sábado, 29 de junho de 2013

Quanto pesa uma palavra?



Moisés foi um homem bem sucedido nos empreendimentos que Deus lhe concedeu fazer, mas teve que vencer um grande obstáculo. Observe o que ele conversou com Deus quando foi chamado:
Então, disse Moisés ao SENHOR: Ah! Senhor! Eu nunca fui eloqüente, nem outrora, nem depois que falaste a teu servo; pois sou pesado de boca e pesado de língua. Respondeu-lhe o SENHOR: Quem fez a boca do homem? Ou quem faz o mudo, ou o surdo, ou o que vê, ou o cego? Não sou eu, o SENHOR? Vai, pois, agora, e eu serei com a tua boca e te ensinarei o que hás de falar. (Êxodo 4:10-12)

Você pode chamar de incredulidade, de covardia, de alguma outra coisa, mas havia algo que deixava Moisés inseguro para realizar a sua missão. Ele tinha dificuldade de articular as palavras (não era eloquente) assim como tinha dificuldade de escolhê-las de forma mais adequada às situações (era pesado de boca e de língua). Você pode pensar que isso era algo simples, mas não era. Observe que quando Deus chamou Moisés ele era um ex-príncipe e general, que tornou-se um assassino fugitivo e que havia se disfarçado como pastor durante quarenta anos no deserto. Toda a sua derrota deu-se por causa da sua inabilidade para se comunicar e resolver uma situação com argumentos. A bíblia relata o problema assim:
Naqueles dias, sendo Moisés já homem, saiu a seus irmãos e viu os seus labores penosos; e viu que certo egípcio espancava um hebreu, um do seu povo. Olhou de um e de outro lado, e, vendo que não havia ali ninguém, matou o egípcio, e o escondeu na areia. Saiu no dia seguinte, e eis que dois hebreus estavam brigando; e disse ao culpado: Por que espancas o teu próximo? O qual respondeu: Quem te pôs por príncipe e juiz sobre nós? Pensas matar-me, como mataste o egípcio? Temeu, pois, Moisés e disse: Com certeza o descobriram. Informado desse caso, procurou Faraó matar a Moisés; porém Moisés fugiu da presença de Faraó e se deteve na terra de Midiã; e assentou-se junto a um poço. (Êxodo 2:11-15)

Observe que Moisés tinha uma motivação justa, que era resolver o problema da aflição sobre o povo hebreu. Ele estava indignado com a injustiça de faraó, ainda que fosse seu avô adotivo e lhe desse tudo o que tinha. Mas, ele resolveu uma questão altamente complexa com o uso de força direta sobre um ponto específico e não foi feliz. Ele só viu a ponta do iceberg: uma briga entre um judeu e um egípcio), mas ele estava na realidade lidando com uma sociedade opressora, escravagista, cruel, sustentada economicamente no motor da exploração da escravidão de três milhões de judeus.
Como Moisés não lidou com raiz do problema, os próprios hebreus não deram legitimidade a ele. Ele não tinha autoridade nem estava em posição de condenar à morte os inimigos dos hebreus. Imagine que falta de habilidade argumentativa essa: sua primeira discussão e ele resolve com um assassinato. Não era para menos que ele se achava “pesado de boca e de língua”. Moisés só conhecia o argumento de faraó e errou ao usá-lo contra faraó e seu reino em uma questão particular. Ele tinha uma visão errada do problema e da solução e, além disso, tinha poucos instrumentos intelectuais para resolver a questão. Deus precisava aquietá-lo e ensiná-lo. Seu treinamento levou 40 anos como pastor no deserto.
Imagine que para vencer essa língua pesada foram necessários 40 anos de pastoreio. Deus trocou a truculência pelo cuidado e o risco da guarda. No pastoreio, Moisés não tinha muito com quem conversar. Enfrentou muitos momentos de solidão no deserto, vigiando e guardando, alimentando e guiando as ovelhas, que substituíram os treinamentos militares que recebera e as festas da corte de faraó. Moisés achou que suas habilidades de trato social tinham atrofiado, mas, na realidade, tinham sido reorientadas.

É preciso perder para ganhar



quinta-feira, 27 de junho de 2013

A solidez da coragem de ser diferente




Uma estória chamou-me a atenção hoje e serve para nos ajudar a compreender a importância da “solidez” à qual me refiro no título:...

Mesmo sem jeans rasgados, sua figura aos dez anos de idade era desleixada. Nenhum dos seus colegas da quinta série conhecia alguém mais mal vestido e sem educação do que Marco. Era seu quinto dia de escola numa tradicional cidade de famílias ricas da Nova Inglaterra. Os pais de Marco eram imigrantes que trabalhavam na colheita de frutas e os colegas o olhavam com desconfiança. Apesar de cochicharem e rirem de suas roupas, ele parecia não notar.
Então veio a hora do recreio e do beisebol. Marco fez o primeiro ponto, o que lhe valeu um pouco de respeito por parte dos críticos dos seus trajes. O próximo a rebater era Richard, o menos atlético e mais obeso da turma. Depois da segunda tentativa frustrada de Richard (recebida com reclamações da torcida), Marco cochichou em seu ouvido:
– Esquece eles, garoto. Vai lá e bate.
Richard bateu e acertou. Nesse preciso momento, alguma coisa mudou na atitude da classe. Nos meses seguintes, Marco ensinou muitas coisas aos colegas. Coisas como saber se uma fruta estava madura, como chamar o peru selvagem e, principalmente, como tratar as pessoas.
Quando os pais de Marco terminaram seu trabalho naquela região, a classe já estava em clima de Natal. Enquanto os outros alunos traziam echarpes finas, perfumes e sabonetes, Marco chegou à mesa da professora com um presente especial. Era uma pedra, que ele entregou, dizendo:
– Dei um polimento especial.
Anos mais tarde, a professora ainda conservava a pedra de Marco em sua mesa. No começo de cada ano letivo, ela contava à nova classe a história do garoto que ensinou a ela e aos colegas a não julgar o conteúdo pela aparência.

“Esquecer” algumas coisas e pessoas, às vezes, é o mais importante e a solução mais eficaz, mas nem por isso é fácil. “Esquecer” a falta de aprovação de alguém relevante ou de todo um grupo; “esquecer” que sua roupa não está na última moda; “esquecer” a sua origem social; “esquecer” o tamanho do desafio. Pessoas com esse tipo de problema de memória têm mudado o mundo para melhor há muito tempo.

