terça-feira, 9 de abril de 2013

Colecione conquistas




O tempo passa e a Palavra vai se provando verdadeira, deixando atrás de si marcas das conquistas e das lutas que as precederam. Como você lida com esse processo pode afetar toda a sua vida.  Há muitas pessoas que estão procurando uma forma de viver mais algum tempo desesperadamente. Nos hospitais, nas academias, nas clínicas de estética e nos laboratórios farmacêuticos. A sociedade foi conseguindo aumentar a  sua expectativa de vida enormemente. Por exemplo, na idade média, a expectativa de vida era de 60 e poucos anos e, hoje, de acordo com os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 2009, a expectativa de vida das mulheres brasileiras é em média 76,7 anos e de homens é 69,1. Em paralelo a essa conquista, foi se assumindo também um conceito de estética e valores que desprezam os sinais do tempo vivido e foi criado sobre essa noção um mercado da "juventude eterna". Ser "novo" passou a significar estar na moda, ser útil e bom; em contrapartida, ser velho ganha os piores predicados... Infelizmente, estamos desenvolvendo o paradoxo de chamarmos o velho, que nós queremos ser ou seremos de qualquer forma, de desprezível, obsoleto e descartável.

Ser idoso é algo que nós todos fazemos os melhores esforços para ser, quando estendemos os esforços para aumentar a expectativa de vida. Alguém que acumulou anos de troféus, cicatrizes e lágrimas, umas de alegria e outras de tristeza, pode estar limitado para fazer algumas coisas, mas nunca para saber quais são realmente as essenciais ou desfrutá-las. Com relação à vida, a vitória é estar no caminho, a chegada acaba o encanto da jornada. No fim, todos seremos iguais, sem importar a idade.

A Palavra de Deus diz: 

Porque a mim se apegou com amor, eu o livrarei; pô-lo-ei a salvo, porque conhece o meu nome. Ele me invocará, e eu lhe responderei; na sua angústia eu estarei com ele, livrá-lo-ei e o glorificarei. Saciá-lo-ei com longevidade e lhe mostrarei a minha salvação. (Salmos 91:14-16)


Nós pedimos cura e saúde a Deus e Ele nos brinda com vida e quando ela se estende, nós não a valorizamos nos outros. O que será de nós quando a nossa vida se estender?  Há noções muito erradas sobre envelhecimento. Muitos o encaram como se fosse uma perda total. Perda total só no resgate do seguro do carro. E acontece por acidente. A nossa vida não é um acidente... é uma conquista! 

Moisés conquistou a liberdade de seu povo aos 80 anos (Êxodo 7:7) e aos 120 vislumbrou a promessa pela qual empenhara a vida (Deuteronômio 34:4-7). Josué e Calebe receberam a terra que lhes estava prometida aos 85 para começar a conquistá-la como guerreiros, liderando um exército (Josué 14:6-10). Abraão proveu e cuidou da sua família até os 175 anos (Gênesis 24). Esses eram heróis da fé e honraram a Deus com todas as suas idades. É esse o desafio a cada dia. Continuar por dentro o que é negado por fora. Paulo sabia desse poder de renovação: Por isso, não desanimamos; pelo contrário, mesmo que o nosso homem exterior se corrompa, contudo, o nosso homem interior se renova de dia em dia.” (2 Coríntios 4:16). Envelhecer no Senhor não é perda, é conquista.

Perdas e ganhos do tempo vivido



O texto abaixo é de uma clareza maravilhosa sobre os ganhos e perdas do processo de acumular anos vividos. Ganhou o prêmio Longevidade BRADESCO, de autoria de Regina de Castro Pompeu:


De Repente 60 (ou 2x30)

