é de um tempo já passado.
Tempo de guerra e de paixão,
de valente e covardia,
de luta de noite e de dia,
de força, fraqueza e pecado.
Era um cabra bem nascido,
mas também era desasisado,
que foi botar olho comprido
logo na filha do intrigado.
E como ele era reimoso,
fez seu pai ir desgostoso
pra ter o casório arranjado.
Nas idas pro tal noivado,...
um meio caminho andado,...
um leão apareceu, todo esfomeado.
E o parrudo plantou-lhe a mão
e deu um bufete no bicho,
bem onde se escuta cochicho
e o triste caiu estatelado.
Voltou pra buscar a sua amada,
e a boca da fera derrubada,
de favo de mel estava inchada.
Sem atentar pra lei de Deus
que proibia tocar em defuntos,
comeu o mel e deu aos seus
e seguiram o caminho juntos.
E chegando ao casamento
teve lá o seu momento
de com os amigos troçar.
Fez, então, a proposição
de uma adivinhação
para com eles apostar.
E era uma aposta pesada
que ele alteava o facho
e um bando de cabra macho
não podia se amofinar:
- Diga de lá a enrascada
que a gente vai desvendar!
Pensando no mel e no leão,
o rapaz, chamado Sansão,
propôs a sua xarada:
do comedor veio a comida,
e a doçura, no forte, foi achada.
E a macharada ficou foi arrependida
de ter aceito a empreitada.
Varrumaram o juízo
sem achar uma solução.
Os homens perderam o siso
e tramaram uma trapaça,
foram à mulher de Sansão
e fizeram uma ameaça.
Ela, com choradeira,
conseguiu a tradução
daquela adivinhação
e disse à turma pariceira.
E assim eles destrincharam
e aquela aposta ganharam
na base da enganação.
Sansão ficou foi mordido
porque tinha sido enganado
pagou o que tinha apostado
a cada sujeito atrevido.
Mas de todos se apartou,
e quando a cabeça esfriou,
voltou pro abraço preferido.
Mas, os amigos do alheio
feriram o seu brios em cheio
e trocaram a mulher de marido.
E feito um bicho ferido,
Sansão fez um juramento,
que iam fazer um lamento
por todo o ocorrido.
A partir daquele momento...
Sansão sozinho fez a guerra:
queimou colheita e terra;
e até estando amarrado
venceu mais de mil soldados
com uma queixada de jumento.
Até porta de cidade carregou
e com sua grande capacidade,
pra cima do monte levou,
revoltado com a maldade.
Com tanta paixão agia
foi então que se enrabixou
por uma mulher da cercania.
Dalila era um grande perigo
e ela foi a sua desgraça.
Fez um acordo com o inimigo
pra vender a sua carcaça.
Queriam o segredo da sua força...
- Seria encanto, remédio ou da raça?
Sansão três vezes enrolou
com uma estória mal contada,
mas Dalila, logo mostrou:
não era fácil de ser enganada.
E com muita da insistência,
lhe quebrou a resistência.
E ele se entregou.
Qual foi sua decepção,
ao ver que a sua paixão
foi quem lhe tinha cortado
a força do compromisso.
Pois o cabelo era sinal disso,
que pra Deus ele era separado.
E com o voto quebrado,
não era um dos nazireus,
dele tinha se afastado
o Santo Espírito de Deus.
Logo foi dominado
e teve cada olho furado.
E ficou feito um jumento
empurrando o movimento
da roda de um moinho.
Era triste a sua sina
zombava velho, moço e menina
e ele ali, cego e sozinho.
Mas, ninguém prestou atenção,
que seu cabelo ‘tava crescendo.
E virou uma atração,
no templo do deus dragão,
e, nas colunas lhe prendendo,
fizeram a comemoração.
Sansão estava arrependido
e fez a Deus um pedido,
a sua última oração:
que lhe desse capacidade
para vencer aquela cidade
que lhe causou tal destruição.
Deus deu força ao enfraquecido
e derrubou as colunas principais.
Estando o povo reunido,
eram bem três mil ou mais,
mas não restou nenhum dos tais,
nem ele escapou do acontecido.
E assim fica a triste história
de uma valente memória,
mas que perdeu seu sentido,
antes, tivesse resistido,
a trocar o Deus da Glória
pela barra de um vestido.
Baseado em Juízes 15 – 17,
onde Deus mostra que o vigor físico sem o vigor espiritual é impotente para dar
sucesso e vida. Dar prioridade aos prazeres é sempre perigoso quando se trata de decidir o futuro e entregar o coração a quem não se entrega para Deus um perigo tremendo que devemos fugir.
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