quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Soluções eficazes





É muito interessante que, tantas vezes, a solução de certas situações estejam exatamente na nossa frente e não percebamos. Quando o medo chega, os problemas crescem diante de nós, como gigantes invencíveis. Mas, quando permanecemos confiantes e serenos, a solução é encontrada.

Eu ouvi quando criança uma estória de uma situação ocorrida na 2ª. Guerra Mundial de que quando o exército aliado chegou numa determinada vila pelas áreas mais frias da Europa, em pleno rigor do inverno, todos os tanques de guerra congelaram e eles não conseguiam avançar além daquele ponto. Perto da tenda onde os generais se desdobravam em busca de solução estava sentado um menino, que terminou fazendo amizade com um alto comandante do exército e estava próximo o suficiente para ouvir que os tanques estavam congelados e que a derrota era iminente. Enquanto o alvoroço corria pelo arraial das tropas, ele perguntou calmamente ao comandante: por que vocês não desmontam um carro e usam o combustível e as peças para criar uma estufa para aquecer os outros? Um menino ganhou aquela batalha. Com a sua mente livre de tantas dificuldades, conseqüências e impossibilidades, ele conseguiu alcançar a preciosa solução.

Jesus tinha essa habilidade de manter a mente focada, precisa, prática e destemida. Por isso, Ele falava pouco, mas, quando falava, resolvia as questões e deixava os opositores sem argumentos. No caso da mulher apanhada em adultério, por exemplo, as pessoas trouxeram uma mulher que fora apanhada em adultério e pediram o seu julgamento (João 8). Havia uma armadilha por trás disso. Os fariseus, religiosos ritualistas, que estavam na liderança de Israel na época, queriam provar que Ele era contra a lei e colocar o povo contra Ele para poder prendê-lo e acabar com a concorrência.

Qual reação seria de se esperar numa situação como essa? Medo, indignação contra a hipocrisia dos fariseus, retaliação, desprezo. Mas Jesus aproveitou a situação e deu a maior lição da graça sobre a Lei do Novo Testamento. Entretanto, foi muito estranho.

Imagine que primeira reação do ser humano, quando é atacado, principalmente por um oponente forte como os fariseus, seria se levantar e levantar a voz para lhes mostrar poder. Jesus já estava sentado, ensinando e, ao chegarem os fariseus, ao invés de levantar-se, inclinou-se e começou a escrever na terra.

Jesus não precisava se impor, pois Ele sabia quem era e é. Ele é o Rei e como rei se portou na sua dignidade e autoridade. E como Filho de Deus e fiel depositário de todo o seu amor, inclinou-se para nos dar uma mensagem diante daquele tumulto, pois está escrito sobre Ele:

18  Eis aqui o meu servo, que escolhi, o meu amado, em quem a minha alma se compraz. Farei repousar sobre ele o meu Espírito, e ele anunciará juízo aos gentios. 19  Não contenderá, nem gritará, nem alguém ouvirá nas praças a sua voz. 20  Não esmagará a cana quebrada, nem apagará a torcida que fumega, até que faça vencedor o juízo. 21  E, no seu nome, esperarão os gentios. (Mateus 12:18-21).

Precisamos aprender a manter a postura como Jesus, manter o foco no meio das situações difíceis para não nos deixar levar pelas pressões. O texto de hoje é sobre essas lições de inteligência.


A mulher adúltera

Interessante como as pessoas são manipuladas em determinadas situações. Os fariseus sabiam que a multidão estava empolgada com Jesus pelos milagres, pelas suas palavras doces e misericordiosas e também pelas críticas que fazia aos próprios fariseus. Mas, os fariseus também sabiam que, se a turba se indignasse contra Jesus, Ele seria despedaçado pela irracionalidade deles. Então, os fariseus aproveitaram um acontecimento para tentar expor Jesus à fúria da multidão e recuperar a sua popularidade e credibilidade.

3  Os escribas e fariseus trouxeram à sua presença uma mulher surpreendida em adultério e, fazendo-a ficar de pé no meio de todos, 4  disseram a Jesus: Mestre, esta mulher foi apanhada em flagrante adultério. 5  E na lei nos mandou Moisés que tais mulheres sejam apedrejadas; tu, pois, que dizes? 6  Isto diziam eles tentando-o, para terem de que o acusar. [...] (João 8:3-6a).