Na realidade, são as pessoas que se firmam em algo mais sólido do que as aparências e convenções, que têm conquistado o impossível. Essas pessoas têm mantido um:

moral forte perante o perigo, os riscos; bravura, intrepidez; [uma] firmeza de espírito para enfrentar situação emocional ou moralmente difícil; [...] [uma] qualidade de quem tem grandeza de alma, nobreza de caráter, hombridade; [...] [uma] determinação no desempenho de uma atividade necessária; [...] [e um] zelo, perseverança, tenacidade. (MARINHO, 2009).

Isto é, essas pessoas têm desenvolvido a sua coragem. São essas pessoas que vão usufruir do versículo abaixo:

10  No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder. 11  Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo. 12  Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais. 13  Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes. (Efésios 6:10-13)

Esses versículos mostram que precisamos seguir uma sequência de passos até ficarmos firmes. Na realidade, este trecho aponta um ciclo que se renova e repete a cada nova circunstância desafiadora:

1º. Fortalecer-se no Senhor e na força do poder dEle;
2º. Revestir-se de toda a armadura de Deus com um fim específico;
3º. Não lutar contra a carne e sangue;
4º. Lutar contra as hostes espirituais da maldade nos lugares celestiais;
5º. Resistir no dia mau, tomando toda a armadura de Deus;
6º. Fazer tudo o que há para fazer; e
7º. Ficar firmes.

É porque estamos fortes na força do Senhor e não na nossa, que podemos nos revestir da armadura de Deus. Ela nos dá condição de nos posicionarmos. Posicionados, não seremos desviados dos verdadeiros inimigos. Então, avançaremos contra o que realmente é mau. Não é uma luta em que conquistaremos, mas é uma luta em que implantaremos o que já está conquistado por Cristo. É uma luta de resistência contra o mau, onde as armas são sobrenaturais, dadas por Deus. Exige-se diligência para terminar toda a tarefa de conquistar e ainda manter o que foi conquistado sob vigilância constante.

Vamos tratar um pouco de cada um destes pontos do desenvolvimento da coragem e da conquista da vitória de Deus nas nossas vidas nessa postagem de hoje. Siga-me, então,...




quarta-feira, 26 de junho de 2013

Palavras de Vida, Palavras de Deus



Você já parou para pensar nisso: nós, humanos, somos os únicos seres que podem criar algo novo através da palavra? Animais não fazem de conta ou criam realidades possíveis a partir do pensamento, eles comunicam o que querem, o que está acontecendo, antecipam o que já aconteceu, mas nós, seres humanos podemos criar algo novo através dos nossos pensamentos (formados por palavras) e, através da palavra lançada, semear novas possibilidades e construções reais para nós mesmos e para outras pessoas. Somos à semelhança de Deus. Deus criou o mundo com a Palavra. No nível espiritual, a palavra tem poder e no nível da alma (mente, vontade e emoções), também.

Um tipo de fala tem passado muito no meu coração esses dias, é a fala crítica. E aí o termo merece um esclarecimento. Não estou aqui falando do que se chama de “capacidade crítica”, que é a capacidade de analisar e elaborar um juízo a respeito de uma situação, e nem mesmo da crítica que se chama construtiva, como a correção e a admoestação, que é feita no sentido de levantar o outro e ajudá-lo a melhorar. Estou falando de lançar palavras como setas, de uma postura que só visa exaltar falhas e imperfeições, ressaltar defeitos e fraquezas, depreciar gostos e hábitos, servindo e sendo frutos de agressão, rejeição, zombaria, ironia, rebeldia, condenação e menosprezo.

Infelizmente, muitos de nós estão presos a este estilo de olhar para o outro e, por mais doloroso que tenha sido para si mesmo, repete a atitude consigo e com quem com quem está à volta, retroalimentando o ciclo de destruição. Os versículos seguintes dão um ponto de equilibro importante entre o que é apoiar alguém que amamos em um aspecto, para correção, e o que é criticá-lo (entenda-se criticar como alardear o erro do outro):

 Irmãos, se alguém for surpreendido nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi-o com espírito de brandura; e guarda-te para que não sejas também tentado. Levai as cargas uns dos outros e, assim, cumprireis a lei de Cristo. Porque, se alguém julga ser alguma coisa, não sendo nada, a si mesmo se engana. (Gálatas 6:1-3)

Primeiro, Paulo fala de que a falta é algo comprovado. É interessante manter a postura bereana e saber se realmente a coisa é assim. Muitas vezes, vimos apenas uma parte de uma situação, ouvimos de uma fonte tendenciosa,etc.  É preciso duvidar do mal, apesar de sabermos que ele é sempre possível. A primeira parte diz: informe-se com segurança máxima ou não caia na armadilha calúnia e da difamação. Não tomar cuidado com a fonte da informação é como a moça que recebeu uma carta do amor de sua vida que começava: “Hoje eu tenho uma coisa importantíssima para lhe dizer...”. Ansiosa, ela correu para as últimas linhas da carta e leu a última frase: “Por isso eu preciso lhe dizer que não posso mais. Não posso continuar isso. Termina aqui.” Ela teve uma crise, entrou em depressão, queimou todos os presentes e quando uma amiga mais ponderada chegou ela estava aos frangalhos. Então, mostrou-lhe a carta dizendo que todos os homens eram iguais. A amiga leu a carta e deu uma sonora gargalhada. Pensando que tinha perdido uma amiga e o amor de sua vida ela disse revoltada: “Como é que você tem coragem? Você sabe o quanto eu o amava. Então, a amiga leu a carta inteira:” “Hoje eu tenho uma coisa importantíssima para lhe dizer: tomei consciência de quanto lhe amo, de quanto me sinto sem você. Sinto-me incapaz, sem forças de prosseguir sem você do meu lado. Não posso mais viver sem você e preciso lhe pedir que case comigo.  Por isso eu preciso lhe dizer que não posso mais. Essa solidão termina aqui. Não posso continuar isso. Termina aqui.” Precipitar-se é algo muito perigoso. Pode destruir muito mais do que você imagina e essa é a primeira dose da cura da crítica.

Segundo: sejamos espirituais


segunda-feira, 24 de junho de 2013

Seguindo para a vitória!



Ouvi no filme "Graça e perdão" (a dramatização de uma história verídica), da boca de um  pai cuja filha foi assassinada: "a raiva é um monstro que tem dentes afiados. Se você deixá-la dentro de você, ela devora o seu coração." Somente quando se tem noção do tamanho do dano que a mágoa pode causar é que se cogita a possibilidade do perdão. Mas, às vezes, a mágoa não está tão clara. O mal que lhe foi feito pode contar com uma "compreensão" por parte de quem foi ferido. Um assentimento mental, racional, que não resolve no nível da emoção, mas apenas abranda o sentimento com o entendimento e coloca uma maquiagem sobre a ferida, disfarçando a aparência, mas não o efeito da mágoa, raiva ou do ódio. Por isso, João disse: "8  Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós. 9  Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça." (1 João 1:8-9). 

