sexta-feira, 20 de julho de 2012

Livre para a vida




A pior decepção que se pode ter é consigo mesmo. Por isso me surpreendo quando as pessoas decidem não perdoar. Todo princípio de vida que usamos, retorna sobre nós. Assim, o que será dessas pessoas quando elas se decepcionarem consigo mesmas? Sob a demanda cada vez maior dessa vida diária, corrida contra o tempo, somos assaltados por milhares de compromissos e exigências difíceis de gerenciar e as quais, ao menor descuido, descobrirão as nossas fraquezas e trarão suas conseqüências.

Não fomos preparados para tanta demanda. Nunca nos disseram o que fazer quando estivéssemos esgotados e nem a gerenciar dez ou dezenas de solicitações de papéis diferentes ao mesmo tempo. Vamos à escola e ganhamos um diploma, mas ele não nos explica nada da vida. Como manter a mente e as emoções em harmonia dinâmica, lidar com perdas e saber quem somos, ao mesmo tempo em que precisamos produzir? Como construir esse equipamento intelectual e emocional e usá-lo de forma a resolver realmente essas situações? Não é sem razão que os professores, além da remuneração mal atribuída, estão desestimulados. Precisam de respostas para suas próprias perguntas. Perguntas que, na maioria das vezes, nem tiveram tempo de fazer a si mesmos antes que tudo caísse sobre eles mesmos como quem abriu a porta de um armário entulhado de coisas.

Mas, podemos refletir em alguns pontos com a ajuda da Palavra de Deus e de Cury (2001) e perceber as estruturas básicas para desenvolver habilidades, conhecimentos e atitudes, que nos ajudarão a lidar com as emoções e o intelecto diante dessas dificuldades.

Você recebeu a missão de aprender

Você foi treinado à passividade nos bancos da escola: as perguntas só podiam vir do professor; responder errado era um risco de passar vergonha e não uma oportunidade de aprender; o importante era a nota no final e não o que se aprendia;...  Aprender era uma obrigação sem sal, onde você era o fantoche. Onde você estava durante as aulas? Em qualquer lugar do cosmos. Assim se mata a criatividade, a liberdade e o espírito de tentar e realizar.

Mas, a Bíblia não ensina assim. Veja como Deus ensina a ensinar:

6  Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão [primeiro] nas suas [próprias] mentes e corações; [então] 7  tu as desejarás e estarás atento assim a fazê-las penetrar, ensinar e impressioná-las diligentemente sobre as mentes e corações de seus teus filhos, e delas falarás quando sentar em sua casa e quando caminhar no caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te. 8  Também as atarás como sinal na tua mão, e te serão por frontal (testeira) entre os teus olhos. 9  E as escreverás nos umbrais de tua casa e nos teus portões. (Deuteronômio 6:6-9 – Bíblia Amplificada).

Observe como tudo começa no que o mestre (pai) é e termina no que o discípulo (filho), se transforma a partir da experiência, companhia e diálogo contínuos. Ainda que seu pai e seus professores não tenham lhe ensinado assim, é assim que Deus ensina. Não tema ao pedir, perguntar ou aproximar-se de Deus. Ele criou a pedagogia do diálogo e não ficará ofendido. A dúvida é o contrário da fé, por isso Ele está disposto a lhe dar todas as respostas que você puder escutar. Pois: “as coisas encobertas pertencem ao SENHOR, nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem, a nós e a nossos filhos, para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei.” (Deuteronômio 29:29).


Dando atenção além dos olhos e ouvidos

Não faz diferença se a sala está em “U” quando o professor é um crítico dos estudantes, não permite ser questionado e deixa as pessoas que aprendem tão passivas quanto sempre. Quando o relacionamento é assim, impositivo e emudecedor, se somem as tantas coisas que temos na cabeça do dia-a-dia terminamos no beco sem saída da distração. Esse é o fruto de um relacionamento onde tudo só pode ser recebido e entregue do jeito que a outra pessoa quer. Isso mata qualquer relacionamento, seja de aprendizado ou de amor. Quando uma pessoa exige que o outro seja apenas um espelho, o outro pode desaparecer rapidamente da sua frente.

