quinta-feira, 30 de agosto de 2012

O segredo de Davi




O Senhor me inquietou profundamente com essa frase no coração: O segredo de Davi. A princípio, eu não sabia se tratava de alguma coisa que Davi havia feito escondido ou algo que impulsionasse seu sucesso. Orando, decidi ler os salmos de Davi. E segui até o salmo 19, quando o Senhor começou a me revelar o segredo de Davi. O que havia de especial em Davi que o tornou reconhecido como um homem segundo o coração de Deus, um ascendente do Salvador.

A primeira coisa a observar nesse salmo é que Davi procura mostrar Deus na criação. Ele intencionalmente atrai os nossos olhos para ver o reflexo do Criador na criação. Na grandeza insondável da criação: “Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras [de arte] das suas mãos.” (Salmo 19:1). Então, Davi começa a nos guiar por uma seção de figuras, conceitos e mensagens, como é próprio de uma poeta e mestre como ele.

A primeira figura é o céu que brilha sobre nós.
Das nuvens



Do ar, das tempestades...



... e calmarias...


 
Do sol, do dia



Das estrelas e da noite, da ordem perfeita das órbitas e das estrelas

 

O céu dos céus onde habita o Senhor dos Senhores

O conceito apresentado é que os céus são uma obra de arte para nós apreciarmos, ainda assim, trabalho de arte é uma metáfora terrena do que é celestial, pois obra de glória seria mais apropriado. O sol a lua e as estrelas são pregadores itinerantes da glória de Deus. Hoje, temos um certo conhecimento sobre os astros, mas na época de Davi eles não eram mais do que mistérios de beleza incomparável para o qual os seus olhos eram atraídos e seu coração se elevava para perceber a grandeza do Deus, que os criara.

As mensagens são várias. Podemos perceber que a natureza não contradiz o que é celestial, pelo contrário, o afirma. As obras de Deus confirmam a palavra e não a contradizem. A ciência e a fé possuem fundamentos no mesmo Criador. Além disso, essa mesma criação em sua perfeição é a prova de um Criador consciente, inteligente, planejador, controlador e presidente no universo. Centímetros, segundos de variação na órbita dos planetas em torno de si ou do sol extinguiriam a vida na terra. O que torna a luz geradora de tudo a mais importante de todas. Deus, o Deus Santo deve nos iluminar ou todos os sóis na via láctea nunca irão fazê-lo.





Os dias e as noites como testemunhas


“Um dia discursa a outro dia, e uma noite revela conhecimento a outra noite.” (Salmo 19:2). 

O tempo, os dias que formam a nossa compreensão de tempo, que é baseada em dia, hora, minuto, segundo é a próxima figura para Davi. Um povo agrícola como os hebreus são um povo altamente ligado na temporalidade. Todas as atividades econômicas e até religiosas dos hebreus estão ligadas à época do ano. Essa é a segunda figura: o tempo que testemunha do se Deus criador e sustentador.

Quando o texto em hebraico diz “[...] uma noite revela conhecimento a outra noite” (Salmo 19:2). Ele usa uma palavra que sugere uma fonte derramando. É essa a segunda imagem. No céu o sincronismo e a ordem das estrelas; na terra, o derramar das fontes. A revelação de Deus é contínua e infinita. Como mensagem, ele nos presenteia com a necessidade de aprendermos continuamente, pois a manifestação da sua Palavra é contínua, tal qual o jorrar de uma fonte. Um conhecimento se sobrepõe a outro e outro, correntemente.


O testemunho silencioso do universo


“Não há linguagem, nem há palavras, e deles não se ouve nenhum som;” (Salmo 19:3) 

Agora, Davi conclama o testemunho do céu e da terra como instrumentos da mensagem silenciosa diária de Deus. A ideia principal é que a criação traz uma mensagem sem som audível. O ensino de Deus não deve ser percebido apenas com a mente, em palavras, mas deve ser percebido com o coração, é direcionado ao espírito.

4  no entanto, por toda a terra se faz ouvir a sua voz,
e as suas palavras, até aos confins do mundo.
Aí, pôs uma tenda para o sol,
5  o qual, como noivo que sai dos seus aposentos,
se regozija como herói, a percorrer o seu caminho.
6  Principia numa extremidade dos céus,
e até à outra vai o seu percurso;
e nada refoge ao seu calor. (Salmo 19:4-6)

Na figura da luz do sol que cobre a terra revelando-se todos os dias, Davi mostra o poder desse silêncio que carrega sentido e a Luz magnífica, que carrega a revelação para toda a Terra. O Rei cuja passagem é gloriosa, em uma tenda real. E esse rei tem o propósito de desposar a sua noiva e conquistá-la como um herói. A ideia de um rei conquistador, que todos os dias renova a sua busca amorosa pela sua esposa, complementa a ideia de que Deus ensina até no silêncio, procurando se revelar a quem possa se compromissar única, profunda e fielmente com Ele.

