O Leão da Tribo de Judá

Percebi que o título de Jesus “o Leão da Tribo de Judá” é pouco compreendido. Isso é uma grande perda para a igreja porque a revelação dessa verdade é poderosa. O leão, por si mesmo, já é uma atribuição simbólica poderosa, mas esse não é apenas um animal belíssimo, é o Leão da Tribo de Judá e Ele pode fazer coisas tremendas por nós. O Leão de Judá está no centro da bandeira de Jerusalém, capital de Judá, até hoje, entre duas faixas azuis que simbolizam a separação do povo judeu para o Senhor Deus, que se repetem no chale de oração dos judeus, o talit, descrito na Lei de Deus. Mas, essa revelação do poderoso Leão de Judá está longe de ser restrita apenas aos judeus de sangue.

Bandeira de Jerusalém

Apocalipse 5:5 diz: “Todavia, um dos anciãos me disse: Não chores; eis que o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi, venceu para abrir o livro e os seus sete selos.” Podemos entender que havia um grande problema aqui: abrir os selos do livro. E que foi encontrada uma solução suficiente: O Leão da Tribo de Judá tornou-se capaz de abri-los. Há várias coisas que precisamos saber para entender esse versículo.

1. Por que João, o apóstolo, chorava o fato de não ter encontrado ninguém capaz de abrir esses selos? Ou seja, porque era tão importante abrir os selos do livro?

2. Que requisitos uma pessoa devia ter para abrir esses selos?

3. O Leão da tribo de Judá, também é a Raiz de Davi, mas o que significa Raiz de Davi?

4. Qual foi a vitória que capacitou o Leão da tribo de Judá a abrir os selos?   

5. E a mais importante: Em que isso influenciará a nossa vida?

Espero responder essas perguntas a seguir.

O Leão da Tribo de Judá

 O leão, na Bíblia, integra a fauna do Velho Testamento, desde o tempo da peregrinação no deserto até a chegada à Palestina. Ele é símbolo de força e ousadia: “O leão, o mais forte entre os animais, que por ninguém torna atrás;” (Provérbios 30:30); e fala do seu poderoso rugido: “O terror do rei é como o rugido do leão; qualquer que provoca a sua ira ou o irrita contra si mesmo peca contra sua própria vida.” (Provérbios 20:2 – Bíblia Amplificada). 

Israel, o povo de Deus, dividia-se em 12 tribos, provenientes dos 12 patriarcas, filhos de Jacó, dentre as quais estava a de Judá. Todas as tribos tinham uma bandeira, a de Judá era ornada com um leão. Provavelmente por causa da bênção de seu pai Jacó, que o definia assim em profecia:

Judá [que significa ‘celebrado’], teus irmãos te louvarão; a tua mão estará sobre a cerviz de teus inimigos; os filhos de teu pai se inclinarão a ti. Judá é leãozinho; da presa subiste, filho meu. Encurva-se e deita-se como leão e como leoa; quem o despertará? O cetro não se arredará de Judá, nem o bastão de entre seus pés, até que venha Siló; e a ele obedecerão os povos. [...] (Gên 49:8-12).   

Observe que Jacó já via um reino (cetro) que viria de Judá. Mesmo ele não sendo o primogênito, o que seria esperado naquele tempo. Judá reinaria sobre os irmãos. Aí está desenhado o Leão da Tribo de Judá. O reino de Judá sobre todos os descendentes de Jacó e sobre outros povos. E um reino muito mais poderoso do que Jacó jamais sonhou porque é eterno e Onipotente do qual nós participamos maravilhosamente. 

A Raiz de Davi

 Davi era da tribo de Judá. Quando a Bíblia fala de Raiz, está falando na descendência. O “Leão” seria descendente de Davi. Nós conhecemos o caráter de leão de Davi. O rapaz ousado lutou contra um gigante de 3,20 metros de altura quando não tinha nenhuma experiência em batalha. A essência do Leão de Judá certamente estava nele.

Davi foi ungido por Samuel para ser rei de Israel, mas isso não lhe daria um poder que durasse além de seu reinado, a menos que houvesse algo mais poderoso na história. Nada é mais poderoso do que uma aliança entre Deus e o homem. Toda a revelação de Deus e a ação de Deus na terra se dá através das alianças com os homens.