Os sentimentos negativos não são bem aceitos na maioria dos espaços éticos. São mal vistos, e, sem saber o que fazer para livrar-se realmente da dor, pode-se tentar mantê-la encarcerada em uma máscara de conformação e assentimento, colocada sobre o sentimento real e corrosivo, mas calá-los não é a solução de Deus para eles. Há uma solução eficiente para esse problema, que vamos explorar hoje. 

A mágoa pode ser contra três pessoas, basicamente:

1 contra uma outra pessoa;
2 contra você mesmo e/ou;
3 contra Deus.

Este texto tocará na mágoa contra si mesmo, ou seja, a culpa. Em outras postagens, falei dos outros dois alvos.


domingo, 23 de junho de 2013

Eu sou do tamanho da minha fé



Há uma história registrada na Bíblia que é pouco conhecida. A história de Raabe. Raabe fez parte da genealogia de Jesus, sendo esse tipo de registro raríssimo, pois as mulheres não eram listadas pelas genealogias na época de Cristo (Mateus 1:5). Ela não só foi parte da genealogia de Cristo, mas foi bisavó do pai de Davi. Uma sequência de pessoas abençoadas pela vida dessa mulher de fé, inclusive nós, que recebemos Jesus.

Mas Raabe não seria vista assim do ponto de vista da sociedade de sua época. Ela não tinha posses, marido ou morava em uma boa vizinhança. Sua profissão, a desvalorizava tanto melhor e mais competente fosse. Raabe não tinha nada, não valia nada e nada do que fazia tinha valor. Você talvez a desprezasse se a visse na rua e mudasse de calçada, mas em seu coração estava algo tão precioso que a levou a uma mudança na sua história, na história da sua cidade e na história do povo de Deus.

Raabe era moradora da cidade de Jericó. Essa cidade foi o primeiro desafio do povo judeu para conquistar a terra prometida. Uma estrangeira, pobre, mal vista pelo seu povo, foi o canal de Deus para seu povo conquistar as promessas. Tudo aconteceu quando Josué enviou dois espiões para serem batedores à frente do exército para que ele estabelecesse a estratégia de combate contra a cidade. Ela era conhecida por seus muros de pedra altos, intransponíveis (da largura de uma avenida de quatro carros). Jericó foi vencida de dentro para fora. Foi implodida pela fé de uma mulher.

Uma prostituta na cidade... Onde ninguém via mais do que isso, Deus viu uma bomba poderosa de fé para destruir os inimigos. Raabe recebeu os dois espiões enviados por Josué contra a sua cidade e os escondeu dos homens do rei. Quando estavam a salvo, disse-lhes da sua fé:

Antes que os espias se deitassem, foi ela ter com eles ao eirado e lhes disse: Bem sei que o SENHOR vos deu esta terra, e que o pavor que infundis caiu sobre nós, e que todos os moradores da terra estão desmaiados. Porque temos ouvido que o SENHOR secou as águas do mar Vermelho diante de vós, quando saíeis do Egito; e também o que fizestes aos dois reis dos amorreus, Seom e Ogue, que estavam além do Jordão, os quais destruístes. Ouvindo isto, desmaiou-nos o coração, e em ninguém mais há ânimo algum, por causa da vossa presença; porque o SENHOR, vosso Deus, é Deus em cima nos céus e embaixo na terra. Agora, pois, jurai-me, vos peço, pelo SENHOR que, assim como usei de misericórdia para convosco, também dela usareis para com a casa de meu pai; e que me dareis um sinal certo de que conservareis a vida a meu pai e a minha mãe, como também a meus irmãos e a minhas irmãs, com tudo o que têm, e de que livrareis a nossa vida da morte. (Josué 2:8-13)

Ela ouviu sobre os feitos do Senhor para seu povo, contra os seus inimigos e viu que Deus liberta aqueles com quem tem aliança e, por outro lado, também viu que não adiantava ser contra Deus. Ela recebeu fé pelo ouvir da Palavra. Ela reconheceu Deus como Senhor e seu coração o temeu e se rendeu a Ele.
Aquela prostituta na sua miséria, tinha misericórdia para dar aos espias. Ela arriscou sua vida por crer. O rei a trataria como traidora, mas ela considerou o Deus de Israel mais poderoso que o rei de Jericó. Ela estava confiando sua vida e a vida da sua família aos servos daquele Deus todo poderoso, libertador, confiando em Jeová para salvá-la, como tinha salvo o seu povo do Egito. Ele não a trataria como estrangeira porque ela tinha a mesma fé que estava no coração de Abraão. Ela estava disposta, assim como Abraão a deixar tudo o que conhecia e seguir a Deus.  Ela desejava a mesma libertação do povo judeu. Aquela mulher vivia em escravidão mesmo estando livre. Era estrangeira em sua própria cidade, sua identidade não valia nada. Ela buscava refúgio no Deus Redentor dos judeus e o encontraria.

Raabe usou a única coisa que tinha: sua fé. A bíblia diz porque ela acolheu os espias: pela fé, Raabe, a meretriz, não foi destruída com os desobedientes, porque acolheu com paz aos espias.” (Hebreus 11:31). A fé a fez tomar o rumo da obediência à Palavra. A fé mostrou quem ela realmente poderia ser em Deus. A fé mudou sua vida completamente e a salvou: “Mas Josué conservou com vida a prostituta Raabe, e a casa de seu pai, e tudo quanto tinha; e habitou no meio de Israel até ao dia de hoje, porquanto escondera os mensageiros que Josué enviara a espiar Jericó.”  (Josué 6:25).

A conquista de Raabe


sexta-feira, 21 de junho de 2013

Um futuro glorioso lhe espera


Na maioria das vezes, vejo pessoas pensando no que não conseguiram e esquecendo do que conquistaram tão arduamente. Desprezando as coisas e pessoas que continuam por causa das que não estão lá ainda ou das que foram embora para sempre. Desprezamos os presentes de Deus pelo que está ausente.


