Deus estabeleceu princípios sobre os quais a nossa vida funciona. Um deles
é o princípio do reconhecimento. Precisamos reconhecer o que nos foi dado para
usufruirmos disso. A fé é baseada em conhecimento, conhecimento supõe visão,
acesso ao conhecimento. Por exemplo, se uma pessoa encontrar um tricerátops na
rua (de brinquedo) ela só vai poder identificá-lo se conhecer um pouco de
animais pré-históricos, senão vai achar que é algum monstro criado pela
imaginação de alguém. Essa falta de reconhecimento não será problemática, mas
em outros casos será e muito.
Conta-se que durante a febre do ouro nos EUA, um casal vendeu sua
fazenda e foi para outro Estado procurar ouro. Passados dois anos, estavam sem
ouro e falidos. Decidiram, então, retornar para a antiga fazenda. Ao chegarem na
fazenda...
...se depararam com muros altos, sistemas de segurança e guardas. Ela
havia se tornado na segunda maior mina de ouro do Estados Unidos. O ouro estava
lá, mas não foi reconhecido. Quando não reconhecemos o que nos foi dado por
Deus o prejuízo é tremendo. Aquilo que não é reconhecido não nos alegra, então,
não usufruímos e terminamos por perdê-lo. Sejam coisas, oportunidades ou
pessoas, esse princípio vai funcionar.
Observe os fariseus, no tempo de Jesus... Eles viviam orando pela
chegada do Messias, mas quando o Messias chegou, não foram capazes de
reconhecê-lo. Jesus lamentou isso sobre Jerusalém... “Quando ia chegando, vendo a cidade,
chorou e dizia: Ah! Se conheceras por ti mesma, ainda hoje, o que é devido à
paz! Mas isto está agora oculto aos teus olhos.” (Lucas 19:41-42). Jesus
chorou na morte de Lázaro e ao ver o que aconteceria pela falta de
reconhecimento de Jerusalém: “Pois sobre ti virão dias em que os teus inimigos te
cercarão de trincheiras e, por todos os lados, te apertarão o cerco; e te
arrasarão e aos teus filhos dentro de ti; não deixarão em ti pedra sobre pedra,
porque não reconheceste a oportunidade da tua visitação.” (Lucas 19:43-44).
Mas reconhecer é uma lição difícil. Nem os discípulos de Jesus a tinham
aprendido ainda. Jesus disse certa vez: “Tendo olhos, não vedes? E, tendo ouvidos, não
ouvis?” (Marcos 8:18). Observe os efeitos da Lei do Reconhecimento na
vida dos dois ladrões ao lado de Jesus. O primeiro, não o reconheceu como
Messias, duvidou e blasfemou: “Não és tu o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós também.”
(Lucas 23:39). O Outro, após repreender o primeiro (a quem Jesus sequer
respondeu), reconheceu Jesus como Messias e disse: “Jesus, lembra-te de mim quando
vieres no teu reino.” (Lucas 23:42). A este, Jesus respondeu: “Em verdade te
digo que hoje estarás comigo no paraíso.” (Lucas 23:43).
O que eu quero lhe dizer, hoje, é que alguns dos maiores dons de sua
vida não foram reconhecidos e isso lhe custa caro. E que Deus colocou algo
próximo a você que você ainda não está vendo como bênção. Isso pode ser uma coisa,
uma oportunidade ou uma pessoa.
Quatro áreas para reconhecer
Temos quatro áreas principais
para reconhecer entre tantas. Basicamente, temos que reconhecer: a Deus em
qualquer situação; os nossos limites; os limites dos outros; e reconhecer as
pessoas que foram designadas para nos ajudar.
1.
Reconhecer a Deus em qualquer situação
Reconhecer a Deus é imprescindível. José do Egito pode passar todo
o seu percurso porque reconheceu a fiel presença de Deus na sua vida. Ele reconheceu
a bondade de Deus na casa de seu pai, Jacó; na casa de Potifar, seu senhor; na
prisão de faraó, seu carcereiro; e continuou a fazê-lo no governo do Egito,
como governador. Abraão reconheceu a Deus como Deus e saiu de sua terra e
parentela sem saber para onde ia.
