A vida é tecida todos os dias. Às vezes, com mais habilidade, outras, com
menos, mas a verdade é que estamos tecendo esse tecido precioso sempre. Muitos
pensam que aquilo que faz o tecido da vida ficar belo e crescer é obter coisas, prestígio,
prazeres; outras, têm os olhos voltados para
a trama central que faz a vida se tornar numa obra de arte.
A ilustração a seguir reflete dois tipos de atitudes que são úteis para refletir
sobre tecer a vida com plenitude:
Desde pequena, a moça se acostumara a conviver com
tecidos, tesouras, agulhas e linhas de diversos padrões e cores. Sua mãe,
exímia costureira, sustentava toda a família com muito trabalho e honestidade.
A moça casara com um frio empresário que gastava as
energias com os negócios e dava muita importância ao que ela nem sempre julgava
essencial.
Já estava acostumada a ver o marido cortar os
passeios com os filhos por um almoço de negócios, já não agüentava ouvir o
marido falar em cortes, mudanças precipitadas... Isso sem falar nas inúmeras
vezes que foi cortada ao tentar argumentar, discutir os problemas do
cotidiano...
Numa rara noite em que todos estavam em casa, a
caçula começou a implicar com o irmão. O pai, sempre ocupado, não suportava o
barulho e sem querer ouvir ou entender a situação mandou as duas crianças para
o quarto, sem conversa.
A mulher simplesmente pegou sua caixinha de costura
com alguns retalhos e chamou o marido:
- Agora não, meu bem!
- Agora sim, querido!
O homem percebendo que não tinha escolha, sentou-se
e ficou olhando os retalhos, a agulha, a tesoura, carretéis de linha sem nada
compreender.
- Meu bem, para que serve a tesoura? - perguntou
brandamente a mulher.
- Para cortar, aparar...
- E a agulha?
- Para costurar, ora!
- Você consegue fazer uma colcha de retalhos só
cortando?
- Na verdade não faria de jeito nenhum - não sei
costurar, lembra?
- Não estou brincando! Você já viu ou soube de
alguma costureira que costura sem linha e agulha, só com tesoura?
- Claro que não, meu amor.
- Minha mãe me falou um dia, quando meu pai nos deixou,
que nossa família era como uma colcha de retalhos. Cada um de nós era um
retalho colorido. Para que nossa colcha fique sempre bonita precisamos usar a
agulha e as linhas.
- E daí?
- Daí que você só sabe usar a tesoura. Corta nossos
momentos de lazer, corta a minha palavra, corta o diálogo com as crianças. Você
só separa, separa...
- Eu?
- Sim. Aprenda a unir nossa família. Aprenda a unir
o seu trabalho à nossa família, unir os seus amigos aos meus... Qualquer dia
você perceberá o quanto nos cortou de sua vida e talvez seja tarde.
O marido nada disse - sinal de que ia pensar,
refletir. Mudanças demandam tempo.
- Não vou mais falar sobre isso. Só quero que você
pense, tá? Estou no quarto das crianças. Vou costurá-las porque não quero dois
retalhos tão importantes de minha vida separados. Boa noite!
- Boa noite.
Dali a meia hora o marido entrou no quarto em que
brincavam as crianças, enquanto a mulher costurava uma bonita colcha de
retalhos. A cena enterneceu o homem e o fez juntar-se aos três. Abraçou-os e os
levou para jantar.
Esta agulha-mulher é o que a Bíblia chama de
pacificadora. E os pacificadores, manifestam o mais alto nível o que é ser
Filho de Deus, ou seja, o que é ter a natureza de Deus: "bem-aventurados
os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus;"
(Mateus 5 : 9). Se você observar bem, a esposa na
estória vai manifestar todas as características do Amor de Deus (1 Coríntios
13: 4-7). Ela esperou que o marido mudasse a conduta, ou seja, foi paciente e
creu, até que viu que a atitude dele já estava ameaçando a própria família. O
amor é paciente. Teve paciência também e com as prioridades do esposo, com
rudeza dele e o descaso.
Mas o amor não se alegra com a injustiça e ela
decidiu mudar a situação. Muitas vezes, as pessoas permanecem apenas na parte
do amor, na paciência. Esperam que tudo mude... E esperam e esperam... Até que
tudo se esvanece. Essa mulher mudou a situação com o mesmo amor com que esperou
que o esposo mudasse. Se a situação não muda por si só precisamos de estratégia
para mudá-la para a ordem que Deus quer. Certamente, Deus não quer famílias
destruídas. Quem já passou por isso ou esteve próximo, sabe o tamanho da ferida
que causa.
Quando as pessoas mudam?
Pessoas só mudam quando são convencidas de que
precisam mudar. O Espírito de Deus dá estratégias de convencimento (João 16:8).
O convencimento faz o outro silenciar e pensar a respeito do assunto. Pode ser
que a outra pessoa não aceite de imediato ou verbalize a necessidade de mudar,
mas é esse silêncio que faz a diferença.
Essa agulha-mulher-pacificadora conseguiu o
silêncio, os ouvidos e as condições para a mudança que tanto precisava,
colocando uma base de cuidado e paciência, depois, usando de ousadia, baseada
no próprio amor, que havia despertado no marido. O mesmo amor que a fez
preciosa o suficiente para ter poder colocar de um limite na sua relação.
Quanto mais nos sentimos amados por alguém, menos
desejamos ou suportamos machucá-la. Nunca queremos machucar quem cuida de nós. As
pessoas que amamos vão se agregando à nossa própria identidade. Entretanto, as
que são fonte de amor se tornam nossa fonte de força. O marido não suportou a
ideia de que estava destruindo tudo o que amava. Ele estava cortando a sua
própria vida. Ela o fez perceber isso com amor e então, ele pôde ouvir.
Despertando o amor
Muitas pessoas querem despertar os outros com
ameaças, gritos, exigências, chantagens. Isso pode funcionar como forma de
controle por um tempo, mas não perdurará. Entretanto, O AMOR NUNCA
FALHA (1 Coríntios 13:8). A estratégia do Amor de Deus é sincera e
verdadeira. Apenas mostra a verdade em amor e a verdade liberta (João 8:32).
Hoje, não estou focando as prioridades de nossas
vidas, que podem nos transformar em tesouras, estou focando os métodos, que usamos
para lidar com os relacionamentos à nossa volta, a nossa capacidade de
costurar. Vamos pedir ao Pai que nos envie ESTRATÉGIAS DE AMOR,
para mudarmos a nós mesmos e ao mundo, trazendo paz e união, em nome de Jesus.
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