Não é o uso da linguagem  não verbal que torna a revelação menos clara. O Criador amoroso busca encontrar alguém que possa desposá-lo. Compromissar-se com Ele e com sua mensagem a cada dia renovando sua busca. Esse caminho é percorrido pelo Espírito sobre toda a terra, todos os dias, renovando sua misericórdia e oferecendo a graça a cada dia. Brilhando sobre todos os que o reconhecem e também sobre os que nem param para observar a maravilha que recebem.

Davi encontrava o Deus da Criação na sua Palavra

7  A LEI DO SENHOR é perfeita e restaura a alma;
O TESTEMUNHO DO SENHOR é fiel e dá sabedoria aos símplices.
8  OS PRECEITOS DO SENHOR são retos e alegram o coração;
O MANDAMENTO DO SENHOR é puro e ilumina os olhos.
9  O TEMOR DO SENHOR é límpido e permanece para sempre; 

OS JUÍZOS DO SENHOR são verdadeiros e todos igualmente, justos. (Salmo 19:7-9)


Nesse trecho, Davi usa uma forma poética hebraica que consiste em seis versos, que não procuram rimar, ou seja, combinar o som das palavras, mas procura combinar ideias e associações de seis sequências de FORÇA – CARACTERÍSTICA – EFEITO:

1ª. força: A LEI DO SENHOR


Ela é perfeita e causa o efeito, provoca, a restauração da alma. Toda a criação mostra a perfeição da Palavra de Deus e, assim como olhar para o céu, a lua, as estrelas, o nascer do sol e a vida na terra, que Ele traz nos fazem bem, aquilo que baseia essa perfeição tem o mesmo efeito, que é a Palavra de Deus:

Pela fé, entendemos que foi o universo formado pela palavra de Deus, de maneira que o visível veio a existir das coisas que não aparecem. [...] Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser, sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, depois de ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade, nas alturas, (Hebreus 1:3; 11:3;).

A alma é composta de nossa mente, vontade e emoções. Ela comanda o corpo. O efeito da força dos princípios de Deus é restaurar a nossa alma. Restaurar no original hebraico tem sentido de levar de volta ao estado anterior. Ou seja, como era quando Deus criou o homem, sem pecado. A promessa é tornar novo, original.

2ª. força: O TESTEMUNHO DO SENHOR


O testemunho do Senhor, aquilo que Deus afirma, é FIEL, a Palavra que Deus dá, a promessa que Deus faz, Ele cumprirá. E por sua característica de ser confiável, certa e dar segurança, torna sábios, dá sabedoria aos que não tinham conhecimento. Deus cumpre o que diz aquele que aprender com essa Palavra deixará de ser simples e se tornará sábio. Você estará apoiado numa estrutura firme, sólida que pode garantir as decisões tomadas sobre ela.

3ª. força: OS PRECEITOS DO SENHOR


Eles são RETOS, ou seja, são justos, não parciais. E, pelo fato de não serem tendenciosos, alegram o coração daqueles que neles confiam e que se baseiam neles. Aquilo que o Senhor estabelece como preceito além de ser o certo, o justo, traz alegria e não enfado. A palavra traduzida para “alegram”, no hebraico, significa ilumina, faz piscar, ser feliz, regozijar. Quando o Senhor mostra os seus preceitos sobre qualquer assunto, a sua vontade boa, perfeita e agradável se  estabelece. Os preceitos de Deus são dádivas, dons de Deus, portanto são perfeitos (Tiago 1:17; Romanos 12:2). A nossa mente e coração entrando em linha com esses preceitos, trará alegria para a nossa vida: “se quiserdes e me ouvirdes, comereis o melhor dessa terra.” (Isaías 1:19).

4ª. força: O MANDAMENTO DO SENHOR


Ele é PURO e ilumina os olhos. Aquilo que Deus ordena não tem pecado ou má intenção, dá entendimento e direção isenta de erros. Puro significa vazio de más intenções, amável. Limpa os nossos olhos das nossas possibilidades de interpretação erradas. Ilumina os olhos no sentido de deixá-los brilhando de alegria, que se encadeia com a mensagem anterior. Até aqui temos o aprofundamento da ideia de uma alma restaurada, pela lei do Senhor, confiante na sua fidelidade e de não sofrer injustiça e de não cometer injustiça. Dá discernimento.

