Num momento de grande catástrofe uma inundação, um
terremoto ou semelhante nós fugiríamos sem levar nada, porque a vida é o
essencial, a base para construir todas as outras coisas. Mas, diante da
avalanche da mídia e dos “valores” modernos estamos sendo inundamos e
soterrados com valores destrutivos e não estamos salvando o essencial, aquilo que
gera Vida para a sociedade.
Nós estamos vivendo momentos difíceis, onde valores
importantes estão arriscados a serem vaporizados por valores novos e destrutivos,
a mídia impulsiona uma nova cultura que passa despercebida por baixo das portas
de todos os lares abalando a família e os alicerces da sociedade como o Senhor estabeleceu.
Esta história ajuda-nos a retomar a guarda de um sentimento que se vive a dois
e que ampara a muitos como um tronco que segura vários ramos. Um sentimento que
se transforma em instituição e, por ter sido criada por Deus, é sagrada.
Um famoso professor se
encontrou com um grupo de jovens que falava contra o casamento. Argumentavam
que o que mantém um casal é o romantismo e que é preferível acabar com a
relação quando este se apaga, em vez de se submeter à triste monotonia do
matrimônio. O mestre disse que respeitava sua opinião, mas lhes contou a
seguinte história:
Meus pais viveram 55
anos casados. Numa manhã minha mãe descia as escadas para preparar o café e
sofreu um enfarto. Meu pai correu até ela, levantou-a como pôde e quase se
arrastando a levou até à caminhonete. Dirigiu a toda velocidade até o hospital,
mas quando chegou, infelizmente ela já estava morta. Durante o velório, meu pai
não falou. Ficava o tempo todo olhando para o nada. Quase não chorou. Eu e meus
irmãos tentamos, em vão, quebrar a nostalgia recordando momentos engraçados.
Na hora do sepultamento, papai, já mais calmo, passou a mão sobre o caixão e
falou com sentida emoção:
- Meus filhos, foram
55 bons anos…Ninguém pode falar do amor verdadeiro se não tem idéia do que é
compartilhar a vida com alguém por tanto tempo.
Fez uma pausa, enxugou
as lágrimas e continuou:
- Ela e eu estivemos
juntos em muitas crises.
Mudei de emprego,
renovamos toda a mobília quando vendemos a casa e mudamos de cidade. Compartilhamos
a alegria de ver nossos filhos concluírem a faculdade, choramos um ao lado do
outro quando entes queridos partiam. Oramos juntos na sala de espera de alguns
hospitais, nos apoiamos na hora da dor e perdoamos nossos erros… Filhos, agora
ela se foi e estou contente. E vocês sabem por que? Porque ela se foi antes de mim
e não teve que viver a agonia e a dor de me enterrar, de ficar só depois da
minha partida. Sou eu que vou passar por essa situação, e agradeço a Deus por
isso. Eu a amo tanto que não gostaria que sofresse assim…
Quando meu pai
terminou de falar, meus irmãos e eu estávamos com os rostos cobertos de
lágrimas. Nós o abraçamos e ele nos consolava, dizendo:
- Está tudo bem, meus
filhos, podemos ir para casa.
E, por fim, o
professor concluiu: Naquele dia entendi o que é o verdadeiro amor. Está muito
além do romantismo, e não tem muito a ver com o erotismo, mas se vincula ao
trabalho e ao cuidado a que se professam duas pessoas realmente comprometidas.
Quando o mestre
terminou de falar, os jovens universitários não puderam argumentar. Pois esse
tipo de amor era algo que não conheciam. O verdadeiro amor se revela nos
pequenos gestos, no dia-a-dia e por todos os dias. O verdadeiro amor não é
egoísta, não é presunçoso, nem alimenta o desejo de posse sobre a pessoa amada.
Quem caminha sozinho pode até chegar mais rápido, mas aquele que vai
acompanhado com certeza chegará mais longe e terá a indescritível alegria de
compartilhar, alegria esta que a solidão nega a todos que a possuem…
Não
estou aqui falando de sofrer contra a vontade uma relação destruída pelo adultério (Mateus
19:9), mas de estar apto a abrir mão de si mesmo para responsabilizar-se para
cuidar de alguém sem a data de validade de um iogurte. Não é o fim a que os
relacionamentos tem chegado que me preocupa, é o princípio sobre os quais eles
iniciam, que os levam a cada dia a finais cada vez mais tristes. Nós clamamos
por amor e o matamos sufocado pelo egoísmo e por padrões de doença a cada dia. Nenhum
tipo de prática ou sentimento que faça o mal para o outro pode ser considerado
amor porque amar é dar Vida: “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o
seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida
eterna.” (João 3:16). Nenhuma forma de amor que traga como resultados tristeza,
doença e morte pode ser considerada como amor.
