domingo, 5 de fevereiro de 2012

Amor ou paixão?


Ontem à noite, estive ministrando aos jovens sobre amor, paixão e modelos de romantismo. Penso que será interessante registrar o que Deus me colocou no coração aqui no blog.

A Bíblia mostra que há um tipo de relacionamento que devemos buscar e outro que não. Um modelo que dará certo eternamente e outro que nos manterá...


...encarcerados  na ilusão. O amor e a paixão carnal não são sinônimos e não vão apresentar os mesmos resultados no final.

O Amor


Observe que o amor é algo desejável e bom: “ E também faço esta oração: que o vosso amor aumente mais e mais em pleno conhecimento e toda a percepção, para aprovardes as coisas excelentes e serdes sinceros e inculpáveis para o Dia de Cristo, cheios do fruto de justiça, o qual é mediante Jesus Cristo, para a glória e louvor de Deus.” (Filipenses 1:9-11). Você pode dizer: “Ah, mas está falando do amor espiritual, entre irmãos... ” É verdade, o trecho fala de amor ágape, o amor que vem de Deus e é incondicional.

No grego, temos cinco palavras para amor: Eros, amor entre homem e mulher; pater, amor de pai; mater, amor de mãe; fileo, amor entre irmãos e ágape, o amor de Deus, sublime e incondicional. Mas, sendo o amor de Deus a fonte positiva e direcionadora de todos os outros tipos, o amor de Deus pode estar no relacionamento homem e mulher animando e direcionando o amor Eros. Veja como essa transposição do Amor a Deus vem sobre o relacionamento entre homem e mulher:

“Eis por que deixará o homem a seu pai e a sua mãe e se unirá à sua mulher, e se tornarão os dois uma só carne. Grande é este mistério, mas eu me refiro a Cristo e à igreja. Não obstante, vós, cada um de per si também ame a própria esposa como a si mesmo, e a esposa respeite ao marido.” (Efésios 5:31-33 ).

A paixão carnal



Mas, existe algo que não é bom e que frequentemente é confundido com o amor, a paixão carnal. O versículo é forte: “Fazei, pois, morrer a vossa natureza terrena: prostituição, impureza, paixão lasciva, desejo maligno e a avareza, que é idolatria; por estas coisas é que vem a ira de Deus [sobre os filhos da desobediência].”  (Colossenses 3:5-6). Ela é tão destrutiva que precisamos fugir dela: “Foge, outrossim, das paixões da mocidade. Segue a justiça, a fé, o amor e a paz com os que, de coração puro, invocam o Senhor.” (2 Timóteo 2:22).  

Quando você acorda pensando em alguém e vai dormir feliz pensando em alguém, está tudo bem, mas você precisa estar bem também quando não tem em quem pensar ao dormir ou levantar ou quando a pessoa não deseja ser objeto desses pensamentos e você precisa ser capaz de procurar outra coisa ou pessoa para manter sua mente em paz e alegria. Em suma, precisamos ser capazes de aproveitar se está dando certo, mas o mais importante é que estejamos livres se não deu certo dessa vez. Ainda que choremos, porque dói, o choro dura uma noite, mas a alegria vem ao amanhecer.

E como saber a diferença?


Ainda bem que a Palavra estava lá para me socorrer. Está nos versículos que nós já vimos em Filipenses 1: 9-11. Quando o amor aumenta, aumentam as coisas excelentes, ele nos enche dos frutos de justiça. Quando a paixão aumenta, o pecado e o que é mau aumentam. Quando alguém nos faz ficarmos mais próximos do que agrada ao Senhor, quando soma ao bem de Deus, estamos vivendo amor. Quando nosso mundo se resume em um relacionamento que nos derruba quando qualquer coisa nele não está bem, temos um ídolo, uma paixão e não um amor.

Pense bem, o amor da sua vida será aquele que foi dado por Deus para suprir as suas necessidades. Se ele for o amor de sua vida, ela não vai deixá-lo. Se ela for o amor de sua vida, ela não irá embora. Se forem é porque você achava que era o amor da sua vida, mas não era. Se fosse teria ficado com você. Lógica simples. O que é bom, é bom e o que mau, é mau. O que é seu é seu e o que não é, não é. Desculpe a simplicidade dos meus argumentos, mas esse amor vendido nas prateleiras das livrarias, na tela da TV e do cinema, não é o amor que vai lhe fazer bem. Não existem vampiros bonzinhos na vida real. Sua vida não pode ser como o Crepúsculo, lembre-se que depois do crepúsculo vem a escuridão. Veja o que é vendido sobre o amor no mercado e veja se isso lhe suprirá as necessidades.

