quarta-feira, 10 de abril de 2013

Entre o saber e o conhecer...




Sem provar, não sabemos qual o gosto daquele prato maravilhoso; provando, aquilo que parecia ter tanto gosto pode ser melhor ou pior do que provamos. Mas não provar é perder por antecipação tudo o que pode e não pode ser de bom. Por isso, convido-lhe a refletir sobre o tema de hoje. 

É triste viver num país que desvaloriza o conhecimento e a sabedoria como o nosso. Professores no mais alto nível precisam se expor a uma greve de mais de três meses para conseguirem um salário digno e condições de trabalho e nem assim obtém os ouvidos do Governo. Nós temos no censo de 2010, 14 milhões de analfabetos e 36 milhões de pessoas que não conseguem escrever e ler um bilhete simples em português. Mas, pior do que triste, é muito perigoso.

Isso gera uma cultura de desvalorização, uns porque não sabem o valor de conhecer, pois nunca experimentaram seu sabor, outros porque não recebem nenhum efeito desse valor. Essa situação seria inimaginável em um país do primeiro mundo. Mas, um povo que nunca provou os efeitos do conhecimento não pode ressentir-se da sua falta. E a situação se agrava enquanto a ausência da leitura e escrita levam o povo pelas mãos ao reino da ignorância do escrito onde estão as leis, com direitos e deveres, tanto dos cidadãos da terra quanto dos céus, pois no escrito se inclui a Palavra de Deus, as instruções sobre saúde, a maioria das informações na internet, a educação formal, os romances, etc., Cinquenta milhões de brasileiros na penúria da alma, que levara´a prejuízos físicos inevitavelmente.

Esta ilustração mostra, o valor de embeber-se de conhecimento:

Certo dia, uma folha de papel que estava em cima de uma mesa, junto com outras folhas exatamente iguais a ela, viu-se coberta de sinais. Uma pena, molhada de tinta preta, havia escrito uma porção de palavras em toda a folha.

— Será que você não podia ter me poupado desta humilhação? - disse a folha de papel, furiosa, para a tinta.

— Espere!, respondeu a tinta. Eu não estraguei você. Eu cobri você de palavras. Agora você não é mais uma folha de papel, mas sim uma mensagem. Você é a guardiã do pensamento humano. Você se transformou num documento precioso.

Pouco depois, alguém foi arrumar a mesa e apanhou as folhas de papel para jogá-las na lareira. Subitamente, reparou na folha escrita com tinta. Então, jogou fora todas as outras, e guardou apenas a que continha uma mensagem.

Palavras de conhecimento sobre a nossa vida, a transformam em uma mensagem poderosa o suficiente para salvá-la do mal e da morte: “portanto, despojando-vos de toda impureza e acúmulo de maldade, acolhei, com mansidão, a palavra em vós implantada, a qual é poderosa para salvar a vossa alma.” (Tiago 1:21). A tinta que Jesus usou para escrever em nós foi o seu sangue. Ele morreu para nos transformar em cartas vivas do céu:

2 Vós sois a nossa carta, escrita em nosso coração, conhecida e lida por todos os homens, 3  estando já manifestos como carta de Cristo, produzida pelo nosso ministério, escrita não com tinta, mas pelo Espírito do Deus vivente, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne, isto é, nos corações. (2 Coríntios 3:2-3)   

Se o conhecimento dá vida, o inverso também é verdadeiro, a falta dele destrói: “o meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento. Porque tu, sacerdote, rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim; visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos.” (Oséias 4:6).  

Você terá de Cristo exatamente aquilo que souber que tem: “visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por fé. [...] E, assim, a fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo.” (Romanos 1:17 ; 10:17).  Você pode se acomodar em conhecer e saber pouco e pouco obterá. Ou pode ter fome e sede extrema e irá ao limite de Deus para a sua vida, para “[...] o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” (Filipenses 3:14).




Não restrinja o alcance do conhecimento



O conhecimento de Deus está em todas as áreas. Salomão sabia disso, ele era versado em todo o tipo de conhecimento útil ao seu chamado. Foi isso que ele pediu a Deus e foi isso que ele obteve. Ele não pediu apenas conhecimento, como fazer, mas pediu sabedoria como saber o que deveria ser feito. Ele orou e disse: “dá, pois, ao teu servo coração compreensivo para julgar a teu povo, para que prudentemente discirna entre o bem e o mal; pois quem poderia julgar a este grande povo?” (1 Reis 3:9).

Observe o Salmo 19: 1- 6, que detalhamos na mensagem anterior:

1 Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos. 2  Um dia discursa a outro dia, e uma noite revela conhecimento a outra noite. 3  Não há linguagem, nem há palavras, e deles não se ouve nenhum som; 4  no entanto, por toda a terra se faz ouvir a sua voz, e as suas palavras, até aos confins do mundo. Aí, pôs uma tenda para o sol, 5  o qual, como noivo que sai dos seus aposentos, se regozija como herói, a percorrer o seu caminho. 6  Principia numa extremidade dos céus, e até à outra vai o seu percurso; e nada refoge ao seu calor. 7 A lei do SENHOR é perfeita e restaura a alma; o testemunho do SENHOR é fiel e dá sabedoria aos símplices.

