quinta-feira, 26 de julho de 2012

Força e vitória



É muito comum encontrarmos pessoas de língua afiada para a discussão. “Não levar desaforo para casa” é uma lição ensinada desde cedo em várias famílias. E também o princípio da discussão: “se você disser uma, eu digo dez...” Mas, você já observou as consequências dessas atitudes? Mais palavras agressivas, até que a agressão, muitas vezes, saia do nível verbal. Pois “[...] a palavra dura suscita a ira” (Provérbios 15:1).

É preciso decidir ser feliz. Essa é uma decisão que, às vezes, precisamos tomar várias vezes por dia. É preciso tomá-la tantas vezes quantas tivermos a oportunidade de desistir dela. Na realidade, Deus não quer que nós sejamos meramente felizes, Deus quer que nós sejamos mais do que felizes, a ponto de sermos dignos de inveja. É isso que significa a palavra “bem-aventurado” no original grego. Uma das bem-aventuranças descritas no sermão do monte é:

Abençoados (que desfrutam de invejável felicidade, espiritualmente prósperos – com vida – alegria e satisfação no favor de Deus e salvação, a despeito de suas condições externas) são os pacificadores e mantenedores da paz, porque serão chamados filhos de Deus. (Mateus 5:9 – Bíblia Amplificada).

Pacificadores são aqueles que trazem a paz. Hoje, se fala de cultura de paz, mas essa cultura que valoriza a paz começa em casa e, principalmente, dentro de cada pessoa. Paz é algo que você leva com você e pode transmitir a quem se abrir para isso: “12  Ao entrardes na casa, saudai-a; 13  se, com efeito, a casa for digna, venha sobre ela a vossa paz; se, porém, não o for, torne para vós outros a vossa paz.” (Mateus 10:12-13). Observe que a ministração da paz está na fala, desde o cumprimento. Levar a paz não é apenas um jargão, mas um estilo de vida,.

Sem a capacidade de andar e disseminar a paz, a nossa estadia aqui na terra perde o sentido. Temos uma missão de temperar com sal os nossos relacionamentos, de cultivar o sabor da paz. Essa missão nos foi dada por Jesus: “bom é o sal; mas, se o sal vier a tornar-se insípido, como lhe restaurar o sabor? Tende sal em vós mesmos e paz uns com os outros.” (Marcos 9:50).  O sal simboliza a aliança. Se nós temos o  gosto de Cristo em nossa vida, traremos o gosto da paz por onde formos. Se perdermos esse sabor, aí de nós... E há uma maneira de levar a paz que é fundamental.

Precisamos nos revestir dessa missão de pacificadores no coração e liberá-la com nossas línguas. As línguas são poderosas para influenciar no clima dos ambientes em que vivemos. Sabedoria ao falar nos desvia de problemas: “o sábio escala a cidade dos valentes e derriba a fortaleza em que ela confia.” (Provérbios 21:22). Também  nos deixa em segurança “a sabedoria fortalece ao sábio, mais do que dez poderosos que haja na cidade.”(Eclesiastes 7:19). Uma cultura de paz valoriza palavras verdadeiras que tragam a paz: “prata escolhida é a língua do justo, mas o coração dos perversos vale mui pouco.” (Provérbios 10:20).

Um pai ou mãe que fala agressivamente para seus filhos só receberá de volta ira e indignação; um esposo ou uma esposa que fala palavras amargas para o seu cônjuge não pode esperar que ele devolva felicidade; quem fala o que quer deve esperar ouvir o que não quer; quem tem a língua como um martelo, deve sentir constantemente o gosto dos pregos. Há aspectos importantes do nosso falar que precisam se alinhar com a Paz de Cristo. Assim ofereço o texto de hoje.


Os vários aspectos da missão de pacificar

Observe de dois lados essa missão: “uma resposta suave faz voltar atrás a ira, mas palavras agressivas instigam a ira.” (Provérbios 15:1 - Bíblia Amplificada). E mais na frente, como uma forma didática muito usada pelos hebreus ao desejar enfatizar um princípio, o autor repete de outra forma o mesmo princípio: “pela grande paciência e calma de espírito um juiz ou governador é persuadido e o falar suave quebra a resistência igual à dos ossos mais fortes.” (Provérbios 25:15 – Bíblia Amplificada).

Observe que  a verdadeira força e valor não estão no volume da voz de quem está em meio às discussões sem fim, mas naquele que espera o momento certo para trazer a paz. Não se curve à tentação de estimular o conflito, a indignação e o confronto. Você foi chamado para fortalecer a paz, porque Deus é Deus de paz e não de confusão (1 Coríntios 14:33). Nossas palavras precisam curar e não ferir: “alguém há cuja tagarelice é como pontas de espada, mas a língua dos sábios é medicina.” (Provérbios 12:18).   A língua é fonte do que vamos colher, da qualidade de vida que iremos ter. As palavras que semearmos aumentarão o bem ou o mal, a morte ou a vida para nós mesmos e pára os que nos cercam:  “a morte e a vida estão no poder da língua; o que bem a utiliza come do seu fruto.” (Provérbios 18:21).

