Há algum tempo, recebi um presente delicioso:
manga espada. Uma amiga me trouxe uns potinhos com a manga pronta para comer,
já em cubinhos (livre do salpicado) e mais duas inteiras. Uma manga em tamanho
normal e outra, que chamamos de manguito. Ela é uma espécie bem pequena, mas é
muito mais doce do que a de tamanho normal. Imediatamente, fiquei alegre com
aquilo. Estava recebendo um presente,... É ótimo!... Era manga! Delícia!... Mas,
um manguito? “Ai, que lindo!!!”. O manguito me deixou mais contente do que as
outras mangas porque me lembrou imediatamente do quintal da
minha avó e dos manguitos que eu catava com ela ou com meus primos e que eu
comia com meu avô no lanche... Em um segundo, uma sucessão de bons momentos
disparou à minha frente.
Fiquei ali, deixando as boas lembranças
fluírem e viajei até as tardes em que ficávamos, eu e minha avó, debaixo da
mangueira, numa placa de cimento que servia de mesa e cadeira, sob a sombra da
mangueira, colhendo os frutinhos que caiam antes de se tornarem maduros e
transformando em cavalinhos, famílias, vacas e montando uma fazenda completa ou
qualquer estória que nos viesse à cabeça.
Era só enfiar alguns palitos de fósforo, ligar
uns frutinhos com os outros maiores e menores, e pronto, lá estava um novo
brinquedo. À tarde, ajudava minha avó a fazer a sopa ou a deliciosa
“brevidade”, um bolinho caseiro de amido de milho que desmanchava na boca e que,
na hora do lanche, era a disputa dos netos. Tudo isso debaixo do sorriso
orgulhoso da minha avó, pelo reconhecimento das suas habilidades, na mesa de
oito lugares, cercada de olhinhos gulosos e contentes. E, depois, brincadeiras
dos primos. Bom demais!
Não deu pra evitar as saudades e uma lágrima,
que fugiu pelo canto do olho... Mas, são saudades alegres e deixei-as ficarem
um pouco mais, enquanto viajei para os seriados antigos, que assistíamos juntos
depois do lanche, na TV em preto e branco, na sala dos avós. Eram momentos muito
bons e serenos que desfrutávamos, sem noção do tempo que passava. Muitas coisas
boas, que não vão embora. Estão comigo guardadas.
Mas, não compartilhei tudo isso apenas pelo
gosto de lembrar. O culpado foi o manguito. Assim como toda a nossa estrutura
de compreensão do mundo, a nossa mente e nossa memória estão associadas e
conectadas a uma série de pontos de união, que guardam o “gatilho” para
disparar outras memórias condensadas e armazenadas em nossas mentes e emoções. E
podem ser direcionadas para o nosso bem-estar. A Bíblia mostra o exemplo de
Jeremias, que estava em grande sofrimento, e encontrou alento na seguinte
revelação:
Então, disse eu: já pereceu a minha glória, como também a minha esperança
no SENHOR. Lembra-te da minha aflição e do meu pranto, do absinto [bebida forte e amarga,
alucinógena] e do veneno. Minha alma,
continuamente, os recorda e se abate dentro de mim. Quero trazer à memória
o que me pode dar esperança. As misericórdias do SENHOR são a causa de não
sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; renovam-se cada
manhã. Grande é a tua fidelidade. (Lamentações 3:20-25).
O manguito que ganhei... |
É possível aprender a lidar com essas
lembranças e fazer escolhas do que vai permear a nossa mente no presente e do
tipo de passado vamos escolher reviver e manter. Nos momentos difíceis, podemos
trazer à memória o que nos faz bem, aquilo que nos dá esperança e certeza de
que tudo passa, menos a Palavra de Deus. É sobre como regular isso que
trata o texto de hoje.
Cultivando boas memórias
É costumeiro se falar em traumas, que são
disparados por gatilhos, mas o princípio funciona também para coisas boas.
Podemos reviver coisas boas ou coisas más se gatilhos forem disparados dentro
de nós. Mas, observe, que eu me deixei ficar nas lembranças e pude trazer mais
boas lembranças. Se fossem más lembranças, elas também estariam encadeadas e
quanto mais ativadas fossem, mais trariam outras e outras... E junto com elas,
os afetos que as rodeavam seriam trazidos ao presente e revividos.
A palavra memória no hebraico inclui os
sentimentos e a mente, assim como a essência de do que é lembrado. Aquilo que é
uma experiência vivida com força e se traduz em um conceito, passa a ser um nó na
rede das lembranças. São pontos que, ao serem tocados, trazem uma série de
lembranças boas ou más à tona. São esses nós que chamo de gatilhos.
A escolha é nossa
Lembre-se que, no relato acima, eu disse: “fiquei
ali, deixando as boas lembranças fluírem...” Eu não podia escolher o que a
minha amiga ia me dar, mas eu podia escolher continuar com a viagem na memória.
Como a viagem era positiva, eu me dei permissão, mas se fosse negativa, caberia
a mim escolher ir em frente ou não.
Veja que o texto de Jeremias acima diz: “quero
trazer à memória...” Ele deseja e decide trazer o que lhe dá esperança (“QUERO”),
mesmo diante de uma situação ruim. Você pode mudar seu humor e disposição,
trazendo à memória coisas que lhe dão esperança. Você pode cultivar bons
pensamentos e direcioná-los para um estilo de vida que lhe façam mais feliz.
Você não pode impedir que uma lembrança dolorosa lhe venha, mas pode não
alimentá-la e vencê-la com uma idéia ou lembrança positiva.
