quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Faróis na tempestade



O Senhor me deu a seguinte estória hoje, para ilustrar um conhecimento poderoso e precioso.

Numa aldeia em uma terra muito seca moravam três homens. Um dia, acabou toda a água. Eles tiveram notícia de que havia uma fonte no deserto e decidiram seguir até ela para conseguirem o líquido precioso que lhe garantiria a vida.
A certa altura, estavam no deserto os três homens sedentos e famintos. Quando chegaram a uma aldeia de nômades, quase deserta, e encontraram um poço. Correram para ele e o encontraram  seco. Ao seu lado, um velhinho sentado à sombra de uma coberta improvisada.
- Ah, esse poço secou faz tempo. Meus filhos caminham todo dia para buscar água cinco quilômetros à frente.
Os três homens ficaram irritados e quase desesperados. Um dizia:
- Será possível? Esse poço serve pra quê se não dá água? - E começou a chutá-lo até machucar o pé. Machucou tanto que não pôde seguir viagem em busca da água.
Os outros dois, se controlaram e disseram:
- Vamos lá, aguentamos até aqui. Vamos aguentar mais cinco quilômetros.
Seguiram a viagem e, ao chegarem no lugar indicado, encontraram outro poço. Desta vez, havia um homem de meia idade cansado, sentado ao pé do poço, a ponto de ter uma insolação. Perguntaram-lhe ou dois viajantes:
- O que houve?
- Acabou a água nesse poço também. Agora, só mais dois quilômetros à frente... E eu já faço esse caminho todo dia. Não aguento mais.
Ao ouvir esse relato um dos viajantes desesperou-se:
- Isso é o fim. Agora, vamos todos morrer. Já andamos todo o deserto, mais cinco quilômetros e agora mais dois? Eu não vou a lugar nenhum. Se é para morrer, morro aqui mesmo. Não dou mais nenhum passo. Aquele velho infeliz deu a informação errada. Esse outro aqui não tem coragem de buscar água, agora eu não vou mais pra lugar nenhum atrás da conversa de ninguém. Vou morrer aqui mesmo.
O terceiro homem disse: o caminho que fizemos não foi para encontrar o velho no poço, não foi por causa da conversa do velho e nem pela desistência desse homem aí sentado. Nós não caminhamos nem sequer pela água, mas pela nossa vida. Se nós pararmos agora, tudo aquilo pelo que lutamos terá sido em vão. A única coisa que dá sentido a tudo o que houve até agora é continuarmos em frente. Este homem seguiu em frente, cansado, sedento, mais dois quilômetros e conseguiu sobreviver ao deserto.

Que deserto esse texto representa? O deserto das dores da vida, dos obstáculos que enfrentamos em busca de Paz e Alegria, que dão sentido e sustentam a vida. Afinal, fomos colocados aqui para viver e viver com abundância, foi essa a missão de Jesus: “O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância.” (João 10:10).

Partimos em busca de paz e alegria e não podemos nos deter pelo caminho. Vamos encontrar pessoas de quem deveríamos receber amor, mas que não vão estar cheias desse amor para matar a nossa sede. Se nos conflitarmos com elas, como quem chuta um poço seco, só vamos conseguir feridas que nos impedirão de prosseguir. Assim como o primeiro homem ficou para trás, sem água e cheio de dor e machucados.

A mulher de Ló (Gênesis 19:26) é um bom exemplo de alguém que ficou com os olhos naquilo que já não era, já não tinha. Só permita que o passado se reapresente se for para lhe dar forças e ânimo. Se for para lhe sugar a alegria ou a Paz, vire-se e parta, deixando-o para trás. É preciso deixarmos livres a nós mesmos, perdoando quem nos magoou, ou melhor, não amou. Veja o que disse Jesus: “E, havendo dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo. Se de alguns perdoardes os pecados, são-lhes perdoados; se lhos retiverdes, são retidos.” (João 20:22-23). Você pode pensar que os grandes dramas da humanidade são os romances, os amores não correspondidos entre homens e mulheres, mas o grande drama da vida de qualquer pessoa é o amor não correspondido em qualquer relacionamento: entre quem respeitou e não foi respeitado; quem se deu e não recebeu; quem ajudou e não foi ajudado; etc. Se você quer chegar ao fim da jornada e encontrar Paz, deixe o poço vazio para trás e siga em frente.

