sábado, 25 de fevereiro de 2012

A Fé Poderosa é em 3D


Balança antiga, de contrapesos, em equilíbrio pela distribuição igual de pesos



Tenho me incomodado com um desequilíbrio na visão do povo de Deus e o foco de seu cristianismo. Vejo alguns cristãos que apenas oram, desvalorizando a ação ou não se comprometendo com o serviço prático. Outros, que apenas agem, mas não se preocupam em conhecer a vontade de Deus para nortear as suas ações. Outros, ainda, que apenas lamentam e pensam, mas não oram e nem agem...

Olhando para Jesus não encontraríamos nada disso. Ele subia ao monte para orar e descia para fazer milagres, ajudar os pobres e andar até cansar até onde fosse preciso ir. Argumentava com clareza sobre os princípios de Deus, a ponto de espantar os outros com seu conhecimento da Palavra, sentia a dor das pessoas sofrendo e se compadecia delas até à ressurreição (caso de Lázaro) ou à sua própria cruz. Um cristianismo sem...





... oração é inútil, tanto quanto um sem conhecimento, emoção ou ação.

Mas, por que o equilibro dessas áreas é tão importante?

É fundamental entendê-las, porque nessas dimensões nós existimos e somos constantemente desafiados. Observe um exemplo: 20  Queres, pois, ficar certo, ó homem insensato, de que a fé sem as obras é inoperante? [...] 26  Porque, assim como o corpo sem espírito é morto, assim também a fé sem obras é morta. ” (Tiago 2:20, 26). A fé precisa ser unida à ação. Mas, será qualquer ação? Não, porque a fé vem [...] pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo.” (Romanos 10:17). Então, é preciso conhecer a Palavra de Deus para poder agir com fé.
E é possível agir pela fé, isto é, sobre a Palavra, desprezando a oração? Bem, se a fé vem do conhecimento da Palavra, a resposta é não. A Bíblia diz que existe um tipo de leitura da Bíblia que mata e uma que dá vida: “o qual nos habilitou para sermos ministros de uma nova aliança, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata, mas o espírito vivifica.” (2 Coríntios 3:6). E se o Espírito Santo é o nosso professor, aquele que nos ensina sobre tudo o que é de Deus (João 14:26), então, temos que nos comunicar com Ele para aprendermos a Palavra de Deus, que baseia a fé. Isso é oração.

É possível distinguir as diversas áreas de ação do cristianismo?

Posso responder que sim. A bíblia diz que precisamos nos separar para uso exclusivo de Deus (santificar) em três áreas: O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.” (1 Tessalonicenses 5:23). Poucas pessoas diferenciam alma de espírito. Penso que por influencia da filosofia, que as considera ambas como mente. Mas, há uma diferença, pode-se notar em Hebreus 4:12: Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração. Se a Palavra discerne é porque há uma diferença.

Nós podemos ver essa diferença na criação do homem. Então, formou o SENHOR Deus ao homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente. (Gênesis 2:7).  Deus formou o corpo do homem do pó da terra. Então, soprou o fôlego da vida. A palavra soprou no original hebraico é “ruach” a mesma utilizada para espírito e Espírito. Quando os autores do velho testamente querem fazer diferença, acrescentam algum atributo divino ao Espírito, como Santo ou de Jeová. O ponto aqui é que a vida que veio de Deus foi compartilhada com o homem com esse sopro, o espírito. Quando o espírito tocou o corpo, o homem tomou consciência da sua existência na terra, e fez-se alma vivente. Aí estão as três dimensões. Com o espírito, nos relacionamos com o mundo espiritual, com a alma, com o mundo relacional (emoções, intelecto e vontade) e  com o corpo, nós agimos.

Poderia estender bem e esmiuçar os detalhes, mas já ultrapasso muito a paciência de leitores cibernéticos nesse espaço. A essência é que precisamos compreender e assimilar um cristianismo que assuma essas dimensões com suas necessidades de crescimento e atuação. Porque a nossa própria compreensão de vida e da maturidade vai depender da dimensão em que nos focamos.

Compreendendo a vida a partir das três dimensões


Paulo colocou uma sequência em 1 Tessalonicenses 5:23 que não creio que seja aleatória. “O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo[...]” Inicia-se no espírito, na relação com Deus, de onde vem a vida. Então, a vida toca a alma e dá compreensão, a emoção e anima a vontade. Com a vontade estabelecida, decisão tomada, se transforma em ação. Esse alinhamento é coerente com o que já dissemos antes.

Observe um fenômeno interessante: nos últimos 30 anos a expectativa de vida da população aumentou 34 anos. Entretanto, a visão da velhice não mudou nada. É um arco côncavo que tende a decrepitude. Um início adorável, um ápice na idade adulta e uma velhice desvalorizada. Entretanto, Paulo, que tinha a visão espírito - alma – corpo descreve-se assim: “Por isso, não desanimamos; pelo contrário, mesmo que o nosso homem exterior se corrompa, contudo, o nosso homem interior se renova de dia em dia.” (2 Coríntios 4:16). O espírito e a alma cheia da influência de Deus não deterioram com o tempo. Se eles estão em Deus, se renovarão. Paulo recebia aquilo que estava na Palavra de Deus:

Faz forte ao cansado e multiplica as forças ao que não tem nenhum vigor. Os jovens se cansam e se fatigam, e os moços de exaustos caem, mas os que esperam no SENHOR renovam as suas forças, sobem com asas como águias, correm e não se cansam, caminham e não se fatigam. (Isaías 40:29-31).

Se o centro for a alma (mente, vontade e emoções)?

