A pior decepção que se pode ter é consigo mesmo. Por isso
me surpreendo quando as pessoas decidem não perdoar. Todo princípio de vida que
usamos, retorna sobre nós. Assim, o que será dessas pessoas quando elas se
decepcionarem consigo mesmas? Sob a demanda cada vez maior dessa vida diária, corrida
contra o tempo, somos assaltados por milhares de compromissos e exigências difíceis
de gerenciar e as quais, ao menor descuido, descobrirão as nossas fraquezas e trarão
suas conseqüências.
Não fomos preparados para tanta demanda. Nunca nos
disseram o que fazer quando estivéssemos esgotados e nem a gerenciar dez ou
dezenas de solicitações de papéis diferentes ao mesmo tempo. Vamos à escola e
ganhamos um diploma, mas ele não nos explica nada da vida. Como manter a mente e
as emoções em harmonia dinâmica, lidar com perdas e saber quem somos, ao mesmo
tempo em que precisamos produzir? Como construir esse equipamento intelectual e
emocional e usá-lo de forma a resolver realmente essas situações? Não é sem
razão que os professores, além da remuneração mal atribuída, estão desestimulados.
Precisam de respostas para suas próprias perguntas. Perguntas que, na maioria
das vezes, nem tiveram tempo de fazer a si mesmos antes que tudo caísse sobre
eles mesmos como quem abriu a porta de um armário entulhado de coisas.
Mas, podemos refletir em alguns pontos com a ajuda da
Palavra de Deus e de Cury (2001) e perceber as estruturas básicas para
desenvolver habilidades, conhecimentos e atitudes, que nos ajudarão a lidar com
as emoções e o intelecto diante dessas dificuldades.
Você recebeu a missão de aprender
Você foi treinado à passividade nos bancos da escola: as
perguntas só podiam vir do professor; responder errado era um risco de passar
vergonha e não uma oportunidade de aprender; o importante era a nota no final e
não o que se aprendia;... Aprender era
uma obrigação sem sal, onde você era o fantoche. Onde você estava durante as
aulas? Em qualquer lugar do cosmos. Assim se mata a criatividade, a liberdade e
o espírito de tentar e realizar.
Mas, a Bíblia não ensina assim. Veja como Deus ensina a
ensinar:
6
Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão [primeiro] nas suas [próprias]
mentes e corações; [então] 7 tu as desejarás
e estarás atento assim a fazê-las penetrar, ensinar e impressioná-las
diligentemente sobre as mentes e corações de seus teus filhos, e delas falarás quando
sentar em sua casa e quando caminhar no caminho, e ao deitar-te, e ao
levantar-te. 8 Também as atarás como
sinal na tua mão, e te serão por frontal (testeira) entre os teus olhos. 9 E as escreverás nos umbrais de tua casa e nos
teus portões. (Deuteronômio 6:6-9 – Bíblia Amplificada).
Observe como tudo começa no que o mestre (pai) é e
termina no que o discípulo (filho), se transforma a partir da experiência,
companhia e diálogo contínuos. Ainda que seu pai e seus professores não tenham
lhe ensinado assim, é assim que Deus ensina. Não tema ao pedir, perguntar ou aproximar-se
de Deus. Ele criou a pedagogia do diálogo e não ficará ofendido. A dúvida é o
contrário da fé, por isso Ele está disposto a lhe dar todas as respostas que
você puder escutar. Pois: “as coisas encobertas pertencem ao SENHOR, nosso Deus,
porém as reveladas nos pertencem, a nós e a nossos filhos, para sempre, para
que cumpramos todas as palavras desta lei.” (Deuteronômio 29:29).
Dando atenção além dos olhos e ouvidos
Não faz diferença se a sala está em “U” quando o
professor é um crítico dos estudantes, não permite ser questionado e deixa as
pessoas que aprendem tão passivas quanto sempre. Quando o relacionamento é
assim, impositivo e emudecedor, se somem as tantas coisas que temos na cabeça do
dia-a-dia terminamos no beco sem saída da distração. Esse é o fruto de um
relacionamento onde tudo só pode ser recebido e entregue do jeito que a outra
pessoa quer. Isso mata qualquer relacionamento, seja de aprendizado ou de amor.