Mantendo o foco na Vida



O segundo homem da nossa ilustração resistiu a investir esforço na inutilidade de uma luta contra um poço seco. Decidiu seguir em frente, mas esqueceu-se do motivo da jornada, quando apareceu outra decepção. Ele deslocou sua atenção do poço, para a confiança na palavra do velho senhor. Sua direção deixou de ser conquistar a sua própria vida e passou a ser a decepção de ter confiado na direção de uma pessoa.

É muito fácil perder o foco quando a estrada é difícil. Os pedregulhos ferem os pés, a sede pede água, a fome aperta e queremos comida, e lá pelas tantas, nós nos perdemos do destino, que motiva a viagem. Jesus veio para que tivéssemos vida, mas nós nos perdemos pelo meio do caminho achando que o sentido de tudo é ter uma companhia do sexo oposto, filhos como queríamos, pais que fizessem o que esperávamos, trabalho sob medida, férias, bens e outras coisas. A vida é mais do que o que se toca, mais do que nossas vontades. Observe como Jesus explica isso:

“A seguir, dirigiu-se Jesus a seus discípulos, dizendo: Por isso, eu vos advirto: não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer, nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir. Porque a vida é mais do que o alimento, e o corpo, mais do que as vestes.” (Lucas 12:22-23).

Eu, se estivesse ali, automaticamente diria: mas se eu não comer eu morro, se não me vestir o frio me adoece e mata. Só que Jesus estava falando de foco, prioridade. Coisa que vejo que fazemos com grande dificuldade. Nós avançamos em cima de alvos sem pensar se realmente vale à pena o desgaste de obtê-los. Porque Deus vê em si mesmo uma fonte inesgotável de vida e nós só vemos o que os olhos alcançam. Veja o resto dos versículos como põem ordem de prioridade nas coisas:

Observai os corvos, os quais não semeiam, nem ceifam, não têm despensa nem celeiros; todavia, Deus os sustenta. Quanto mais valeis do que as aves! Qual de vós, por ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado ao curso da sua vida? Se, portanto, nada podeis fazer quanto às coisas mínimas, por que andais ansiosos pelas outras? (Lucas 12:24-26)

Observai os corvos...


São pássaros sem beleza, mas que são exemplo dos que louvam a Deus pelo seu alimento diário:

Cantai ao SENHOR com ações de graças; entoai louvores, ao som da harpa, ao nosso Deus, que cobre de nuvens os céus, prepara a chuva para a terra, faz brotar nos montes a erva e dá o alimento aos animais e aos filhos dos corvos, quando clamam. (Salmos 147:7-9)

Deus deve ser engrandecido sobre todas as situações, pois Ele traz a fertilidade à nossa vida. Ele nos dá condição para sermos produtivos. As suas criaturas são cuidadas por Ele, quanto mais serão seus filhos. Se os corvos cantam louvor e clamam por alimento, porque nós esbravejamos e murmurando, sendo filhos? Porque perdemos o foco. A fonte da vida não é uma situação, uma pessoa, mas o Senhor, que nos provê do que precisarmos.

Outra coisa embutida em Lucas 12:24-26 é que quando nós nos desesperamos (perdemos a esperança), ficamos irritados e queremos quebrar tudo, achamos que tudo é um inimigo e subimos em um cavalo de batalha, estamos nos desvalorizando, como que fôssemos órfãos, desprotegidos e indiretamente desvalorizando a paternidade e proteção do Senhor. Será que seríamos capazes de dizer diante de uma situação que quer nos tirar a Paz: eu valho mais do que isso? Não vou perder a Paz, nem a alegria. Não vou deixar a mágoa vencer a misericórdia. Vou orar por quem não tem paz. Não vou abrir mão do amor. Aquilo que eu conquistei em Cristo é mais precioso. Não abro mão dessa Paz, não vou viver em guerra com pessoas.

Além de desvalorizar a nós mesmos e desacreditar de Deus, É ABSOLUTAMENTE INÚTIL VIVER ANSIOSO. Muitos de nós aprenderam que devem viver em guarda. Como uma tribo em pé de guerra. Qualquer palavra é respondida com um ataque direto, há um impulso de reagir a tudo a todo o momento para nos defender ou atacar. Essa é uma cultura de guerra e não de Paz. Relevar, tolerar, procurar entender se é realmente o que aconteceu, disse, pensa, duvidar da desconfiança, não levar adiante críticas escutadas, tudo isso é parte de uma cultura de Paz interior, que só alimenta o que faz bem. Se você foi educado ou educada em um ambiente onde a cultura é essa, você vai ter mais dificuldades, portanto, tem que estar sempre trazendo à mente o motivo da jornada: “Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo.” (Romanos 14:17). Se eu estou no caminho de Deus, tudo o que entrar na minha vida tem que estar firmado sobre esses três pilares: a paz, a alegria e a Justiça de Deus.

