sábado, 10 de março de 2012

Entre a mídia e a vida: ídolos x Heróis




Estamos em uma sociedade da imagem. Vende-se imagem. Compra-se imagem. Quando as pessoas são transformadas em imagens, a situação complica. Criamos um ídolo. Um ídolo é problemático porque se confunde com um herói. Heróis não podem ser vendidos, ainda que a sua imagem possa. Um herói tem um caráter a ser imitado, um ídolo tem um talento único, que ninguém poderá reproduzir e, ainda que reproduza, não terá a autenticidade do original que lhe dá seu valor original. Um imitador é sempre uma farsa. Um ídolo é como uma obra de arte famosa, como o futebol de Pelé, Garrincha, Maradona, Ronaldinho, Ronaldinho Gaúcho e agora Neymar. Eu não sou fã de futebol, mas esses dons são inegáveis. Porém, aí é que se apresenta o problema.






Quando os ídolos são confundidos com heróis, as pessoas se perdem. Quando eles mesmos se confundem com heróis, eles se perdem. O herói existe dentro e o ídolo fora. Os heróis permanecem como exemplo de conduta e caráter, os ídolos se apagam com o tempo. Quando o caráter cai, o encantamento com o ídolo também. O tempo revela o caráter. Os ídolos da música e do futebol não podem se manter os mesmos em suas performances porque o tempo será implacável até com eles. O tempo destruirá o ídolo, mas não o herói. O tempo destrói o glamour e pode mostrar coisas ainda piores...

A função do ídolo e a do herói


O ídolo desperta paixões enlouquecidas. Eu lembro de uma entrevista em que Caubi Peixoto contou que o seu produtor mandava que ele usasse uma roupa mal costurada para que as fãs pudessem rasgá-lo quando se aproximassem dele. Quanto mais rasgavam, mas agitadas ficavam e mais sucesso o cantor fazia. Qual a porcentagem do seu sucesso era simplesmente mídia não se pode contar. Mas, podemos dizer que o ídolo não é apenas talento, mas uma parte dele é a mentira que contam sobre ele para fazer a sua imagem. O herói desperta padrões de vida. Ele precisa ser verdadeiro, senão não é herói. E o tempo muda o ídolo, mas não o herói... O ídolo depende definitivamente da imagem e do corpo. Paulo era um herói da fé e dizia: Por isso, não desanimamos; pelo contrário, mesmo que o nosso homem exterior se corrompa, contudo, o nosso homem interior se renova de dia em dia.”  (2 Coríntios 4:16). 

O herói é altruísta

Altruísmo é a maior característica do herói. Altruísmo é “amor desinteressado ao próximo; filantropia, abnegação” (HOUAISS, 2009).  Um ídolo pode ser altruísta em parte, tentando contribuir com causas sociais, ajudando causas caritativas, mas ele será sempre em parte, porque ele, por sua natureza de ídolo, precisa de brilho de holofotes e glória para si. Outros, nem se dão ao luxo de exercitar essas características. Utilizam o fruto de seu brilho e fama para destruir a si mesmos e aos outros. Tornam-se irresponsáveis consigo, com os seus e sua família. Partem numa rota de destruição que os levará ao fim triste.

As pessoas que tomam o ídolo como modelo estão lidando apenas com parte que a mídia quer mostrar de uma pessoa que pode não ser nada do que aparenta, nem de boa, nem de má. Ozzy Osborn sacrifica animaizinhos no palco a Satanás, mas quando viu seu filho a primeira vez tentando fazer semelhante o proibiu de fazê-lo. Disse que jamais queria que ele fizesse tal coisa, porque ele precisava ser livre. Tomando à parte as considerações espirituais do caso, quantos ídolos estão aprisionados pela imagem que os levou ao sucesso. Eles se submetem ao fardo de carregar essa imagem.

Os ídolos são cristalizações dos desejos e aspirações das outras pessoas. Pessoas que aspiram estar fazendo aquelas coisas, mas não conseguiram ou não possuem o talento necessário. Elas se transportam para a voz e os movimentos daqueles artistas e se relacionam com eles como se conhecessem uma pessoa com a qual não convivem. Pessoas que querem ser vistas, ouvidas e valorizadas colocam seus ídolos como máscaras de si mesmas e até andam nas ruas como se fossem eles. Daí a moda ditar e estabelecer sua ditadura. Responde a corações que dizem interiormente: “Eu vou ser mais visto, ouvido e valorizado se me vestir como o ídolo da moda.” Adolescentes são os mais vulneráveis a isso, pela sua necessidade de serem aceitos na vida adulta em uma sociedade que baniu os rituais de passagem e cujos pais estão ausentes para reconhecer a vida adulta nos filhos. Reconhecê-los como homens e mulheres, moças e rapazes. E aí, vamos: Todos de meias listradas e brilhantes no tempo de “Dancing Days”; uma luva prateada no tempo de Michel Jackson; a moda da novela das oito, das nove, das dez, das três da manhã... Cabelo de Justin Bieber... Assim vamos procurando ser outra pessoa para sermos vistos e ouvidos. E, diga-se de passagem, vestindo e calçando coisas que anos depois não acreditamos que possamos ter usado e outras que nunca ficaram ou ficarão bem em nós.