O auto-controle e a língua

É ponto pacífico que a raiva é uma conselheira inaceitável: “porque a ira do homem não produz a justiça de Deus.” (Tiago 1:20).  A raiva precisa ser contida, senão o prejuízo poderá ser enorme: “como cidade derribada, que não tem muros, assim é o homem que não tem domínio próprio.” (Provérbios 25:28). Então, princípio número um: se está com raiva, não fale até se acalmar. Se você tentar tirar o barro molhado de um sapato, provavelmente irá aumentar a sujeira e espalhá-la por todo lado. Mas se deixá-la secar, um movimento rápido na sola e todo o barro sairá imediatamente. Espere a sua raiva e a raiva do outro passarem. Afaste-se, cale-se e respire fundo. Deixe para resolver o assunto quando a adrenalina normalizar. “A língua serena é árvore de vida, mas a perversa quebranta o espírito.” (Provérbios 15:4).

As palavras são preciosas. Dê valor às suas economizando-as. O mesmo princípio de mercado oferta x demanda você pode impor às suas palavras. Você já percebeu como as pessoas prestam atenção a uma pessoa que fala pouco? Isso enriquece o conteúdo de cada frase pensada e comedida: “no muito falar não falta transgressão, mas o que modera os lábios é prudente.” (Provérbios 10:19). “O que guarda a boca e a língua guarda a sua alma das angústias.” (Provérbios 21:23).  

Examinando o princípio das palavras de paz

Um exame das palavras no original do versículo a seguir dizem exatamente isso: A resposta branda(1) desvia o furor, mas a palavra dura (2) suscita a ira.” (Provérbios 15:1).  

A palavra traduzida para branda (1) significa: “gentil, terna, carinhosa, de tom fraco, suave”. Ela é traduzida em várias versões em inglês por suave, terna e gentil. A palavra gentil tem o efeito de acalmar, fazer quem estava irritado deixar a raiva.

O autor contrapõe a idéia e a consequencia de uma palavra suave, terna e gentil com a idéia e a consequencia de uma palavra dura (2), que, no original, representa a ideia da dureza de um vaso de barro (que sugere a dureza da natureza terrena, a carne); também indica uma labuta dolorosa; assim como uma espetada (seja no corpo ou da mente); sendo traduzida até para sepultura e tristeza.

Entendemos então que uma palavra gentil aconchega até quem estava em meio a uma contenda e a palavra grosseira instiga e aumenta a inimizade a níveis perigosos. Observe essas traduções em inglês:

Por uma resposta suave a ira é abandonada, mas uma palavra amarga é a causa de sentimentos de raiva. (Provérbios 15:1 - Bible in Basic English).
Uma resposta terna acalma sentimentos de raiva, mas palavras grosseiras a incitam. (Provérbios 15:1 – Contemporary English Version).
Uma resposta gentil faz a raiva desaparecer, mas uma resposta grosseira a faz crescer. (Provérbios 15:1 – Easy to read version).

  Cabe a nós escolhermos o que queremos semear e colher, o conforto da paz e da harmonia ou a contenda. 

A verdade e a doçura no falar

Você pode até ter várias coisas prudentes e coerentes, racionais e com todo o valor da ciência, mas se você disser isso sem amor, será um barulho insuportável de se ouvir de perto. A bíblia faz uma comparação importante:

Se eu [puder] falar nas línguas dos homens e [mesmo] dos anjos, mas não tiver amor (aquela devoção espiritual racional e intencional tal como é inspirada pelo Amor de Deus por e em nós), eu sou apenas um gongo barulhento ou um címbalo que retine. (1 Coríntios 13:1 – Bíblia Amplificada).

Um gongo de bronze ou um sino são capazes de soar à altura de 85 a 110 decibéis dependendo de seu tamanho. Um ouvido humano é capaz de estar confortável e não sofrer dano ou dor com sons até 85 decibéis. O sino começa exatamente quando causa dor ou dano àquele que escuta. Na gritaria de uma discussão não há comunicação e sim dano e dor, quando nos tornamos sinos cheios da nossa verdade e sabedoria. Pois “o sábio de coração é chamado prudente, e a doçura no falar aumenta o saber.” (Proverbios16:21)

Além do mais, o Senhor não quer que andemos em discussões: “longe de vós, toda amargura, e cólera, e ira, e gritaria, e blasfêmias, e bem assim toda malícia.” (Efésios 4:31).  Se sua família tem a cultura da gritaria e discussão, lembro que você mudou de família quando nasceu de novo. Baixe o tom de voz, não seja um sino para ferir ninguém. Não só o conteúdo, mas a forma de entregar a mensagem é importante, pois possibilita que o outro possa se beneficiar da mensagem. Nossa instrução precisa seguir junto com a bondade, como provérbios indica para a mulher virtuosa: “fala com sabedoria, e a instrução da bondade está na sua língua.” (Provérbios 31:26). Mais importante do que dizermos o que queremos é a pessoa escutar e ser abençoada.  “A língua dos sábios adorna o conhecimento,” (Provérbios 15:2).

