quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Sim, você tem talento! E ele vale muito!




Este texto de Kau Mascarenhas revela o início da caminhada de uma famosa cantora popular brasileira. Muito conhecida, este relato mostra uma força que esquecemos tantas vezes ao nos deparar com o degrau que nos desafia ao próximo passo de vitória na nossa vida.

Desarrumada e mal vestida, a menina negra, magra pela fome e não pela anorexia, desceu o morro carioca para tentar a sorte no programa de calouros de Ary Barroso. Era o momento áureo do rádio que, dos anos de 1930 a 1950, revelou grandes nomes da MPB.
Na fila de inscrições estavam lindas jovens bem vestidas e a menina favelada olhava para elas sem qualquer medo. Tinha apenas treze anos e já era mãe. Seu bebê estava doente e ela precisava fazer algo para conseguir algum dinheiro. No corredor os calouros aguardavam o chamado e em seguida entravam trêmulos.




- Elza Gomes da Conceição, sua vez! Após ouvir seu nome, a menina cruzou a porta do estúdio. Cerca de mil pessoas a aguardavam. O programa era o maior sucesso na época e no palco estava o grande Ary Barroso, autor de “Aquarela do Brasil”, pois ele próprio acompanhava os calouros ao piano.
Ao ver a menina com no máximo 35 quilos, subindo ao palco completamente desengonçada, usando uma roupa emprestada e ajustada com alfinetes para conter as sobras de pano, duas marias-chiquinhas, a platéia explodiu na risada. 
O apresentador do programa arrumou os óculos e disse, friamente:
- Aproxime-se.
Ela ignorou as gargalhadas e foi até ele.
- O que você veio fazer aqui? – perguntou intrigado. 
- Ué, eu vim cantar. – disse ela com o ar mais inocente desse mundo. 
- Mas quem disse a você que você canta?
- Eu! – falou com voz firme. 
- Diga-me uma coisa: de que planeta você veio? – questionou de forma ácida.
Ela respirou fundo e lhe respondeu:
- Eu vim do planeta-fome, seu Ary. Do mesmo planeta de onde o senhor veio.
Nesse momento o auditório se calou. Ali estava uma adolescente cheia de bravura, desafiando o grande ícone da música brasileira, lembrando que ele próprio também tivera um berço pobre e que havia passado por dificuldades acerbas como as que ela no momento passava.
Silencioso, Ary apontou para ela o microfone e deslizou seus dedos no teclado em seguida.
A menina então começou a cantar com a voz afinada e ao mesmo tempo arranhada, rouca, única, apresentando efeitos que ninguém jamais tinha ouvido.
No final, o mesmo público que riu tanto dela em sua chegada vibrou de emoção e encheu o estúdio de palmas. Ela as recebeu chorando, abraçada com Ary que, igualmente muito emocionado, disse:
- Senhoras e senhores, nesse exato momento, acaba de nascer uma estrela.
Elza Soares, em seu livro “Cantando para não Enlouquecer”, narra sua história repleta de momentos de superação como esse. 

O talento de Elza Soares (nome artístico) poderia ter ficado adormecido se ela o tivesse escondido na fome e na miséria. Muitas pessoas se valorizam e ao que tem, podem e são a partir do referencial de sua origem social. Mas, essa menina, na sua inocência e na sua responsabilidade prematura de mãe aos treze anos, conseguiu encontrar um caminho para se ver além do que a sua classe social ou o local onde morava permitiam. Tão raro quanto o talento que ela tem foi a sua atitude.

A atitude para mudar o curso da história

A necessidade pode estimular tanto a ação quanto a depressão. A escolha da atitude estará na possibilidade de ver além das suas fronteiras materiais, além até mesmo de seu ponto de partida. Ela não viu as suas necessidades dentro da caixa de problemas que a cercava, ela viu o problema e as possibilidades de solução.

Além disso, ela não se deixou influenciar pela opinião de outros. Ela teve uma postura rara. Ninguém lhe disse que ela tinha talento, ela mesma reconheceu seu dom. Não fez isso como forma de ser escolhida como melhor que as outras pessoas, mas ela se viu naquilo em que ela era especial. Poucos conseguem isso, mas quando o conseguem, o sucesso os acompanha porque eles podem investir naquilo para que Deus os designou. A fé é o seu fator de determinação. Como dizia Henry Ford: “Se você acredita que pode ou se você acredita que não pode, de qualquer jeito estará certo”. A bíblia diz: “o justo viverá pela fé” (Hebreus 10:38a). Você pode ter fé positiva (fé bíblica), naquilo que Deus diz a seu respeito e no que Ele lhe dá ou fé negativa (crença), naquilo que seus olhos virem e seus ouvidos ouvirem de pior. Mas, no fim, é aquilo que você acredita e a forma como você vê que vão determinar o que você vai ser, poder e ter.