Nesse processo de despersonalização e criação de uma imagem pública a tarefa árdua de ser ídolo tem destruído muitos: Marilyn Monroe, Elvis Presley, Whitney Houston, Maradona, e só citar esses nomes aqui já pode despertar paixões e irritação de pessoas que os adoram. Esses nomes são intocáveis para muitos. Ainda existem grupos, em Las Vegas, que adoram o Elvis Presley dizendo que ele não morreu e voltará num disco voador para buscar seus seguidores. O ídolo carrega o sonho das pessoas de ser imortal e vencedor.

A escolha vital


Conhecendo todos esses conceitos, escolhi um herói e não um ídolo para nortear a minha vida. Ele “era desprezado e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que é padecer; e, como um de quem os homens escondem o rosto, era desprezado, e dele não fizemos caso.” (Isaías 53:3). Isso significa que era um homem comum da Judéia. Não tinha os olhos azuis do Leonardo Di Cáprio (Titanic) ou os verdes do Matt Bommer (Série Colarinho Branco – NBC). Isso implicava uma altura média de 1,65m ou 1,70m. Trabalhador da carpintaria, não era uma profissão especial ou de destaque. Também não nasceu em berço de ouro e nunca se preocupou em construir um depois que recebeu ouro, incenso e mirra de uns reis que vieram visitá-lo, porque estava muito focado na sua missão. Como verdadeiro herói, a sua vida toda Ele sempre viveu para os outros.

Nunca se ouviu de alguém rasgá-lo, a não ser quando “ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca. [...]  Todavia, ao SENHOR agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando der ele a sua alma como oferta pelo pecado, verá a sua posteridade e prolongará os seus dias; e a vontade do SENHOR prosperará nas suas mãos. ” (Isaías 53:7, 10). E não foram rasgos forjados, mas foram reais. Sim, suas costas foram rasgadas, mas não para ser mais um retrato na nossa parede, mais uma moda na estampa das nossas roupas, um adesivo nos nossos carros, uma escultura que observamos por um tempo e depois já faz parte da decoração. Jesus não estava vendendo uma imagem. Ele estava ocupado em sua tarefa de salvar a humanidade, como um herói salvador. Não deixe que Ele se transforme em um ídolo apenas para você.

Ele foi humilhado e ficou em silêncio quando podia chamar os anjos de seu pai para tirá-lo daquela cruz; ele foi moído por chicotes com pontas de ferro que dilaceraram as suas costas, pernas e ombros sobre os quais teve que carregar a cruz porque Ele tinha em mente um objetivo: a sua vida e a minha. Todos os sonhos que buscamos nos padrões e propostas de ídolos e heróis humanos são a nossa necessidade de um Salvador que grita no coração da humanidade. Deus nos enviou resposta e Jesus é a resposta de Deus a esse grito. Pois “[...] todos pecaram e carecem da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus” (Romanos 3:23-24).

Quando ele tinha muita atenção, sua preocupação não era de colocar seguranças para afastá-lo dos fãs, mas de descobrir aqueles que o tocaram porque só por tocá-lo, as pessoas eram libertas de seus males. E, após descobri-los, ainda os abençoava mais. Quando as multidões o buscavam, ele as atendia cordialmente, as curava e alimentava na alma e no corpo. Ele trazia Vida consigo e não uma moda passageira. Ele foi coerente desde o nascimento até à morte.

A verdadeira escolha

Aceitar esse herói requer mais do que uma semelhança estética e também implica mais do que uma mímica de evoluções no palco ou de caracterização. A proposta é que se comece uma nova vida e aceitemos um senhorio de um rei que é Herói no sentido exato da palavra. Aquele que deu a Sua vida para que tivéssemos a vida de Deus em nós. Esse é o milagre que nenhum herói ou ídolo criado pela imaginação humana pode fazer. Por isso a proposta é clara em: “9 Se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. 10  Porque com o coração se crê para justiça e com a boca se confessa a respeito da salvação.” (Romanos 10:9-10).

O desafio é aceitar um Salvador, um herói de verdade que venha ser o Senhor da sua vida e padrão único de seus atos, pensamentos e palavras. Que você possa, de dentro para fora ser como ele é. Porque Ele não se desfaz com o tempo e nem sua memória vai se perder com o passar dos anos. Ele é único e pode sobrenaturalmente mudar sua vida e transformá-lo no que Ele é. Servir a Jesus não é se tornar um ator do papel de cristão, mas uma parte de Cristo. “[...] Deus quis dar a conhecer qual seja a riqueza da glória deste mistério entre os gentios, isto é, Cristo em vós, a esperança da glória;” (Colossenses 1:27).

Você pode orar assim:

Senhor Jesus, vem reinar sobre a minha vida. Não quero apenas ter aparência cristã, quero um coração e uma alma que exalem teu amor e uma mente que compreenda e se alinhe com a tua Palavra. Enche a minha vida, Senhor. Eu não quero mais ídolos falsos. Só quero a Ti. Tira o que não te agrada de minha vida. Eu te aceito como o meu Senhor e Salvador Jesus e recebo a tua vida eterna em mim.






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