Toda a Física, a Química, a Matemática, a Literatura e a Gramática, que estiverem envolvidas no estudo desses fenômenos do céu, dos astros, do tempo, da linguagem, da Biologia da vida que se renova e se cura, todas as áreas de estudo e conhecimento estão representadas em princípios de Deus para a vida. A Palavra é a nossa base para desvendá-los e ganhar além de conhecimento, a sabedoria.

A ação conjunta do conhecimento com a sabedoria


A sabedoria e o conhecimento andam de mãos dadas, mas não todo o tempo. Como um casal, eles precisam entrar em acordo para continuar o caminho. O conhecimento mostra o que pode ser feito, mas a sabedoria distinguirá o que deve ser feito, porque a sabedoria de Deus tem componentes importantíssimos: “a sabedoria, porém, lá do alto é, primeiramente, pura; depois, pacífica, indulgente, tratável, plena de misericórdia e de bons frutos, imparcial, sem fingimento.” (Tiago 3:17).

As discussões acadêmicas podem ser intermináveis; as discussões políticas insuportáveis; as disputas emocionais, confusas e sem consistência ou lógica, mas a sabedoria não estará em nenhuma dessas situações. O conhecimento é eficiente, ou seja, sabe fazer determinadas coisas, mas a sabedoria é eficaz, faz o que deve ser feito. Precisamos ser as duas coisas na vida, eficientes e eficazes. Saber o que fazer e fazer com excelência, mas só o que deve ser feito. Observe as características da sabedoria (Tiago 3:17):

- A sabedoria de Deus é PURA. No original, significa propriamente limpa, figurativamente, inocente, modesta, perfeita. Significa que para realmente saber, é preciso não estar comprometido intencionalmente. A primeira intenção da aplicação do seu conhecimento é não cometer injustiça, ainda que a justiça não lhe seja algo agradável como dar o direito de um desafeto, ou julgar contrariamente ao desejo de um amigo, quando ele não tem aquele direito. A pureza vem de seu compromisso ético de agradar ao Senhor e somente a Ele e de fazer o que é reto aos seus olhos, doa a quem doer. Necessariamente não tem que doer, porque a sabedoria é pacífica.

- A sabedoria de Deus é PACÍFICA, isto é, provoca a quietude. Como o interesse não é favorecer a ninguém, mas que todos estejam em paz, o fruto é a quietude de corações abrandados pela ação da indulgência, da cortesia e da misericórdia. Tudo começa na paz de quem é sábio. A raiva é uma péssima conselheira. Ela anula, desde o princípio, a capacidade de usar de sabedoria: “porque a ira do homem não opera a justiça de Deus” (Tiago 1:20). Então, livre-se dela o mais rápido possível para adquirir sabedoria sobre um assunto.

- A sabedoria de Deus é INDULGENTE ou moderada, (tradução da Almeida Corrigida). Não tende a extremos de punição ou retaliação e nem a liberação sem correção. A punição ou correção corresponde ao delito, ao contexto e a condição de arrependimento do que pecou. Há uma palavra muito em uso, hoje, “overreacting”. Seria mais ou menos reagir além do necessário ou adequado, como matar um mosquito com um tiro de canhão. O desequilíbrio desse tipo mostra falta de sabedoria. Tudo o que lhe leva a uma reação extrema mostra onde você precisa crescer emocionalmente, porque a sabedoria é antes de tudo, moderada. A não reação, a fuga das resoluções necessárias, também é falta de moderação. Seja por timidez, medo, preguiça ou conveniência, não reagir quando deve é falta de sabedoria porque a sabedoria é moderada. Faz o que deve fazer, na medida em que deve fazer. Quando Jesus julgou a mulher em adultério (João 8), ele colocou todos os envolvidos em um mesmo nível, de forma que eles se acharam impedidos de condená-la sem condenar a si mesmos. Ele fez isso tranquilamente, assentando-se e escrevendo na areia, calado, e depois com poucas palavras.

- A sabedoria de Deus é TRATÁVEL. No original, fácil de ser tratada, compatível com, boa em persuadir. A sabedoria sabe como colocar os seus argumentos, pontos de vista e decisões de forma que convença os outros. Quando as pessoas estão convencidas, elas se tornam aliadas. Não é só saber qual é a melhor solução, é preciso desenvolver a habilidade de colocá-la para os demais de uma forma que os convença. Você tem a intenção correta de ser justo (pureza), quer o bem de todos (pacífico), encontra uma solução equilibrada (moderada), mas precisa apresentá-la de modo aceitável. Você só conseguirá isso com uma boa dose de misericórdia. Quando Jesus julgou a mulher em adultério (João 8), terminou por mostrar que todos nós somos pecadores e que por isso todos se retiraram convencidos que julgá-la era muito perigoso.

