quarta-feira, 23 de outubro de 2013

João e a nossa missão



Hoje, meus olhos encontraram João Batista. Parecia um personagem novo. Um exemplo de serviço. De todos os que lutaram pela vinda do Messias, foi o único apontado por Jesus como o maior. Suas roupas simples e desconfortáveis, sua moradia inusitada e sem luxo, deixavam apenas espaço para que ele fosse o anunciador do reino. Ele apontou a porta do céu e lustrou os ferrolhos para que Jesus abrisse a entrada ao Pai.

Três características de João Saltaram aos meus olhos, certamente dentre tantas: a visão, o coração e a vida de servo. Seguindo-o encontraremos a desmistificação de uma fé que não se resume a receber o que queremos, mas certamente nos dará o que precisamos. Esse é o convite à reflexão de hoje.

 

João, visão de servo



João Batista disse que não conhecia Jesus como o Messias: “Eu não o conhecia; aquele, porém, que me enviou a batizar com água me disse: Aquele sobre quem vires descer e pousar o Espírito, esse é o que batiza com o Espírito Santo.” (João 1:33). Quando Jesus era bebê foi para o Egito, logo depois do seu nascimento. E a Bíblia diz que ele voltou à Galiléia depois da morte de Herodes, provavelmente 6 d. C. Maria teve que viajar para encontrar a mãe de João Batista, então, não moravam perto. Depois, o próprio João Batista morou no deserto, afastado da cidade, onde morava a família do carpinteiro. Mas seria esse o desconhecimento de João Batista?

A palavra conhecia no original nesse trecho indica algo que não se tinha visto antes, que não era sabido. João não sabia antes que o Messias era Jesus, mas aceitou o que viu. Seu primo era o Messias. Aquele que todos diziam ser filho ilegítimo e com quem ele tinha pouco contato. Talvez haja alguém muito especial logo do seu lado, que seja o canal de bênçãos para a sua vida e você não o considera porque acha que o conhece e é seu parente. A humildade obediente de João Batista o levou a cumprir o seu propósito no chamado de Deus. Ele pôde reconhecer quem era o canal de bênçãos para a sua vida e submeter-se aos seus cuidados. Quando aceitamos a vontade do Senhor sobre liderança e ministérios, nós vemos coisas que antes nem nós tínhamos visto. O Senhor é o Deus dos presentes inesperados.

João, coração de servo


Outra característica da humildade de João é que ele não tinha sede de poder. Ele não formava discípulos para si. Ele era um súdito e não um usurpador em potencial. Veja esse episódio relatado: “No dia seguinte, estava João outra vez na companhia de dois dos seus discípulos e, vendo Jesus passar, disse: Eis o Cordeiro de Deus! Os dois discípulos, ouvindo-o dizer isto, seguiram Jesus.” (João 1:35-37). A sua missão não era se engrandecer ou receber seguidores e adoração, ele era o arauto do Rei dos Reis, estava a serviço da glória de Deus e não trabalhando para roubá-la para si. Ao mesmo tempo, Jesus reconheceu a preparação de João ao receber os seus discípulos para ficar com ele em casa (João 1: 38-19).

Muitas vezes, nós não nos contentamos em ter feito para o Rei, nós queremos agradecimentos e elogios. João tinha coração de servo. O servo de coração se realiza em agradar seu senhor. Ele sabe que é isso que o identifica como servo. Quando fizermos algo que Deus nos disse para fazer, seja visível como dar um oferta em dinheiro ou invisível como perdoar, não devemos olhar em volta, mas para o Senhor que vê e recompensa o nosso coração rendido, diante dEle. Esse trecho de Mateus resume bem esse tipo de atitude:

Guardai-vos de exercer a vossa justiça diante dos homens, com o fim de serdes vistos por eles; doutra sorte, não tereis galardão junto de vosso Pai celeste. Quando, pois, deres esmola, não toques trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas, nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que eles já receberam a recompensa. Tu, porém, ao dares a esmola, ignore a tua mão esquerda o que faz a tua mão direita; para que a tua esmola fique em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará. ¶ E, quando orardes, não sereis como os hipócritas; porque gostam de orar em pé nas sinagogas e nos cantos das praças, para serem vistos dos homens. Em verdade vos digo que eles já receberam a recompensa. Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto e, fechada a porta, orarás a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará. (Mateus 6:1-6)

O Senhor sempre vê e sempre recompensa segundo o nosso coração. Se as nossas mãos não estiverem carregadas do amor do Pai, se nossos lábios não estiverem guiados pela sua misericórdia, nós não seremos aceitos diante dEle. Deus não vê aparência e nem quer que nós almejemos

João, vida de servo


Jesus apresenta o ministério de João Batista como o ministério mais elevado no nível dos nascidos de mulher. O ministério de Jesus traria o novo nascimento do Espírito (João 3:5-6). Ele mostra a relação entre o ministério antes de Jesus, pelas forças humanas em obediência à Lei e aos rituais do culto a Deus e o serviço impecável de João Batista. Ele é o marco da virada para o Novo Testamento: “Porque todos os Profetas e a Lei profetizaram até João.” (Mateus 11: 11-20):

