quarta-feira, 1 de agosto de 2012

A escolha de ser feliz






Há algum tempo, recebi um presente delicioso: manga espada. Uma amiga me trouxe uns potinhos com a manga pronta para comer, já em cubinhos (livre do salpicado) e mais duas inteiras. Uma manga em tamanho normal e outra, que chamamos de manguito. Ela é uma espécie bem pequena, mas é muito mais doce do que a de tamanho normal. Imediatamente, fiquei alegre com aquilo. Estava recebendo um presente,... É ótimo!... Era manga! Delícia!... Mas, um manguito? “Ai, que lindo!!!”. O manguito me deixou mais contente do que as outras mangas porque me lembrou imediatamente do quintal da minha avó e dos manguitos que eu catava com ela ou com meus primos e que eu comia com meu avô no lanche... Em um segundo, uma sucessão de bons momentos disparou à minha frente.

Fiquei ali, deixando as boas lembranças fluírem e viajei até as tardes em que ficávamos, eu e minha avó, debaixo da mangueira, numa placa de cimento que servia de mesa e cadeira, sob a sombra da mangueira, colhendo os frutinhos que caiam antes de se tornarem maduros e transformando em cavalinhos, famílias, vacas e montando uma fazenda completa ou qualquer estória que nos viesse à cabeça.

Era só enfiar alguns palitos de fósforo, ligar uns frutinhos com os outros maiores e menores, e pronto, lá estava um novo brinquedo. À tarde, ajudava minha avó a fazer a sopa ou a deliciosa “brevidade”, um bolinho caseiro de amido de milho que desmanchava na boca e que, na hora do lanche, era a disputa dos netos. Tudo isso debaixo do sorriso orgulhoso da minha avó, pelo reconhecimento das suas habilidades, na mesa de oito lugares, cercada de olhinhos gulosos e contentes. E, depois, brincadeiras dos primos. Bom demais!

Não deu pra evitar as saudades e uma lágrima, que fugiu pelo canto do olho... Mas, são saudades alegres e deixei-as ficarem um pouco mais, enquanto viajei para os seriados antigos, que assistíamos juntos depois do lanche, na TV em preto e branco, na sala dos avós. Eram momentos muito bons e serenos que desfrutávamos, sem noção do tempo que passava. Muitas coisas boas, que não vão embora. Estão comigo guardadas.

Mas, não compartilhei tudo isso apenas pelo gosto de lembrar. O culpado foi o manguito. Assim como toda a nossa estrutura de compreensão do mundo, a nossa mente e nossa memória estão associadas e conectadas a uma série de pontos de união, que guardam o “gatilho” para disparar outras memórias condensadas e armazenadas em nossas mentes e emoções. E podem ser direcionadas para o nosso bem-estar. A Bíblia mostra o exemplo de Jeremias, que estava em grande sofrimento, e encontrou alento na seguinte revelação:

Então, disse eu: já pereceu a minha glória, como também a minha esperança no SENHOR. Lembra-te da minha aflição e do meu pranto, do absinto [bebida forte e amarga, alucinógena] e do veneno. Minha alma, continuamente, os recorda e se abate dentro de mim. Quero trazer à memória o que me pode dar esperança. As misericórdias do SENHOR são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; renovam-se cada manhã. Grande é a tua fidelidade. (Lamentações 3:20-25).
O manguito que ganhei...

É possível aprender a lidar com essas lembranças e fazer escolhas do que vai permear a nossa mente no presente e do tipo de passado vamos escolher reviver e manter. Nos momentos difíceis, podemos trazer à memória o que nos faz bem, aquilo que nos dá esperança e certeza de que tudo passa, menos a Palavra de Deus. É sobre como regular isso que trata o texto de hoje.




Cultivando boas memórias

É costumeiro se falar em traumas, que são disparados por gatilhos, mas o princípio funciona também para coisas boas. Podemos reviver coisas boas ou coisas más se gatilhos forem disparados dentro de nós. Mas, observe, que eu me deixei ficar nas lembranças e pude trazer mais boas lembranças. Se fossem más lembranças, elas também estariam encadeadas e quanto mais ativadas fossem, mais trariam outras e outras... E junto com elas, os afetos que as rodeavam seriam trazidos ao presente e revividos.

A palavra memória no hebraico inclui os sentimentos e a mente, assim como a essência de do que é lembrado. Aquilo que é uma experiência vivida com força e se traduz em um conceito, passa a ser um nó na rede das lembranças. São pontos que, ao serem tocados, trazem uma série de lembranças boas ou más à tona. São esses nós que chamo de gatilhos.

A escolha é nossa

Lembre-se que, no relato acima, eu disse: “fiquei ali, deixando as boas lembranças fluírem...” Eu não podia escolher o que a minha amiga ia me dar, mas eu podia escolher continuar com a viagem na memória. Como a viagem era positiva, eu me dei permissão, mas se fosse negativa, caberia a mim escolher ir em frente ou não.