- A sabedoria de Deus é PLENA DE MISERICÓRDIA. Misericórdia é o fato de não ser imputada a punição devida. A misericórdia não procura vingança ou está ansiosa pela punição, mas deseja a solução e a restauração. Quando Jesus julgou a mulher em adultério (João 8), Ele não a condenou simplesmente. Ele viu que ela estava envergonhada e arrependida, pois ficou diante dele para receber o seu julgamento. Então, diante de sua postura, Ele lhe deu mais uma chance. Liberou-a para ir. Foi misericordioso.

- A sabedoria de Deus é PLENA DE BONS FRUTOS. Tudo o que frutifica da semente da sabedoria é como a sua natureza. As conseqüências de uma solução sábia serão paz, pois ela é pacífica, justas, equilibradas, bem compreendidas e cheias de misericórdia. A bíblia diz que nós conheceremos os profetas pelos frutos (Mateus 7:15-17). Não é a linguagem rebuscada e as imagens de visões espirituais fenomenais que distinguem a sabedoria, mas suas conseqüências. Portanto, pense nas consequências do que você e os outros fazem e dizem, aplique sabedoria sobre isso. Se um argumento vai causar uma dissensão maior, não o use. Por exemplo, quando trouxeram a mulher adúltera para Jesus julgar (João 8), Ele não disse: “Mas deviam ter trazido o homem também!” É o que a lei diz (Levítico 20:10). Aquilo só causaria mais uma morte. Não ponha lenha na fogueira porque você mesmo vai se queimar.

- A sabedoria de Deus é IMPARCIAL. Não está propensa a crer ou defender um lado antes de discussão começar. É terrível resolver qualquer coisa com uma pessoa que já decidiu quem tem a razão antes de a discussão começar. É injusta por princípio. Os relacionamentos afetivos nos atraem à parcialidade, mas, se nós tememos a Deus, é o partido dos seus princípios que devemos tomar. E Ele diz que todos nós temos o mesmo valor diante dEle: “o rico não aumentará, e o pobre não diminuirá da metade do siclo, quando derem a oferta ao SENHOR, para fazer expiação por vossas almas.” (Êxodo 30:15).   E nos alerta para não andarmos segundo o ouvir dizer: “Não seguirás a multidão para fazeres o mal; nem numa demanda falarás, tomando parte com o maior número para torcer o direito.” (Êxodo 23:2) .

E finalmente, o princípio da imparcialidade sob quaisquer circunstâncias: “19  Não torcerás o juízo, não farás acepção de pessoas, nem tomarás suborno, porquanto o suborno cega os olhos dos sábios e perverte as palavras dos justos. 20  A justiça, somente a justiça seguirás, para que vivas e possuas em herança a terra que te dará o SENHOR, teu Deus.” (Deuteronômio 16:19-20).Não farás injustiça no juízo; não respeitarás o pobre, nem honrarás o poderoso; com justiça julgarás o teu próximo.” (Levítico 19:15). Hoje em dia, é comum utilizar-se o fato de estar em uma categoria para justificar as atitudes de uma pessoa, mas os princípios de Deus estão além das categorias e papéis sociais. O que é certo ou errado independe da categoria, papel ou status social.

- A sabedoria de Deus é SEM FINGIMENTO. Esse trecho mostra bem o que é fingimento: “não admitirás falso boato, e não porás a tua mão com o ímpio, para seres testemunha falsa.” (Êxodo 23:1). Antes de qualquer discussão, é preciso saber se as informações que a baseiam são verdadeiras. Essa verdade tem que estar em nós como compromisso e como conhecimento, desde o princípio. Não há sabedoria naquilo que se baseia em mentira ou engano. Para procurarmos isso, é preciso que estejamos decididos a amar a verdade seja qual for, ainda que dolorosa, ela é libertação. “[...] e conhecereis a verdade e ela vos libertará” (João 8:32).



Assim, queridos e queridas, ainda que seja contra a cultura desse país em que vivemos, a sabedoria de Deus nos dará vida de Deus, vitória de Deus e solução de Deus. Ela se baseia em conhecimento técnico e lógico sobre todas as coisas na existência, mas vai muito além dele, revestindo-se das características da natureza do próprio Deus, que a concede nos iluminando através da sua Palavra.

Você pode orar assim:

Querido Deus, ensina-me a dar valor ao conhecimento e a encontrar a tua sabedoria através dele e assim viver toda a plenitude da vida que Senhor tem para mim, da vitória que o Senhor me tem reservada e a solução que preciso alcançar, em nome de Jesus te peço.




Um comentário:

  1. Adorei a história do papel, claro arquivista adora um papel. O papel em branco se parece com um bebê recém nascido, nada foi escrito ou melhor nada foi vivido, mas a continuação da vida vai escrevendo uma história. Essa história tem a haver, com o modo que aprendemos as coisas e de como as fazemos. Lau

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