Não compre o amor que se vende no mercado


Você pensa que tem idéias originais sobre o que é ser jovem, mas vou lhe mostrar uma construção de juventude no mercado da música e da moda e tentar desconstruir essa idéia.
O grupo Scorpions tem 45 anos de carreira. Sua turnê final de 3 anos iniciou em 2010. Eles conseguiram acompanhar o mercado por 45 anos. É bastante tempo. Eles iniciaram em 1965. De 1965 a 1975 aproximadamente eles tocavam hard rock e heavy metal. Som pesado e extridente. Bem compatível com a juventude dos anos dourados, a contra cultura, movimento hippie. Aqui no Brasil tínhamos o movimento da Bossa Nova (1950) jovem guarda (Roberto Carlos, Erasmo e Wanderléia - 1960) e a Tropicália (Gil, Caetano, Gal e Betânia - final dos 60). Década de 70 auge da Ditadura militar protestos dos militantes desterrados e romantismo de Roberto Carlos e colegas.
Como o hard rock e o heavy metal já não funcionavam tão bem nos anos 80 pois as baladas mais românticas e o dance se tornaram mais desejados pelo mercado, os Scorpions se adaptaram rapidamente, produzindo músicas assim. É difícil pensar que uma banda de heavy metal tenha se tornado romântica de coração, mas eles se adaptaram e prosseguiram nas paradas.
Enquanto nos anos 80 a 90 o Menudo e o Dominó desenhavam os adolescentes no modo de se vestir e comportar, a adaptação daquela  banda deu certo e eles continuaram a carreira. Os anos 90 trouxeram o funk, com a sua sensualidade, o rap, hip hop e o rock com suas bandas e o fenômeno Michael Jackson. Pequenos ajustes foram suficientes para manter os Scorpions vendendo discos.
O Brasil comprava reggae, reggae rock (principalmente mineiro) e o heavy metal cresceu. Ótimo para os Scorpions. Em 2000 a 2010 o pesado e estridente deu seu lugar ao romântico, sinfônico e acústico e isso não foi problema para aquela banda. Tornaram-se assim e continuaram a vender discos.

Mas, as pessoas não compram apenas discos. Compram modelos de relacionamento. Não escutam apenas as músicas, compram as suas mensagens. Essa onda melosa e romântica, meio emo e meio blues trouxe da internet o Justin Bieber. Que idéia de amor se compra do Justin Bieber?
Em 2009, ele colocou quatro álbuns entre os 40 mais tocados nos EUA. E sobre uma das suas músicas de trabalho, ele escreveu o seguinte: “[Down to Earth] é uma balada sobre os meus sentimentos quando meus pais se separaram e como eu ajudei minha família quando isso aconteceu. Eu penso que existem várias crianças com seus pais separados, e elas precisam saber que não foi culpa de alguma coisa que fizeram. Eu espero que as pessoas possam se relacionar com ela.” O ideal de amor agora não é um rapaz sensual e rebelde como o Elvis de 1960; nem agressivo e estridente como as guitarras e heavy metal de 1970; nem dançante como o Menudo, Dominó e Michael Jackson de 80 e 90; é o intimista e emotivo filho dos conflitos na família. Cortar os cabelos e usar roupas parecidas com ele é o mínimo diante do padrão de amor que se pode comprar num CD ou DVD. Isso ocorre desde que a indústria fonográfica cresceu após a 2ª. Guerra e principalmente depois dos Beatles.

À parte de qualquer qualidade que esse personagem da mídia possua, ele é um personagem. Ele é uma ideia plantada e não uma representação do que nós somos na realidade. Não é por acaso que escolhemos um tipo de música, cabelo, roupa, comportamento que se repete em vários lugares do mundo. É uma proposta que corresponde a uma venda maior desse ou daquele produto. O amor de verdade não pode se basear numa mentira.

Isso é tão real, que porque os Scorpions conseguiram passar a carreira inteira deles percebendo esse fluxo e se adaptando a ele, conseguiram vender 160 milhões de discos durante a sua carreira de 45 anos. Eles se adequavam ao mercado e à imagem que o mercado queria formar para os jovens de como ser, vestir, calçar e se relacionar. E, assim, vendiam seus produtos.

O modelo de amor que funciona eternamente


Mas, onde podemos encontrar um modelo de amor que vá realmente ser uma bênção e nos fazer o bem em qualquer contexto? Na Palavra de Deus. O ponto central é que o princípio de vida que Deus nos deu é que devemos amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos. Essa é a medida da saúde em todos os relacionamentos.

Nós precisamos de amor sim, mas o amor de Deus é a fonte que não seca. Esse amor pode ser colocado em uma pessoa para suprir qualquer necessidade de amor que tenhamos, mas a fonte ainda será sempre Deus, a pessoa será o canal. Se a pessoa decide se afastar, a fonte não secou. Podemos ir até ela e receber dela. Se confundimos o canal ou o repositório com a fonte, isso é paixão da carne. Isso é destrutivo e nos afastará de Deus. Como diz Jeremias 2:13: “Porque dois males cometeu o meu povo: a mim me deixaram, o manancial de águas vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm as águas.”

Então, é bom pensar nisso, porque qualquer coisa que amemos mais do que Deus, qualquer coisa ou pessoa cuja ausência nos desestabilize fortemente, está candidato ao cargo de paixão ou ídolo. E pode não ser um amor Eros, pode ser amor pater (pai-filho), mater(mãe-filho), fileo(amigo-amigo, irmão-irmão)... A nossa base deve ser sempre o amor de Deus. Ele fornece e se manifesta em todos os outros tipos. Não inverta essa prioridade porque senão você pode se machucar muito. E alguém ainda vai lucrar com isso. 


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