Você se lembra do sucesso dos Teletubbies com as crianças
entre três e cinco anos de idade? “De novo! De novo! Um, dois, três, quatro...”.
Pelo menos três repetições para cada nova informação, imagens simples e
histórias curtas. As crianças naquela faixa etária ficavam fascinadas e
pareciam parte da TV. Isso acontecia por causa da adequação da sua estrutura ao
desenvolvimento neurológico de crianças nessa faixa etária.
Crianças pequenas, até mais ou menos sete anos, necessitam
de assistir “quarenta e duas vezes” um filme, até citar as falas junto com os
personagens, para a loucura dos adultos. Meu sobrinho assistiu a um filme assim
e quando uma amiga minha chegou em casa, a primeira coisa que ele ofereceu foi:
“Vamos assistir Mary Poppins?”. Depois disso, o máximo que pudemos fazer foi
deixar de contar.
Não é apenas um prazer na identificação com os
personagens, mas uma necessidade neurológica de formar os esquemas básicos de
compreensão. Crianças precisam mesmo da repetição até uma determinada idade. Mas,
com a idade maior não ficamos independentes da rememoração. Segundo estudos da
neurologia e da cognição, por mais firme e forte que seja o que foi vivido, nossa
memória se apaga, a menos que o conhecimento esteja conectado em uma rede de
associações lógicas significativas e que esteja sendo ativado constantemente
(NEVES, 2011). Então, lembrar e esquecer é um conteúdo fundamental da nossa qualidade
de vida, uma vez que vivemos a partir do que compreendemos e o que
compreendemos é baseado no que lembramos.
Como sempre, a Palavra de Deus traz milhares de
exercícios de memória positivos e instruções de rememoração impressionantes,
desde o Velho Testamento, incluindo o conceito de gestão da memória. Jeremias,
o profeta, estava numa situação terrível, dentro de um grupo de pessoas da sua
família, que eram religiosos profissionais, sacerdotes, mas que estavam
completamente corrompidos. Ele estava muito angustiado e era constantemente
perseguido por discordar dessas práticas. Muito triste, isolado, ele disse:
18
Então, disse eu: já pereceu a minha glória, como também a minha
esperança no SENHOR. 19 Lembra-te da
minha aflição e do meu pranto, do absinto e do veneno. 20 Minha alma, continuamente, os recorda e se
abate dentro de mim. 21 Quero trazer à memória o que me pode dar esperança. (Lamentações
3:18-21)
A percepção de que tudo o que era vivo e brilhante na sua
vida tinha perecido, a aflição, o pranto, a amargura do absinto (bebida forte
entorpecente muito amarga) e do veneno (que os outros instilavam contra ele com
suas línguas) o maltratavam. Enquanto o seu exercício de memorização repetidamente
revivia as coisas ruins que vivera, sua
alma cada vez mais se abatia. A palavra traduzida para “abate” significa “se
inclinava humilhada”. Isso multiplicava a dor a cada lembrança.
Jeremias, então, tomou a decisão de gerenciar o que lhe ia
pela memória para algo que trouxesse vida e alegria. Então, decide mudar de
foco ele acha solução olhando para a misericórdia, fidelidade e bondade do
Senhor:
22
As misericórdias do SENHOR são a causa de não sermos consumidos, porque
as suas misericórdias não têm fim; 23
renovam-se cada manhã. Grande é a tua fidelidade. 24 A minha porção é o SENHOR, diz a minha alma;
portanto, esperarei nele. 25 Bom é o
SENHOR para os que esperam por ele, para a alma que o busca. (Lamentações 3:22-25).
Nesses versículos estão os princípios de áreas que a
psicologia só tem descoberto e trabalhado recentemente, tais como metacognição
(gestão das estratégias mentais para solução de problemas) e outras teorias.
Jeremias utilizou a gestão da memória para combater a depressão e venceu. Aqui,
temos um princípio fundamental para lidar com emoções e lembranças dolorosas,
que vamos tentar esclarecer hoje, com a graça do Senhor.
Renovando a memória
Observe que Jeremias sofria com aflição, pranto, amargura
e veneno da língua dos seus parentes. Ele decide mudar o foco e encontra esperança
na misericórdia infinita de Deus, constantemente renovada pela fidelidade dEle,
na aliança que tinha com Deus, que lhe garantia promessas, e na bondade de
Deus.
A misericórdia de Deus acalmando a mente
Como é difícil nos momentos de indignação lembrar da
misericórdia de Deus... Jeremias estava no meio de um povo corrupto, que
utilizava o precioso dom sacerdotal para extrair lucro próprio e deixar o povo
no pecado, vendo tantos absurdos como vemos hoje e sempre. Pessoas
incompetentes recebendo vantagens no trabalho, injustiça, crueldade com os
animais, quando nos indignamos só pensamos em juízo.