Aqueles que vivem na mente, através da intelectualidade pura e simples, a lógica filosófica ou matemática, geralmente tendem ao ateísmo e ao agnosticismo, como também à depressão porque a dimensão de onde vem a vida é cortada (o espírito). Se somos meros animais racionais, porque em todas as nossas manifestações culturais, até a mais sofisticada, existem figuras as quais os membros daquela sociedade devem adorar? Você pode pensar que os grandes cientistas não são assim, mas tente diminuir um milímetro o poder e a importância da ciência e você verá a reação de um adorador diante da profanação de seu santuário pelos seus adoradores. A diferença é que os deuses da ciência são a própria ciência e os cientistas.

O homem precisa adorar porque tem um espírito. Mas, quando esse espaço não é ocupado por Deus, ele não fica vazio. “pois todos pecaram e carecem da glória de Deus,” (Romanos 3:23). Há um espaço no espírito do homem, que só pode ser bem preenchido por Jesus, Aquele que “a tudo enche em todas as coisas.” (Efésios 1:23b).

Aqueles que vivem atropelados por suas emoções não conseguem estabilidade entre tantas alegrias e tristezas, euforias e depressões para seguir em frente e construir algo sólido nas suas vidas, nem estabilidade ou solidez suficiente para conseguirem sequer credibilidade. Como Paulo dizia aos coríntios: “Não tendes limites em nós; mas estais limitados em vossos próprios afetos.” (2 Coríntios 6:12).

A vontade é a decisão sobre quem queremos servir e não apenas aquela sensação de conforto que sentimos sobre algo. Você pode não perceber vontade, mas se decide fazer é porque a sua vontade foi manifesta. A vontade determina que ações vamos empreender: “nem ofereçais cada um os membros do seu corpo ao pecado, como instrumentos de iniqüidade; mas oferecei-vos a Deus, como ressurretos dentre os mortos, e os vossos membros, a Deus, como instrumentos de justiça.”  (Romanos 6:13).   

A força para fazer o bem também vem do nível do espírito, onde Deus está: “Sujeitai-vos, portanto, a Deus; mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós.” (Tiago 4:7). Para trazer a alma submissa a Deus (mente, vontade, emoções) dependemos da Palavra: “Portanto, despojando-vos de toda impureza e acúmulo de maldade, acolhei, com mansidão, a palavra em vós implantada, a qual é poderosa para salvar a vossa alma.” (Tiago 1:21).  E a Palavra depende do Espírito, como já mostramos.

E se o centro for o corpo?

No nível do corpo, temos uma divisão importante entre os desejos puramente instintivos de prazer e gratificação física e o desejo de servir a Deus dentro de seus padrões. Surge o conceito de carne. Essa palavra, no original, “bakar”, deu origem a palavra bacanal. Desejos desenfreados focados apenas na sua satisfação têm destruído civilizações, tais como a de Roma, por exemplo. Um cristão precisa estar dentro dos limites de Cristo e para isto precisa estar sob o poder do Espírito Santo: “Porque, se viverdes segundo a carne, caminhais para a morte; mas, se, pelo Espírito, mortificardes os feitos do corpo, certamente, vivereis.” (Romanos 8: 13). O corpo que não está sob poder do Espírito é carne, é danoso. Se está sob influência do Espírito é instrumento de justiça (Romanos 6:13). É um potencial de serviço que nós direcionamos a favor de Deus ou contra Ele. Novamente, a predominância desejável é do espírito ligado a Deus sobre as demais dimensões. 



Então, se nós nos concentramos no espírito, na nossa relação com Deus e o sobrenatural através da sua Palavra e do seu Espírito, e de lá partimos para alinhar a alma e o corpo, teremos todas as promessas a nosso favor e o ambiente necessário para que sejam cumpridas a nosso respeito. O corpo pode até ter uma linha descendente, mas será menos acentuada (veja o fim de Moisés, com 120 anos e boa visão, capaz de subir um monte – Deuteronômio 34:7, Davi, já velho, deu ordens lúcidas sobre o governo de Israel – 1 Crônicas 23:1; José morreu com 110 anos, lúcido e profetizando – Gênesis 50:23-26 e muitos outros exemplos). O evangelista Billy Graham acabou de escrever um livro sobre velhice aos 93 anos de idade.

O fato é que se centrarmos a vida no espírito cresceremos sempre.  A curva côncava descendente do envelhecimento se transformará numa reta que aponta para o que Paulo via como alvo: 13  [...] esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, 14  prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.” (Filipenses 3:13-14).  Crescer em sabedoria e em conhecimento de Deus é crescer para a honra e não para a desvalorização e a inutilidade como prega a sociedade do foco no corpo. Entretanto, as três dimensões precisam ser tocadas para realmente agradar a Deus: a dimensão espiritual, com Deus, a Palavra e o Espírito Santo; a dimensão relacional, onde trazemos o amor de Deus para nossos relacionamentos com as pessoas e a sua Palavra para levá-los a Ele; a dimensão física, onde praticamos atos físicos que mostram o Amor de Deus, direcionados pela Palavra e pelo Espírito. As três dimensões se complementam e não se anulam. A fonte está no Espírito e o leito desse fluir são as relações e ações.

Reflita sobre como você tem centrado a sua vida... Você pode orar assim:

Querido Deus, preciso que me mostre se estou como deveria estar nessas três dimensões. Preciso que me mostre se estou indo a ti para me orientar e me ajudar no meu serviço a ti, nos meus relacionamentos e nas minhas ações. Dá-me equilíbrio, para que eu possa ser o que o Senhor quer que eu seja, em nome de Jesus.






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