmãos, agora podemos saber, que era por
amor à excelência e ao seu pai. José era zeloso com tudo o que se colocava sob
seus cuidados. Dessa característica veio a sua promoção: “vês a um homem
perito na sua obra? Perante reis será posto; não entre a plebe.” (Provérbios
22:29). Então, não é só esforçar-se que dá qualidade ao seu serviço, é esforçar-se
por amor, que dá liberdade para o novo e o avanço, assim como também para o
risco de errar.
O príncipe suou
Não
importa o que você pense, mas há coisas que só aprendemos vivendo. Autoridade e
submissão são duas delas. Algumas pessoas pensam que podem iniciar um grande
negócio sem nunca terem trabalhado. Há coisas que nenhum funcionário vai dizer
a nenhum patrão, mas dirá e pactuará com outro funcionário. Carbureto existe para
banana, mas não para pessoas. Não há saltos no amadurecimento e na experiência.
A bíblia fala de processos de amadurecimento:
3
E não somente isto, mas também nos gloriamos nas próprias tribulações,
sabendo que a tribulação produz perseverança; 4
e a perseverança, experiência; e a experiência, esperança. 5 Ora, a esperança não confunde, porque o amor
de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi
outorgado. (Romanos 5:3-5)
Paulo aprendeu que podia tudo em Jesus pelo que passou
com Ele e por Ele: “12 Tanto sei estar
humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já
tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de
escassez; 13 tudo posso naquele que me
fortalece.” (Filipenses 4:12-13). Muitas pessoas querem tomar esse
versículo à parte da experiência. Mas, não é isso que o contexto diz. A prática
da palavra é o que nos faz treinar o discernimento, ou seja, desenvolvê-lo: “mas o alimento
sólido é para os adultos, para aqueles que, pela prática, têm as suas
faculdades exercitadas para discernir não somente o bem, mas também o mal.”
(Hebreus 5:14).
Você nunca aprenderá sobre autoridade sem aprender a se
submeter e nunca aprenderá a se submeter sem praticar a submissão. José teve a
oportunidade dele e saiu-se muito bem. Nada como dar duro e obedecer ordens
para treinar um caráter. Infelizmente, muitos pais estão esquecendo de ensinar
o valor disso aos filhos e querem poupá-los de trabalhar e não os ensinam o
valor de submeterem-se. A sociedade grita por socorro, as esquinas estão
multiplicando os pontos de droga, e as vagas de emprego pedem qualificação, que
não é alcançada muitas vezes por falta de esforço para quem tem oportunidade e
por falta de oportunidade para quem quer fazer o esforço.
O dilema de José
Seja quais forem os nossos desafios, tudo dependerá de
como lidamos com a situação. A esposa de Potifar fez sua proposta,
provavelmente já tinha feito esse uso de escravos da casa antes, mas José
levantou três argumentos que o mantiveram na retidão:
7 Aconteceu, depois destas coisas,
que a mulher de seu senhor pôs os olhos em José e lhe disse: Deita-te comigo. 8 Ele, porém, recusou e disse à mulher do seu
senhor: Tem-me por mordomo o meu senhor e não sabe do que há em casa, pois tudo
o que tem me passou ele às minhas mãos. 9
Ele não é maior do que eu nesta casa e nenhuma coisa me vedou, senão a
ti, porque és sua mulher; como, pois, cometeria eu tamanha maldade e pecaria
contra Deus? (Gênesis 39:7-9)
José tinha compromissos morais com o seu patrão e acima
de tudo compromisso espiritual com Deus de manter sua integridade. Os argumentos
foram da terra para o céu:
1) O
meu patrão confia em mim plenamente – valor: vínculo de confiança com o próximo;
2) O
meu patrão supre as minhas necessidades compartilhando tudo comigo – valor: vínculo
de fidelidade com o próximo;
3) Contaminar
a esposa de meu patrão é traí-lo – valor: vínculo de fidelidade com o próximo;
4) Ainda
que ninguém visse, Deus é testemunha – valor: vínculo de fidelidade e
sinceridade com Deus.
5) Eu
não quero essa maldade para a minha vida para não me afastar de Deus, que tem
estado comigo e me abençoado em toda a minha vida – valor: vínculo de confiança,
fidelidade e sinceridade com Deus.
