quarta-feira, 6 de junho de 2012

Eu digo e repito: Jesus te ama muito!



Você se lembra do sucesso dos Teletubbies com as crianças entre três e cinco anos de idade? “De novo! De novo! Um, dois, três, quatro...”. Pelo menos três repetições para cada nova informação, imagens simples e histórias curtas. As crianças naquela faixa etária ficavam fascinadas e pareciam parte da TV. Isso acontecia por causa da adequação da sua estrutura ao desenvolvimento neurológico de crianças nessa faixa etária.

Crianças pequenas, até mais ou menos sete anos, necessitam de assistir “quarenta e duas vezes” um filme, até citar as falas junto com os personagens, para a loucura dos adultos. Meu sobrinho assistiu a um filme assim e quando uma amiga minha chegou em casa, a primeira coisa que ele ofereceu foi: “Vamos assistir Mary Poppins?”. Depois disso, o máximo que pudemos fazer foi deixar de contar.

Não é apenas um prazer na identificação com os personagens, mas uma necessidade neurológica de formar os esquemas básicos de compreensão. Crianças precisam mesmo da repetição até uma determinada idade. Mas, com a idade maior não ficamos independentes da rememoração. Segundo estudos da neurologia e da cognição, por mais firme e forte que seja o que foi vivido, nossa memória se apaga, a menos que o conhecimento esteja conectado em uma rede de associações lógicas significativas e que esteja sendo ativado constantemente (NEVES, 2011). Então, lembrar e esquecer é um conteúdo fundamental da nossa qualidade de vida, uma vez que vivemos a partir do que compreendemos e o que compreendemos é baseado no que lembramos.

Como sempre, a Palavra de Deus traz milhares de exercícios de memória positivos e instruções de rememoração impressionantes, desde o Velho Testamento, incluindo o conceito de gestão da memória. Jeremias, o profeta, estava numa situação terrível, dentro de um grupo de pessoas da sua família, que eram religiosos profissionais, sacerdotes, mas que estavam completamente corrompidos. Ele estava muito angustiado e era constantemente perseguido por discordar dessas práticas. Muito triste, isolado, ele disse:

18  Então, disse eu: já pereceu a minha glória, como também a minha esperança no SENHOR. 19  Lembra-te da minha aflição e do meu pranto, do absinto e do veneno. 20  Minha alma, continuamente, os recorda e se abate dentro de mim. 21 Quero trazer à memória o que me pode dar esperança. (Lamentações 3:18-21)

A percepção de que tudo o que era vivo e brilhante na sua vida tinha perecido, a aflição, o pranto, a amargura do absinto (bebida forte entorpecente muito amarga) e do veneno (que os outros instilavam contra ele com suas línguas) o maltratavam. Enquanto o seu exercício de memorização repetidamente  revivia as coisas ruins que vivera, sua alma cada vez mais se abatia. A palavra traduzida para “abate” significa “se inclinava humilhada”. Isso multiplicava a dor a cada lembrança.

Jeremias, então, tomou a decisão de gerenciar o que lhe ia pela memória para algo que trouxesse vida e alegria. Então, decide mudar de foco ele acha solução olhando para a misericórdia, fidelidade e bondade do Senhor:

22  As misericórdias do SENHOR são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; 23  renovam-se cada manhã. Grande é a tua fidelidade. 24  A minha porção é o SENHOR, diz a minha alma; portanto, esperarei nele. 25  Bom é o SENHOR para os que esperam por ele, para a alma que o busca. (Lamentações 3:22-25).

Nesses versículos estão os princípios de áreas que a psicologia só tem descoberto e trabalhado recentemente, tais como metacognição (gestão das estratégias mentais para solução de problemas) e outras teorias. Jeremias utilizou a gestão da memória para combater a depressão e venceu. Aqui, temos um princípio fundamental para lidar com emoções e lembranças dolorosas, que vamos tentar esclarecer hoje, com a graça do Senhor.


Renovando a memória

Observe que Jeremias sofria com aflição, pranto, amargura e veneno da língua dos seus parentes. Ele decide mudar o foco e encontra esperança na misericórdia infinita de Deus, constantemente renovada pela fidelidade dEle, na aliança que tinha com Deus, que lhe garantia promessas, e na bondade de Deus.

A misericórdia de Deus acalmando a mente  

Como é difícil nos momentos de indignação lembrar da misericórdia de Deus... Jeremias estava no meio de um povo corrupto, que utilizava o precioso dom sacerdotal para extrair lucro próprio e deixar o povo no pecado, vendo tantos absurdos como vemos hoje e sempre. Pessoas incompetentes recebendo vantagens no trabalho, injustiça, crueldade com os animais, quando nos indignamos só pensamos em juízo.