Jeremias se enchia de indignação pelo que era errado, mas
isso lhe tirava a paz. Ele achou esperança quando lembrou que se aquelas
pessoas permaneciam vivas era porque Deus era misericordioso. E pensou que essa
mesma misericórdia de dá tempo para os maus se arrependerem, se renova para nós
quando mesmo sem querer erramos. "O Senhor não
retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; mas é longânimo para
conosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se." (II Pedro 3 : 9). Quando Jeremias ficou do tamanho daqueles
homens tão maus, como eles necessitado da mesma graça e bondade, seu coração começou
a acalmar-se. Seu coração começou a repetir: Deus me ama muito... Deus me ama
muito...
A percepção do processo diário da renovação da bondade de Deus
A memória precisa ser continuamente alimentada. Aquilo
com que a alimentamos dará a qualidade do que a nossa vida mental é preenchida.
Jeremias preenchia sua mente com a maldade humana, com a corrupção, com as
ameaças, com as injustiças, apadrinhamentos, etc. Sua mente vivia atribulada.
Então, ele decidiu olhar para a bondade de Deus e se
encher dela. Não é que ele não soubesse mais da maldade dos homens, mas ele
começou a dizer a si mesmo o quanto a bondade de Deus está acima e é mais
poderosa do que a maldade das pessoas e a negrura das situações difíceis. Tudo
isso que parecia enorme só se sustentava pelo fio da Misericórdia de Deus. Toda
a maldade humana pode ser esmagada por menos de um grama da bondade de Deus que
é eterna, imutável e onipotente. O coração de Jeremias se acalmava ainda mais...
Acalme o seu também. Vai ficar tudo bem. Jesus lhe ama muito. Jesus lhe ama
muito mesmo.
A ação da bondade de Deus
É a bondade de Deus que sustenta todas as coisas a seu
redor. Ela protege:
6
Eu te invoco, ó Deus, pois tu me respondes; inclina-me os ouvidos e
acode às minhas palavras. 7 Mostra as
maravilhas da tua bondade, ó Salvador dos que à tua destra buscam refúgio dos
que se levantam contra eles. 8 Guarda-me como a menina dos olhos, esconde-me à
sombra das tuas asas, (Salmo 17: 6- 8)
A bondade de Deus nos alegra:
1 Na tua força, SENHOR, o rei se
alegra! E como exulta com a tua salvação! 2
Satisfizeste-lhe o desejo do coração e não lhe negaste as súplicas dos
seus lábios. 3 Pois o supres das bênçãos
de bondade; pões-lhe na cabeça uma coroa de ouro puro. 4 Ele te pediu vida, e tu lha deste; sim,
longevidade para todo o sempre. 5 Grande
lhe é a glória da tua salvação; de esplendor e majestade o sobrevestiste. (Salmo
21:1-5)
A graça de Deus é a sua bondade manifesta em poder
operante, nos revestindo da sua glória pelo Espírito Santo. O Senhor nos cobre
com sua bondade e manifesta a sua glória. Aleluia! Nada pode resistir a isso,
nada tem tamanho suficiente para se opor a essa compreensão. Quando trazemos
esse poder de fazer o bem à memória, tudo o mais cai a seus pés. O Espírito
Santo de ama muito.
A aliança lhe dá a garantia
Após aperceber-se da bondade de Deus o profeta lembrou-se
do seu relacionamento com Ele. Todos os levitas e sacerdotes possuem uma
promessa na aliança. Os sacerdotes e levitas não tinham direito à divisão das
terras em Israel, seriam sustentados pelo povo para dedicação exclusiva para o
sacerdócio
1
Os sacerdotes levitas, toda a tribo de Levi, não terão parte nem herança
com Israel; das ofertas queimadas do SENHOR e da sua herança comerão. 2 Por isso não terão herança no meio de seus
irmãos; o SENHOR é a sua herança, como lhes tem dito. (Deuteronômio 18 : 1-2).
Jeremias lembrou-se de que o Senhor estava com Ele, de
que havia uma promessa específica para ele ser sustentado. E ser sustentado por
Deus não quer dizer apenas ser sustentado de pão físico, mas apoio de todos os
modos necessários. Jesus se deu inteiro como Pão da Vida: “Eu sou o pão
vivo que desceu do céu; se alguém dele comer, viverá eternamente; e o pão que
eu darei pela vida do mundo é a minha carne.” (João 6:51). O mesmo Jesus
que multiplicou o pão e deu de Comar fisicamente ao povo deu também consolo,
cura e ressurreição.
A visão do profeta encheu-se da segurança da promessa de
um Deus Bom, Amoroso, Fiel e Infalível. Seu coração se aquietava e começava a
despontar para a alegria. Deus o amava. Ele começava a perceber e lembrar que
Deus nunca havia desapontado ninguém que tinha crido nele. Sua fé não devia ser
motivo de tortura, mas sim de exaltação à fidelidade de Deus. "Deus não é homem, para que
minta; nem filho do homem, para que se arrependa; porventura diria ele, e não o
faria? Ou falaria, e não o confirmaria?"