A situação já foi colocada como um cheque-mate diante de Jesus. Isso já aconteceu para você? Mas, observe bem que não existem cheques-mate para Deus. O diabo é o pai da mentira e faz parecer que não há saída, mas Jesus não se submetia a essa falsa verdade. Observe as falhas na apresentação do caso:

A acusação não é inevitável

Os legalistas expuseram a pecadora diante de todos. Da forma como foi apresentada, a sentença já estava dada, eles só queriam que Jesus a acusasse da mesma forma que eles próprios, para dizerem que não havia diferenças entre os dois; ou que Ele a liberasse, descumprindo a Lei de Moisés e ficando desmoralizado. Mas, Jesus tinha outra compreensão de justiça, bem mais ampla.

O argumento não usado

Na realidade, nem a Lei objetiva e crua estava sendo cumprida. Porque a lei exigiria o julgamento dos dois envolvidos a mulher adúltera e o amante: “também o homem que adulterar com a mulher de outro, havendo adulterado com a mulher do seu próximo, certamente morrerá o adúltero e a adúltera.” (Levítico_20:10). Na hora de uma discussão acalorada, precisamos utilizar os argumentos com sabedoria, pois nem todos eles serão convenientes.

O máximo que Jesus conseguiria denunciando a ilegalidade do julgamento pela ausência daquele com quem a mulher adulterava era o tempo de o encontrarem e trazerem para a condenação. Ao invés da morte de um, aconteceria a morte de dois. Jesus veio para dar vida e vida em abundância (João 10:10). Durante uma argumentação, evite defender algum ponto de vista ou alguém denunciando outras pessoas envolvidas, só aumentará a destruição. Saber o que silenciar é precioso.

Não perca a visão do todo

Jesus só pôde escolher os seus argumentos porque Ele não se sentiu obrigado a responder e reagir àquela pretensa “lei” que lhe era apresentada como sendo de Deus. Jesus sempre foi um pensador independente e sempre estimulou que as pessoas pensassem e comparassem as coisas de Deus e seus valores.

Não é porque alguém lhe diz que está na Palavra que a interpretação está correta. Pode estar incompleta, fora do contexto ou ser tendenciosa. Nós precisamos ter a dignidade e a nobreza das pessoas a quem Paulo pregou em Beréia: “ora, estes de Beréia eram mais nobres que os de Tessalônica; pois receberam a palavra com toda a avidez, examinando as Escrituras todos os dias para ver se as coisas eram, de fato, assim.” (Atos 17:11). Quando uma explicação não lhe der paz, não assuma que está certa somente porque é racional, ou por causa da autoridade de quem a deu. Examine, pois é imperativo que “15  Seja a paz de Cristo o árbitro em vosso coração, à qual, também, fostes chamados em um só corpo; e sede agradecidos. 16  Habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria,” (Colossenses 3:15-16a).

Quando Jesus falava aos seus discípulos explicando as escrituras, o coração deles ardia em confirmação: “31  então, se lhes abriram os olhos, e o reconheceram [a Jesus]; mas ele desapareceu da presença deles. 32  E disseram um ao outro: Porventura, não nos ardia o coração, quando ele, pelo caminho, nos falava, quando nos expunha as Escrituras?”  (Lucas 24:31-32), pois o Espírito de Deus testifica em nosso espírito, que somos filhos de Deus (Romanos 8:16).

A questão do ato e da essência

Toda vez que decidimos algo importante nas nossas vidas haverá conseqüências. No caso da situação vivida por Jesus as conseqüências seriam gravíssimas e envolviam a vida de uma pessoa, além de todo o ministério e a própria vida de Jesus. Não é uma decisão que se possa tomar de pronto. Observe que Jesus demorou a responder: “6  Isto diziam eles tentando-o, para terem de que o acusar. Mas Jesus, inclinando-se, escrevia na terra com o dedo. 7  Como insistissem na pergunta, Jesus se levantou e lhes disse:[...]” (João 8:6-7a).