Isso me lembrou uma estória que li e quero compartilhar com você:

O parque estava quase deserto quando me sentei num banco embaixo dos ramos de um velho carvalho, desiludido da vida, com boas razões para chorar, pois parecia que o mundo estava conspirando contra mim. Eu queria ficar só, mas, um garoto ofegante se chegou, cansado de brincar, parou na minha frente, cabeça pendente, e, cheio de orgulho, disse-me: 
- Veja o que encontrei, e estendeu em minha direção uma flor horrosamente decaída, macetada, nas últimas. 
Querendo me ver livre do garoto o quanto antes, fingi um pálido sorriso e tentei iniciar a leitura de um livro de auto-ajuda, mas, ao invés de ir embora, ele se sentou ao meu lado, levou a flor ao nariz e disse: 
- O seu cheiro é ótimo. Fique com ela! 
Então, estendi minha mão para pegá-la e respondi com ironia:  
- Obrigado, menino, essa flor era tudo o que eu precisava para completar o meu dia. 
Mas, ao invés de estender o braço, ele manteve a flor no ar, para que eu a pegasse de suas mãos. Nessa hora notei, finalmente, que o garoto era cego. 
- De nada, disse ele sorrindo, feliz por ter feito uma boa ação. 
Uma ação tão boa que me fez ver a mediocridade dos meus pensamentos e das minhas atitudes diante dos reveses da vida.
Por isso, Jesus disse aos discípulos: "Bem-aventurados os olhos que vêem o que vós vedes." (Lucas 10.23).  Se seus olhos não podem ver as bênçãos de Deus é porque estão ligados no canal errado, o da TV Carnal. Se você sintonizar no Espírito poderá ver a presença de Deus preparando bênçãos e abençoando sua vida. Vale à pena, a programação para a Vida eterna de Deus é ótima, melhor que canal a cabo.

Há um presente maravilhoso preparado para você antes que o tempo existisse. Coisas e acontecimentos que nem você jamais imaginou acontecerem na sua vida. O Espírito Santo nos guiará nessa jornada de conhecimento das verdades de Deus:

7  Mas falamos a sabedoria de Deus, oculta em mistério, a qual Deus ordenou antes dos séculos para nossa glória; 8  a qual nenhum dos príncipes deste mundo conheceu; porque, se a conhecessem, nunca crucificariam ao Senhor da glória. 9  Mas, como está escrito: As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, E não subiram ao coração do homem, São as que Deus preparou para os que o amam. 10  Mas Deus no-las revelou pelo seu Espírito; porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus. 11  Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus. (1 Co 2: 7-11)

Fogos de artifício não acendem a visão, apenas a luz. Pessoas recorrem a muitos artifícios para iluminar suas vidas, mas mesmo toda a beleza de um show pirotécnico não acenderá luzes suficientes para dar uma visão de paz e vitória a ninguém. A luz que precisamos não nos coloca em risco e nem aos outros, não incomoda os animais e as pessoas, não causa danos. A luz de Cristo pode ser acesa nas cidades e nas praças e é totalmente sustentável, na realidade, ela sustenta o universo e Jesus a guarda dentro de nós com uma função muito especial.

A mensagem de Jesus é luz na escuridão: "16  O povo que jazia em trevas viu grande luz, e aos que viviam na região e sombra da morte resplandeceu-lhes a luz. 17  Daí por diante, passou Jesus a pregar e a dizer: Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus." (Mateus 5:16-17). Trazendo a chance de começar de novo, voltar atrás e retornar ao caminho de Deus. Ele colocou esse chamado dentro de nós, como testemunho de que é possível recomeçar: 
14  Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder a cidade edificada sobre um monte; 15  nem se acende uma candeia para colocá-la debaixo do alqueire, mas no velador, e alumia a todos os que se encontram na casa. 16  Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus. (Mateus 5:14-16)

A luz vence as trevas

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Insista até estabelecer a vitória na sua vida!


Observe o que a bíblia diz: Perseverai na oração, vigiando com ações de graças.” (Colossenses 4:2). Perseverar é fundamento para uma oração atendida. Perseverar indica que há um alvo, pois sem alvo não há perseverança. Perseverar é mais do que esperar, é insistir em esperar a despeito de qualquer coisa que aconteça, que você ouça ou sinta. Mas, se alguém não conhece o que lhe pertence nas promessas de Deus não pode insistir até que o obtenha. Perseverar inclui guardar a esperança e a esperança provém da fé e a fé daquilo que o nosso Deus fiel prometeu. Esperança é o estado de espírito da paciência, sempre alegre. Paciência, por sua vez, é a arte de não abrir mão da promessa ao longo do tempo.

Quando precisamos perseverar? Diante de coisas que acontecem contra as promessas: perdas, obstáculos, contratempos, interveniências, etc... Essas coisas que parecem adiar os nossos sonhos e até torná-los mais distantes ou impossíveis. Mas também precisamos perseverar diante dos nossos erros, confiando na graça que nos corrige e nos leva de volta ao caminho das promessas; diante das vezes que ainda não conquistamos os alvos, mesmo tendo despendido todo o esforço possível; diante de coisas que outras pessoas fazem e que nos afetam de forma negativa, como injustiça, traição, abandono, incredulidade, etc. A voz da perseverança é aquela que sussurra em nossos ouvidos: Comprometa-se com seu alvo em Deus! Não desista! Ore e aja de forma coerente com sua fé na promessa até que se cumpra.
Observe como Moisés foi instruído a perseverar:

 (16)  Vai, ajunta os anciãos de Israel e dize-lhes: O SENHOR, o Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó, me apareceu, dizendo: Em verdade vos tenho visitado e visto o que vos tem sido feito no Egito.
(17)  Portanto, disse eu: Far-vos-ei subir da aflição do Egito para a terra do cananeu, do heteu, do amorreu, do ferezeu, do heveu e do jebuseu, para uma terra que mana leite e mel.(18)  E ouvirão a tua voz; e irás, com os anciãos de Israel, ao rei do Egito e lhe dirás: O SENHOR, o Deus dos hebreus, nos encontrou. Agora, pois, deixa-nos ir caminho de três dias para o deserto, a fim de que sacrifiquemos ao SENHOR, nosso Deus.(19)  Eu sei, porém, que o rei do Egito não vos deixará ir se não for obrigado por mão forte.(20)  Portanto, estenderei a mão e ferirei o Egito com todos os meus prodígios que farei no meio dele; depois, vos deixará ir.(21)  Eu darei mercê a este povo aos olhos dos egípcios; e, quando sairdes, não será de mãos vazias.(22)  Cada mulher pedirá à sua vizinha e à sua hóspeda jóias de prata, e jóias de ouro, e vestimentas; as quais poreis sobre vossos filhos e sobre vossas filhas; e despojareis os egípcios. (Êxodo 3:16-22)

Deus garantiu a libertação do povo do cativeiro egípcio. Esta foi a primeira promessa. Então, o Senhor esclareceu as conexões que seriam necessárias para a execução da missão de Moisés: os anciãos dos judeus (líderes que influenciariam o povo judeu a aderir à missão) e a conexão com o faraó (quem tinha a autoridade para resolver a questão). Então, o Senhor deu a estratégia para construir a saída do Egito: ir até o faraó com os líderes judeus e pedir para ir adorar no deserto, numa jornada de três dias (o que daria uma semana sem o trabalho judeu no Egito – ida, adoração e volta).