O amor é feito de compromisso com o cuidado
Palavras
como compromisso, responsabilidade, fidelidade e monogamia estão sendo retiradas
do dicionário dos relacionamentos homem e mulher pelas feridas dessa sociedade
que não soube se recuperar emocional e moralmente do pós-guerra. Querem
transformar cuidar em coisa do passado, mas a necessidade de ser cuidado permanece
intacta no presente. Se não houver uma cultura de cuidado e paciência, não
haverá lares onde se construa o amor. E uma geração sem lar será uma geração
perdida e machucada, pronta para dar o que tem, perdição e feridas.
O
amor implica em sair do “modo de ataque” para o “modo cooperação”. Quando o
homem caiu em pecado houve uma transformação negativa no relacionamento homem e
mulher que inseriu o poder no lugar da cooperação amigável. Quando a mulher foi
criada, o homem a reconheceu como “osso dos meus ossos e carne da minha
carne; chamar-se-á varoa, porquanto do varão foi tomada.” (Gênesis 2:23),
mas quando os dois ficaram longe da presença de Deus, Adão mudou seu nome: “E deu o homem o nome de Eva a sua mulher, por ser a mãe de
todos os seres humanos.” (Gênesis 3:20). Sua função reprodutiva fisiológica e ligada aos filhos foi ressaltada,
mostrando o desligamento da parceria anterior.
Deus fez a
mulher para ser companheira capaz (Gênesis 2: 18), a palavra para idônea
significa de mesma capacidade e confiabilidade, tanto é que o homem a assumiu
como parte dele. Depois, o relacionamento tornou-se uma disputa pelo poder, e a
parceria foi prejudicada. Quando um relacionamento entre um homem e uma mulher deixa
a competição pelo poder de estar “certo” e de impor a sua vontade e pensamento vencer
o companheirismo e o cuidado, este relacionamento está entrando em declínio e o
cuidado colocou a primeira perna do lado de fora da janela. Daí em diante, é só
uma questão de tempo para o seu fim.
Falta de modelos
Numa sociedade como a brasileira, onde no ano de 2010 se casaram 977.620 pessoas e se separaram ou divorciaram
310.847 pessoas (dados do Censo 2010), podemos dizem que temos praticamente um terço de lares onde os
modelos de convivência homem e mulher se transformaram em feridas. Não há como
sair ileso de uma perda nesse nível. Perde-se emocionalmente, mas também
perde-se a noção de confiança na base dela, que ensina o amor incondicional. O
amor que não deveria ir embora, que deveria ser o referencial para onde voltar,
se evapora numa nuvem de poeira que engasga a alma.
Não estou
falando isso para que as pessoas que sofreram a separação se sintam culpadas.
Ninguém mais do que elas sofreu no processo. Ninguém de bom caráter casa com o
intuito de se separar. Casa-se para ser feliz e ninguém deseja que a felicidade
acabe. Mas, o fato é que existe um
impacto que precisa ser percebido e tratado. O homem e a mulher estão cada vez
mais perdidos quanto a cuidar de sua família. Os motivos dessa desagregação
familiar são vários e devastadores, mas é certo que se desaparecem o respeito,
o valor, a parceria e a cooperação, tudo entra em colapso. E os filhos de hoje
estão crescendo em meio a uma família enfraquecida, mas ela é o princípio de
Deus para a vida do homem:
27
Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem
e mulher os criou. 28 E Deus os abençoou
e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a;
dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que
rasteja pela terra. (Gênesis 1:27-28)
Observe a bênção
sobre a família no trecho acima. Uma família que se estende pelo futuro,
multiplicando-se.
Filhos são herança do Senhor
Uma
cultura impregnada de pessimismo e egoísmo tem se alastrado sobre as dores de
tanta destruição e esterilizado a muitos. Ter filhos tem sido colocado como um
peso e algo indesejável, mas o que a Bíblia diz é que:
3
Herança do SENHOR são os filhos; o fruto do ventre, seu galardão. 4 Como flechas na mão do guerreiro, assim os
filhos da mocidade. 5 Feliz o homem que
enche deles a sua aljava; não será envergonhado, quando pleitear com os
inimigos à porta. (Salmo 127:3-5).
Novamente, não estou falando de culpa, ou de controle de
natalidade, cada um sabe quanta fé possui para sustentar suas bênçãos, mas
estou falando a respeito de uma cultura anti-reprodução que muitos sustentam. Eu
escutei muitas pessoas que decidiram não ter filhos porque seu sistema de vida
iria ser perturbado ou porque “este mundo está muito mal”. O mundo sempre
esteve jazendo no maligno e se você não tem lugar no seu mundo para seus filhos
porque eles serão um estorvo, deveria orar a respeito. Centrar-se em si mesmo é
algo danoso, a vida em toda a parte procura com ânsia por si mesma, barrar esse
movimento de vida e deixar-se só com o tempo que não ficará com você.