Jeremias se enchia de indignação pelo que era errado, mas isso lhe tirava a paz. Ele achou esperança quando lembrou que se aquelas pessoas permaneciam vivas era porque Deus era misericordioso. E pensou que essa mesma misericórdia de dá tempo para os maus se arrependerem, se renova para nós quando mesmo sem querer erramos. "O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; mas é longânimo para conosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se."  (II Pedro 3 : 9). Quando Jeremias ficou do tamanho daqueles homens tão maus, como eles necessitado da mesma graça e bondade, seu coração começou a acalmar-se. Seu coração começou a repetir: Deus me ama muito... Deus me ama muito...

A percepção do processo diário da renovação da bondade de Deus

A memória precisa ser continuamente alimentada. Aquilo com que a alimentamos dará a qualidade do que a nossa vida mental é preenchida. Jeremias preenchia sua mente com a maldade humana, com a corrupção, com as ameaças, com as injustiças, apadrinhamentos, etc. Sua mente vivia atribulada.

Então, ele decidiu olhar para a bondade de Deus e se encher dela. Não é que ele não soubesse mais da maldade dos homens, mas ele começou a dizer a si mesmo o quanto a bondade de Deus está acima e é mais poderosa do que a maldade das pessoas e a negrura das situações difíceis. Tudo isso que parecia enorme só se sustentava pelo fio da Misericórdia de Deus. Toda a maldade humana pode ser esmagada por menos de um grama da bondade de Deus que é eterna, imutável e onipotente. O coração de Jeremias se acalmava ainda mais... Acalme o seu também. Vai ficar tudo bem. Jesus lhe ama muito. Jesus lhe ama muito mesmo.

A ação da bondade de Deus

É a bondade de Deus que sustenta todas as coisas a seu redor. Ela protege:

6  Eu te invoco, ó Deus, pois tu me respondes; inclina-me os ouvidos e acode às minhas palavras. 7  Mostra as maravilhas da tua bondade, ó Salvador dos que à tua destra buscam refúgio dos que se levantam contra eles. 8 Guarda-me como a menina dos olhos, esconde-me à sombra das tuas asas, (Salmo 17: 6- 8)

A bondade de Deus nos alegra:

1 Na tua força, SENHOR, o rei se alegra! E como exulta com a tua salvação! 2  Satisfizeste-lhe o desejo do coração e não lhe negaste as súplicas dos seus lábios. 3  Pois o supres das bênçãos de bondade; pões-lhe na cabeça uma coroa de ouro puro. 4  Ele te pediu vida, e tu lha deste; sim, longevidade para todo o sempre. 5  Grande lhe é a glória da tua salvação; de esplendor e majestade o sobrevestiste. (Salmo 21:1-5)

A graça de Deus é a sua bondade manifesta em poder operante, nos revestindo da sua glória pelo Espírito Santo. O Senhor nos cobre com sua bondade e manifesta a sua glória. Aleluia! Nada pode resistir a isso, nada tem tamanho suficiente para se opor a essa compreensão. Quando trazemos esse poder de fazer o bem à memória, tudo o mais cai a seus pés. O Espírito Santo de ama muito.

A aliança lhe dá a garantia


Após aperceber-se da bondade de Deus o profeta lembrou-se do seu relacionamento com Ele. Todos os levitas e sacerdotes possuem uma promessa na aliança. Os sacerdotes e levitas não tinham direito à divisão das terras em Israel, seriam sustentados pelo povo para dedicação exclusiva para o sacerdócio

1  Os sacerdotes levitas, toda a tribo de Levi, não terão parte nem herança com Israel; das ofertas queimadas do SENHOR e da sua herança comerão. 2  Por isso não terão herança no meio de seus irmãos; o SENHOR é a sua herança, como lhes tem dito. (Deuteronômio 18 : 1-2).

Jeremias lembrou-se de que o Senhor estava com Ele, de que havia uma promessa específica para ele ser sustentado. E ser sustentado por Deus não quer dizer apenas ser sustentado de pão físico, mas apoio de todos os modos necessários. Jesus se deu inteiro como Pão da Vida: “Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém dele comer, viverá eternamente; e o pão que eu darei pela vida do mundo é a minha carne.” (João 6:51). O mesmo Jesus que multiplicou o pão e deu de Comar fisicamente ao povo deu também consolo, cura e ressurreição.   

A visão do profeta encheu-se da segurança da promessa de um Deus Bom, Amoroso, Fiel e Infalível. Seu coração se aquietava e começava a despontar para a alegria. Deus o amava. Ele começava a perceber e lembrar que Deus nunca havia desapontado ninguém que tinha crido nele. Sua fé não devia ser motivo de tortura, mas sim de exaltação à fidelidade de Deus. "Deus não é homem, para que minta; nem filho do homem, para que se arrependa; porventura diria ele, e não o faria? Ou falaria, e não o confirmaria?"  (Números 23 : 19). Deus é Fiel. Ele é o Deus da Aliança.