Quando uma pessoa exige que o outro seja apenas um espelho, o outro pode
desaparecer rapidamente da sua frente.
Tantas tensões no dia-a-dia nos deixam cheios de
necessidade de nos expressar e, ao mesmo tempo, a obrigação do silêncio pela
falta de autorização para nos expressarmso. É terrível quando tendemos a
repetir esse silêncio com Deus. Assim não vamos resolver nada. Portanto, fale com
Ele até se esvaziar de tudo o que lhe preocupa:
6 Não temam ou tenham nenhuma
ansiedade sobre nada, mas em toda cisrcunstância e em tudo, por oração e
petição (pedidos definidos), com ações de graças, continuem a fazer suas
necessidades conhecidas a Deus. 7 e a Paz
de Deus [será sua, aquele estado tranqüilo de uma alma segura de sua salvação
através de Cristo e que não teme nada de Deus e está contente com sua porção
terrena qualquer que seja, essa paz] que transcende toda compreensão colocará
uma guarnição e montará guarda sobre seus corações e mentes em Cristo Jesus.
(Filipenses 4:6-7 – Bíblia Amplificada).
Criando e buscando espaços para aprender
Se você é líder. Crie um ambiente de vida e trabalho onde
as pessoas possam falar individualmente e em grupo o que pensam. Um ambiente
onde não podemos expressar o que pensamos, geralmente, nos deixa inquietos,
tensos, ansiosos e, por conseqüência, improdutivos. Há espaços relacionais que
se transformam em verdadeiros barris de pólvora tensionais, prontos a explodir,
assim são chatos, desagradáveis e tediosos. Há tanto famílias, quanto locais de
trabalho e estudo assim.
Na escola, muitas pessoas focam como objetivo da educação
o domínio do conhecimento e as notas nas provas, sendo que as notas nas provas,
geralmente, são o resultado de responder o que e como o professor deseja. Mas,
como atribuir notas para mensurar o respeito ao outro, a solidariedade e as opiniões
refletidas e bem colocadas? O fato de obter esses comportamentos motivados pela
nota a receber já teria retirado a sua essência.
Esse artificialismo em busca de reconhecimento e
vantagens sociais tem perturbado a nossa vida diária e nosso relacionamento com
Deus. É como se fôssemos forçados à hipocrisia. A hipocrisia faz coisas boas
para receber vantagens e não porque tem prazer no que é bom. Não podemos adotar
esse princípio da hipocrisia intelectual ou emocional na nossa vida e
principalmente na vida cristã, senão caímos no que a Palavra condena: “respondeu-lhes:
Bem profetizou Isaías a respeito de vós, hipócritas, como está escrito: Este
povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim.” (Marcos 7:6).
Na igreja, buscamos a verdade que está na palavra. Todos os
que conhecem a Palavra podem contribuir, os que não conhecem precisam perguntar
e tirar suas dúvidas. Por esse motivo há os espaços de estudo. O Senhor não nos
deu um espírito de timidez, mas de fortaleza (2 Timóteo 1:7). Quando somos
intimidados e não fazemos perguntas, estamos diminuindo as possibilidades de
aprender e ser o que podemos ser em Cristo.
Deus não se ofende com perguntas
Nem tudo Deus vai nos responder, mas temos a garantia de
que saberemos tudo o que for preciso para a nossa vida:
“Se, porém, algum de vós necessita
de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e nada lhes impropera;
e ser-lhe-á concedida.” (Tiago 1:5).
“as coisas encobertas pertencem ao
SENHOR, nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem, a nós e a nossos filhos,
para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei.” (Deuteronômio
29:29).
Jesus estimulava as pessoas a pensarem começando muitas
conversas com perguntas.
19
Mostrai-me a moeda do tributo. Trouxeram-lhe um denário. 20 E ele lhes perguntou: De quem é esta efígie e
inscrição? 21 Responderam: De César.
Então, lhes disse: Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de
Deus. (Mateus 22:19-21).
Quando Jesus fez a pergunta, enlaçou os respondentes na
sua própria resposta. Expôs a intenção errada daqueles homens e os calou com a
própria voz deles. Jesus não temia perguntas, ainda que fossem maliciosas.
