segunda-feira, 24 de setembro de 2012

A questão do ponto de vista



Você já ficou parado em um semáforo e indignou-se pela demora, ou por ter pegado todos eles vermelhos quando você estava com pressa? Certamente, do seu ponto de vista individual, o semáforo é um aborrecimento. Mas, imagine se todos os carros passassem livremente... Os maiores iriam se impor, a demora ia ser ainda maior para alguns, outros iriam imaginar que “dava para passar” e iam bater uns nos outros. Desordem, caos e prejuízos iriam substituir seus minutos de espera na frente do semáforo.

A regra tem esses dois pontos de vista: o do grupo que é liderado por ela e a do indivíduo que lida com ela. Deus nos deu a responsabilidade de gerar regras sociais que nos levem a Ele, desde Noé, quando estabeleceu: “se alguém derramar o sangue do homem, pelo homem se derramará o seu; porque Deus fez o homem segundo a sua imagem.” (Gênesis 9:6, ver Gênesis 9:7-17). Quando você lidera, você vê do ponto de vista geral, quando você é liderado, vê do ponto de vista individual.

Sempre estou atenta ao efeito da regra no grupo que lidero. Sempre que organizo alguma atividade ou procuro desencorajar alguma atitude, estou com o foco no geral de forma que cada indivíduo seja abençoado, de forma que não perturbe o direito dos outros, os princípios de Deus ou a ordem do culto. Coisas que se pensarmos pelo princípio individual, podem nos custar alguns minutos a mais, mas nos poupam de aborrecimentos e choques entre pessoas na igreja ou deixam de dar oportunidade de surgirem comportamentos que provoquem conflitos.

É uma questão de maturidade. As crianças choram e batem o pé quando você lhes tira o doce. Os adultos maduros e conscientes evitam por si mesmo o exagero nos doces para investir em alimentação de qualidade, sem que precise ninguém coagi-los. A sua consciência conhece o princípio de vida e o assume como próprio. Paulo fala dessa relação proposta pela graça de Cristo:

1 Digo, pois, que, durante o tempo em que o herdeiro é menor, em nada difere de escravo, posto que é ele senhor de tudo. 2  Mas está sob tutores e curadores até ao tempo predeterminado pelo pai. 3  Assim, também nós, quando éramos menores, estávamos servilmente sujeitos aos rudimentos do mundo; 4  vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, 5  para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos. 6  E, porque vós sois filhos, enviou Deus ao nosso coração o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai! 7  De sorte que já não és escravo, porém filho; e, sendo filho, também herdeiro por Deus. 8  Outrora, porém, não conhecendo a Deus, servíeis a deuses que, por natureza, não o são; 9 mas agora que conheceis a Deus ou, antes, sendo conhecidos por Deus, como estais voltando, outra vez, aos rudimentos fracos e pobres, aos quais, de novo, quereis ainda escravizar-vos? (Gálatas 4:1-3)

Observe o texto: há uma regra meramente externa até que a maturidade traz a consciência da necessidade dos princípios, então, o nosso coração clama por eles como forma de ordenar o relacionamento com o Pai. O que seria uma prisão para uma criança, torna-se libertação pela maturidade do relacionamento que Cristo propõe, hoje, conosco.

A pergunta é: quando o sinal fechar na sua vida, você vai agradecer pela proteção que isso representa, olhar para ver se há um vigia e transgredir, ou obedecer constrangido e murmurando por existirem sinais vermelhos na sua estrada? A primeira resposta é de um cristão maduro, a segunda de alguém que não reconhece que os princípios de  Deus são de vida e está em sério risco de uma batida , a terceira é de alguém que precisa crescer espiritualmente e entender que todos nós fomos feitos para termos vida nos canais da vida de Deus: “Se quiserdes e me ouvirdes, comereis o melhor desta terra.” (Isaías 1:19). 


A ilusão do eterno sinal verde

Há pessoas que acham que Deus é tão bom que não vai lhe atribuir a responsabilidade de seus atos. Isso não é verdade. Deus é Justo. Um sinal que sempre fica em um estado só está quebrado. Se sua concepção de Deus é de alguém que faz tudo o que você quer, comece a suspeitar que está sofrendo de inversão de papéis. Desse jeito, seu Deus seria você.

Deus não só não faz tudo que queremos, como também não concorda muitas vezes com o que fazemos e queremos. Ai, de nós se não houvesse um Deus maior do que nós para discordar das nossas tolices:
- Ai, eu vou guardar essa mágoa até à morte... E não vou pagar essa conta... Eu sou melhor do que Fulano... E Ciclano, aquele que eu nunca vi, não vai com a minha cara e eu não vou com a cara dele.
Deus realmente não concordaria conosco, pois:

8  Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o SENHOR, 9  porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos, mais altos do que os vossos pensamentos. (Isaías 55:8-9).

Não há sinal sempre verde. E graças a Deus por isso. Mas, há pessoas que mesmo vendo o sinal vermelho, o cortam, desafiando a sorte, mas lembre-se, que até para fazer aquilo que você não tem impedimento, você tem que ter sabedoria e disciplina: “todas as coisas são lícitas, mas nem todas convêm; todas são lícitas, mas nem todas edificam.” (1 Coríntios 10:23).