Deus se lembra da aliança

A aliança é a Lei de Deus. Ele não tendo ninguém superior por quem jurar, jura ou promete por Si mesmo, isto é, estabelece a sua aliança (Hebreus 6:13-14). Por que Deus manifestou seu poder e libertou o povo hebreu no Egito, enquanto havia tantas nações em opressão na terra? Por causa da aliança: "E ouviu Deus o seu gemido, e lembrou-se Deus da sua aliança com Abraão, com Isaque, e com Jacó;"  (Êxodo 2 : 24).

Você já fez uma aliança com Deus? Então, para você receber tudo o precisa realmente, precisa fazê-la. Uma aliança significa “tudo o que é meu é seu, tudo o que é seu é meu.” Toda aliança precisa de um termo. A aliança com Jesus tem o Novo Testamento, que deriva do Velho Testamento. Assumir uma aliança com Cristo é decidir redirecionar a vida para obedecer a Cristo. A aliança também inclui a morte para si mesmo e o nascimento para o outro. Uma nova vida começa quando você decide deixar a vida que tem e nascer para a Vida que Jesus tem para você. Isso inclui usufruir da Vida de Deus.

Para fazer uma aliança é preciso haver união de vidas. E a ligação deve ser declarada diante de testemunhas. Por isso, está escrito: “9  Se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. 10  Porque com o coração se crê para justiça e com a boca se confessa a respeito da salvação.” (Romanos 10:9-10).  

Então, aproveite e decida agora mesmo estabelecer essa aliança com Jesus e o tome como sua porção, pois Ele é a fonte de todas as outras bênçãos. Você pode orar assim:

Senhor Jesus, seja a partir de agora o Senhor da minha vida. Eu creio que o Senhor morreu para pagar os meus pecados e ressuscitou para me dar uma nova vida. Faço uma aliança agora contigo, Senhor, que tudo o que é meu seja teu e Tua vida seja minha.

Deus é bom, lhe ama e é Fiel à sua aliança, acima e além da influência de todas as coisas, pessoas e acontecimentos. Isso encheu o coração do profeta de maneira maravilhosa, e ele encheu-se de esperança. “Grande é a tua fidelidade. 24  A minha porção é o SENHOR, diz a minha alma; portanto, esperarei nele.” (Lamentações 3:23b-24).

Veja que tratamento maravilhoso o profeta fez em si mesmo. Saiu do desespero e da depressão, da amargura e da aflição e se cercou da presença e da bondade de Deus. A esperança foi restabelecida assim como a Paz. A natureza de Deus e a natureza do relacionamento do profeta com Deus resolveram tudo o que era necessário. O profeta acalmou seu coração e Deus pôde agir pela sua fé reposicionada.

Os passos do caminho por onde ele guiou sua mente foram: 
- Reconhecer a misericórdia de Deus igualando todas as pessoas e a sua bondade se estendendo a todos, incluindo sua própria necessidade da misericórdia. Assim nivelou-se  no ponto de receber a bondade de Deus;
- Lembrou-se das coisas boas que Deus fez e da bondade da sua natureza. Isso o fortaleceu e lhe deu esperança;
- Lembrou-se da Fidelidade de Deus à sua aliança e da existência da sua aliança com Deus por onde Deus lhe tinha dado a si mesmo como recompensa por toda a vida e a eternidade. Seguro disso, recuperou a esperança e ficou em paz.

Assim, em momentos de tribulação e angústia, diante da miséria humana, lembremos que há um Deus que sustenta a todos pela sua misericórdia e guarda os que estão em aliança com Ele. Um Deus cuja bondade sobrepõe qualquer maldade pensável ou impensável. Um Deus que se dispõe a firmar uma aliança com você e que será Fiel a ela lhe protegendo se você permitir ser guiado para isso. Traga sua mente e seu coração para essas verdades continuamente, dia a dia, momento por momento e seu coração será guardado pela paz. 

Quando uma situação for difícil e a indignação quiser dominar você e lhe esgotar,  repita para si mesmo com compreensão: eu preciso da misericórdia de Deus tanto quanto essa pessoa... Eu preciso da misericórdia tanto quanto essa pessoa... Deus é bom e se comprometeu a me ajudar... Deus é bom e se comprometeu a me ajudar... Comece a lembrar de tudo de bom que Deus é e do que Ele já fez por você e por outras pessoas. Ele é Bom e Fiel, vai resolver tudo.


REFERÊNCIAS:

NEVES, Dulce Amélia de Brito. Metacognição, informação e conhecimento: pensando em como pensar.Recife: Néctar, 2011. 

Um comentário:

  1. Ainda estou por aqui, não desisti de ganhar o terreno da minha mente de volta...

    Renata.

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