Tantas tensões no dia-a-dia nos deixam cheios de necessidade de nos expressar e, ao mesmo tempo, a obrigação do silêncio pela falta de autorização para nos expressarmso. É terrível quando tendemos a repetir esse silêncio com Deus. Assim não vamos resolver nada. Portanto, fale com Ele até se esvaziar de tudo o que lhe preocupa:

6 Não temam ou tenham nenhuma ansiedade sobre nada, mas em toda cisrcunstância e em tudo, por oração e petição (pedidos definidos), com ações de graças, continuem a fazer suas necessidades conhecidas a Deus. 7  e a Paz de Deus [será sua, aquele estado tranqüilo de uma alma segura de sua salvação através de Cristo e que não teme nada de Deus e está contente com sua porção terrena qualquer que seja, essa paz] que transcende toda compreensão colocará uma guarnição e montará guarda sobre seus corações e mentes em Cristo Jesus. (Filipenses 4:6-7 – Bíblia Amplificada).

Criando e buscando espaços para aprender

Se você é líder. Crie um ambiente de vida e trabalho onde as pessoas possam falar individualmente e em grupo o que pensam. Um ambiente onde não podemos expressar o que pensamos, geralmente, nos deixa inquietos, tensos, ansiosos e, por conseqüência, improdutivos. Há espaços relacionais que se transformam em verdadeiros barris de pólvora tensionais, prontos a explodir, assim são chatos, desagradáveis e tediosos. Há tanto famílias, quanto locais de trabalho e estudo assim.

Na escola, muitas pessoas focam como objetivo da educação o domínio do conhecimento e as notas nas provas, sendo que as notas nas provas, geralmente, são o resultado de responder o que e como o professor deseja. Mas, como atribuir notas para mensurar o respeito ao outro, a solidariedade e as opiniões refletidas e bem colocadas? O fato de obter esses comportamentos motivados pela nota a receber já teria retirado a sua essência.

Esse artificialismo em busca de reconhecimento e vantagens sociais tem perturbado a nossa vida diária e nosso relacionamento com Deus. É como se fôssemos forçados à hipocrisia. A hipocrisia faz coisas boas para receber vantagens e não porque tem prazer no que é bom. Não podemos adotar esse princípio da hipocrisia intelectual ou emocional na nossa vida e principalmente na vida cristã, senão caímos no que a Palavra condena: “respondeu-lhes: Bem profetizou Isaías a respeito de vós, hipócritas, como está escrito: Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim.” (Marcos 7:6).

Na igreja, buscamos a verdade que está na palavra. Todos os que conhecem a Palavra podem contribuir, os que não conhecem precisam perguntar e tirar suas dúvidas. Por esse motivo há os espaços de estudo. O Senhor não nos deu um espírito de timidez, mas de fortaleza (2 Timóteo 1:7). Quando somos intimidados e não fazemos perguntas, estamos diminuindo as possibilidades de aprender e ser o que podemos ser em Cristo.

Deus não se ofende com perguntas

Nem tudo Deus vai nos responder, mas temos a garantia de que saberemos tudo o que for preciso para a nossa vida:

“Se, porém, algum de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e nada lhes impropera; e ser-lhe-á concedida.” (Tiago 1:5). 

“as coisas encobertas pertencem ao SENHOR, nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem, a nós e a nossos filhos, para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei.” (Deuteronômio 29:29).

Jesus estimulava as pessoas a pensarem começando muitas conversas com perguntas.

19  Mostrai-me a moeda do tributo. Trouxeram-lhe um denário. 20  E ele lhes perguntou: De quem é esta efígie e inscrição? 21  Responderam: De César. Então, lhes disse: Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus. (Mateus 22:19-21).

Quando Jesus fez a pergunta, enlaçou os respondentes na sua própria resposta. Expôs a intenção errada daqueles homens e os calou com a própria voz deles. Jesus não temia perguntas, ainda que fossem maliciosas.

