O tempo passa e a Palavra vai se provando verdadeira, deixando atrás de si marcas das conquistas e das lutas que as precederam. Como você lida com esse processo pode afetar toda a sua vida. Há
muitas pessoas que estão procurando uma forma de viver mais algum tempo
desesperadamente. Nos hospitais, nas academias, nas clínicas de estética e nos
laboratórios farmacêuticos. A sociedade foi conseguindo aumentar a sua
expectativa de vida enormemente. Por exemplo, na idade média, a expectativa de
vida era de 60 e poucos anos e, hoje, de acordo
com os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 2009,
a expectativa de vida das mulheres brasileiras é em média 76,7 anos e de homens
é 69,1. Em paralelo a essa conquista, foi se assumindo também um conceito de estética e
valores que desprezam os sinais do tempo vivido e foi criado sobre essa
noção um mercado da "juventude eterna". Ser "novo"
passou a significar estar na moda, ser útil e bom; em contrapartida, ser velho
ganha os piores predicados... Infelizmente, estamos desenvolvendo o paradoxo de
chamarmos o velho, que nós queremos ser ou seremos de qualquer forma, de
desprezível, obsoleto e descartável.
Ser
idoso é algo que nós todos fazemos os melhores esforços para ser, quando
estendemos os esforços para aumentar a expectativa de vida. Alguém que acumulou
anos de troféus, cicatrizes e lágrimas, umas de alegria e outras de tristeza,
pode estar limitado para fazer algumas coisas, mas nunca para saber quais são
realmente as essenciais ou desfrutá-las. Com relação à vida, a vitória é estar
no caminho, a chegada acaba o encanto da jornada. No fim, todos seremos iguais,
sem importar a idade.
A
Palavra de Deus diz:
Porque a mim se apegou com amor, eu
o livrarei; pô-lo-ei a salvo, porque conhece o meu nome. Ele me invocará, e eu
lhe responderei; na sua angústia eu estarei com ele, livrá-lo-ei e o
glorificarei. Saciá-lo-ei com longevidade e lhe mostrarei a minha salvação. (Salmos
91:14-16)
Nós
pedimos cura e saúde a Deus e Ele nos brinda com vida e quando ela se estende,
nós não a valorizamos nos outros. O que será de nós quando a nossa vida se
estender? Há noções muito erradas sobre envelhecimento. Muitos o encaram
como se fosse uma perda total. Perda total só no resgate do seguro do carro. E
acontece por acidente. A nossa vida não é um acidente... é uma conquista!
Moisés
conquistou a liberdade de seu povo aos 80 anos (Êxodo 7:7) e aos 120 vislumbrou a promessa
pela qual empenhara a vida (Deuteronômio 34:4-7). Josué e Calebe receberam a
terra que lhes estava prometida aos 85 para começar a conquistá-la como
guerreiros, liderando um exército (Josué 14:6-10). Abraão proveu e cuidou da sua
família até os 175 anos (Gênesis 24). Esses eram heróis da fé e honraram a Deus
com todas as suas idades. É esse o desafio a cada dia. Continuar por dentro o
que é negado por fora. Paulo sabia desse poder de renovação: “Por isso, não desanimamos; pelo contrário, mesmo que o nosso homem
exterior se corrompa, contudo, o nosso homem interior se renova de dia em dia.”
(2 Coríntios 4:16). Envelhecer no Senhor não é perda, é conquista.
Perdas e ganhos do tempo vivido
O
texto abaixo é de uma clareza maravilhosa sobre os ganhos e perdas do processo
de acumular anos vividos. Ganhou o prêmio Longevidade BRADESCO, de autoria de
Regina de Castro Pompeu:
De Repente 60 (ou 2x30)
Ao
completar sessenta anos, lembrei do filme “De repente 30”, em que a
adolescente, em seu aniversário, ansiosa por chegar logo à idade adulta,
formula um desejo e se vê repentinamente com trinta anos, sem saber o que
aconteceu nesse intervalo.