5ª. força: O TEMOR DO SENHOR


Ele é límpido, transparente, não tem segredos, não tem pontos cegos e coisas que não podem ser trazidas à luz. Não é temporário, por uma fase apenas, mas contínuo, permanece para sempre. É resistente às provas. O temor do Senhor é o princípio da sabedoria e ele consiste em aborrecer o mal em qualquer forma e em qualquer tempo e lugar (Provérbios 8:13). Há pessoas que deviam refletir nisso, porque elas só aborrecem o mal dependo do tempo e do espaço em que estão. Se estão num tempo de dificuldade, se consagram, mas num tempo bom, relaxam; se estão dentro da igreja, aborrecem o mal, fora, Deus nos acuda! Mas o efeito do verdadeiro temor estável do Senhor nos deixa longe do pecado e nos dá firmeza pela vida de Deus em nós que é eterna. E essa vida cheia de saúde, com oportunidades de prosperidade e cheia de paz nos enche.

6ª. força: OS JUÍZOS DO SENHOR

Os juízos, o julgamento a imposição de pena e recompensa, são verdadeiros. Ou seja, não só mera conversa, entram em ação. Cada um receberá do Senhor a recompensa dos seus feitos, porque seus feitos são o resultado de sua fé. Aqui, Davi fecha a sucessão de ideias que têm suas consequências: a lei restaura a alma; o testemunho da sabedoria; os preceitos alegram; o mandamento dá discernimento; o temor traz estabilidade na retidão e tudo isso funcionará porque Deus é quem julgará cada uma dessas coisas, conforme a sua Palavra. Os juízos do Senhor para abençoar e permitir condenação são verdadeiros e justos, tudo trará suas consequências:

12  Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração. 13  E não há criatura que não seja manifesta na sua presença; pelo contrário, todas as coisas estão descobertas e patentes aos olhos daquele a quem temos de prestar contas. (Hebreus 4:12-13)

A Palavra que vale mais do que ouro finíssimo


10  São mais desejáveis do que ouro, mais do que muito ouro depurado;
e são mais doces do que o mel e o destilar dos favos.
11  Além disso, por eles se admoesta o teu servo;
em os guardar, há grande recompensa. (Salmo 19: 10-11).

Nova figura, o ouro, representando as riquezas terrenas, inferior à riqueza da Palavra que traz a riqueza de todo o Universo, pois foi escrita como revelação do Criador de todas as riquezas. E a figura de um dos maiores prazeres físicos, a comida, além de um excelente fortalecedor físico reconhecido pelos hebreus, o mel. Seja a riqueza, seja o prazer, nada se compara à Palavra que nos faz brilhar, sermos sábios, estarmos firmes e sermos reconhecidos por Deus como dignos.

Desejo de posses e de prazeres terrenos não são comparáveis a ter soluções eternas para sua vida e a da comunidade em que você se insere. Saber o que não fazer é tão importante quanto saber o que fazer. E, além disso, Há uma recompensa GRANDE, não é somente uma recompensa qualquer. A recompensa é maior e mais duradoura do que a maior recompensa que Davi pôde pensar.

Assim, conclui que o segredo de Davi era a sua compreensão da revelação de Deus a nós, na criação, sem palavras, mas que ressoa e nos cobre de majestade todos os dias e que se explica na sua Palavra, entregue como o maior tesouro a nós. Davi sabia que o maior tesouro era conhecer e prosseguir conhecendo a intimidade de Deus e buscando essa revelação na sua presença por todos os seus dias: Uma coisa peço ao SENHOR, e a buscarei: que eu possa morar na Casa do SENHOR todos os dias da minha vida, para contemplar a beleza do SENHOR e meditar no seu templo.” (Salmo 27:4). Davi tinha um coração contemplador e admirador de Deus e de sua obra. Ele não tirava os olhos do Senhor e ansiava aproximar-se dEle cada vez mais. Senhor, desenvolve em nós esse desejo, a cada dia, de estarmos em integridade na Tua presença!

Ore a oração de Davi:    

Uma coisa te peço SENHOR, e a buscarei: que eu possa morar na Tua Casa, SENHOR todos os dias da minha vida, para contemplar a Tua beleza, SENHOR, e meditar no seu templo. (Salmo 27:4).



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