Os efeitos das palavras de paz

Se uma mensagem é entregue da maneira correta a um coração que deseja de Deus, ainda que seja uma repreensão, estaremos salgando a terra com paz como fomos chamados a fazer. E isso gerará frutos: “o que repreende ao homem achará, depois, mais favor do que aquele que lisonjeia com a língua.” (Provérbios 28:23).   

Nós precisamos aprender a amar, gostar de deixar as pessoas bem e em paz. Precisamos nos ver como instrumentos da paz. O nosso coração deve se comprometer a nos redirecionar para promover a paz. E isso, ao contrário do que muitos pensam, nos promoverá junto com ela: “o que ama a pureza do coração e é grácil no falar terá por amigo o rei.” (Provérbios 22:11).   

Promoções e soluções pela paz

Em todas as esferas de relacionamento podemos ver a necessidade de uma cultura que estimule, valorize e priorize a paz. Uma aliada importante da paz é a paciência. A paciência estendida é chamada de longanimidade. A longanimidade não desanima em esperar, tem o ânimo longo e dá frutos maravilhosos: “a longanimidade(3) persuade (4) o príncipe, e a língua branda esmaga ossos.” (Provérbios 25:15).

A palavra longanimidade (3) no hebraico representa a figura de uma pessoa respirando profundamente, como para se equilibrar de uma irritação forte. Essa habilidade aplicada aos relacionamentos persuade os poderosos nas situações de conflito. Ninguém escuta pessoas descontroladas emocionalmente. Elas mesmas não demonstram confiança nos seus argumentos pelo seu descontrole. Podem argumentar o melhor argumento, mas não conseguem atenção por não demonstrarem segurança.

O interlocutor não fica confortável para discutir suas ideias, sente-se pressionado e  entra em postura de defesa, onde nenhuma opinião ou ideia diversa ou até alheia é bem-vinda ou aceitável. Aliás, a palavra persuadir (4), resultado da palavra branda dada, remete, no original, à ideia de deixar a pessoa se sentindo confortável, num espaço amplo. Mas também foi traduzida como iludir. Podemos, então, entender que há perigo, quando nos exaltamos e falamos asperamente, de perdermos até a razão que temos e se outra pessoa mais inteligente interpessoalmente falar suavemente pode conseguir verter a situação a favor dela, só por deter mais controle e inteligência emocional e interpessoal.

Explorando a ação da palavra gentil

Observe a tradução desse versículo de Provérbios 25:15em outras versões da Bíblia em inglês:

A.    Com paciência, você pode fazer qualquer um mudar seu pensamento, até mesmo um governador. A fala gentil é muito poderosa. (Provérbios 25:15 – Bíblia Easy-to-read Version).
B.    Um juiz é mudado por alguém que por longo tempo suporta erros sem protestar e por uma língua suave, até mesmo ossos são quebrados (Provérbios 25:15 - Bible in Basic English). 
C.   Paciência e fala gentil convencem um governador e resolvem qualquer problema (Provérbios 25:15 - Contemporary English Version

A tradução (A) mostra a união da paciência e da fala gentil como base do poder de convencimento. Cria um alicerce firme para estabelecer o poder de vida e paz;

A tradução (B) mostra o poder do domínio próprio e da expectativa pelo momento oportuno de se colocar e traz ainda o poder da comparação força da língua suave x força dos ossos humanos. Merece uma recuperação da noção de resistência dos ossos humanos. Os ossos humanos são tão fortes quanto o granito ao sustentar peso. Um bloco de ossos do tamanho de uma caixa de fósforos grande pode sustentar até nove toneladas, quatro vezes a capacidade do concreto. Então, a palavra gentil tem mais poder do que essas nove toneladas, pois é capaz de quebrar o mesmo osso que as suportaria. É uma força bem maior do que o soco que seu sangue cheio de adrenalina gritou nos seus ouvidos para usar como solução.

A tradução (C) foca no fruto recebido da paciência associada à fala gentil diante de um problema colocado para uma autoridade. Se nós realmente quisermos resolver um problema e não criar um, utilizaremos o método de Deus, a paciência e a palavra gentil, que está grávida da força da Paz de Deus.

Você pode orar assim:


Querido Deus, preciso de ajuda para arar meu coração e retirar tudo o que impede que uma cultura que valorize a paz em todas as suas formas e me compromisse com ela possa brotar na minha vida. Quero essa bem-aventurança de ser instrumento da paz. Ajuda-me, transforma-me em pacificador, eu te pelo em nome de Jesus.




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