(Números 23 : 19). Deus é Fiel. Ele é o Deus da Aliança.
Deus se lembra da aliança
A aliança é a Lei
de Deus. Ele não tendo ninguém superior por quem jurar, jura ou promete por Si mesmo,
isto é, estabelece a sua aliança (Hebreus 6:13-14). Por que Deus manifestou seu
poder e libertou o povo hebreu no Egito, enquanto havia tantas nações em
opressão na terra? Por causa da aliança: "E ouviu Deus o seu gemido, e lembrou-se Deus da sua aliança com Abraão,
com Isaque, e com Jacó;" (Êxodo 2 :
24).
Você já fez uma aliança com Deus? Então, para você
receber tudo o precisa realmente, precisa fazê-la. Uma aliança significa “tudo
o que é meu é seu, tudo o que é seu é meu.” Toda aliança precisa de um termo. A
aliança com Jesus tem o Novo Testamento, que deriva do Velho Testamento.
Assumir uma aliança com Cristo é decidir redirecionar a vida para obedecer a
Cristo. A aliança também inclui a morte para si mesmo e o nascimento para o
outro. Uma nova vida começa quando você decide deixar a vida que tem e nascer
para a Vida que Jesus tem para você. Isso inclui usufruir da Vida de Deus.
Para fazer uma aliança é preciso haver união de vidas. E
a ligação deve ser declarada diante de testemunhas. Por isso, está escrito: “9 Se, com a tua boca, confessares Jesus como
Senhor e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás
salvo. 10 Porque com o coração se crê
para justiça e com a boca se confessa a respeito da salvação.” (Romanos
10:9-10).
Então, aproveite e decida agora mesmo estabelecer essa
aliança com Jesus e o tome como sua porção, pois Ele é a fonte de todas as
outras bênçãos. Você pode orar assim:
Senhor Jesus, seja a partir de agora o Senhor da minha
vida. Eu creio que o Senhor morreu para pagar os meus pecados e ressuscitou
para me dar uma nova vida. Faço uma aliança agora contigo, Senhor, que tudo o que
é meu seja teu e Tua vida seja minha.
Deus é bom, lhe ama e é Fiel à sua aliança, acima e além da influência de
todas as coisas, pessoas e acontecimentos. Isso encheu o coração do profeta de
maneira maravilhosa, e ele encheu-se de esperança. “Grande é a tua fidelidade. 24 A minha porção é o SENHOR, diz a minha alma;
portanto, esperarei nele.” (Lamentações 3:23b-24).
Veja que tratamento maravilhoso o profeta fez em si
mesmo. Saiu do desespero e da depressão, da amargura e da aflição e se cercou da
presença e da bondade de Deus. A esperança foi restabelecida assim como a Paz.
A natureza de Deus e a natureza do relacionamento do profeta com Deus
resolveram tudo o que era necessário. O profeta acalmou seu coração e Deus pôde
agir pela sua fé reposicionada.
Os passos do caminho por onde ele guiou sua mente foram:
- Reconhecer a misericórdia de Deus igualando todas as pessoas e a sua bondade se estendendo a todos, incluindo sua própria necessidade da misericórdia. Assim nivelou-se no ponto de receber a bondade de Deus;
- Lembrou-se das coisas boas que Deus fez e da bondade da sua natureza. Isso o fortaleceu e lhe deu esperança;
- Lembrou-se da Fidelidade de Deus à sua aliança e da existência da sua aliança com Deus por onde Deus lhe tinha dado a si mesmo como recompensa por toda a vida e a eternidade. Seguro disso, recuperou a esperança e ficou em paz.
Assim, em momentos de tribulação e angústia, diante da
miséria humana, lembremos que há um Deus que sustenta a todos pela sua
misericórdia e guarda os que estão em aliança com Ele. Um Deus cuja bondade
sobrepõe qualquer maldade pensável ou impensável. Um Deus que se dispõe a
firmar uma aliança com você e que será Fiel a ela lhe protegendo se você permitir
ser guiado para isso. Traga sua mente e seu coração para essas verdades
continuamente, dia a dia, momento por momento e seu coração será guardado pela
paz.
Quando uma situação for difícil e a indignação quiser dominar você e lhe esgotar, repita para si mesmo com compreensão: eu preciso da misericórdia de Deus tanto quanto essa pessoa... Eu preciso da misericórdia tanto quanto essa pessoa... Deus é bom e se comprometeu a me ajudar... Deus é bom e se comprometeu a me ajudar... Comece a lembrar de tudo de bom que Deus é e do que Ele já fez por você e por outras pessoas. Ele é Bom e Fiel, vai resolver tudo.
Ainda estou por aqui, não desisti de ganhar o terreno da minha mente de volta...
ResponderExcluirRenata.