O mesmo tipo de caráter que José desenvolvia no seu
relacionamento com Deus, ele replicava com o próximo. Muitas pessoas pensam que
podem manter um caráter que se referencie só ao próximo, mas isso o levará a
contradições nos momentos onde ninguém estiver olhando. Relacionamentos com as
pessoas não são fortes o suficientes para nos impedir de fazer o mal se o nosso
relacionamento com Deus não o fizer.
Observe como José sabia valorizar aquilo que realmente
era precioso: a confiança, a fidelidade, a sinceridade, e, acima de tudo, a
presença do Senhor abençoando a sua vida. Sem o autocontrole, estamos a mercê
de tudo: “como
cidade derribada, que não tem muros, assim é o homem que não tem domínio
próprio.” (Provérbios 25:28). Esses valores o mantiveram na presença de
Deus porque ele os priorizou e não os negociou por um prazer passageiro. Apesar
de que Potifar não quisesse acreditar nele, Deus sabia a verdade e o guardou, mesmo
quando o acompanhou descendo ao último degrau para baixo: a masmorra de faraó.
No cárcere, aprendendo enquanto recomeça
Há muitos momentos em que nós não podemos fazer nada para
mudar a nossa situação. José não estava confortável, ou melhor, estava mais desconfortável
que antes. A situação estava difícil: “17 Adiante
deles enviou um homem, José, vendido como escravo; 18 cujos pés apertaram com grilhões e a quem
puseram em ferros, 19 até cumprir-se a
profecia a respeito dele, e tê-lo provado a palavra do SENHOR.” (Salmo 105:17).
O começo do trecho parece em desacordo com o final “vendido como escravo
[...] cumprir-se profecia [...]”, mas a universidade de Deus não é como a
nossa. José ainda tinha lições especiais de fé a desenvolver: paciência e
sensibilidade espiritual.
A capacidade de recomeçar é uma das armas mais
importantes da fé. Ela é nosso indicador de saúde espiritual. Abatido num voo
de certa altura na casa de Potifar, José parecia estar num nível mais baixo do
que antes. Na realidade, ele estava mais próximo do palácio de faraó, mas quem
não sabe qual é o seu destino não tem como saber se já está próximo dele. Essa
é uma das lições de fé que precisamos aprender. Sempre estamos mais próximos da
glória e da bênção quando caminhamos com o Senhor.
Não parece, mas é
Não parecia que a saída estava próxima quando o povo
chegou diante do Mar Vermelho, mas estavam; não parecia que o cárcere do faraó
estava próximo do sonho de glória de José, mas estava. Pode não parecer que
Deus está lhe levando à vitória, mas está. Não importa de onde você saia ou
aonde você vá, se o Senhor está com você, Ele lhe levará ao sonho que traçou
para a sua vida.
Ao brilho, que
aumenta cada vez mais - “Mas a vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai
brilhando mais e mais até ser dia perfeito.” (Provérbios 4:18)
A outro degrau de glória
- “E
todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do
Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como
pelo Senhor, o Espírito.” (2 Coríntios 3:18)
A outro nível da graça
- “Porque
todos nós temos recebido da sua plenitude e graça sobre graça.” (João 1:16)
Fazendo os contatos
Muitas pessoas acreditam que não precisam de contatos
para conseguir seus alvos ou que dependem dos contatos para obtê-los. Nem uma
coisa e nem outra é verdade. Se você acredita que não precisa de contatos, se
vê como auto-suficiente; por outro lado, se você se vê como dependente de
contatos, se vê como incapaz. A verdade que Deus nos coloca em ligação com as
pessoas certas e nos dá favor aos seus olhos pelo que nós somos e não pelo que
representamos ou bajulamos essas pessoas. Ele nos dá a oportunidade de sermos
conhecidos pelas pessoas. Assim aconteceu com José.