A mentira do sinal sempre vermelho

Há pessoas que vivem como se o fluxo da vida devesse estar entravado em um grande e eterno sinal vermelho. Mas a palavra é taxativa com esses:

18  Ninguém se faça árbitro contra vós outros, pretextando humildade e culto dos anjos, baseando-se em visões, enfatuado, sem motivo algum, na sua mente carnal, 19  e não retendo a cabeça, da qual todo o corpo, suprido e bem vinculado por suas juntas e ligamentos, cresce o crescimento que procede de Deus. 20  Se morrestes com Cristo para os rudimentos do mundo, por que, como se vivêsseis no mundo, vos sujeitais a ordenanças: 21  não manuseies isto, não proves aquilo, não toques aquiloutro, 22  segundo os preceitos e doutrinas dos homens? Pois que todas estas coisas, com o uso, se destroem. 23  Tais coisas, com efeito, têm aparência de sabedoria, como culto de si mesmo, e de falsa humildade, e de rigor ascético; todavia, não têm valor algum contra a sensualidade. (Colossenses 2:18-23).

Não é possível relacionar-se com uma pessoa cumprindo apenas obrigações, normas e tarefas. Imagine se o namorado dissesse à namorada:
- Já cumpri com todas as minhas obrigações: trouxe flores, bombons, fiz um cartão romântico e estou cheiroso e arrumado. Agora, me dê um beijo como pagamento... Já sinto as pétalas voando junto com o cidadão desavisado portão afora.
Você não pode relacionar-se com Deus cumprindo um conjunto de regras e desobrigando-se de amá-lo e lhe dar valor. Deus é uma pessoa. É uma pessoa, porque tem uma personalidade. Ele não é um ser humano, mas é alguém que existe e busca um relacionamento profundo de amor, chamado adoração: “Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade.” (João 4:24).

A palavra ‘importa’ significa, nesse contexto, o mesmo que ‘é necessário’.  Há condições na adoração: 1. o reconhecimento que Deus é espírito, 2. que você deseje ser um adorador dEle, 3. que você faça isso em espírito, a partir do seu espírito, seu coração (Romanos 2:29) e não de rituais físicos, e 4. É preciso fazer isso em verdade. Para você que anda procurando a verdade, Jesus esclarece: “[...] a tua palavra [, Deus,] é a verdade.” (João 17:17). 

O sinal da expectativa

O sinal amarelo é uma fase de tensão. Aquele sentimento de que não devia ser por ali. Uma pulga atrás da orelha, aquele momento em que o Espírito quer nos orientar e diz: “Preste atenção! Pare! Quero falar com você!”.  Quando “o próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus.”  (Romanos 8:16).  A hora de parar e escutar... Diminuir a velocidade porque de repente pode não se tornar seguro atravessar o cruzamento.

Isso não vai acontecer se você acha que o sinal é sempre verde ou sempre vermelho. Não há liberação total e nem impedimento total, mas um guiar num relacionamento amoroso contínuo e diário.

14  Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. 15  Porque não recebestes o espírito de escravidão, para viverdes, outra vez, atemorizados, mas recebestes o espírito de adoção, baseados no qual clamamos: Aba, Pai. (Romanos 8:14-15).

 No reino do espírito, o sinal amarelo também precede o verde. O Senhor está conosco em todo o tempo, cuidando de nós. Dizendo sim e não. Ele é um pai responsável:

É para disciplina que perseverais (Deus vos trata como filhos); pois que filho há que o pai não corrige? 8  Mas, se estais sem correção, de que todos se têm tornado participantes, logo, sois bastardos e não filhos. 9  Além disso, tínhamos os nossos pais segundo a carne, que nos corrigiam, e os respeitávamos; não havemos de estar em muito maior submissão ao Pai espiritual e, então, viveremos? 10  Pois eles nos corrigiam por pouco tempo, segundo melhor lhes parecia; Deus, porém, nos disciplina para aproveitamento, a fim de sermos participantes da sua santidade. 11  Toda disciplina, com efeito, no momento não parece ser motivo de alegria, mas de tristeza; ao depois, entretanto, produz fruto pacífico aos que têm sido por ela exercitados, fruto de justiça. (Hebreus 12:7-11).


O fluxo seguro segue a orientação do departamento de trânsito celestial. Por isso, aprenda a alegrar-se com os sinais vermelhos, eles são o timer de Deus para sincronizar a nossa bênção (essa lição ainda estou treinando...). O sinal verde é para avançar na direção dos seus princípios, ainda que você queira ficar estacionado antes da faixa de segurança tranquilamente admirando a paisagem. O sinal amarelo necessita de treino e sensibilidade à voz do Espírito, que foi enviado para nos guiar à manifestação da Vida de Deus.

Você pode orar assim:

Senhor, ensina-me a amar os teus limites e ter sensibilidade ao teu guiar, seja para avançar ou para parar, em nome de Jesus.






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