Ao instruir para conectar-se, o Senhor também disse que os líderes iriam ouvir e o faraó não iria. Observe que o fato de ser necessário conectar-se não garante que será resolvido da primeira vez. Deus mostrou que precisariam perseverar, pois não iria acontecer nada sem uma pressão sobrenatural. E deu outra promessa baseada na perseverança: não sair com mãos vazias. 

Você crê nas promessas? Então, persevere e não sairá de mãos vazias. As promessas se cumprirão e você sairá com mais do que sonhou, porque nosso Deus é “[...] poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós,” (Efésios 3:20). As grandes conquistas em Deus requererão perseverança. Se aquilo pelo que lutamos ou desejamos não chegar em um determinado momento, precisamos ter a capacidade de insistir até construir o momento em que chegará. A perseverança é o cordão umbilical na gestação da promessa.

Entretanto, insistir em lutar pela promessa é totalmente diferente da teimosia. Perseverar é insistir na luta pela promessa, enquanto que teimosia é insistir em algo contrário à vontade Deus. Adão perseverou? Não. Ele seguiu com seu erro, insistindo em não se arrepender. Em nenhum momento admitiu que o que fez estava errado e nem voltou atrás. Apenas teve que admitir o que fez, mas não o admitiu como erro, nem abriu mão do pecado e ainda desviou a sua responsabilidade para a mulher (em Gênesis 3:7-12): Então, disse o homem: A mulher que me deste por esposa, ela me deu da árvore, e eu comi.” (Gênesis 3:12).


Cura da esperança adiada

segunda-feira, 17 de junho de 2013

É preciso seguir em frente...




Heráclito, um filósofo grego antigo, disse: ninguém “pode banhar-se duas vezes no mesmo rio”, pois na segunda vez já não será o mesmo rio, uma vez que aquela água já se foi, é outra… Ele esqueceu-se de dizer que a pessoa também não é a mesma, no primeiro mergulho, é uma pessoa seca, no segundo, mesmo que imediato, no mínimo, é uma pessoa molhada. A pessoa mudou, as águas do rio mudaram. Ainda que a mudança seja constante, ela não é somente como desejamos, pode tornar-se muito difícil. A água pode levar algo que não queríamos que levasse. Sempre é difícil perder.

Você já observou como temos dificuldade de perder? As crianças, quanto menores, mais ficam irritadas ao perderem. Perder exige aprendizado. Amadurecer inclui aprender a perder. E, às vezes, é uma lição dura, mas se não aprendermos a seguir em frente quando algo é levado pelas águas, não conseguiremos completar essa jornada, ou melhor, ela se tornará um martírio. Jesus disse que, se temos que ir frente, não devemos olhar para o que fica para trás. Uma vez, Deus deu uma condição para uma família ser salva do mal que viria sobre a cidade, era não olhar para trás. A esposa olhou para trás e virou uma estátua de sal (Gênesis 19:26). Jesus lembrou desse exemplo no Novo Testamento: “Lembrai-vos da mulher de Ló. Quem quiser preservar a sua vida perdê-la-á; e quem a perder de fato a salvará.” (Lucas 17:32-33). Aquilo de que nós decidimos abrir mão pode determinar o nosso estado de paz ou tortura. É preciso saber perder aquilo que não traz vida.

Jesus disse: “[...] Ninguém que, tendo posto a mão no arado, olha para trás é apto para o reino de Deus.” (Lucas 9:62). Estar apto é estar preparado, ser capaz de lidar com algo. O reino de Deus é Paz, alegria e justiça. Se nos prendermos ao passado, não estaremos prontos para a paz, a alegria e a justiça. É preciso aprender a soltar e não é uma lição fácil, porque incluirá, pensamentos, sentimentos, vontades, sensações sobre pessoas e coisas. Mas vale a pena. A recompensa é maravilhosa, é a presença e o preenchimento do próprio Deus e de sua natureza.

A lógica dos sentimentos é completamente particular. Costumo dizer que sentimento não tem cabeça. Como eles não estão presos a uma estrutura física, podem transpor a barreira da lógica e funcionam mais por associação e deslocamento de força do que pelas leis de Newton. Quando perdemos alguém que amamos, não importa para o coração se é físico ou emocional. Se é o fim de um relacionamento ou o fim de uma vida. Passamos pelo luto da mesma forma. Há uma estudiosa do luto, Kübler-Ross, que distinguiu cinco fases do luto: negação e isolamento, raiva, barganha, depressão e aceitação.

Quem é que aceita tranquilamente a perda de um relacionamento importante seja física ou emocionalmente? Primeiro, quem quer acreditar que seu amor disse que ia embora? Ou a partida de alguém que amamos? É revoltante, ultrajante, gostaríamos de ter alguém para socar porque alguém foi embora para sempre e às vezes, queremos até brigar com Deus(é melhor admitir)... Se teve raiva de Deus porque aconteceu o que você não queria, confesse, peça perdão e faça as pazes com Ele. Não adianta entrar nessa briga, você vai perder... muito.

Seja física, seja emocionalmente da nossa vida. Apartar-se de alguém ou algo importante contra a nossa vontade, nos traz raiva. Depois, encontramos algum arranjo de sobrevivência: “Não. Agora, vou me dedicar a isso e fazer aquilo...” Mas, quando a poeira emocional baixa e vem a falta da pessoa amada no cotidiano, ou de algo que era importante, a tristeza parece que vai se mudar para sempre para a sua vida. Não há muita disposição. Não há muito sentido... A depressão se instala. Então, como Deus é maravilhoso, o olhar começa a procurar uma saída. Viver sem aquela pessoa ou coisa é preciso. E aceitamos o acontecido. Bem ou mal, vamos em frente. Com cicatrizes dolorosas ou feridas bem tratadas.

É possível passar por todas essas fases e vencer. Entretanto, cada um em seu tempo. Alguns demoram mais, outros menos, outros ainda não conseguem sair. Mas, além de sair, é preciso sair inteiro. Mas conseguiremos somente se aprendermos que é possível e necessária a sinceridade diante de Deus e que nossas fraquezas vão aparecer exatamente nesses momentos. Tudo que nós achávamos que era força vai cair por terra, porque diante das perdas, só Aquele que nunca vai embora e que pode todas as coisas prevalece.

