terça-feira, 14 de agosto de 2012

Ser livre e deixar livre




Quando alguém nos magoa, nós assumimos naturalmente uma posição de superioridade moral em relação a ela. Quando fomos ofendidos(as), lesados(as) em um direito, alguém assumiu o crédito de algo bom que fizemos, uma pessoa foi injusta, grosseira, ou até ausente... E eu poderia estender em uma centena de exemplos de possibilidades de indignação e mágoa pelas falhas dos outros. Mas, precisamos considerar também a possibilidade de acontecer de estarmos mal informados e sermos injustos, quando ficamos magoados. Caim ficou magoado com Deus e com Abel e nenhum dos dois tinha feito nada de errado. Precisamos duvidar um pouco da mágoa também, em nosso próprio benefício. Antes de tudo, precisamos saber se o motivo da ofensa realmente existe ou é uma interpretação errada, que fazemos.

Mas, e se for real? Adquirimos o direito de permanecer magoados? Bom, é uma escolha, mas será que é uma escolha inteligente, útil ou pelo menos saudável? Não creio... Se você conhece o Pai Nosso, deve admitir que a consequência não é boa: "perdoai as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido [...] Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celeste vos perdoará; 15  se, porém, não perdoardes aos homens [as suas ofensas], tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas. " (Mateus 6:9, 14-15). Mas, você diz que perdoa, e não quer ver a pessoa? Não pode nem ouvir o som da voz dela? Perdoa, mas quer que ela receba o mal de volta? Cabe uma pergunta a mais: é assim que você quer ser perdoado(a)?

O único ser que está preparado para julgar e dar o juízo é Deus. Quando nos colocamos no papel dele, só conseguimos encontrar sofrimento. Andar pela norma da cobrança do ‘olho por olho e dente por dente’ é terrível e foi exatamente por não conseguirmos sobreviver a isso que Deus enviou Jesus para nos dar o perdão. Veja como funciona o princípio da lei:

10  Porque qualquer que guardar toda a lei, e tropeçar em um só ponto, tornou-se culpado de todos. 11  Porque aquele que disse: Não cometerás adultério, também disse: Não matarás. Se tu, pois, não cometeres adultério, mas matares, estás feito transgressor da lei.  (Tiago 2:10-11).

Se você decidir cobrar de alguém um ponto sequer da lei de Deus, você vai estar assumindo que pode cumprir todos e já não restará graça ou misericórdia para lhe abençoarem, porque você optou em viver de uma forma em que elas não lhe alcançam. A graça e a misericórdia são um princípio diferente daquele que exige o estrito cumprimento dos deveres. Então, você decide: recebe a misericórdia de Deus e decide perdoar de verdade, pedindo o milagre da restauração, ou deixa a misericórdia e entra na condenação, que você deseja que recaia sobre o outro, que lhe fez o mal.

Para estar convencido da necessidade de perdoar é preciso entender a graça e a misericórdia de Deus, que vamos apresentar resumidamente a seguir nesse texto...




Conhecendo a graça

A graça é o favor que se recebe de Deus sem merecimento, gratuitamente. Desse modo, nós não recebemos o favor de Deus porque somos bons. Recebemos por causa da bondade dEle e de sua natureza abençoadora e não pela nossa bondade ou merecimento. Pelo nosso nível de bondade, estaríamos todos indo para a cruz, porque "todos pecaram e todos carecem [têm falta, necessitam] da graça de Deus." (Romanos 3:23 – Bíblia Amplificada). E a obra de Jesus foi baseada na GRAÇA e não nas obras que fizéssemos, ou seja, pelo cumprimento da lei. Pois "7  Para mostrar nos séculos vindouros as abundantes riquezas da sua graça pela sua benignidade para conosco em Cristo Jesus. 8  Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. 9  Não vem das obras, para que ninguém se glorie;" (Efésios 2: 7-9). 

Se pudéssemos depender de nossa bondade, a morte de Jesus no nosso lugar teria sido desnecessária. Nós mesmos pagaríamos o nosso pecado e nos salvaríamos. Mas a graça, a bênção dada  por Deus sem que mereçamos, nos perdoou e pagou os nossos pecados em Jesus. A penalidade da lei foi cumprida, mas sobre um substituto, que foi Jesus, pois a lei dizia que a alma que pecasse deveria morrer (Gálatas 3:14-16).

Conhecendo a misericórdia de Deus

A misericórdia de Deus faz com que nós não recebamos a punição que deveríamos receber, o juízo de Deus. Mas, unindo a sua imensa vontade de dar o que é bom e de não impor o juízo, Deus executou a sentença de punição em Cristo, cumpriu a lei e nos livrou da destruição do juízo pela sua misericórdia: "4  Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, 5  Estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos)," (Efésios 2:4-5).

Graça, misericórdia, pecado e perdão

Sendo alvos de tanta graça e misericórdia é muito petulante de nossa parte nos vermos como superiores aos outros a ponto de condenar outras pessoas pelos seus erros. Paulo escreveu sobre isso em Colossenses 3:8-15 e, em resumo, ele dizia que eles haviam recebido uma nova vida, gratuitamente, agora, precisavam viver a vida que tinham recebido e nela não cabia a "[...] ira, da cólera, da malícia, da maledicência, das palavras torpes da vossa boca." Nem a mentira. Mas havia um novo caminhar através da "[...] misericórdia, de benignidade, humildade, mansidão, longanimidade [paciência]; 13  Suportando-vos uns aos outros, e perdoando-vos uns aos outros, se alguém tiver queixa contra outro; assim como Cristo vos perdoou, assim fazei vós também."

Uma coisa é certa: para perdoar é preciso ser humilde perante a graça e a misericórdia recebidas de Deus. Ser cristã(o) é ser como Cristo. Cristo perdoou. E você: decide condenar ou perdoar?








2 comentários:

  1. Perdoar sempre, é a solução para vivermos sem magoa e ódio nos nossos corações.
    Parabéns Pastora Ana

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  2. Que palavra forte! Verdadeiramente não devemos tomar posição de Deus, no que se diz respeito ao julgamento. Algumas pessoas se acham no direito de julgar o outro por um erro. Lembrando que o outro tbm é falho, e não está ileso de passar por esta situação[ERRAR].Que possamos deixar Deus tomar a direção em relação ao julgamento, a Ele pertence o Poder para tal cousa.
    Ao invés de julgar, deveríamos AMAR mais, nos doar mais.

    Muito bom este estudo, serviu muito para mim :)
    Que Deus continue abençoando sua vida Pastora Ana.

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