Você já reconheceu a eficiência de Jesus como seu Salvador? Se Ele
é um salvador eficiente, Ele fez um bom trabalho e o que Ele fez é suficiente
para que você seja de Deus e esteja salvo. Se eu digo que um bombeiro me salvou
eu não estou mais em risco de morrer no incêndio. Ou uma coisa ou outra. Então,
se Jesus me salvou, Ele me deu vida eterna. Da mesma forma que a vítima do
incêndio só precisava de um salvador porque não podia sair sozinha de lá,
assim, aquele que é salvo por Jesus também não podia sair de lá. É por isso que
o bombeiro é um herói. Ele salva a vida de uma pessoa que não podia se salvar.
Por isso, Jesus é o meu herói, o meu Salvador e eu o reconheço por isso. Se eu
negar que estou salva, nego o seu trabalho. Eu não tenho nenhuma glória nisso.
Quem aparece no jornal é o herói e não a vítima salva. Ela só é entrevistada e
diz: Graças a Deus por isso! É o que eu faço! Dou glória a Deus por Jesus ter
me colocado a salvo! Por mim estaria condenada, mas Ele pagou os meus pecados
na cruz e me libertou da pena que eu teria que pagar, o pecado. A Ele toda a
glória e o meu reconhecimento para sempre!
Reconhecer a importância do nosso relacionamento com o Espírito Santo e
distinguir sua voz é fundamental, pois é Ele quem foi enviado para nos
guiar: “quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a
toda a verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver
ouvido e vos anunciará as coisas que hão de vir.” (João 16:13). “Pois todos os
que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus.” (Romanos 8:14).
Aquilo que agrada a Deus traz recompensa de Deus. Veja alguns
exemplos: Davi reconheceu a unção de Saul e foi entronizado; Saul não
reconheceu a unção, a marca de Deus, sobre Davi e perdeu o trono. Zaqueu
reconheceu Jesus como Messias e Jesus entrou na sua casa e mudou sua vida (Lucas
19: 1-10).
2.
Reconhecer as próprias limitações
Você não pode fazer tudo,
somente o que Deus planejou para você porque o que Ele chama, capacita. A
persistência só vale à pena quando o alvo e a missão foram dados por Deus. Essa
é a diferença entre perseverança, manter-se firme no propósito de Deus e
teimosia, manter-se firme em seus propósitos ainda que sejam diferentes dos de
Deus. Você saberá a diferença comparando-os à Palavra e estando sob oração para
buscar orientação.
Deus nos fez limitados por um
motivo fundamental: fomos feitos para o trabalho em grupo (Efésios 4:16).
Assim, se não reconhecermos os nossos limites, não veremos os dons dos outros
(1 Coríntios 12:14). Mas, os outros só
poderão cooperar se virem que você precisa de ajuda, portanto, os outros serão
movidos se você admitir que tem limitações. Veja como a mulher samaritana no
poço de Jacó aproximou-se de Jesus que estava cansado e sentado no poço pedindo
água (João 4)...
O reconhecimento das nossas
limitações muda as nossas estratégias de ação e a nossa atitude... Ficamos mais
atentos às oportunidades ao nosso redor, buscamos soluções como Zaqueu que precisou
de Jesus e o buscou se esforçando (Lucas 19:1-10). Além disso, quando vemos a
nossa limitação, poupamos e conduzimos com cuidado os recursos, mantemos o foco
e desejamos correção.