Eu quero dizer para você que só Deus não muda. O mal que aconteceu no passado não vai se repetir somente porque já aconteceu antes, seja lá quantas vezes tenha sido. E também, e talvez principalmente, saiba que há um poder que pode impedir ou mudar esse resultado em seu coração e na sua vida. Você não precisa ficar paralisado no presente por causa do que passou. Você pode receber forças para tentar novamente, quantas vezes forem necessárias. E também quero lhe dizer que vale à pena desejar o que é bom. Não se deixe convencer de que não gosta, não quer ou não que o que você desejou não é bom, somente porque não conseguiu ainda.

Nada é maior do que o poder de Jesus para mudar uma situação. Ele deu vista aos cegos, ouvidos aos surdos, pés e pernas fortes aos coxos, limpou os leprosos, ressuscitou os mortos e continua o mesmo ontem, hoje e será eternamente. Rejeite essa imagem de perda e derrota que você guardou no seu coração e o poder de ser imutável, que você deu a ela. Só Deus não muda. Se essa situação é imutável, está no lugar de Deus na sua vida. 

Você pode orar assim: 


Em nome de Jesus, eu declaro que nenhuma situação de roubo, morte ou destruição será definitiva na minha vida, Jesus veio para que eu tenha vida e vida em abundância, só Ele é o Senhor da minha vida.  

Esse é o momento em que precisamos ir em frente, sem arrastar o passado como cadeias de um futuro cristalizado.

Deixando o passado passar

 

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Resgatando a Geração Peter Pan




Algum de vocês conhece ou lembra da estória de Peter Pan? É mais ou menos assim:

Todas as crianças crescem, Peter Pan, não! Ele mora na Terra do Nunca.
Um dia, junto com a Fada Sininho, foi visitar seus amigos Wendy, João e Miguel, que estavam com Nana, a cadela babá.
Peter levou-os para conhecer a Terra do Nunca. Com a mágica de Sininho, do pó de Pir-lim-pim-pim, ativada por pensamentos alegres, eles viajaram voando. Avistaram o barco pirata, a aldeia dos índios e a morada dos meninos perdidos. Os meninos perdidos moravam dentro de uma árvore oca. E quando queriam comer, imaginavam a comida mais gostosa e a mágica as trazia para suas mesas. Estiveram com eles e se divertiram bastante. Wendy contou lindas estórias para eles e se afeiçoou a eles.

Um dia, o Capitão Gancho tinha raptado a princesa dos índios, mas Peter Pan apareceu para libertá-la, lutando contra o capitão Gancho. O Capitão Gancho fugiu e o Crocodilo Tic Tac (tinha engolido um relógio) quase o almoçou, mas ele escapou. Só que, depois disso, o Capitão Gancho, tornou-se o maior inimigo de Peter Pan, querendo vingança. Quando Gancho viu-o com seus amigos, voando, resolveu atacá-los, mas, lutando e voando, Peter Pan salvou todos.

Mas o Capitão Gancho não desistiu. Desta vez capturou os meninos perdidos, levou-os para o barco pirata, de lá eles seriam jogados no mar. Mas, Peter Pan veio salvar os seus amigos. Lutou com Gancho e o venceu novamente.

De volta ao lar, Wendy pediu que Peter Pan ficasse com eles, mas ele disse que não e preferiu a Terra do Nunca, assim ele nunca cresceria e poderia brincar com todas as crianças sempre.

Esse conto de aventura é um retrato simbólico de uma geração que está se levantando. Observe que não há mães ou pais na história. Nem Wendy e seus irmãos, nem Peter e nem seus amigos possuem referência aos pais. Entretanto, Wendy e seus irmãos voltam para casa, isso significa que eles possuem um lar. O lar de Peter Pan é o universo dos amigos, os que tem e os que pode fazer em todos os lugares. Uma vez que o universo é a sua casa e a Terra do Nunca o seu lugar de dormir. Essa figura sem referências tem encantado gerações. Assumindo que nós só nos encantamos por identificação, podemos pensar num confronto de referências: entre a ideia de um lar de origem e a ausência de referência familiar.

Observe que o cuidado é o que caracteriza o lar. E aí temos o aconchego materno, nesse papel de suporte fundamental. No lar de Wendy, há uma fragilização do cuidado materno pela substituição da mãe pela babá. Já não se vê a presença forte da mãe física acolhendo. Ela fica como um papel diluído entre Wendy e a fada Sininho. Então, dois papéis se destacam para a mãe: provedora e cuidadora.

As duas referências femininas são interessantes: uma fada, Sininho, que os faz voarem e uma amiga, que funciona como mãe, contando estórias e cuidando de todos. Mas, que não possui força suficiente para fazê-lo decidir-se pelo crescimento. Como ele não quer crescer, todas as mulheres são mães idealizadas que existem para servi-lo por meios mágicos ou afetivos e ele continuará onde está, recebendo, sem ter que retribuir ou contribuir com nada, apenas continuar brincando com todas as crianças. Peter Pan é um rapaz, mas eu já vi muitas Marias Pan com a mesma postura. Essas pessoas vêem o mundo como um lugar para se divertir, o suprimento vem sem esforço, onde o importante são os amigos. Responsabilidades e trabalho para construir o suprimento estão fora de cogitação, são a mágica de outra pessoa, que está a seu serviço.

Peter Pan e Maria Pan são crianças com problemas. As crianças saudáveis desejam crescer mais do que tudo. Sonham com o que vão ser quando crescerem, mesmo que mudem a cada semana ou não. Muitos pais medem seu tamanho na parede... Crescer é uma grande festa, porque significa estar vivo e saudável. Imagine que, entre os cinco e seis anos, a marquinha do tamanho de seu filho não variasse. Você iria rapidamente procurar um médico. E, a Palavra fala que toda criança saudável deseja alimentar-se bem, para que seu crescimento seja possibilitado.

1 Despojando-vos, portanto, de toda maldade e dolo, de hipocrisias e invejas e de toda sorte de maledicências, 2  desejai ardentemente, como crianças recém-nascidas, o genuíno leite espiritual, para que, por ele, vos seja dado crescimento para salvação, 3  se é que já tendes a experiência de que o Senhor é bondoso. (1 Pedro 2:1-3).

Entretanto, tenho visto muitos Peter Pan e Maria Pan no meu gabinete e na minha igreja, que se recusam a crescer espiritualmente, emocionalmente, mentalmente, na área da vontade e tudo isso afetará a vida física dessas pessoas em todos os sentidos. É sobre essa quase epidemia na igreja e nos lares, que pretendo falar hoje.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Amores, mais que amores...