Qual é o seu talento?

Às vezes, não é tão fácil de reconhecer seu talento porque ele é múltiplo, por exemplo, a habilidade de realizar várias coisas ao mesmo tempo. É um talento raro. Mas, por ficar disperso, é pouco reconhecível. Outros possuem o talento de lidar com seus sentimentos e os dos outros. Uma teoria recente tem falado sobre as múltiplas inteligências, descobrindo áreas onde as pessoas possuem talentos especiais e podem contribuir  melhor na igreja, sociedade, e nas empresas também. Basicamente, essas inteligências são a:

·         Inteligência lingüística - habilidade de lidar com comunicação via códigos ou comandos, e aí envolve línguas e informática;
·         Inteligência musical - para apreciar, compor ou tocar instrumentos musicais;
·         Inteligência lógico-matemática sensibilidade para padrões, ordem e sistematização. que para perceber princípios sobre os quais determinadas coisas funcionam;
·         Inteligência espacial - capacidade para perceber o mundo visual e espacial de forma precisa. Será aquela pessoa que pode arranjar um ambiente de forma estética e prática com muita facilidade e efetividade;
·         Inteligência cinestésica - habilidade para resolver problemas ou criar produtos através do uso de parte ou de todo o corpo. Os atletas de modo geral precisam disso;  
·         Inteligência interpessoal - habilidade pare entender e responder adequadamente a humores, temperamentos motivações e desejos de outras pessoas;
·         Inteligência intrapessoal - a habilidade para ter acesso aos próprios sentimentos, sonhos e idéias, para discriminá-los e lançar mão deles na solução de problemas pessoais. É o reconhecimento de habilidades, necessidades, desejos e inteligências próprios, a capacidade para formular uma imagem precisa de si próprio e a habilidade para usar essa imagem para funcionar de forma efetiva. 

Mostrei essa lista  para lhe dizer que você pode estar focado em uma dessas habilidades que você não tem ainda e menosprezando uma outra que você já desenvolveu. E essa, que você tem, é que é a sua responsabilidade e sua possibilidade de contribuição.

A responsabilidade de ter um talento

Há uma parábola em que Jesus fala da responsabilidade que temos com os dons que ele nos deu.
[...] um homem que, ausentando-se do país, chamou os seus servos e lhes confiou os seus bens. A um deu cinco talentos, a outro, dois e a outro, um, a cada um segundo a sua própria capacidade; e, então, partiu. O que recebera cinco talentos saiu imediatamente a negociar com eles e ganhou outros cinco. Do mesmo modo, o que recebera dois ganhou outros dois. Mas o que recebera um, saindo, abriu uma cova e escondeu o dinheiro do seu senhor. (Mateus 25:14-18)

Os que receberam cinco e dois talentos conseguiram lucros a partir dele e foram elogiados pelo senhor, mas o que tinha um talento tem uma lição importante a nos dar quando presta contas ao Senhor sobre o talento recebido:

Chegando, por fim, o que recebera um talento, disse: Senhor, sabendo que és homem severo, que ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste, receoso, escondi na terra o teu talento; aqui tens o que é teu. (Mateus 25:25-26)

Este cidadão recebeu uma tarefa de guardar um talento (na época, um tipo de moeda, como dólar ou euro; agora, uma metáfora perfeita). Mas, ele teve medo e o medo determinou o que ele faria com as suas potencialidades. Este foi o problema. Observe que o ambiente onde Elza Soares podia florescer com seu talento não era hospitaleiro. Ela foi para um lugar onde as pessoas tinham a cor mais valorizada, aparentavam uma classe social mais valorizada com melhor apresentação, foi mal recebida pelo público, foi mal recebida pelo apresentador que já se esquecera da sua origem, mas ela estava lá por uma convicção muito mais forte: a do talento e da necessidade de investi-lo por seu filho. Era o que ela tinha nas mãos. Então, ela não temeu e investiu. Consciente ou inconscientemente, ela andou sobre o princípio certo: “Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, [...]” (Eclesiastes 9:10). Ela venceu todas as barreiras e depositou seu talento em um lugar que poderia render-lhe, no mínimo o conhecimento público. Ela seria escutada na rádio e posteriormente alguém poderia ouvi-la e portas poderiam ser abertas. O talento precisa ser investido em um lugar que renda lucros, nem que seja o mínimo.