E os resultados são muito
bons: Você vai deixar a ansiedade porque
estará firmado, não no que reconhece em si mesmo, mas no que você reconhece em
Deus e assim terá Paz. Lembre-se: “Isto é impossível aos homens, mas para Deus tudo é
possível.” (Mateus 19:26). “Porque para Deus não haverá impossíveis em todas as
suas promessas.” (Lucas 1:37) e “Os impossíveis dos homens são possíveis para
Deus.” (Lucas 18:27)
Se olharmos para os outros com
olhos de amor, olhos que buscam reconhecer as pessoas no que há de melhor, nós
vamos liberá-lo. Porque “ a fé que atua pelo amor.” (Gálatas 5:6). E assim, o reconhecimento das limitações nos
fará mais dependentes da graça de Deus em relação a Ele e em relação às
pessoas. A graça de Deus revela a bondade de Deus para nós, nos transforma pela
sua bondade, nos faz canais da sua bondade e volta para Deus em forma de
gratidão. Se vivemos os nossos relacionamentos baseados na Graça nós damos suporte
emocional, material e espiritual aos que nos cercam. E isso nos leva a
reconhecer as pessoas em suas forças e limitações através da graça.
3.
Reconhecer as forças e limitações dos outros
Como se reconhece a força das pessoas?
Você pode reconhecer com elogios, promoções, presentes e orações de ações de graças,
só para citar as mais comuns. Nós vivemos na cultura da crítica porque vivemos
na cultura da competição. A cooperação elogia e dá suporte, a disputa critica e
abate. Você não vai querer uma casa dividida, pois uma casa dividida se destrói
(Mateus 12:25), então não faça da sua casa um lugar onde a crítica é a base dos
relacionamentos. Filhos podem ser fortalecidos se forem elogiados.
Principalmente os filhos adolescentes, precisam de incentivo. Funcionários
precisam de incentivo e reconhecimento sincero. Isso não o tornará fraco, mas
os tornará mais motivados e fortes para se tornarem produtivos.
Um segredo de Deus é que todo
ser humano tem limitações, isso nos torna dependentes e iguais. A crítica fere
e não resolve nada. A limitação de cada pessoa deve ser reconhecida para ser considerada
na alocação de esforços. Então, destaque as forças das pessoas e não seus
defeitos. Tarefas devem ser distribuídas pelas forças das pessoas e não por
suas fraquezas. Não descarte as pessoas por causa das fraquezas, observe a sua
intenção e o seu caráter.
4.
Reconhecer as pessoas designadas para lhe ajudar
Alguém foi designado para proteger a sua vida, você não pode ser
bem-sucedido sozinho. Estou agora falando em mentores espirituais. Josué teve
Moisés, Eliseu teve Elias, Ester teve Mardoqueu, Timóteo teve Paulo e você
também deve pensar em quem será a pessoa que vai lhe mentorear na carreira
cristã. É por isso que o Senhor deu pastores, mestres, etc (Efésios 4:11). Nós
precisamos de mentores. E eles precisam ser reconhecidos. Jesus estabeleceu o
princípio do discipulado em Mateus 28:19-20 : “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações,
batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a
guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos
os dias até à consumação do século.” Esse é um princípio de Deus que
grandes homens de Deus seguiram, como por exemplo, Paulo, que passou três anos
em discipulado na igreja até sair para o ministério (Gálatas 1:17-18). Ele foi
discipulado por pessoas da igreja em Damasco e não pelos apóstolos, mas foi
discipulado.
Se as pessoas que estão ao nosso lado para nos ajudar são reconhecidas
como tal, vamos entender como inaceitáveis as farpas, as desconfianças e a
sopa de pastor servida após o culto, com sobremesa de pudim de presbítero e
calda de diaconisas. Cada servo do Senhor é parte do Senhor, não há como tocar
nele sem tocar no Senhor, precisamos reconhecer isso. Se ele está errado ou em
pecado reúnem-se as provas e leva-se à assembléia e pode ser mostrado
abertamente diante de todos. “Não aceites denúncia contra presbítero, senão
exclusivamente sob o depoimento de duas ou três testemunhas.” (1 Timóteo 5:19).
Senão há provas, principalmente, se alguém acha alguma coisa, rejeite
imediatamente essa infidelidade porque ela toca diretamente em Deus e na sua
disposição para com a igreja.