Meu
sentimento é semelhante ao dela: perplexidade.
Pergunto
a mim mesma: onde foram parar todos esses anos?
Ainda sou
aquela menina assustada que entrou pela primeira vez na escola, aquela filha
desesperada pela perda precoce da mãe; ainda sou aquela professorinha ingênua
que enfrentou sua primeira turma, aquela virgem sonhadora que entrou na igreja,
vestida de branco, para um casamento que durou tão pouco! Ainda sou aquela mãe
aflita com a primeira febre do filho, que hoje tem mais de trinta anos.
Acho que
é por isso que engordei, para caber tanta gente, é preciso espaço!
Passei
batido pela tal crise dos trinta, pois estava ocupada demais lutando pela
sobrevivência.
Os
quarenta foram festejados com um baile, enquanto eu ansiava pela aposentadoria
na carreira do magistério, que aconteceu quatro anos depois.
Os
cinquenta me encontraram construindo uma nova vida, numa nova cidade, num novo
posto de trabalho.
Agora,
aos sessenta, me pergunto onde está a velhinha que eu esperava ser nesta idade
e onde se escondeu a jovem que me olhava do espelho todas as manhãs.
Tive o
privilégio de viver uma época de profundas e rápidas transformações em todas as
áreas: de Elvis Presley e Sinatra a Michael Jackson, de Beatles e Rolling
Stones a Madonna, de Chico e Caetano a Cazuza e Ana Carolina; dos anos de
chumbo da ditadura militar, às passeatas pelas diretas e empeachment do presidente a um novo país misto de decepções e esperanças;
da invenção da pílula e liberação sexual ao bebê de proveta e o pesadelo da
AIDS. Testemunhei a conquista dos cinco títulos mundiais do futebol brasileiro
(e alguns vexames históricos).
Nasci no
ano em que a televisão chegou ao Brasil, mas minha família só conseguiu comprar
um aparelho usado dez anos depois e, por meio de suas transmissões, vi a
chegada do homem à lua, a queda do muro de Berlim e algumas guerras modernas.
Passei
por três reformas ortográficas e tive de aprender a nova linguagem do computador
e da internet. Aprendi tanto que foi por meio desta que conheci, aos cinquenta
e dois anos, meu companheiro, com quem tenho, desde então, compartilhado as
aventuras do viver.
Não me
sinto diferente do que era há alguns anos, continuo tendo sonhos, projetos,
faço minhas caminhadas matinais com meu cachorro Kaká, pratico ioga, me
alimento e durmo bem (apesar das constantes visitas noturnas ao banheiro),
gosto de cinema, música, leio muito, viajo para os lugares que um dia sonhei
conhecer.
Por dois
anos não exerci qualquer atividade profissional, mas voltei a orientar
trabalhos acadêmicos e a ministrar algumas disciplinas em turmas de
pós-graduação, o que me fez rejuvenescer em contato com os alunos, que têm se
beneficiado de minha experiência e com quem tenho aprendido muito mais que
ensinado.
Só agora
comecei a precisar de óculos para perto (para longe eu uso há muitos anos) e
não tinjo os cabelos, pois os brancos são tão poucos que nem se percebe
(privilégio que herdei de meu pai, que só começou a ficar grisalho após os
setenta anos).
Há marcas
do tempo, claro, e não somente rugas e os quilos a mais, mas também cicatrizes,
testemunhas de algumas aprendizagens: a do apêndice me traz recordações do
aniversário de nove anos passado no hospital; a da cesárea marca minha
iniciação como mãe e a mais recente, do câncer de mama (felizmente curado), me
lembra diariamente que a vida nos traz surpresas nem sempre agradáveis e que
não tenho tempo a perder.
A
capacidade de fazer várias coisas ao mesmo tempo diminuiu, lembro de coisas que
aconteceram há mais de cinquenta anos e esqueço as panelas no fogo.