Às vezes diferenciamos gostar de amar, às vezes, não. Até o dicionário é meio ambíguo quanto a isso... Mas, há algo que está na essência do que relatamos que amamos ou gostamos muito, que é o desejo. Amamos o que queremos para nós e,  às vezes, um desejo benevolente acrescenta o querer bem, então, o amor sobe um nível. De qualquer forma, por vezes, estamos ligados pelo prazer que se tem a partir do valor e qualidades do objeto do amor, outras pelo prazer que dá o usufruto do objeto amado.

O prazer que baseia o amor, nós podemos dizer que tem duas origens: o prazer de suprir uma necessidade, que é necessariamente precedido por um desejo nosso, como o desejo de um copo d’água para quem tem sede; e o prazer que dá algo que é sublime, algo que é além do normal em qualidades positivas, sejam físicas, relacionais ou espirituais, como o amor pela arte, ciência, Deus, amigos verdadeiros. Esses prazeres não necessitam de um preparo antecipado. É como quando somos surpreendidos por um perfume agradável e inesperado durante um passeio. Apesar de que sempre podemos, infelizmente, transformar um prazer sublime, não meramente utilitário, em um prazer necessidade, um prazer de usar algo, o que o faz transformar-se em uma dependência, como pode ser com o chocolate, por exemplo, para citar algo sem tantas implicações graves e imediatas.

A essência do que eu quero colocar aqui, é que cada prazer direciona um tipo de amor. Por exemplo, o prazer-necessidade baseia o amor-necessidade. O prazer sublime baseia o amor sublime. Mas, cada tipo de prazer nem é bom ou mau por si, o prazer necessidade, por exemplo, pode ser associado ao prazer sublime e dar-lhe outra direção.

Ambos os tipos de prazeres vão diferir em relação ao tempo de duração. Os prazeres-necessidade geralmente morrem assim que são saciados. Por exemplo, entramos na cozinha depois de uma caminhada no sol quente e a primeira coisa que precisamos e queremos é um copo d’água. Se entrarmos no mesmo lugar sem sede, ele pouco nos chamará a atenção. Por isso, o prazer-necessidade sempre traz declarações sobre nós no passado porque é onde o desejo foi saciado e é a isso que ele está ligado. Esse prazer morre cedo, assim que a necessidade é suprida.

Os prazeres sublimes podem perder seu gosto ou efeito, mas com o longo do tempo. Por exemplo, após morar na praia por algum tempo, podemos deixar de ir até a orla ou apreciá-la. Mas esse prazer pode ser reavivado. O prazer-sublime traz declarações no presente, porque ele mantém a conexão conosco através da admiração e contemplação, que permanecem por longo tempo e, como falei antes, podem ser mantidas, se forem alimentadas. Os prazeres sublimes por sua natureza atraem o direito à contemplação e à admiração. Eles possuem as qualidades, que lhes fazem dignos disso. Tornam-se em si mesmos algo admirável. O que é admirável é valioso. É impensável destruí-lo. É impensável não se gastar tempo em admirar, cuidar, preservar. Torna-se uma vergonha não fazer isso ou de danificá-lo. Como um trabalho de arte para quem gosta, uma peça de música, etc. são preciosos e devem ser preservados.

O prazer necessidade está em função do momento e perde seu significado rapidamente após a sua satisfação. Assim também os objetos desse tipo de prazer perdem rapidamente  seu sentido. Os objetos do prazer sublime nos levam a investir tempo com eles, dar-lhes atenção, em saboreá-los, elogiá-los. “Como não sentir?”, “Como não admirar?” , “Como conseguem pensar em destruir?” Já os objetos dos prazeres-necessidade  não provocam culpa em abandoná-los por não ser necessário darmos valor ou nos dedicarmos a eles.  Ninguém olha para uma fonte e diz: Como posso passar aqui e não tomar água? A menos que outro prazer esteja envolvido.

O prazer necessidade traz o amor-necessidade. Quando o amor se baseia no prazer necessidade, o ser amado é visto como um meio para suprir as nossas necessidades. Por exemplo, uma pessoa se afasta de outra assim que consegue o que deseja. No estilo: Ficou-passou. Como quem amassa um copo descartável após ele servir ao seu propósito. Esse amor não dura mais do que a necessidade de sexo, vaidade ou prazer em si. Mas o amor necessidade pode se transformar em amor sublime, quando outros elementos se associam a ele. Por exemplo, quando a atração física se une à admiração, à fidelidade e à integridade.

Sem a associação com o amor sublime, o amor necessidade acaba junto com a solução da necessidade. Alguns filhos que não têm uma relação com os pais só permanecerão com eles enquanto não puderem sustentar a si mesmos, depois disso se afastarão. Ou como alguns homens ou mulheres com necessidade sexual satisfeita deixam as pessoas com que se relacionaram, do mesmo modo.

O triste é quando damos a Deus o amor necessidade. Pessoas que pensam que já receberam tudo o que precisavam de Deus deixam o relacionamento com Ele. Quando desenvolvemos apenas amor necessidade por Deus só lembramos dele nas tribulações. É a estrutura básica do relacionamento da hipocrisia religiosa, ritualista e aparente, mas sem relacionamento. Quem não busca a Deus no momento de necessidade? Nós buscamos polícia, bombeiros, porque não a Deus? Mas nos momentos em que nos vemos supridos, quebramos a fidelidade.

Esse trecho bíblico da reapresentação da lei por Moisés quando o povo estava para entrar na terra do Egito, mostra princípios de que amor deve ser direcionado a Deus. O Senhor mostra que procura um relacionamento e não apenas ser um banco de bênçãos: “Pois que grande nação há que tenha deuses tão chegados a si como o SENHOR, nosso Deus, todas as vezes que o invocamos? E que grande nação há que tenha estatutos e juízos tão justos como toda esta lei que eu hoje vos proponho?” (Deuteronômio 4:7-8). Como você tem olhado para Deus? 

Mas, onde está o fiel da balança? O ponteiro de Equilíbrio? Deus procura ter conosco um relacionamento. Foi isso que Ele disse a seu povo no deserto, antes de possuírem as promessas. Eles precisariam manter o amor sublime por Deus, o tipo de amor que não se apagaria após as necessidades serem supridas: 
Tão-somente guarda-te a ti mesmo e guarda bem a tua alma, que te não esqueças daquelas coisas que os teus olhos têm visto, e se não apartem do teu coração todos os dias da tua vida, e as farás saber a teus filhos e aos filhos de teus filhos. Não te esqueças do dia em que estiveste perante o SENHOR, teu Deus, em Horebe, quando o SENHOR me disse: Reúne este povo, e os farei ouvir as minhas palavras, a fim de que aprenda a temer-me todos os dias que na terra viver e as ensinará a seus filhos.Então, chegastes e vos pusestes ao pé do monte; e o monte ardia em fogo até ao meio dos céus, e havia trevas, e nuvens, e escuridão. Então, o SENHOR vos falou do meio do fogo; a voz das palavras ouvistes; porém, além da voz não vistes aparência nenhuma. (Deuteronômio 4:9-12).