Em verdade vos digo: entre os nascidos de mulher, ninguém apareceu maior do que João Batista; mas o menor no reino dos céus é maior do que ele. Desde os dias de João Batista até agora, o reino dos céus é tomado por esforço, e os que se esforçam se apoderam dele. Porque todos os Profetas e a Lei profetizaram até João. E, se o quereis reconhecer, ele mesmo é Elias, que estava para vir. Quem tem ouvidos [para ouvir], ouça. (Mateus 11:11-15)

João amava a verdade mais do que a própria vida. O centro do trabalho de João era levar as pessoas ao arrependimento e retornarem a Deus através daquele que batiza (imerge) no Espírito Santo (Mateus 3:11). A água era física e visível como o nosso mundo material, o Espírito, invisível, como o reino dos céus. E Jesus nos dá um juízo de valor para João como servo: o maior do seu momento. João assumira viver no deserto, na mais profunda simplicidade, uma vida separada em todos os sentidos, abrindo mão de confortos e nunca abrindo mão da verdade. Foi a verdade que lhe custou a cabeça, literalmente. Mas ele preferiu abrir mão da cabeça a abrir mão da verdade, e, às vezes, não conseguimos fazer isso nem figuradamente. A questão é João INCOMODAVA MUUUUUUUUITO!

As pessoas vinham até João para mais um ritual religioso e ele as levava a um encontro com a santidade de Deus e sua onisciência. Ele dizia ao ladrão que roubar era pecado e ao adúltero que o adultério era pecado, mesmo que o adúltero fosse o rei. Ele não adoçava seus sermões para que mais pessoas se aproximassem dele. Ele dizia o que tinha que ser dito para aproximar as pessoas de Deus. João entendia a diferença entre um seminário de motivação e uma pregação. Não me entenda mal, é claro que o Senhor consola os quebrantados, mas ele quebranta os endurecidos pelo pecado. Vejo muita pregação sobre os interesses das pessoas supridos e poucas sobre o suprimento dos interesses de Deus.

Depois de elogiar João como modelo de pregador do Velho Testamento, Jesus fala da dureza do coração daqueles para quem João pregava tentando conscientizar do mal do pecado: “Mas a quem hei de comparar esta geração? É semelhante a meninos que, sentados nas praças, gritam aos companheiros: Nós vos tocamos flauta, e não dançastes; entoamos lamentações, e não pranteastes. Pois veio João, que não comia nem bebia, e dizem: Tem demônio! Veio o Filho do Homem, que come e bebe, e dizem: Eis aí um glutão e bebedor de vinho, amigo de publicanos e pecadores! Mas a sabedoria é justificada por suas obras. Passou, então, Jesus a increpar as cidades nas quais ele operara numerosos milagres, pelo fato de não se terem arrependido:” (Mateus 11:16-20)

É muito difícil falar para quem não quer escutar. Observe que a sociedade da época queria pão e circo, festa e sorrisos, mesmo quando a mão romana se tornava cada vez mais cruel. Quem vivia uma vida regrada e justa era severamente criticado. Mas não era o que João fazia que incomodava, mas para quem e porque fazia. João não servia ao interesse das pessoas e transformava sua vida e valores para agradá-las estabelecendo a sua identidade a partir das ideias e ideais dos outros. Ele sabia quem era diante de Deus.

Com tudo o que foi dito, podemos dizer que se quisermos olhos para ver, teremos que ter coração humilde, obediente. A verdade precisa ter um lugar especial e de toda a primazia na vida de alguém que diz ser servo de Deus. A negociação com a adulação e a politicagem mentirosa não condizem com o Caminho, a Verdade e a Vida que é Jesus. Por tudo isso, aquele que decide servir a Deus sabe que o pecado não cabe nesse novo reino, que a mentira é de outro principado e que aquele que serve a Deus precisa se mirar no espelho da Palavra de Deus e não das graças dos homens e seus valores festejados, que só levam à destruição. Vida e fama podem não ser um casamento feliz. Agradar a alguém e desagradar a Deus é fugir totalmente do caminho da paz, da alegria e da justiça. Nosso coração precisa se voltar para o Rei. Ele é quem precisa receber toda a honra e glória. Ele é a nossa recompensa. Ele é quem nos exalta e nos fortalece. Tudo vem dEle e deve voltar em louvor e glória a Ele, como princípio e fim de tudo e das nossas vidas.


 Você pode orar assim:

Senhor vou trabalhar para que Tu recebas toda a honra e glória possível. Tu és a nossa recompensa. É quem nos exalta e nos fortalece. Tudo vem de Ti e deve voltar em louvor e glória a Ti, como princípio e fim de tudo e das nossas vidas, em nome de Jesus, dá-me forças e direção para que eu possa ser capaz de viver assim.


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