Aliás, a
memória (ou sua falta) merece um capítulo à parte: constantemente procuro
determinada palavra ou quero lembrar o nome de alguém e começa a brincadeira de
esconde-esconde. Tento fórmulas mnemônicas, recito o alfabeto mentalmente e
nada! De repente, quando a conversa já mudou de rumo ou o interlocutor já se
foi, eis que surge o nome ou palavra, como que zombando de mim...
Mas, do
que é que eu estava falando mesmo?
Ah, sim,
dos meus sessenta.
Claro que
existem vantagens: pagar meia-entrada (idosos, crianças e estudantes têm essa
prerrogativa, talvez porque não são considerados pessoas inteiras), atendimento
prioritário em filas exclusivas, sentar sem culpa nos bancos reservados do
metrô e a TPM passou a significar “Tranquilidade Pós-Menopausa”.
Certamente
o saldo é positivo, com muitas dúvidas e apenas uma certeza: tenho mais passado
que futuro e vivo o presente intensamente, em minha nova condição de mulher
muito sex... agenária!
A lucidez do texto é maravilhosa. A vida nos marca, mas devemos carregar
as cicatrizes como os heróis levam as suas. Paulo não temia ou negava as suas
porque eram dignas:
Mas longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso
Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu, para o
mundo. Pois nem a circuncisão é coisa alguma, nem a incircuncisão, mas o ser
nova criatura. E, a todos quantos andarem de conformidade com esta regra, paz e
misericórdia sejam sobre eles e sobre o Israel de Deus. Quanto ao mais, ninguém
me moleste; porque eu trago no corpo as marcas de Jesus. (Gálatas 6:14-17)
Aquilo que conquistamos à custa do amor e da entrega ficam em nós como
troféus pela coroação da vida que conquistamos.
Oportunidades de começar
Observe as oportunidades de começo, que Deus não considerou a idade para
conceder:
Abraão começou a criar seu filho aos 100 anos;
Moisés começou seu ministério aos 80 anos, depois de um estrondoso
fracasso e obscuridade por 40 anos;
Moisés, aos 120anos, viu encantado, pela primeira vez, a terra da
promessa. Ele havia vencido a batalha;
Calebe entrou em guerra para conquistar a terra prometida aos 85 anos;
Davi morreu velho, não conseguia sequer esquentar-se, mas deu muitos
conselhos poderosos a Salomão e o preparou para reinar e viver.
As vitórias de Deus não param com o tempo
Caminhamos sempre em triunfo com Ele. Veja o que diz esse Salmo:
O justo
florescerá como a palmeira; crescerá como o cedro no Líbano. Os que estão
plantados na casa do SENHOR florescerão nos átrios do nosso Deus. Na velhice
ainda darão frutos; serão viçosos e vigorosos, para anunciar que o SENHOR
é reto. Ele é a minha rocha e nele não há injustiça. (Salmo 92: 12-15)
Quando se está plantado na casa do Senhor, recebendo a Presença, a
Palavra e o Poder dEle, a frutificação não pára. Pode mudar de área, mas não
diminui. O tempo vai fazer diferença, mas com Deus, todas as diferenças são
positivas. A diferença não é o tempo, mas a qualidade do tempo vivido, de onde
a raiz da planta da vida recebe seus nutrientes.
Então, a nossa conduta e atitude precisam mudar com os idosos e para com
a idade. Tanto mais se for com os nossos pais, pois está escrito: "Honra a
teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor
teu Deus te dá." (Êxodo 20:12). Um dia, próximo ou distante,
seremos nós os idosos porque a possibilidade única de não experimentar a idade
avançando é a morte. E essa, ninguém quer como escolha.
Veja Ginger Rogers (dançarina) aos 92 anos dançando com seu neto no
vídeo em anexo. Esse vídeo consegue dizer muito das possibilidades atuais... quase
sem palavras.
Link original do Prêmio Longevidade BRADESCO: http://www.bradescoprevidencia.com.br/paginas/pg_NoticiasAnteriores.asp?sala=pfisica&origem=1
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