Deus não fica impaciente com perguntas
Perguntas não são ofensas para Deus quando o coração as
faz com a intenção de conhecê-lo e agradá-lo. Jesus não deixava de responder
nem as perguntas de profunda ignorância, como a disputa de seus discípulos por
prestígio:
1 Naquela hora, aproximaram-se de Jesus os
discípulos, perguntando: Quem é, porventura, o maior no reino dos céus? 2 E Jesus, chamando uma criança, colocou-a no
meio deles. 3 E disse: Em verdade vos
digo que, se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo
algum entrareis no reino dos céus. 4
Portanto, aquele que se humilhar como esta criança, esse é o maior no
reino dos céus. 5 E quem receber uma
criança, tal como esta, em meu nome, a mim me recebe. 6 Qualquer, porém, que fizer tropeçar a um
destes pequeninos que crêem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao
pescoço uma grande pedra de moinho, e fosse afogado na profundeza do mar.
(Mateus 18:1-6)
Jesus dá uma aula para responder à pergunta.
Uma criança não era contada nem no censo.
Lembra-se do milagre dos pães que as mulheres e crianças não eram contadas?
Mas, a criança estava ali, sem que ninguém a contasse, absorvendo cada palavra que saía da boca de Jesus como
verdade absoluta, assim como as crianças fazem com os adultos. Ela não se
opunha ao ensino, mas o desejava para si como descrição de quem ela era e guia
para a vida. Quem já trabalhou com crianças sabe o que digo. Por isso, na mesma
intensidade dessa entrega, o Senhor as defenderá.
Você receberá sua resposta de Deus
Observe que Jesus não se ofende com a pergunta dos
discípulos, que não conheciam o princípio da humildade. Ele simplesmente redireciona
as suas intenções e entendimento dando-lhes um desenho vivo do objetivo da
lição. Mas respondeu à altura a pergunta maliciosa e a tentativa de
comprometê-lo dos fariseus. Deus não lhe deixará sem resposta diante de nenhuma
situação. Ele pode até lhe corrigir as idéias, mas não lhe deixará sem orientação:
“instruir-te-ei
e te ensinarei o caminho que deves seguir; e, sob as minhas vistas, te darei
conselho.” (Salmo 32:8). Você
pode até ter sido impedido de expressar seus sentimentos por seus pais e pela
escola, mas não é assim com Deus.
Um professor comum poderia se ofender com a pergunta-armadilha
dos fariseus ou com a pergunta vaidosa dos discípulos, mas Jesus ocupou-se em
responder adequadamente a cada uma. Precisamos crer e ir atrás de respostas,
sabendo que se o Senhor dos Senhores não tem problemas para responder, que
importa se os homens se negam a fazê-lo? Se ser aprovado na escola inclui ficar
quieto, calado e não pensar, somente repetir o que lhe dizem, ser aprovado na
vida exige postura contrária.
Pergunte, queira saber, entenda, concorde e discorde. Não
quer dizer que você vá andar dizendo tudo o que pensa por aí, mas que deve saber
tudo o que é preciso para andar em triunfo. Sabedoria é um recurso dos mais
preciosos, acima dela, só o amor que a direciona e lhe dá sentido. “Graças, porém,
a Deus, que, em Cristo, sempre nos conduz em triunfo e, por meio de nós,
manifesta em todo lugar a fragrância do seu conhecimento.” (2 Coríntios 2:14).
É preciso aprender a perguntar e a expressar-se, aprender
a existir. Como diz Cury (2001, p. 65): “na vida e na ciência o tamanho da
pergunta determina a dimensão da resposta.” Não estamos aqui somente para
passar em provas, mas para vivermos melhor e melhorarmos a vida de todos à
nossa volta.
Você pode orar assim:
Senhor, eu rejeito toda timidez em perguntar e ficar sem
dúvidas. Coloca em meu coração o desejo de conhecer de saber sobre tudo o que é
seu e da tua criação, ensina-me a lidar com meus pensamentos, vontades e
emoções, ensina-me a viver uma vida que construa paz, alegria e justiça para
mim e para quem está comigo em nome de Jesus.
REFERÊNCIAS
CURY, Augusto. Treinando
as emoções para ser feliz. São Paulo: Academia de Inteligência, 2001.
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