Cada um que está no ministério presta contas
diretamente a Deus. Davi não ousou tocar em Saul mesmo sabendo que ele estava
em desgraça porque ele era ungido do Senhor. O Senhor diz: “Não toqueis nos meus ungidos, nem
maltrateis os meus profetas.” (Salmo
105:15). Se você tem prova de pecado contra o líder, apresente-a, se não tem, saiba que Deus
conhece muito mais do que você. Não ache nada, desligue o “achômetro”. Você foi
criado para ser guiado pelo Espírito Santo sobre a Palavra e não sobre seu “achômetro”.
Muitos estão sendo prejudicados porque não desligam o “achômetro” e terminam
perdidos. Pessoas que entram na igreja feridos pelos pais por rejeição,
críticas e autoritarismo e se mantêm em rebeldia, sempre criticando e se opondo
às autoridades, nunca prosperarão porque estão sempre procurando defeitos nos
outros, principalmente nos líderes, sem reconhecer seus próprios problemas. Escondem
sua negligência atrás das falhas alheias como se isso fosse encobri-los diante
de Deus. Quero dizer-lhe que tanto o líder quanto você dará contas a Deus. Se a crítica é sobre a roupa, compre uma e lhe dê de presente. Faça o que puder para ajudar e não para abater. Se não pode contribuir diretamente, ore. Mas seja bênção e não maldição.
Deus não escolheu pessoas perfeitas para liderar, escolheu as que Ele
quis. Deus não escolheu Moisés porque ele era perfeito, ele era um assassino.
Deus não escolheu Paulo porque era perfeito, também era um assassino. Pedro era
um covarde, Mateus um desonesto, mas todos tinham uma coisa em comum: boa
vontade, disposição de servir e deixar o pecado com a força do Senhor.
Interessante que essas pessoas que ficam pelos cantos reclamando dos que servem
nunca produzem nada a não ser insatisfação, rebeldia e divisões.
A igreja precisa ser um lugar de proteção. Se nós permitirmos que seja
um lugar onde todos atacam todos, ela será facilmente destruída. “Porque toda a
lei se cumpre em um só preceito, a saber: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.
Se vós, porém, vos mordeis e devorais uns aos outros, vede que não sejais
mutuamente destruídos. Digo, porém: andai no Espírito e jamais satisfareis à
concupiscência da carne.” (Gálatas 5:14-16). Não fira o seu irmão com
sua língua porque você estará ferindo a Cristo nele. Tenha temor a Deus e pare
com a fofoca. Não a deixe começar ou se estender. Não compactue com ela escutando-a. Lembre-se de que se você
atinge a honra de um pastor ou servo no ministério você atinge toda a igreja de
uma vez. Você está se opondo à obra de Deus e o dono da obra está sendo
atingido diretamente. Se você atinge a vida de um filho de Deus atinge sua
família e o propósito de Deus na sua vida. É uma grande responsabilidade guardar o seu próximo e ser fiel. A igreja é sua, defenda-a. Senão, não seja hipócrita dizendo que faz parte dela.
Assim, meus queridos, há muito que está ao nosso lado, mas que não
temos reconhecido. Seja ao nosso redor na nossa vida, na vida de outros ou nos
ministros da igreja. Vamos orar para que o Senhor nos abra os olhos e possamos
desfrutar disso, pois o que não vemos não pode nos alegrar, nem podemos
usufruir e terminamos por perdê-lo.
Você pode orar assim:
Querido
Deus, abre meus olhos para que eu veja a tua provisão ao meu redor, onde está a
solução dos meus problemas, quem pode me ajudar e como fazer o que preciso
fazer, em nome de Jesus.
Fontes consultadas:
MURDOCK, Mike. A Lei do Reconhecimento. São Paulo: Central Gospel, 2008.
HEWARD-MILLS, Dag. Líderes e lealdade: as leis da lealdade. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2011.
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