Se Jesus permitisse que a pressão o definisse e também definisse a sua reação e posicionamento, o prejuízo estaria estabelecido. Mas, enquanto os fariseus focavam a disputa por poder e imagem e desprezavam  a vida daquela mulher, Jesus manteve a essência e a integridade da sua missão e do seu caráter. Uma decisão com raiva não é uma boa decisão, pois “porque a ira do homem não produz a justiça de Deus.” (Tiago 1:20). Uma decisão apressada pode custar anos de trabalho e dedicação. Jesus deixou que insistissem. Inclusive, porque Ele não era obrigado a responder.

Você não tem que responder tudo

O julgamento da lei não era atribuição de Jesus, mas dos sacerdotes e levitas. Muitas vezes, assumimos disputas porque somos instigados, mas que, na realidade, são só lutas sem sentido porque a atribuição de resolver e, às vezes, até a condição ou autoridade não são nossas.

Pessoas com dificuldade em não responder, não atender a toda demanda, precisam urgentemente de procurar cura no Senhor, porque nenhum ser humano suporta essa pressão de ter que atender toda solicitação ou ter que provar a todo o momento que podem e saber resolver tudo. Jesus podia não ter respondido, mas Ele tinha uma resposta que deixaria mais bem do que mal. Então, ele a usou.

A resposta revolucionária

A verdadeira revolução não foi a libertação da mulher por um ato de misericórdia, apesar de que certamente o foi para ela. Mas, Jesus anunciou diante de todos a queda da hipocrisia religiosa. Enquanto Ele se baixava para escrever no chão, a multidão prestava cada vez mais atenção no que dizia e no desenrolar dos fatos.

Todos nós sempre estamos dispostos a apedrejar os pecadores, os errados, os desviados, os maus, mas quando se trata de nós mesmos, já queremos misericórdia, compaixão, compreensão e perdão. Mas, “dois pesos e duas medidas, uns e outras são abomináveis ao SENHOR.” (Provérbios 20:10). Jesus estava dando uma aula prática de que o juízo será sem misericórdia para quem não tiver misericórdia e a misericórdia vence sobre o juízo (Tiago 2:13).

E veio a resposta: “6 [...] Mas Jesus, inclinando-se, escrevia na terra com o dedo. 7  Como insistissem na pergunta, Jesus se levantou e lhes disse: Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire pedra.” (João 8:6b-7). O que Ele escrevia com o dedo? Provavelmente o cumprimento do que previu Jeremias: “Ó SENHOR, Esperança de Israel! Todos aqueles que te deixam serão envergonhados; o nome dos que se apartam de mim será escrito no chão; porque abandonam o SENHOR, a fonte das águas vivas.” (Jeremias 17:13).  E realmente, foram envergonhados por seus próprios pecados.

Observe a lógica de Jesus

Eles achavam que mereciam mais, eram mais dignos diante de Deus do que aquela mulher, que fora flagrada em adultério. Mas os fariseus não conheciam a essência da lei com o Jesus. Jesus tinha uma noção muito mais profunda da relação do homem com o pecado: “eu, porém, vos digo, que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela.” (Mateus 5:28). No nível do espírito, o adultério começa quando nos permitimos manter o desejo por alguém que está casado ou casada.

Nesse nível de profundidade e essência, nenhum de nós é superior aos outros, por piores atos que cometam. O único que podia julgar e condenar, naquele momento, era Jesus. Mas a condenação não estava no seu repertório de soluções. A acusação, na realidade era o problema, que Jesus vinha resolver pela cruz. Aliás, diga-se de passagem que é por isso que “o diabo foge da cruz” porque, nela, os pecado são perdoados. E, por isso, a conversa se seguiu restauradora:

9 [...] ficando só Jesus e a mulher no meio onde estava. 10  Erguendo-se Jesus e não vendo a ninguém mais além da mulher, perguntou-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou? 11  Respondeu ela: Ninguém, Senhor! Então, lhe disse Jesus: Nem eu tampouco te condeno; vai e não peques mais. (João 8:9-11).

Você quer uma solução inteligente, prática e eficaz, procure a restauração, o arrependimento e o perdão. É assim que Jesus trabalha.

O ciclo ineficaz da acusação

Se você sempre procura o culpado, mantém o foco no problema, nas impossibilidades e dificuldades. Você permanece cultuando as situações difíceis e não trazendo soluções para elas. Jesus parecia que estava diante de um impasse impossível, mas, na realidade, era só um teatro, onde se armava uma situação falsa, que Ele só resolveria firme na verdade, na bondade da misericórdia.