Veja que o texto de Jeremias acima diz: “quero trazer à memória...”  Ele deseja e decide trazer o que lhe dá esperança (“QUERO”), mesmo diante de uma situação ruim. Você pode mudar seu humor e disposição, trazendo à memória coisas que lhe dão esperança. Você pode cultivar bons pensamentos e direcioná-los para um estilo de vida que lhe façam mais feliz. Você não pode impedir que uma lembrança dolorosa lhe venha, mas pode não alimentá-la e vencê-la com uma idéia ou lembrança positiva.

Paulo ensinou aos Filipenses: “Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento.” (Filipenses 4:8). Ele estava ensinando a disciplinar a mente para pensamentos compatíveis com a fé em Cristo. O que é verdadeiro está na Palavra  e esse conjunto forma aquilo que pode nos dar esperança. 

Reprogramando a mente para ser feliz

Muitas vezes, nossa mente está tão programada para se atormentar, que quando lembramos de uma coisa boa, logo a tornamos ruim, por exemplo, nos entristecendo e dizendo que aquele tempo não volta mais e que só ali fomos felizes, etc. Isso não é verdade. O que aconteceu de bom lá atrás é um sinal do que Deus pode fazer em qualquer tempo. Devemos louvá-lo porque Ele continua o mesmo.

Verifique se sua mente está programada para ser feliz ou se está sempre procurando uma dificuldade, algum impedimento ou reclamação. Se é assim, você precisa aprender o quanto pode ser feliz em Cristo. O passado não é um destino traçado, é apenas um ponto de partida. O mal não tem que se repetir.

Com Jesus há um novo destino, as coisas velhas se passaram, se fizeram novos horizontes. Está previsto nas profecias: “as nações verão a tua justiça, e todos os reis, a tua glória; e serás chamada por um nome novo, que a boca do SENHOR designará.” (Isaías 62:2). E é isso o que aguarda aquele que persevera na fé: 

Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao vencedor, dar-lhe-ei do maná escondido, bem como lhe darei uma pedrinha branca, e sobre essa pedrinha escrito um nome novo, o qual ninguém conhece, exceto aquele que o recebe. (Apocalipse 2:17) e 
Ao vencedor, fá-lo-ei coluna no santuário do meu Deus, e daí jamais sairá; gravarei também sobre ele o nome do meu Deus, o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém que desce do céu, vinda da parte do meu Deus, e o meu novo nome. (Apocalipse 3:12).   

Identidade nova, destino novo, vida nova. Mas é preciso mente nova para viver todas essas coisas (Romanos 12:2-3), por isso precisamos nos ver no espelho da Palavra de Deus e assumirmos o que ela diz que nós somos.

Abrindo caminho para viver a vitória

Para as coisas boas, interprete como indício do que Deus pode fazer na sua vida; para as coisas ruins, saiba que Deus permanece mudando destinos e vidas para melhor, Ele ainda é aquele que:

Levanta o pobre do pó e, desde o monturo, exalta o necessitado, para o fazer assentar entre os príncipes, para o fazer herdar o trono de glória; porque do SENHOR são as colunas da terra, e assentou sobre elas o mundo. (1 Samuel 2:8).

Deus transforma tudo em bênção, então, seja a situação que for, haverá um lado positivo nela. Então, cabe a nós, a mim e a você, buscá-lo: Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito.” (Romanos 8:28).

Não é um mero exercício de positividade, isso é superficial e não vai funcionar, mas é a compreensão de que minha vida foi entregue Àquele que está acima de todas as coisas e Ele prometeu que TODAS AS COISAS (sem exceção) ocorrem para meu bem PORQUE EU O AMO. Há uma condição que vai além do mero exercício mental de ser pensador positivo, há a garantia de que eu amo a Deus e, por isso, tenho uma promessa: “aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me manifestarei a ele.” (João 14:21). 



O Pai terminará a obra que começou se você não o impedir. Aliás, a única pessoa que pode impedi-lo de terminar é você. Ele não vai fazer você crescer sem sua concordância. Isso se chama livre-arbítrio. Mas, faça a opção certa: "nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam." (1Coríntios 2:9).


Faça um exercício precioso, pelo menos 15 minutos por dia, lembre de coisas boas que já viveu e rejeite os pensamentos do tipo "não volta mais". Tudo o que o Pai lhe deu tem para lhe dar mais e melhor, se você crer. Se você tem problema de angústia ou tende à depressão, terá mais trabalho e recomendo fazer o exercício mais vezes por dia. Até apoderar-se do direito de se alegrar. Não permita nenhum mecanismo de entristecimento lhe derrotar. Jesus pagou caro para ser a nossa alegria. Você tem direito a ela. Lute para conquistá-la e vença essa predisposição a se entristecer e lembrar de coisas negativas ou interpretar as coisas positivas como perdas.  A vida é um presente e não um tormento. Pare de ser seu próprio carrasco e aceite buscar e lutar para ser feliz.




Um comentário:

  1. lembrar de coisas boas faz bem para nossa alma e para o nosso corpo.

    djane

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