Em Gênesis 40:1-13,16-22, José conheceu na cadeia o
copeiro-chefe e o padeiro-chefe de faraó. E eles foram abençoados por José e a
sua capacidade dada por Deus de interpretar sonhos. Se José tivesse desistido
de seus sonhos não teria desenvolvido essa capacidade. Ele consideraria sonhos
uma bobagem e teria deixado de lado isso. Deus usou um sonho de outra pessoa para
levar José até o seu sonho. José interpretou corretamente o sonho do
copeiro-chefe, homem de confiança do faraó e o copeiro foi liberto. Mas esse
homem levou consigo a referência de José para apresentar ao faraó. Demorou dois
anos, mas o nome de José chegou aos ouvidos de faraó. Enquanto isso não
acontecia, paciência e trabalho diário para José. Não se esqueça, esteja onde
estiver você está sendo observado: “Portanto, também nós, visto que temos a rodear-nos
tão grande nuvem de testemunhas, desembaraçando-nos de todo peso e do pecado
que tenazmente nos assedia, corramos, com perseverança, a carreira que nos está
proposta,” (Hebreus 12:1).
Florescendo no meio do deserto
Observe o ambiente de superstição em que vivia o Egito...
Mais de dois mil deuses eram adorados no meio da maior potência econômica e
militar da época. Em plena prosperidade intelectual e financeira, uma pobreza
espiritual sem par era a brecha para José se apresentar. Nenhum ambiente é
inóspito quando Deus tem um propósito na sua vida. Após dois anos sem notícias,
José foi chamado à presença do rei para uma missão que todos os sábios do reino
tinham sido incapazes. Alta responsabilidade para ele (Gênesis 41:1-44).
José perdeu a terceira veste para encontrar-se com faraó.
Mas agora seria para receber as vestes de sábio governante. Foram dois sonhos,
os quais José interpretou como sete anos de fartura, seguidos por sete anos de
seca. E além de interpretar, trouxe uma solução: colocar um administrador para poupar
20% das colheitas para essa época de fome.
14
Então, Faraó mandou chamar a José, e o fizeram sair à pressa da
masmorra; ele se barbeou, mudou de roupa e foi apresentar-se a Faraó. [...] 39 Depois, disse Faraó a José: Visto que Deus te
fez saber tudo isto, ninguém há tão ajuizado e sábio como tu. 40 Administrarás a minha casa, e à tua palavra
obedecerá todo o meu povo; somente no trono eu serei maior do que tu. (Gênesis
41:14,39-40)
Não tema quando perder um cargo, uma posição, uma
aparente oportunidade, muito menos uma vaga, um concurso, prova, disciplina ou
o que valha, o que o Senhor está preparando para você são mais preciosas do que
jamais foi imaginado até mesmo por você: “mas, como está escrito: nem olhos
viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus
tem preparado para aqueles que o amam.” (1 Coríntios 2:9).
Você não imagina o que Deus está preparando
Eu duvido que José tenha-se imaginado sobre o trono do
Egito. Você pode ter sido treinado aos mais altos pensamentos, mas não será
capaz de imaginar o que Deus preparou para o seu desfile de vitória. Porque
20
[...] aquele que por (em conseqüência da) [ação de Seu] poder que está em
operação dentro de nós, é capaz de [levar a efeito Seu propósito e] e
superabundantemente mais, além e acima de tudo o que nós [ousarmos] pedir ou
pensar [infinitamente além de nossas mais altas orações, desejos, pensamentos,
esperanças ou sonhos] – (Efésios 3:20 – Bíblia Amplificada)
José só sabia que o sonho de Deus para ele era grande e
bom. Mas Deus cuidava de cada detalhe. Não só da entrega, mas da capacidade de
José receber esse presente. Pode ser que as pessoas elejam alguém que não tem
competência, ou alguém que apenas consegue bajular ou é parente ou aliado de
alguém receba um cargo de liderança por um momento, mas quando Deus estabelece,
ninguém derruba. A influência do governo de José durou 200 anos e abençoou toda
a nação hebraica. E enquanto isso, Deus aumentou o povo de Israel e o fez
prosperar no Egito. José teve outros desafios ao seu caráter enquanto esteve no
poder e vale à pena explorá-los. Mas isso fica para a próxima semana...
Você pode orar assim:
Querido
Deus, alinha o meu caráter para que eu possa receber o que tens preparado para
mim, em nome de Jesus.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente a mensagem ou faça sua pergunta.