Condenar é matar. O ódio, a raiva, a vingança são destrutivos dentro ou fora de você. Não são soluções eficazes, senão Jesus teria sido estrito com aquela mulher, com aqueles fariseus e com aquelas pessoas sedentas de uma fofoca ou de um apedrejamento. Hoje em dia, pode-se não ter mais apedrejamentos físicos, mas temos os boatos e maledicências que apedrejam a alma e a imagem das pessoas e não me digam que isso diminuiu porque não conseguirei acreditar.

Toda vez que você tiver que resolver o problema, foque na verdade, na bondade e na solução. Não estou dizendo que proteja os lobos e deixe as ovelhas em perigo, estou dizendo que o leão é maior que o lobo e se Ele for o protetor das ovelhas, nenhum lobo tocará nelas. Lobo não se arrisca a virar comida de leão. O medo, a raiva, a mágoa, o ódio e todos os sentimentos negativos são péssimos conselheiros. Alinhe os sentimentos antes de decidir. Não confunda, como esses fariseus fizeram, as tradições, preconceitos e interesses pessoais com a essência da verdadeira lei de Deus. Senão suas decisões serão distorcidas e injustas.

Ninguém pôde resistir àquela resposta

Todos foram embora. Nenhum podia manter-se diante do olhar da verdade. Todos deviam. Todos sempre devem diante de Deus, pois, “como está escrito: Não há justo, nem um sequer,” (Romanos 3:10) e “23  pois todos pecaram e carecem da glória de Deus, 24  sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus,” (Romanos 3:23-24).

Há alguém que comete absurdos indescritíveis, perversidade sem tamanho, algo que lhe deixa cheio de ódio, mágoa rancor e sentimentos ruins de toda espécie? Cuidado com o mal dentro de você porque ele lhe tornará exatamente igual aos que você tem horror, só que com outro objeto. Mas, para Deus, você e a pessoa que lhe feriu estarão em maus lençóis. Cada um por seu próprio pecado. Pecado não se vence com o pecado, nem com a acusação, só com a justiça e a misericórdia de Deus. A Palavra nos ensina a orar pelos que nos aborrecem:
44  Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem; 45  para que vos torneis filhos do vosso Pai celeste, porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos. 46  Porque, se amardes os que vos amam, que recompensa tendes? Não fazem os publicanos também o mesmo? 47  E, se saudardes somente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os gentios também o mesmo?" (Mateus 5:44-47).

É um desafio para a nossa natureza humana? 

É claro que é, mas até Descartes, o criador do método científico dizia: “não existem soluções fáceis para problemas difíceis.” Imagine o trabalho de desmontar um tanque para transformá-lo numa estufa? A ideia é simples, mas a execução é trabalhosa. Mãos à obra, então. "Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem." (Romanos 12:21). Reivindique o que é certo, faça o que é certo, lute pelo que é justo, mas não deixe que o mal resida em seu coração contra os homens usados para fazer o mal que Deus abomina. Você nunca vai conseguir vencer o mal lutando com as armas dele. Pelo contrário, se você as usar, ele terá vencido porque o interesse dele é em ganhar espaço na sua alma.

Pois o mesmo Jesus que escreveu o nome dos pecadores no chão, naquele dia, promete a todos os que se arrependerem um novo nome livre de acusação: “quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao vencedor, dar-lhe-ei do maná escondido, bem como lhe darei uma pedrinha branca, e sobre essa pedrinha escrito um nome novo, o qual ninguém conhece, exceto aquele que o recebe.” (Apocalipse 2:17)   


Assim, querido leitor ou leitora, hoje, estou aqui colocando para você que muitas coisas devem ser consideradas e alinhadas com Deus antes de compreender e decidir sobre qualquer assunto na sua vida: as conseqüências do uso de cada argumento; a motivação de cada palavra e ação; a nossa igualdade com toda a miséria humana e necessidade da graça e do perdão de Deus; as possibilidades de tendências no nosso julgamento; e a necessidade de construir uma visão clara, baseada na justiça, na paz e no amor. Assim como Jesus sempre nos deu sem exemplo, para não nos deixarmos levar no ímpeto pelo imediatismo das pressões nas situações difíceis.



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente a mensagem ou faça sua pergunta.

Web Analytics