Deus diz: "Não se esqueça de mim, eu não tenho rosto, porque não sou gente, não tomo gasolina porque não sou carro, não entrego contra-cheque porque não sou emprego, nem sou palpável e visível que você possa consumir ou relegar a um lugar qualquer. Eu sou uma pessoa que tem um relacionamento contigo e sou Deus que posso todas as coisas, esse que te ajudou quando precisasses e que te espera para ter um relacionamento chegado  contigo." Pense no seu coração: Você tem buscado um relacionamento com Deus ou receber coisas de Deus? Seu prazer está na face ou as mãos de Deus? A escolha é sua. O princípio que você usar para amar a Deus vai se replicar no seu relacionamento com as pessoas. Porque está escrito que todos os princípios de Deus partem desses dois: 

Respondeu-lhe Jesus: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas. (Mateus 22:37-40)

Expressando o amor sublime


quarta-feira, 12 de junho de 2013

Posso te contar?



Quantas vezes você ouviu alguém dizer: O que é que você tem? E se fez a pergunta: Será que eu posso te contar? Às vezes é mesmo: Será que eu consigo contar? Dentre todas as dificuldades de confiar se acrescentam as dificuldades de encontrar coragem para contar o que realmente lhe incomoda. Ou até para admitir para você mesmo. Nós temos essa tal “vergonha”, que nos impede de seguir em frente, que nos remete a máscaras e disfarces ou fugas, que nos destroem por dentro e por fora.
Não estou dizendo que o bom e o conveniente é que estendêssemos nossas fraquezas e falhas em um estandarte e desfilássemos em praça pública. Estou dizendo que um mal escondido e não enfrentado é muito maior e mais letal de que um mal enfrentado, por pior que seja ele. Encontrar pessoas que possam nos ajudar é fundamental para nosso bem estar, tanto quanto ter coragem de admitir que precisa de ajuda e que não é perfeito. Tiago aconselha com muito equilíbrio nesse assunto:

Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e estes façam oração sobre ele, ungindo-o com óleo, em nome do Senhor. E a oração da fé salvará o enfermo, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados. Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros e orai uns pelos outros, para serdes curados. Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo. (Tiago 5:14-16)

 Observe que Tiago descreve o tipo de ajuda que as pessoas que tinham experiência e maturidade com Deus na igreja podiam dar: oravam pelos enfermos, pelos que tinham cometido pecado e ouviam essas pessoas confessarem. Essas pessoas eram experientes na Palavra e na graça que conduzia a cura. A graça é curativa em sua própria natureza. Não há nada que você não possa dizer a Deus. Por um lado, Ele já sabe de tudo, por outro lado, porque Ele pode e quer ajudá-lo em qualquer dificuldade. A questão é que quando você diz a Ele o autoriza a intervir em seu favor. Ele só não pode fazer nada pelos que não querem fazer a sua vontade... Porque Deus estabeleceu um caminho de Paz e fora dEle, não há a presença de Deus, e é ela que traz tudo o que há de bom. Se você quiser trilhar seu próprio caminho, está por conta própria, se quiser trilhar o Caminho de Deus, Jesus diz o seguinte:

Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve. (Mateus 11:28-30)

Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora. (João 6:37)

Já imaginou que você e todos os seus defeitos, todos os seus problemas, todas as suas limitações são o pacote de presente de Deus para Jesus?  Percebeu que Jesus deixou bem claro que não tem intenção de desistir de você? Mas dependerá de você ir a Ele? Somos  nós quem criamos a hierarquia de pecadores e de pecados, Deus não inventou isso:

Porque Deus a todos encerrou na desobediência, a fim de usar de misericórdia para com todos. (Romanos 11:32)

Mas a Escritura encerrou tudo sob o pecado, para que, mediante a fé em Jesus Cristo, fosse a promessa concedida aos que crêem. (Gálatas 3:22)

Eu já ouvi coisas terríveis ditas como banalidades e coisas que a mim pareciam banais ditas como o crime do século, mas a graça do Senhor Jesus corrigiu todas e as enterrou sob a cruz, fazendo o  réu confesso ressuscitar com Cristo para uma vida nova. É por isso que o evangelho é uma boa notícia. Por isso, eu sei que abrir o coração e colocar tudo o que dói e atormenta na alma diante de Deus é o melhor remédio que qualquer ser humano pode receber.

Pode ser que seus pais sempre o tenham criticado e exigido a perfeição de você; pode ser que você tenha vivido num ambiente hostil onde falhas não eram permitidas; pode ser que você não se permita errar; mas nada disso impedirá duas coisas: a sua necessidade de ser perdoado e de ser aceito como um ser humano falho e frágil, que precisa de ser amado em suas limitações. O amor é o remédio da falha humana. É a maior riqueza que alguém pode conquistar e as falhas e a fraqueza nos permitem experimentar a força do amor.

Limitações não são doenças ou motivos para a rejeição. Limitações são obstáculos a serem conquistados pelo amor. Não são decretos reais, não são sentenças irrevogáveis, principalmente diante do Deus que criou a Vida de dentro do caos absoluto. Uma palavra de Deus fez brotar luz; outra, terra; outra ainda, plantas; e outra, e outra... E temos a vida, que pode ser muito boa, se investirmos em conquistar isso para ela. A Palavra de Deus para o seu caos hoje é: Traga-o para mim e eu farei dele Luz. Não há nada que Deus não queira ouvir ou cuidar. Pode ser que ninguém tenha tempo ou demonstre interesse na sua angústia, mas o Deus de Toda Eternidade espera por esse momento em que suas necessidades cheguem aos ouvidos dEle e Sua Palavra possa chegar e apascentar seu coração. Você nasceu para esse encontro.

Abra o coração para Deus. Confesse suas dificuldades. Escute a instrução do Senhor na Sua Palavra. Ele lhe fortalecerá e corrigirá seus caminhos para que não caminhe mais por estradas cujo destino é o sofrimento. Você pode orar assim:

Querido Deus, eu estou sentindo e querendo todas essas coisas, mas acima de tudo quero que a minha vida esteja no teu caminho de Paz. Muda a minha vida e meu coração. Mostra-me o teu caminho. Ilumina meus olhos e coração com Tua Palavra de Paz. Guia-me, Senhor, em nome de Jesus.

Sim, você pode contar a Deus. E Ele pode enviar alguém para lhe escutar e ajudar.




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