Observai os lírios...


Observai os lírios; eles não fiam, nem tecem. Eu, contudo, vos afirmo que nem Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles. Ora, se Deus veste assim a erva que hoje está no campo e amanhã é lançada no forno, quanto mais tratando-se de vós, homens de pequena fé! (Lucas 12:27-28)

Nós sempre estamos preocupados em como vamos tecer e fiar as nossas soluções. Por isso não temos tantas soluções gloriosas. As soluções trazidas por Deus, de Deus são perfeitas, assim como sua sabedoria é perfeita. Há pessoas que são peritas em resolverem problemas gerando outros. Isso não vem de Deus:

A sabedoria, porém, lá do alto é, primeiramente, pura; depois, pacífica, indulgente, tratável, plena de misericórdia e de bons frutos, imparcial, sem fingimento. Ora, é em paz que se semeia o fruto da justiça, para os que promovem a paz. (Tiago 3:17-18)

Você quer resolver uma tarefa e fere as pessoas que lhe ajudam... Precisa repensar. Você quer conseguir algo e denigre a imagem de uma pessoa no caminho... Sujou o caminho e terminará a jornada assim também. Não procure suas soluções, mas as de Deus, porque estas cobrem a nudez da necessidade e do medo com glória. E novamente a marca da Paz e da justiça dão identidade à ação com sabedoria de Deus. Deus transforma o mal em bênção: “Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito.” (Romanos 8:28). E não o contrário. Solução que traz novos problemas, não é uma boa solução.

Para mim, a imagem mais perfeita de paz não é um mar plácido, transparente, sem ondas... Mas um farol, que mesmo batido pelas ondas poderosas, não deixa de permanecer quem é e onde está e além de tudo isso ainda mostra o caminha da salvação para todos os navegantes que se aproximam dele. Sejamos faróis na tempestade do mundo.

Este vídeo dá muita oportunidade para reflexão:


E o terceiro homem?


Aquele homem da ilustração que não tirou os olhos da sua meta. Aquele que não ficou preso à amargura e nem desistiu, muito menos confundiu o destino com o caminhar chegou ao seu destino e conquistou a Paz, a Alegria e a justiça. Será qualquer um que decida mudar sua forma de lidar com a caminhada nessa terra. Observe que depois de sarado, o homem que ficou com o pé machucado de chutar o poço, pode ter continuado; depois de refletir e se recompor, aquele que desistiu no poço pode se levantar e seguir. É tudo dinâmico, depende de nossa decisão de cada dia. Que estilo de vida queremos levar? Vamos procurar a Paz, a alegria e a justiça de Deus para sermos supridos por Ele e termos as soluções dEle para a nossa vida ou seremos os que ficam no caminho, colocando a culpa das desventuras nas situações e pessoas que nos rodearam e que nós não deixamos passar?
Tudo o que precisamos de bom virá de Deus. Ele usa quem Ele quiser, na hora que quiser. Mantenha o foco na necessidade real, que é a da Presença dEle. Tudo o que lhe tirar da presença dEle, lhe tira qualquer chance de soluções adequadas e eficientes. Quando Deus tirou o povo do Egito, Ele enviou um anjo para prover sua guarda (Exodo 23:20); A bênção sacerdotal incluía a guarda do Senhor (Números 6:23-24). Se o Senhor é o nosso guardião, porque precisamos gastar tanto as nossas energias vivendo como se estivéssemos desprotegidos de ataque. O terceiro homem andou na força da fé e do amor que o salmista descreve a seguir:

Elevo os olhos para os montes: de onde me virá o socorro? O meu socorro vem do SENHOR, que fez o céu e a terra. Ele não permitirá que os teus pés vacilem; não dormitará aquele que te guarda. É certo que não dormita, nem dorme o guarda de Israel. O SENHOR é quem te guarda; o SENHOR é a tua sombra à tua direita. De dia não te molestará o sol, nem de noite, a lua. O SENHOR te guardará de todo mal; guardará a tua alma. O SENHOR guardará a tua saída e a tua entrada, desde agora e para sempre. (Salmos 121:1-8).

Você pode fazer essa oração com o salmista? Creia e ore. Reflita um pouco se não parou no meio de sua caminhada e continue em frente rumo à Paz, à alegria e à justiça de Deus, no Espírito Santo. Deus te abençoe ricamente, em nome de Jesus.







  


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