quarta-feira, 4 de julho de 2012

Cura das feridas invisíveis


Você tem ideia do peso das palavras? Mais pesadas que uma marreta, mais cortantes do que uma espada. Quando alcançam os sentimentos podem causar uma destruição que só um milagre poderá restaurar.


Tomei conhecimento de um estudo na Universidade Estadual da Flórida, com milhares de pessoas, realizado pela Dra Nathalie Sachs-Ericsson, que revelou que as pessoas que foram abusadas verbalmente quando crianças desenvolveram-se como adultos auto-críticos (mais para auto-perseguidores), tendentes à depressão e à ansiedade. Os abusos verbais incluíam insultos, palavrões, ameaças de abuso físico, comentários ou comportamentos rancorosos. As pessoas que foram abusadas verbalmente possuem uma probabilidade de desenvolverem sintomas de depressão e ansiedade 1,6 mais do que as outras e duas vezes mais de desenvolverem transtornos de ansiedade e de alteração de humor. A Dra Nathalie diz que “Devemos educar os pais sobre os efeitos em longo prazo do abuso verbal nos seus filhos. O velho ditado ‘varas e pedras podem me machucar, palavras não poderão’ está errado. Palavras sobre a identidade irão machucar você para sempre.”

Com o passar do tempo, as crianças acreditam nas coisas negativas que ouvem e começam a usar essas declarações negativas como explicações para tudo o que der errado. Por exemplo, uma criança que não for convidada para uma festa ou que se der mal em um teste vai pensar que a razão é porque ele ou ela não é bom, e não é no sentido de possuir uma natureza inferior e errada e que nunca o permitirá acertar. A mensagem enviada por um pai tem essa força. Este padrão de autocrítica destrutiva continua na idade adulta e torna um indivíduo mais propenso à depressão e à ansiedade.

O assunto é extremamente sério... A influência do abuso verbal dos pais é tão grave que entre aqueles que sofreram abuso físico dos pais somente 6,6 % se tornaram auto-críticos ou auto-perseguidores, dos que sofreram abuso sexual por um parente ou agregado familiar, somente 4,5 %, mas os pesquisadores determinaram que autocrítica não foi um fator tão importante no desenvolvimento de depressão e ansiedade nesses participantes abusados física ou sexualmente, quanto foi para aqueles que sofreram abuso verbal. Ou seja, a depressão e a ansiedade estão mais enraizadas sobre o abuso verbal do que qualquer outro tipo de abuso.

Foram estudadas 5.614 pessoas nas idades entre 15 a 54 anos, com uma variação étnica incluída (pessoas de várias raças). O que foi encontrado foi significante por causa das implicações claras para  o tratamento clínico. 


Encontrando a cura para pessoas que desenvolveram auto-crítica exacerbada foi indicada a terapia cognitiva-comportamental, uma espécie de reeducação do pensamento e do comportamento para conterem e mudarem os hábitos de auto-perseguição e depreciação. Assim, pensamentos irracionais começaram a ser substituídos por pensamentos saudáveis e foram aprendidas novas opções de respostas comportamentais a situações de conflito.

É fantástico porque esse é exatamente o método que a Palavra de Deus indica:

Renovação da mente: E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. (Romanos 12:2).
 
Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai. O que também aprendestes, e recebestes, e ouvistes, e vistes em mim, isso fazei; e o Deus de paz será convosco. (Filipenses 4:8-9)

Prática da Palavra: Pelo que, rejeitando toda imundícia e acúmulo de malícia, recebei com mansidão a palavra em vós enxertada, a qual pode salvar a vossa alma. E sede cumpridores da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos com falsos discursos. (Tiago 1:21-22)

E como já tinha sido orientado a Josué, 1.200 anos antes de Cristo:

Não se aparte da tua boca o livro desta Lei; antes, medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer conforme tudo quanto nele está escrito; porque, então, farás prosperar o teu caminho e, então, prudentemente te conduzirás. Não to mandei eu? Esforça-te e tem bom ânimo; não pasmes, nem te espantes, porque o SENHOR, teu Deus, é contigo, por onde quer que andares. (Josué 1:8-9). 

Observe que essa não é uma missão em que você segue sozinho, como o abuso verbal faz pensar, que além de uma missão impossível, é uma missão individual, mas Deus diz: Esforça-te e tem bom ânimo PORQUE o Senhor é Contigo! É nessa disposição de Deus para conosco de nos acompanhar e amparar, que encontramos o alento e a condição para seguir em frente.



Uma seta atravessando o coração

O abuso verbal age como uma flecha de rejeição. Abala a nossa identidade e nos faz duvidar das nossas potencialidades. Quando o sentimento de impropriedade e incompetência está desenvolvido  não encaramos as situações de desafio ou frustração como parte de um processo, mas como a prova de uma definitiva impossibilidade de seguir em frente causada por nossa pretensa natureza de perdedor e incapaz. O abuso verbal cristaliza a inferioridade como identidade como se não houvesse momento de aprendizagem e, portanto, de erro. E faz encarar como se o erro mostrasse apenas uma natureza a ser desprezada. Duas reações são possíveis ao abuso: a daqueles que assumem o erro e a derrota como inerente a si mesmos (esses infalivelmente serão depressivos e ansiosos) e a daqueles que não admitem os erros para não admitir uma natureza de perdedores, que também tenderão à depressão, mas a disfarçarão e rejeitarão ajuda até o último momento, tornando-se orgulhosos e soberbos. 

São desequilíbrios que vão perturbar toda a vida e todos os relacionamentos dos que sofreram tais abusos, se não forem tratados  pelo perdão aos abusadores e pela aprendizagem de uma nova vida pela graça, onde Deus está conosco para nos fazer vencer e nos ensinar a vencer os obstáculos.

Os pais abusivos podem ter aprendido esse estilo de paternidade de seus próprios pais ou eles simplesmente podem não conhecer maneiras positivas para motivar ou disciplinar seus filhos. Eles também podem ter um transtorno psiquiátrico ou de personalidade que interfere com suas habilidades de parentalidade. O que podemos fazer é perdoá-los para ficarmos livres do peso dessa dor e não carregá-la para a geração futura ou transmiti-la para os que nos cercam (se precisar de ajuda com perdão você pode receber nos textos: Como perdoar os outros? Como me perdoar? Para ver todos os textos sobre perdão, clique aqui.)

Você pode orar assim:

“Querido Deus, ajude-me a perdoar os comentários degradantes, os xingamentos e as agressões verbais que recebi. Eu preciso do meu coração livre para aprender que posso errar e aprender e isso não me diminui. Eu preciso compreender e aceitar a tua graça... Ajuda-me, Senhor, a entender isso dentro do meu coração, em nome de Jesus.” Amém!



Fonte consultada:

ELLISH, Jill. Invisible scars: verbal abuse triggers adult anxiety, depression. Flórida, EUA:  The Flórida State University, 2010. Disponível em: <http://fsu.edu/news/2006/05/22/invisible.scars/>.  Acesso em: 02 jan. 2012.

                



Um comentário:

  1. Quero trazer a memória o que pode dar esperança.
    Glória a Deus pela sua Palavra que restaura a nossa alma.

    djane

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