Deus viu o coração de Davi e firmou uma aliança com ele, dizendo, entre outras coisas: “[...] a tua casa e o teu reino serão firmados para sempre diante de ti; teu trono será estabelecido para sempre.” (2 Samuel 7:16). Em Davi, se cumpriria a profecia de Jacó sobre o reino na casa de Judá. Um descendente enraizado em Davi, iria ser rei sobre todo o povo de Deus. Se você observar a genealogia de Jesus como filho adotivo de José verá a descendência, que o autoriza sentar no trono de Davi (Mateus 1:1-16; Lucas 3:23-38). O Messias, o Rei Salvador, esperado era exatamente o Filho de Davi, a Raiz de Davi (Mateus 9:27; 12: 23; 15:22; 20:30). Foi assim que Ele foi aclamado na entrada em Jerusalém “Hosana ao Filho de Davi!” (Mateus 21:15). Isso responde a terceira pergunta.

O poder do grande Rei

Belém é chamada de cidade de Davi. O fato de Jesus nascer em Belém pelo artifício da vinda para o recenseamento de Quirino, reafirma o cumprimento da promessa do trono eterno a Davi e o direito de Jesus ao trono terreno por aliança.

Então, [Herodes] convocando todos os principais sacerdotes e escribas do povo, indagava deles onde o Cristo deveria nascer. Em Belém da Judéia, responderam eles, porque assim está escrito por intermédio do profeta: ‘E tu, Belém, terra de Judá, não és de modo algum a menor entre as principais de Judá; porque de ti sairá o Guia que há de apascentar o meu povo, Israel.’ (Mateus 2:4-6).

Como nascido sem pecado, sem descendência humana, gerado da semente de Deus, Jesus é Filho de Deus; como nascido de mulher, em ventre humano, Jesus é Filho do Homem. Assim, Ele tem poder do céu por ser o Filho de Deus e autoridade na terra por ser Filho do Homem sem pecado, pois Deus deu a terra aos homens para governar: “Os céus são os céus do SENHOR, mas a terra, deu-a ele aos filhos dos homens. ” (Salmo 115:16). Isso responde a quarta pergunta.

O livro selado: a escritura de propriedade

Os livros selados faziam parte da lei civil judaica. Quando negócios ou alianças eram firmados, eram escritos os termos em rolos e havia cópias abertas para os negociantes ou aliançados e uma cópia permanecia selada e guardada no templo. Se algum direito adquirido no contrato precisasse ser requisitado à justiça, os mais respeitáveis anciãos, testemunhas fiéis e sacerdotes abririam os selos e restaurariam o direito. Isso incluía também a punição dos infratores. Abrir o selo significa restaurar o direito da aliança e restaurar o que é de posse legal aos seus donos.

Observe o negócio feito por Jeremias, como segue esse modelo (meus comentários identificando as partes da negociação estão entre colchetes):

Comprei, pois, de Hananel, filho de meu tio, o campo que está em Anatote [negócio = compra de terreno]; e lhe pesei o dinheiro, dezessete siclos de prata [pagamento acordado]. Assinei a escritura [registro escrito do negócio], fechei-a com selo [selagem como autenticação de direito], chamei testemunhas [testemunhas do negócio] e pesei-lhe o dinheiro numa balança [recibo]. Tomei a escritura da compra, tanto a selada, segundo mandam a lei e os estatutos [cópia selada obrigatória para guardar no templo], como a cópia aberta [de propriedade do comprador]; dei-a a Baruque, filho de Nerias, filho de Maaséias, [sacerdote levita] na presença de Hananel, filho de meu tio [vendedor], e perante as testemunhas, que assinaram a escritura da compra [assinatura das testemunhas no contrato de compra e venda], e na presença de todos os judeus que se assentavam no pátio da guarda [escritura pública]. (Jeremias 32:9-12)

  

Aquele que venceu para abrir o selo

O livro da passagem de Apocalipse 5:5, era selado com o selo de Deus. Nenhum juiz terreno poderia exercer o juízo no caso. O Juiz teria que argumentar e julgar a causa diretamente  com Deus e o termo guardava a libertação dos homens. Veja o contexto em que o livro selado do versículo acima aparece e entenda porque João chorou:

Vi, na mão direita daquele que estava sentado no trono [Jesus, o Rei, o Messias], um livro escrito por dentro e por fora, de todo selado com sete selos. Vi, também, um anjo forte, que proclamava em grande voz: Quem é digno de abrir o livro e de lhe desatar os selos? Ora, nem no céu, nem sobre a terra, nem debaixo da terra, ninguém podia abrir o livro, nem mesmo olhar para ele; e eu chorava muito, porque ninguém foi achado digno de abrir o livro, nem mesmo de olhar para ele. (Apocalipse 5:1-4).

