sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Se fosse no sertão era assim: O filho do compadre

Hoje, eu vou contar um caso que houve com um compadre meu.
Ele tinha dois filhos,... Vejam o que lhe sucedeu...
O mais moço, um desmantelo!... Só pensava em farrear.
Um dia, cismou dos bofes e decidiu se apartar.






Queria ganhar o mundo e adiantou a sua herança.
Rasgou o coração do pai pra começar a sua andança.
E, então, triste e macambúzio meu compadre aqui ficou.
Se a estrada espiava, o coração lhe doía,
vigiava todo dia, pra ver se o filho voltava.
Com o pior tipo de gente, esse rapaz se ajuntava.
          Era um boqueirão no açude, em tempo de cheia, vazando.
          Do boteco à mulher da vida, a tudo financiando.
          Era tanta cachaça e batida, que nem sabia em que gastava.          Mas, depois dessa gastança, quando no bolso só tinha furo
          os amigos de encher a pança, fugiram do seu apuro.

E o bucho cheio de riquefife, com as costas fez uma grade.
Armou-se ali o coreto:
A barriga tocava o pife e a mão zabumbava só saudade. 
Com fome, o moço pediu arrego, mas o emprego que conseguiu 
foi trabalhar num chiqueiro. 
          E era tão pouco o dinheiro, que terminou mais esganado...
          E pra enganar as lombrigas, comer com os porcos até tentou

          mas a comida era dura, mesmo que pedra pura,
          e a queixada não aguentou
. Passou foi fome o coitado.
                     E no rói-rói das tripas, pôs-se, então, a meditar
          no tempo que nada faltava, e ele se lembrou do lar:
         
 - Ai, que leseira, que eu fiz! – soltou de lá um lamento.
           - Precisei ficar tão longe e passar tanto moído
          pra entender que em minha casa, é que estava bem acolhido.


          E um dia, então, o compadre viu na estrada,

           vindo um vulto pelo caminho de uma figura mal trajada.
          Era  um cansaço tão grande e uma catinga de dar dó.
          A roupa já era trapo, 
as mãos eram calo só, os pés uma ferida, 
          a barba suja e comprida na cara emagrecida, castigada pelo sol.
          Mas, a figura desnutrida foi a alegria da vida daquele pai dos cafundó.

          - Olhe eu não tenho direito... – falou o cabra encabulado...
          Mas, o pai logo lhe atracou o pescoço no abraço mais arrochado.
          E matando a sua saudade, com os olhos cheio d'água, falou com felicidade:

          - Ô, Zé, se avexe, corra, homem, e vá chamar o sanfoneiro!
         Traga roupa, um sapato e meu anel de fazendeiro.
         Quero festa e paramento, porque é grande esse momento:
         meu filho que estava ao relento, volta agora pro meu lado!  


Baseado em Lucas 15: 11-24, a parábola do filho pródigo, onde Deus se coloca de braços abertos para nos receber com todas as marcas da estrada e nos restaurar a seu lado, como filhos amados.

Ore a Jesus para dizer que quer voltar para casa e Ele o receberá de braços abertos.









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