Quantos e quantos relatos escuto de como os filhos
mudaram os pais. Há algo que só aqueles pequenos olhinhos e braços podem trazer
para você. Por isso, Deus deixou as promessas suficientes para que sua família
seja completa:
Na tua terra, não haverá mulher que
aborte, nem estéril; completarei o número dos teus dias. (Êxodo 23:26).
O SENHOR te dará abundância de bens
no fruto do teu ventre, no fruto dos teus animais e no fruto do teu solo, na
terra que o SENHOR, sob juramento a teus pais, prometeu dar-te. (Deuteronômio
28:11)
Bendito serás mais do que todos os
povos; não haverá entre ti nem homem, nem mulher estéril, nem entre os teus
animais. (Deuteronômio 7:14)
Faz que a mulher estéril viva em
família e seja alegre mãe de filhos. Aleluia! (Salmo 113:9)
A adoção de Deus
Seja de forma natural ou por adoção você pode completar
sua alegria. Samuel foi adotado por Eli e se tornou um grande homem de Deus (1
Samuel 3). E todos nós fomos adotados por Deus, renascidos como filhos amados:
Porque não recebestes o espírito de
escravidão, para viverdes, outra vez, atemorizados, mas recebestes o espírito
de adoção, baseados no qual clamamos: Aba, Pai. (Romanos 8:15)
para resgatar os que estavam sob a
lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos. (Gálatas 4:5)
nos predestinou para ele, para a adoção
de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade, (Efésios
1:5)
Descobri que a verdadeira esterilidade é não ter amor no
coração para dar a uma criança como seu filho ou filha. Não se deixe ser
roubado e nem roubada disso. Deus não nos fez filhos por causa de nenhuma contribuição de um homem ou mulher, mas pelo amor de Cristo.
12 Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome; 13 os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus. (João 1:12-13)
Vencendo a carne
Paulo tinha um chamado para o celibato, mas ele era claro
em dizer que quem não o tinha, casasse. “8 E aos
solteiros e viúvos digo que lhes seria bom se permanecessem no estado em que
também eu vivo. 9 Caso, porém, não se
dominem, que se casem; porque é melhor casar do que viver abrasado.” (1
Coríntios 7:8-9). Mas também fez um alerta: “Mas, se te casares, com isto não
pecas; e também, se a virgem se casar, por isso não peca. Ainda assim, tais
pessoas sofrerão angústia na carne, e eu quisera poupar-vos.” (1 Coríntios 7:28).
Que seria isso de angústia na carne? É o lidar diário com
as imperfeições do outro se tocando nas suas. Enquanto você tem um certo
afastamento, você pode dissimular mais características suas e do outro, mas o
convívio diário trará para fora muitas outras coisas, nem tão agradáveis.
Entretanto, a carne é vencida pelo Espírito Santo em nós. Nós não somos escravos da carne (Romanos 8:4-13). Precisamos do conhecimento da
Palavra para renovar as mentes, a oração para encher-se e o compromisso de amor
vencerão tudo na vida daqueles que são chamados à bênção do casamento (Romanos 12:1-2).
Querido leitor e leitora disponha-se a cuidar e abrir espaço na sua vida para pessoas ficarem com você durante toda a caminhada. Escolha bem, escolha alguém que guarde a eternidade dentro de si, a eternidade de Jesus Cristo, com seus valores e princípios, pois é o compromisso quem fará o amor ressuscitar e se manter todos os dias. E é a cada dia que se constrói o amor nesse lugar chamado família, que Deus fez para a nossa plenitude.
É preciso renovar tudo o que diz respeito ao modelo
carnal e derrotado do que é ser homem e do que é ser mulher e trazer a luz da
palavra e do amor de Deus para que possamos viver a boa, perfeita e agradável
vontade de Deus. Esse é um trabalho de parceria e paciência para toda a vida.
Colocando-se juntos no altar do Senhor onde Ele derrama sua alegria e plenitude
e socorre com conserto e paciência as nossas fragilidades humanas e
aprendizados falhos.
Creia, Deus quer que você seja feliz com alguém do seu
lado se seu coração deseja isso. Será trabalhoso, mas recompensador e cheio de
milagres, porque o plano de Deus é a família. Ele a colocou no seu coração e
por mais que a sociedade ferida e mal amada queira negá-lo, ela está pulsando
como um desejo dentro de você. Seja livre para buscá-la nos padrões do amor de
Deus e ela não será um prejuízo, mas um ganho incalculável de vida.
Você pode orar assim:
Querido Deus, escreve no meu coração os teus princípios e valores sobre ter e viver numa família. Restaura-me, Senhor, para que eu possa provar a tua vontade, que é boa, perfeita e agradável, em nome de Jesus.
“Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (João 3:16). Entender tal amor é muito difícil só tendo quem entende explicando, um amor tão grande capaz de tão grande sacrifício. Só mesmo Deus, que amor!!! Lau
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