Ao completar sessenta anos, lembrei do filme “De repente 30”, em que a adolescente, em seu aniversário, ansiosa por chegar logo à idade adulta, formula um desejo e se vê repentinamente com trinta anos, sem saber o que aconteceu nesse intervalo.
Meu sentimento é semelhante ao dela: perplexidade.
Pergunto a mim mesma: onde foram parar todos esses anos?
Ainda sou aquela menina assustada que entrou pela primeira vez na escola, aquela filha desesperada pela perda precoce da mãe; ainda sou aquela professorinha ingênua que enfrentou sua primeira turma, aquela virgem sonhadora que entrou na igreja, vestida de branco, para um casamento que durou tão pouco! Ainda sou aquela mãe aflita com a primeira febre do filho, que hoje tem mais de trinta anos.
Acho que é por isso que engordei, para caber tanta gente, é preciso espaço!
Passei batido pela tal crise dos trinta, pois estava ocupada demais lutando pela sobrevivência.
Os quarenta foram festejados com um baile, enquanto eu ansiava pela aposentadoria na carreira do magistério, que aconteceu quatro anos depois.
Os cinquenta me encontraram construindo uma nova vida, numa nova cidade, num novo posto de trabalho.
Agora, aos sessenta, me pergunto onde está a velhinha que eu esperava ser nesta idade e onde se escondeu a jovem que me olhava do espelho todas as manhãs.
Tive o privilégio de viver uma época de profundas e rápidas transformações em todas as áreas: de Elvis Presley e Sinatra a Michael Jackson, de Beatles e Rolling Stones a Madonna, de Chico e Caetano a Cazuza e Ana Carolina; dos anos de chumbo da ditadura militar, às passeatas pelas diretas e empeachment do presidente a um novo país misto de decepções e esperanças; da invenção da pílula e liberação sexual ao bebê de proveta e o pesadelo da AIDS. Testemunhei a conquista dos cinco títulos mundiais do futebol brasileiro (e alguns vexames históricos).
Nasci no ano em que a televisão chegou ao Brasil, mas minha família só conseguiu comprar um aparelho usado dez anos depois e, por meio de suas transmissões, vi a chegada do homem à lua, a queda do muro de Berlim e algumas guerras modernas.
Passei por três reformas ortográficas e tive de aprender a nova linguagem do computador e da internet. Aprendi tanto que foi por meio desta que conheci, aos cinquenta e dois anos, meu companheiro, com quem tenho, desde então, compartilhado as aventuras do viver.
Não me sinto diferente do que era há alguns anos, continuo tendo sonhos, projetos, faço minhas caminhadas matinais com meu cachorro Kaká, pratico ioga, me alimento e durmo bem (apesar das constantes visitas noturnas ao banheiro), gosto de cinema, música, leio muito, viajo para os lugares que um dia sonhei conhecer.
Por dois anos não exerci qualquer atividade profissional, mas voltei a orientar trabalhos acadêmicos e a ministrar algumas disciplinas em turmas de pós-graduação, o que me fez rejuvenescer em contato com os alunos, que têm se beneficiado de minha experiência e com quem tenho aprendido muito mais que ensinado.
Só agora comecei a precisar de óculos para perto (para longe eu uso há muitos anos) e não tinjo os cabelos, pois os brancos são tão poucos que nem se percebe (privilégio que herdei de meu pai, que só começou a ficar grisalho após os setenta anos).
Há marcas do tempo, claro, e não somente rugas e os quilos a mais, mas também cicatrizes, testemunhas de algumas aprendizagens: a do apêndice me traz recordações do aniversário de nove anos passado no hospital; a da cesárea marca minha iniciação como mãe e a mais recente, do câncer de mama (felizmente curado), me lembra diariamente que a vida nos traz surpresas nem sempre agradáveis e que não tenho tempo a perder.
A capacidade de fazer várias coisas ao mesmo tempo diminuiu, lembro de coisas que aconteceram há mais de cinquenta anos e esqueço as panelas no fogo.
Aliás, a memória (ou sua falta) merece um capítulo à parte: constantemente procuro determinada palavra ou quero lembrar o nome de alguém e começa a brincadeira de esconde-esconde. Tento fórmulas mnemônicas, recito o alfabeto mentalmente e nada! De repente, quando a conversa já mudou de rumo ou o interlocutor já se foi, eis que surge o nome ou palavra, como que zombando de mim...
Mas, do que é que eu estava falando mesmo?
Ah, sim, dos meus sessenta.
Claro que existem vantagens: pagar meia-entrada (idosos, crianças e estudantes têm essa prerrogativa, talvez porque não são considerados pessoas inteiras), atendimento prioritário em filas exclusivas, sentar sem culpa nos bancos reservados do metrô e a TPM passou a significar “Tranquilidade Pós-Menopausa”.
Certamente o saldo é positivo, com muitas dúvidas e apenas uma certeza: tenho mais passado que futuro e vivo o presente intensamente, em minha nova condição de mulher muito sex... agenária!

A lucidez do texto é maravilhosa. A vida nos marca, mas devemos carregar as cicatrizes como os heróis levam as suas. Paulo não temia ou negava as suas porque eram dignas:

Mas longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu, para o mundo. Pois nem a circuncisão é coisa alguma, nem a incircuncisão, mas o ser nova criatura. E, a todos quantos andarem de conformidade com esta regra, paz e misericórdia sejam sobre eles e sobre o Israel de Deus. Quanto ao mais, ninguém me moleste; porque eu trago no corpo as marcas de Jesus. (Gálatas 6:14-17)

Aquilo que conquistamos à custa do amor e da entrega ficam em nós como troféus pela coroação da vida que conquistamos.

Oportunidades de começar


Observe as oportunidades de começo, que Deus não considerou a idade para conceder:

Abraão começou a criar seu filho aos 100 anos;
Moisés começou seu ministério aos 80 anos, depois de um estrondoso fracasso e obscuridade por 40 anos;
Moisés, aos 120anos, viu encantado, pela primeira vez, a terra da promessa. Ele havia vencido a batalha; 
Calebe entrou em guerra para conquistar a terra prometida aos 85 anos;
Davi morreu velho, não conseguia sequer esquentar-se, mas deu muitos conselhos poderosos a Salomão e o preparou para reinar e viver.

As vitórias de Deus não param com o tempo


Caminhamos sempre em triunfo com Ele. Veja o que diz esse Salmo:

O justo florescerá como a palmeira; crescerá como o cedro no Líbano. Os que estão plantados na casa do SENHOR florescerão nos átrios do nosso Deus. Na velhice ainda darão frutos; serão viçosos e vigorosos, para anunciar que o SENHOR é reto. Ele é a minha rocha e nele não há injustiça. (Salmo 92: 12-15)

Quando se está plantado na casa do Senhor, recebendo a Presença, a Palavra e o Poder dEle, a frutificação não pára. Pode mudar de área, mas não diminui. O tempo vai fazer diferença, mas com Deus, todas as diferenças são positivas. A diferença não é o tempo, mas a qualidade do tempo vivido, de onde a raiz da planta da vida recebe seus nutrientes.

Então, a nossa conduta e atitude precisam mudar com os idosos e para com a idade. Tanto mais se for com os nossos pais, pois está escrito: "Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor teu Deus te dá."  (Êxodo 20:12). Um dia, próximo ou distante, seremos nós os idosos porque a possibilidade única de não experimentar a idade avançando é a morte. E essa, ninguém quer como escolha.

Veja Ginger Rogers (dançarina) aos 92 anos dançando com seu neto no vídeo em anexo. Esse vídeo consegue dizer muito das possibilidades atuais... quase sem palavras.



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