Você já ficou parado em um semáforo e indignou-se pela
demora, ou por ter pegado todos eles vermelhos quando você estava com pressa?
Certamente, do seu ponto de vista individual, o semáforo é um aborrecimento.
Mas, imagine se todos os carros passassem livremente... Os maiores iriam se
impor, a demora ia ser ainda maior para alguns, outros iriam imaginar que “dava
para passar” e iam bater uns nos outros. Desordem, caos e prejuízos iriam
substituir seus minutos de espera na frente do semáforo.
A regra tem esses dois pontos de vista: o do grupo que é
liderado por ela e a do indivíduo que lida com ela. Deus nos deu a
responsabilidade de gerar regras sociais que nos levem a Ele, desde Noé, quando
estabeleceu: “se alguém derramar o sangue do homem, pelo homem se derramará o seu;
porque Deus fez o homem segundo a sua imagem.” (Gênesis 9:6, ver Gênesis
9:7-17). Quando você lidera, você vê do ponto de vista geral, quando você é
liderado, vê do ponto de vista individual.
Sempre estou atenta ao efeito da regra no grupo que lidero.
Sempre que organizo alguma atividade ou procuro desencorajar alguma atitude,
estou com o foco no geral de forma que cada indivíduo seja abençoado, de forma
que não perturbe o direito dos outros, os princípios de Deus ou a ordem do
culto. Coisas que se pensarmos pelo princípio individual, podem nos custar
alguns minutos a mais, mas nos poupam de aborrecimentos e choques entre pessoas
na igreja ou deixam de dar oportunidade de surgirem comportamentos que provoquem
conflitos.
É uma questão de maturidade. As crianças choram e batem o
pé quando você lhes tira o doce. Os adultos maduros e conscientes evitam por si
mesmo o exagero nos doces para investir em alimentação de qualidade, sem que
precise ninguém coagi-los. A sua consciência conhece o princípio de vida e o
assume como próprio. Paulo fala dessa relação proposta pela graça de Cristo:
1 Digo, pois, que, durante o tempo
em que o herdeiro é menor, em nada difere de escravo, posto que é ele senhor de
tudo. 2 Mas está sob tutores e curadores
até ao tempo predeterminado pelo pai. 3
Assim, também nós, quando éramos menores, estávamos servilmente sujeitos
aos rudimentos do mundo; 4 vindo, porém,
a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a
lei, 5 para resgatar os que estavam sob
a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos. 6 E, porque vós sois filhos, enviou Deus ao
nosso coração o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai! 7 De sorte que já não és escravo, porém filho;
e, sendo filho, também herdeiro por Deus. 8
Outrora, porém, não conhecendo a Deus, servíeis a deuses que, por
natureza, não o são; 9 mas agora que conheceis a Deus ou, antes, sendo
conhecidos por Deus, como estais voltando, outra vez, aos rudimentos fracos e
pobres, aos quais, de novo, quereis ainda escravizar-vos? (Gálatas 4:1-3)
Observe o texto: há uma regra meramente externa até que a
maturidade traz a consciência da necessidade dos princípios, então, o nosso
coração clama por eles como forma de ordenar o relacionamento com o Pai. O que
seria uma prisão para uma criança, torna-se libertação pela maturidade do
relacionamento que Cristo propõe, hoje, conosco.
A pergunta é: quando o sinal fechar na sua vida, você vai
agradecer pela proteção que isso representa, olhar para ver se há um vigia e
transgredir, ou obedecer constrangido e murmurando por existirem sinais
vermelhos na sua estrada? A primeira resposta é de um cristão maduro, a segunda
de alguém que não reconhece que os princípios de Deus são de vida e está em sério risco de uma batida , a terceira é de alguém que precisa crescer
espiritualmente e entender que todos nós fomos feitos para termos vida nos
canais da vida de Deus: “Se quiserdes e me ouvirdes, comereis o melhor desta terra.”
(Isaías 1:19).
A ilusão do eterno sinal verde
Há pessoas que acham que Deus é tão bom que não vai lhe
atribuir a responsabilidade de seus atos. Isso não é verdade. Deus é Justo. Um
sinal que sempre fica em um estado só está quebrado. Se sua concepção de Deus é
de alguém que faz tudo o que você quer, comece a suspeitar que está sofrendo de
inversão de papéis. Desse jeito, seu Deus seria você.
Deus não só não faz tudo que queremos, como também não
concorda muitas vezes com o que fazemos e queremos. Ai, de nós se não houvesse
um Deus maior do que nós para discordar das nossas tolices:
- Ai, eu vou guardar essa mágoa até à morte... E não vou
pagar essa conta... Eu sou melhor do que Fulano... E Ciclano, aquele que eu
nunca vi, não vai com a minha cara e eu não vou com a cara dele.
Deus realmente não concordaria conosco, pois:
8
Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos
caminhos, os meus caminhos, diz o SENHOR, 9
porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os
meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos, mais
altos do que os vossos pensamentos. (Isaías 55:8-9).
Não há sinal sempre verde. E graças a Deus por isso. Mas,
há pessoas que mesmo vendo o sinal vermelho, o cortam, desafiando a sorte, mas
lembre-se, que até para fazer aquilo que você não tem impedimento, você tem que
ter sabedoria e disciplina: “todas as coisas são lícitas, mas nem todas convêm; todas
são lícitas, mas nem todas edificam.” (1 Coríntios 10:23).