O mínimo não foi cumprido pelo homem da parábola. O seu senhor disse-lhe:

26  Respondeu-lhe, porém, o senhor: Servo mau e negligente, sabias que ceifo onde não semeei e ajunto onde não espalhei? 27  Cumpria, portanto, que entregasses o meu dinheiro aos banqueiros, e eu, ao voltar, receberia com juros o que é meu. 28  Tirai-lhe, pois, o talento e dai-o ao que tem dez. 29  Porque a todo o que tem se lhe dará, e terá em abundância; mas ao que não tem, até o que tem lhe será tirado. (Mateus 25:26-29)

Esse homem da parábola desprezou tanto o seu potencial que viu impossibilidade onde havia um poder de render lucro. Ele estava tão convicto de não havia forma de ter algum resultado positivo com o talento, que o deixou absolutamente enterrado. Sem fé é impossível agradar a Deus (Hebreus 11:6) porque nós não percebemos o que Ele nos deu. Aquilo que não vemos não podemos usufruir, nem investir e não trará os resultados que Deus deseja para nós e para os que estão conosco nessa jornada.

O propósito de Deus e as recompensas de investir um talento

Se observar na parábola, o Senhor repreende o servo porque ele não fez o seu talento render para o Senhor. Há muitas coisas que precisamos fazer para Deus e depois de fazermos para Deus, nós seremos recompensados como o foram os outros dois que receberam cinco e dois talentos. Mas o que não investiu, perdeu até o que tinha na mão. Porque talentos enterrados serão anulados, mas Deus transmitirá aquela capacidade a outras pessoas porque o trabalho tem que ser feito. Como disse Mardoqueu a Ester sobre não se expor ao rei em favor de Israel:

Então, lhes disse Mordecai que respondessem a Ester: Não imagines que, por estares na casa do rei, só tu escaparás entre todos os judeus. Porque, se de todo te calares agora, de outra parte se levantará para os judeus socorro e livramento, mas tu e a casa de teu pai perecereis; e quem sabe se para conjuntura como esta é que foste elevada a rainha? (Ester 4:13-14)

O investimento de Ester no seu talento de ter o favor do rei foi responsável por salvar o povo hebreu de grande destruição. Tudo o que você tem nas mãos, na mente e no coração agora tem um propósito diante de Deus. Todos os seus bens, direitos e capacidades tem um propósito para Deus e precisam ser aplicados de modo que o glorifique. Deus pode chamar outra pessoa, mas escolheu você.

A sua limitação é compensada pela ilimitação de Deus

Você pode reconhecer seus pontos fracos, que se colocam no caminho do crescimento. Mas ter auto-conhecimento para perceber aquilo que podemos melhorar não significa sentir-se pequeno, incapaz, só a necessidade humana de aprender e depender de Deus continuamente. Todos os que andaram conhecendo seus limites, mas crendo na ilimitação de Deus foram vencedores. Paulo dizia que quando estava fraco, clamava e Deus respondia: “Então, ele me disse: A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo.”(2 Coríntios 12:9). Se Paulo não reconhece as suas limitações e impossibilidades, não receberia a graça para cobri-lo e levá-lo aos milagres, ao possível de Deus. Ele também sabia que Aquele que o chamou o capacitava: “Mas aquele que nos confirma convosco em Cristo e nos ungiu é Deus,”  (2 Coríntios 1:21).

Vou dizer algo para você e espero que lembre sempre disso. Duas palavras bem simples mas que expõe a visão de Deus, bem como o seu desejo de que mostre ao mundo seu potencial. As palavras são: Em mim, você pode! Paulo recebeu essa convicção e foi o que animou a sua vida e o sustentou por todas as tormentas que enfrentou, terminando sua carreira como vencedor dizendo: “Posso todas as coisas naquele que me fortalece!”(Filipenses 4:19).

Ore comigo:

“Querido Deus, ajuda-me a reconhecer e aplicar meus talentos da forma como o Senhor tem em mente. Ajuda-me a cumprir a minha parte nos teus planos de amor e aplicar meus recursos com sabedoria e não temer aplicá-los confiando em ti, em nome de Jesus”.

GAMA, Maria Clara S. Salgado  A Teoria das Inteligências Múltiplas e suas implicações para Educação. Disponível em <http://www.homemdemello.com.br/psicologia/intelmult.html>








Um comentário:

  1. Precisamos confiar nossos talentos ao Senhor. Isso será muito bom

    djane.

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