A princípio, ninguém poderia estabelecer o direito de posse sobre a situação da humanidade. O livro que mostrava a quem pertenciam os homens, de quem eles eram por aliança, estava fechado. Simbolicamente, significa que não haveria salvação ou reapropriação dos homens por Deus até que o livro fosse aberto. Por isso, João chorou. Imagine o seu desespero... Mas, a solução aparece: “todavia, um dos anciãos me disse: Não chores; eis que o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi, venceu para abrir o livro e os seus sete selos.” (Apocalipse 5:5). Isso responde a primeira pergunta e a segunda.

O selo quebrado e o livro aberto

Oh, que grande consolação para todos nós, a bondade de Deus nos proveu um Rei e Juiz capaz de exercer uma justiça tão poderosa, que exige a nossa libertação e devolução ao Pai. Jesus reuniu justiça na sua própria vida, vivendo sem pecado; e prosseguiu acumulando-a com o pagamento de nossos pecados na cruz, cumprindo a pena dos pecadores sem devê-la. Todo o direito está em suas mãos:

[...] se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz. Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai. (Filipenses 2:8-11).

A raiz de Davi venceu o pecado que nos escravizava e comprou o direito sobre as nossas vidas!!!  Aleluia! Por sua própria justiça, obteve a autoridade para estabelecer a nossa libertação total para Deus. Ele pode abrir os selos! Aleluia! Ele nos libertou!

Eu e você temos um novo dono que nos comprou com seu sangue precioso (1 Pedro 1:18-19)! Os selos serão definitivamente abertos um dia e os direitos da aliança serão totalmente exercidos! E o diabo e seus vão amargar a punição por todos os seus enganos e roubos!

A inscrição inadiável

Observe uma coisa: os nomes de cada pessoa envolvida no negócio estavam listados no livro selado. Este livro existe:

Tens, contudo, em Sardes, umas poucas pessoas que não contaminaram as suas vestiduras e andarão de branco junto comigo, pois são dignas. O vencedor será assim vestido de vestiduras brancas, e de modo nenhum apagarei o seu nome do Livro da Vida; pelo contrário, confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. (Apocalipse 3:4-6)

Então, o nosso nome deve ser escrito no livro da vida e manter-se nele para que sejamos abençoados. Lembre-se de que o livro representa uma aliança. 

Você já fez uma aliança com o Leão da Tribo de Judá? Você já orou e disse a Ele que Entregava tudo o que é seu a Ele e recebia tudo o que é dEle na sua vida ? É isso que significa uma aliança. É uma decisão fundamental. Significa abrir mão do seu senhorio sobre a sua vida. Aceitar Jesus e seus princípios como novo caminho, um novo Senhor. Buscar forças para abandonar o que Deus diz que lhe faz mal e para receber o que Deus tem de melhor.

No momento em que você decidir isso e abrir sua boca para admitir isso como verdade, tudo vai começar a mudar na sua vida e seu nome estará no livro selado da aliança, no livro da Vida. Você fará parte da relação dos aliançados com Deus. E Ele o tratará dessa forma, exercendo livremente o direito de lhe abençoar e corrigir. Pois:

Se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. Porque com o coração se crê para justiça e com a boca se confessa a respeito da salvação. (Romanos 10:9-10)

Essa é a resposta para a sua vida e para a quinta pergunta.

Você pode orar assim:

Querido Deus, sei que enviastes Jesus para que eu fosse inscrito como teu filho também. Quero um coração de filho. Quero fazer do Teu caminho o meu caminho. Quero deixar o que precisa ser abandonado e assumir o que me faz bem. Ajuda-me, Senhor, inscreve meu nome no livro da Tua aliança, em nome de Jesus.