Nem sempre
estamos atentos para verificar se o caminho que estamos seguindo nos levará
aonde queremos realmente chegar. Há, pelo caminho, todo o tipo de distrações,
atalhos e desvios, que se oferecem a nós. Mas, os fins e os meios precisam ser
carregados do mesmo valor para que a caminhada mantenha o seu sentido. O mundo em que vivemos nos atrai para valores, que deslocam
o foco de nossas atenções e geram uma nova lista de prioridades sem que
percebamos. Essa história a seguir nos ajudará a refletir sobre a nossa lista
de prioridades, aquela que nos guiará nos nossos passos em direção aos nossos
alvos verdadeiros.
Era uma vez, um jovem que recebeu do rei a tarefa
de levar uma mensagem e alguns diamantes a outro rei em uma terra distante. Recebeu
também o melhor cavalo do reino para levá-lo na jornada.
- Cuida do mais importante e cumprirás a missão! -
disse o soberano ao se despedir.
Assim, o jovem preparou o seu alforje, escondeu a
mensagem na bainha da calça e colocou as pedras sob a roupa, numa bolsa de
couro amarrada à cintura. Pela manhã, bem cedo, sumiu no horizonte e nem sequer
pensava em falhar. Queria que todo o reino soubesse que ele era um nobre e
valente rapaz, pronto para desposar a princesa. Aliás, esse era o seu sonho e
parecia que a princesa correspondia às suas esperanças.
Para cumprir rapidamente sua tarefa, por vezes,
deixava a estrada e pegava atalhos que sacrificavam sua montaria. Assim, exigia
o máximo do animal. Quando parava em uma estalagem, deixava o cavalo ao
relento, não lhe aliviava da sela e nem da carga, tampouco se preocupava em
dar-lhe de beber ou providenciar alguma ração...
- Assim, meu jovem, acabará perdendo o animal! - disse
alguém.
- Não me importo, respondeu ele. Tenho dinheiro. Se
ele morrer, compro outro. Nenhuma falta fará!
Com o passar dos dias e sob tamanho esforço, o
pobre animal não suportando mais os maus-tratos, caiu morto na estrada. O jovem
simplesmente o amaldiçoou e seguiu o caminho a pé. Acontece que nessa parte do
país havia poucas fazendas e eram muito distantes umas das outras. Passadas
algumas horas, ele se deu conta da falta que lhe fazia o animal. Estava exausto
e sedento. Já havia deixado pelo caminho toda a tralha, com exceção das pedras,
pois se lembrava da recomendação do rei: CUIDE DO MAIS IMPORTANTE!
Seu passo se tornou curto e lento. As paradas, freqüentes
e longas. Como sabia que poderia cair a qualquer momento e temendo ser
assaltado, escondeu as pedras no salto de sua bota. Mais tarde, caiu exausto no
pé da estrada, onde ficou desacordado. Para sua sorte, uma caravana de
mercadores que seguia viagem para o seu reino,o encontrou e cuidou dele.
Ao recobrar os sentidos, encontrou-se de volta em sua cidade.
Imediatamente foi ter com o rei para contar o que havia acontecido e com
a maior desfaçatez, colocou toda a culpa do insucesso nas costas do cavalo
“fraco e doente” que recebera.
- Porém, majestade, conforme me recomendaste,
“CUIDAR DO MAIS IMPORTANTE”... Aqui estão as pedras que me confiaste. Devolvo-as
a ti,não perdi uma sequer. O rei as recebeu de suas mãos com tristeza e o
despediu, mostrando frieza diante de seus argumentos. Abatido, o jovem deixou o
palácio arrasado.
Em casa,ao tirar a roupa suja,encontrou na bainha
da calça a mensagem do rei que dizia:
“Ao meu irmão, rei da terra
do Norte,
O jovem que te envio é
candidato a casar com minha filha. Esta jornada é uma prova. Dei a ele alguns
diamantes e um bom cavalo. Recomendei que cuidasse do mais importante. Faz-me, portanto,
este grande favor e verifique o estado do cavalo. Se o animal estiver forte e
viçoso, saberei que o jovem aprecia a FIDELIDADE E FORÇA de quem o auxilia na
jornada. Se, porém, perder o animal e apenas guardar as pedras, não será um bom
marido e nem rei,pois terá olhos apenas para o tesouro do reino e não dará a
importância à rainha nem aqueles que o servem”.