Deus não fica impaciente com perguntas

Perguntas não são ofensas para Deus quando o coração as faz com a intenção de conhecê-lo e agradá-lo. Jesus não deixava de responder nem as perguntas de profunda ignorância, como a disputa de seus discípulos por prestígio:

1  Naquela hora, aproximaram-se de Jesus os discípulos, perguntando: Quem é, porventura, o maior no reino dos céus? 2  E Jesus, chamando uma criança, colocou-a no meio deles. 3  E disse: Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus. 4  Portanto, aquele que se humilhar como esta criança, esse é o maior no reino dos céus. 5  E quem receber uma criança, tal como esta, em meu nome, a mim me recebe. 6  Qualquer, porém, que fizer tropeçar a um destes pequeninos que crêem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma grande pedra de moinho, e fosse afogado na profundeza do mar. (Mateus 18:1-6)

Jesus dá uma aula para responder à pergunta.
Uma criança não era contada  nem no censo. Lembra-se do milagre dos pães que as mulheres e crianças não eram contadas? Mas, a criança estava ali, sem que ninguém a contasse, absorvendo cada palavra que saía da boca de Jesus como verdade absoluta, assim como as crianças fazem com os adultos. Ela não se opunha ao ensino, mas o desejava para si como descrição de quem ela era e guia para a vida. Quem já trabalhou com crianças sabe o que digo. Por isso, na mesma intensidade dessa entrega, o Senhor as defenderá.

Você receberá sua resposta de Deus

Observe que Jesus não se ofende com a pergunta dos discípulos, que não conheciam o princípio da humildade. Ele simplesmente redireciona as suas intenções e entendimento dando-lhes um desenho vivo do objetivo da lição. Mas respondeu à altura a pergunta maliciosa e a tentativa de comprometê-lo dos fariseus. Deus não lhe deixará sem resposta diante de nenhuma situação. Ele pode até lhe corrigir as idéias, mas não lhe deixará sem orientação: “instruir-te-ei e te ensinarei o caminho que deves seguir; e, sob as minhas vistas, te darei conselho.” (Salmo 32:8).  Você pode até ter sido impedido de expressar seus sentimentos por seus pais e pela escola, mas não é assim com Deus.

Um professor comum poderia se ofender com a pergunta-armadilha dos fariseus ou com a pergunta vaidosa dos discípulos, mas Jesus ocupou-se em responder adequadamente a cada uma. Precisamos crer e ir atrás de respostas, sabendo que se o Senhor dos Senhores não tem problemas para responder, que importa se os homens se negam a fazê-lo? Se ser aprovado na escola inclui ficar quieto, calado e não pensar, somente repetir o que lhe dizem, ser aprovado na vida exige postura contrária.

Pergunte, queira saber, entenda, concorde e discorde. Não quer dizer que você vá andar dizendo tudo o que pensa por aí, mas que deve saber tudo o que é preciso para andar em triunfo. Sabedoria é um recurso dos mais preciosos, acima dela, só o amor que a direciona e lhe dá sentido. “Graças, porém, a Deus, que, em Cristo, sempre nos conduz em triunfo e, por meio de nós, manifesta em todo lugar a fragrância do seu conhecimento.” (2 Coríntios 2:14).   

É preciso aprender a perguntar e a expressar-se, aprender a existir. Como diz Cury (2001, p. 65): “na vida e na ciência o tamanho da pergunta determina a dimensão da resposta.” Não estamos aqui somente para passar em provas, mas para vivermos melhor e melhorarmos a vida de todos à nossa volta.

Você pode orar assim:

Senhor, eu rejeito toda timidez em perguntar e ficar sem dúvidas. Coloca em meu coração o desejo de conhecer de saber sobre tudo o que é seu e da tua criação, ensina-me a lidar com meus pensamentos, vontades e emoções, ensina-me a viver uma vida que construa paz, alegria e justiça para mim e para quem está comigo em nome de Jesus.




 REFERÊNCIAS
CURY, Augusto. Treinando as emoções para ser feliz. São Paulo: Academia de Inteligência, 2001.

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