A mentira do sinal sempre vermelho
Há pessoas que vivem como se o fluxo da vida devesse
estar entravado em um grande e eterno sinal vermelho. Mas a palavra é taxativa
com esses:
18
Ninguém se faça árbitro contra vós outros, pretextando humildade e culto
dos anjos, baseando-se em visões, enfatuado, sem motivo algum, na sua mente
carnal, 19 e não retendo a cabeça, da
qual todo o corpo, suprido e bem vinculado por suas juntas e ligamentos, cresce
o crescimento que procede de Deus. 20 Se
morrestes com Cristo para os rudimentos do mundo, por que, como se vivêsseis no
mundo, vos sujeitais a ordenanças: 21
não manuseies isto, não proves aquilo, não toques aquiloutro, 22 segundo os preceitos e doutrinas dos homens?
Pois que todas estas coisas, com o uso, se destroem. 23 Tais coisas, com efeito, têm aparência de
sabedoria, como culto de si mesmo, e de falsa humildade, e de rigor ascético;
todavia, não têm valor algum contra a sensualidade. (Colossenses 2:18-23).
Não é possível relacionar-se com uma pessoa cumprindo
apenas obrigações, normas e tarefas. Imagine se o namorado dissesse à namorada:
- Já cumpri com todas as minhas obrigações: trouxe flores,
bombons, fiz um cartão romântico e estou cheiroso e arrumado. Agora, me dê um
beijo como pagamento... Já sinto as pétalas voando junto com o cidadão
desavisado portão afora.
Você não pode relacionar-se com Deus cumprindo um
conjunto de regras e desobrigando-se de amá-lo e lhe dar valor. Deus é uma
pessoa. É uma pessoa, porque tem uma personalidade. Ele não é um ser humano,
mas é alguém que existe e busca um relacionamento profundo de amor, chamado
adoração: “Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e
em verdade.” (João 4:24).
A palavra ‘importa’ significa, nesse contexto, o mesmo
que ‘é necessário’. Há condições na
adoração: 1. o reconhecimento que Deus é espírito, 2. que você deseje ser um
adorador dEle, 3. que você faça isso em espírito, a partir do seu espírito, seu
coração (Romanos 2:29) e não de rituais físicos, e 4. É preciso fazer isso em
verdade. Para você que anda procurando a verdade, Jesus esclarece: “[...] a tua
palavra [, Deus,] é a verdade.” (João 17:17).
O sinal da expectativa
O sinal amarelo é uma fase de tensão. Aquele sentimento
de que não devia ser por ali. Uma pulga atrás da orelha, aquele momento em que
o Espírito quer nos orientar e diz: “Preste atenção! Pare! Quero falar com
você!”. Quando “o próprio Espírito testifica com o
nosso espírito que somos filhos de Deus.” (Romanos 8:16). A hora de parar e escutar... Diminuir a
velocidade porque de repente pode não se tornar seguro atravessar o cruzamento.
Isso não vai acontecer se você acha que o sinal é sempre
verde ou sempre vermelho. Não há liberação total e nem impedimento total, mas
um guiar num relacionamento amoroso contínuo e diário.
14
Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. 15 Porque não recebestes o espírito de
escravidão, para viverdes, outra vez, atemorizados, mas recebestes o espírito
de adoção, baseados no qual clamamos: Aba, Pai. (Romanos 8:14-15).
No reino do
espírito, o sinal amarelo também precede o verde. O Senhor está conosco em todo
o tempo, cuidando de nós. Dizendo sim e não. Ele é um pai responsável:
É para disciplina que perseverais
(Deus vos trata como filhos); pois que filho há que o pai não corrige? 8 Mas, se estais sem correção, de que todos se
têm tornado participantes, logo, sois bastardos e não filhos. 9 Além disso, tínhamos os nossos pais segundo a
carne, que nos corrigiam, e os respeitávamos; não havemos de estar em muito
maior submissão ao Pai espiritual e, então, viveremos? 10 Pois eles nos corrigiam por pouco tempo,
segundo melhor lhes parecia; Deus, porém, nos disciplina para aproveitamento, a
fim de sermos participantes da sua santidade. 11 Toda disciplina, com efeito, no momento não
parece ser motivo de alegria, mas de tristeza; ao depois, entretanto, produz
fruto pacífico aos que têm sido por ela exercitados, fruto de justiça. (Hebreus
12:7-11).
O fluxo seguro segue a orientação do departamento de
trânsito celestial. Por isso, aprenda a alegrar-se com os sinais vermelhos,
eles são o timer de Deus para sincronizar a nossa bênção (essa lição ainda
estou treinando...). O sinal verde é para avançar na direção dos seus
princípios, ainda que você queira ficar estacionado antes da faixa de segurança
tranquilamente admirando a paisagem. O sinal amarelo necessita de treino e
sensibilidade à voz do Espírito, que foi enviado para nos guiar à manifestação
da Vida de Deus.
Você pode orar assim:
Senhor,
ensina-me a amar os teus limites e ter sensibilidade ao teu guiar, seja para
avançar ou para parar, em nome de Jesus.