Jesus
morreu por pessoas e não por coisas. Aliás, foram os donos das
"coisas", quem o pregaram na cruz. Se seguimos tão preocupados com
coisas, geramos um deus, outro centro para o nosso viver. Por isso, o alerta: "mortificai, pois, os
vossos membros, que estão sobre a terra: [...] e a avareza, que é
idolatria;" (Colossenses 3 : 5). Na realidade, o rapaz não sabia cuidar de
nada que realmente tivesse importância, pois só o que respira merece o supremo
cuidado do amor. As demais coisas são cuidadas por causa da função que
desempenham para quem precisa ser amado. Todas as coisas e prazeres, quando são
supervalorizados, se tornam armadilhas e riscos para a vida espiritual e,
portanto, para a nossa felicidade.
O problema de desvalorizar o indevido
Os
seres vivos são mais importantes do que os objetos inanimados que possamos
acumular. É nas pessoas que Deus manifesta as suas características mais
maravilhosas: a amizade, a alegria compartilhada, o consolo, a compreensão, a
compaixão, o carinho, o cuidado e tudo o mais que vem dEle. Não permita que seu
mundo vire de cabeça para baixo. Cuide do mais importante: de quem você ama.
Quando valorizamos demais uma coisa ou
pessoa, deixamos de dar valor a outra: “ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há
de aborrecer-se de um e amar ao outro ou se devotará a um e desprezará ao
outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas.” (Lucas 16:13).
Os nossos alvos nos direcionam e nos dão foco. Observe no
trecho citado que há uma oposição. A balança desequilibra se colocamos força em
um dos lados. Envolve amor, investimento e dedicação ou ódio e desprezo. O
rapaz da história desprezou o cavalo em função das pedras, desprezou o que
precisava realmente de cuidado pelo que não tem vida. Mas, para prosseguir e
ser alguém realmente nobre, a prioridade precisava ser o cuidado da vida e dos
que estavam vivos.
O perigo do foco nas coisas
O foco nas coisas nos torna usuários das vidas dos
outros. A palavra usada para escrever “riquezas”, no original, fala exatamente
das coisas que o dinheiro pode comprar. Mas o dinheiro não pode comprar vida e
nem o seu sentido, o amor. Esquecemos que, se tratamos a vida com desprezo, é
assim também que seremos tratados, pois somos vivos.
O rapaz da ilustração cometeu o erro clássico de achar
que a vida é substituível. Nenhum segundo da vida o é. Cada gesto, apoio ou
momento no tempo e espaço, que você partilha com alguém, seja em que contexto
for, é precioso e único. Se alguém reparte a vida com você, é um presente de
Deus, que não se repetirá, pois o tempo não volta, então, valorize-o, pode ser
o último e único.
O amor não vai permanecer na escassez, porque o Senhor
nos dá suprimento, mas quem não ama está
pobre de uma forma que não há quantia que o enriqueça. É tão difícil para o ser
humano atravessar a escassez, quanto receber a provisão, porque ele é tentado a
perder o foco. Por isso, Salomão orava:
7 Duas coisas te peço; não mas
negues, antes que eu morra: 8 afasta de
mim a falsidade e a mentira; não me dês nem a pobreza nem a riqueza; dá-me o
pão que me for necessário; 9 para não suceder
que, estando eu farto, te negue e diga: Quem é o SENHOR? Ou que, empobrecido,
venha a furtar e profane o nome de Deus. (Provérbios 30:7-9).
A prevenção de “acidentes”
Manter o reconhecimento da fonte é a melhor maneira de
não cair nesse laço:
17
Não digas, pois, no teu coração: A minha força e o poder do meu braço me
adquiriram estas riquezas. 18 Antes,
te lembrarás do SENHOR, teu Deus, porque é ele o que te dá força para
adquirires riquezas; para confirmar a sua aliança, que, sob juramento,
prometeu a teus pais, como hoje se vê. (Deuteronômio
8:17-18).
Faça uma lista de onde você tem investido seu tempo,
atenção e dinheiro. Observe quanto você tem dedicado para as coisas e quanto
tem dedicado às pessoas. Você colherá o que plantar. Onde você mais cuidar e investir,
será de onde mais vai colher, portanto, CUIDE DO MAIS IMPORTANTE e mantenha o coração agradecido pelo que possui!
Deus lhe abençoe!
É verdade, as pessoas são mais importantes do que as coisas.
ResponderExcluirBela mensagem.
Djane.