Paulo ensinou aos Filipenses: “Finalmente,
irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo,
tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma
virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento.”
(Filipenses 4:8). Ele estava ensinando a disciplinar a mente
para pensamentos compatíveis com a fé em Cristo. O que é verdadeiro está na
Palavra e esse conjunto forma aquilo que pode nos dar esperança.
Reprogramando a mente para ser feliz
Muitas vezes, nossa mente está tão programada
para se atormentar, que quando lembramos de uma coisa boa, logo a tornamos
ruim, por exemplo, nos entristecendo e dizendo que aquele tempo não volta mais
e que só ali fomos felizes, etc. Isso não é verdade. O que aconteceu de bom lá
atrás é um sinal do que Deus pode fazer em qualquer tempo. Devemos louvá-lo
porque Ele continua o mesmo.
Verifique se sua mente está programada para
ser feliz ou se está sempre procurando uma dificuldade, algum impedimento ou
reclamação. Se é assim, você precisa aprender o quanto pode ser feliz em
Cristo. O passado não é um destino traçado, é apenas um ponto de partida. O
mal não tem que se repetir.
Com Jesus há um novo destino, as coisas velhas
se passaram, se fizeram novos horizontes. Está previsto nas profecias: “as nações
verão a tua justiça, e todos os reis, a tua glória; e serás chamada por um
nome novo, que a boca do SENHOR designará.” (Isaías 62:2). E é isso o
que aguarda aquele que persevera na fé:
Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao vencedor,
dar-lhe-ei do maná escondido, bem como lhe darei uma pedrinha branca, e
sobre essa pedrinha escrito um nome novo, o qual ninguém conhece, exceto aquele
que o recebe. (Apocalipse 2:17) e
Ao vencedor, fá-lo-ei coluna no santuário do meu Deus, e daí jamais
sairá; gravarei também sobre ele o nome do meu Deus, o nome da cidade do
meu Deus, a nova Jerusalém que desce do céu, vinda da parte do meu Deus, e o
meu novo nome. (Apocalipse 3:12).
Identidade nova, destino novo, vida nova. Mas
é preciso mente nova para viver todas essas coisas (Romanos 12:2-3), por isso
precisamos nos ver no espelho da Palavra de Deus e assumirmos o que ela diz que
nós somos.
Abrindo caminho para viver a vitória
Para as coisas boas, interprete como indício
do que Deus pode fazer na sua vida; para as coisas ruins, saiba que Deus
permanece mudando destinos e vidas para melhor, Ele ainda é aquele que:
Levanta o pobre do pó e, desde o monturo, exalta o necessitado, para o
fazer assentar entre os príncipes, para o fazer herdar o trono de glória;
porque do SENHOR são as colunas da terra, e assentou sobre elas o mundo. (1
Samuel 2:8).
Deus transforma tudo em bênção, então, seja a
situação que for, haverá um lado positivo nela. Então, cabe a nós, a mim e a
você, buscá-lo: “Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles
que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito.” (Romanos
8:28).
Não
é um mero exercício de positividade, isso é superficial e não vai funcionar,
mas é a compreensão de que minha vida foi entregue Àquele que está acima de
todas as coisas e Ele prometeu que TODAS AS COISAS (sem exceção) ocorrem para
meu bem PORQUE EU O AMO. Há uma condição que vai além do mero exercício mental
de ser pensador positivo, há a garantia de que eu amo a Deus e, por isso, tenho
uma promessa: “aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e
aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me
manifestarei a ele.” (João 14:21).
O Pai terminará a obra que começou se você não o
impedir. Aliás, a única pessoa que pode impedi-lo de terminar é você. Ele não
vai fazer você crescer sem sua concordância. Isso se chama
livre-arbítrio. Mas, faça a opção certa: "nem olhos viram,
nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem
preparado para aqueles que o amam." (1Coríntios 2:9).
Faça um exercício precioso, pelo menos 15 minutos por dia, lembre de coisas boas que já viveu e rejeite os pensamentos do tipo "não volta mais". Tudo o que o Pai lhe deu tem para lhe dar mais e melhor, se você crer. Se você tem problema de angústia ou tende à depressão, terá mais trabalho e recomendo fazer o exercício mais vezes por dia. Até apoderar-se do direito de se alegrar. Não permita nenhum mecanismo de entristecimento lhe derrotar. Jesus pagou caro para ser a nossa alegria. Você tem direito a ela. Lute para conquistá-la e vença essa predisposição a se entristecer e lembrar de coisas negativas ou interpretar as coisas positivas como perdas. A vida é um presente e não um tormento. Pare de ser seu próprio carrasco e aceite buscar e lutar para ser feliz.
Faça um exercício precioso, pelo menos 15 minutos por dia, lembre de coisas boas que já viveu e rejeite os pensamentos do tipo "não volta mais". Tudo o que o Pai lhe deu tem para lhe dar mais e melhor, se você crer. Se você tem problema de angústia ou tende à depressão, terá mais trabalho e recomendo fazer o exercício mais vezes por dia. Até apoderar-se do direito de se alegrar. Não permita nenhum mecanismo de entristecimento lhe derrotar. Jesus pagou caro para ser a nossa alegria. Você tem direito a ela. Lute para conquistá-la e vença essa predisposição a se entristecer e lembrar de coisas negativas ou interpretar as coisas positivas como perdas. A vida é um presente e não um tormento. Pare de ser seu próprio carrasco e aceite buscar e lutar para ser feliz.
lembrar de coisas boas faz bem para nossa alma e para o nosso corpo.
ResponderExcluirdjane